Em um segundo escrita por Carol


Capítulo 31
Capítulo 31 – Era uma vez...


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, boa leitura a todos.



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Não tinha como se preparar para uma conversa como a que Ed teria com a filha. Ronald entendendo a situação deu ao filho um dia de folga, Ed saiu de carro e rodou pela cidade para pensar um pouco. Ele sabia que se Carol estivesse ao seu lado ela saberia o que dizer a ele. Em um ato de desespero Ed pegou seu celular e tentou ligar para Carol, no Rio de Janeiro, por reflexo a moça atendeu sem nem ao menos ver o número que mostrava na tela de seu aparelho.

― Oi. – Ela atendeu. – Ed ficou sem saber o que dizer.

― Me ajuda. – Ele disse simplesmente. – Me ajuda, por favor. Ca-Carolina.

― Desculpe, mas eu não posso. Apenas, se mantenha forte por nossa filha. – Carol tinha a voz embargada, disse rapidamente sem nem ao menos pensar e desligou. Ela sabia que precisaria trocar o número do seu celular, ela chorou e imaginou pelo inferno que Ed estaria passando. Edward chorava com a cabeça abaixada ao volante segurando com força seu celular. Ele ainda ouvia as palavras de Carol em sua mente, a voz dela ecoava ao longe e foram aquelas palavras que os resgatariam naquele momento. Ela ainda considerava Melina como sua filha, mas se era assim, por que ela então foi embora? Era uma pergunta que começou a pairar na mente do rapaz. Ele respirou fundo secou as lágrimas e foi até a escola de Melina.

― Oi papai. Vou sair mais cedo?

― Sim meu amor, você e eu precisamos conversar.

― Está bem. – A menina disse se abraçando ao pai que a pegava no colo.

― Ah como você está grandona. – Ele sorriu. – Daqui a pouco não posso mais te pegar no colo. – Melina riu e apertou o pai com mais força.

― Estou com saudades da mamãe, quando ela volta? – Ela perguntava tristonha.

― Eu não sei minha filha, mas farei de tudo para que ela volte rápido. – Ed forçou um sorriso para confortar a filha.

― Tá bom.

Ed levou Mel até uma lanchonete, a conversa não seria fácil, mas ele deveria se manter forte, como Carol havia dito.

― Meu amor papai precisa te contar uma história longa. É de bem antes de vocês nascer, é a história de como eu e sua mãe nos conhecemos. Você quer ouvir?

― Claro, quero saber como foi papai. É igual a uma história de princesas?

― É parecido. Mas vou tentar fazer com que fique igual a uma. – Mel sacodia a cabeça e sorria.

Edward trabalhava em sua mente como fazer com que aquela história cheia de momentos de sofrimento se tornasse feliz, Carol com certeza saberia como contar. Ele respirou fundo e começou sua narrativa.

― Era uma vez, uma princesa linda chamada Carolina e um príncipe, não tão lindo assim, chamado Ed. – Mel se ajeitou na cadeira e sorriu. – Carol era inteligente, simpática e muito linda, um dia seus pais a presentearam com uma viagem pelo mundo. E durante essa viagem ela conheceu o príncipe Edward e eles se apaixonaram, eles estavam felizes muito felizes juntos, faziam promessas para o futuro e já até pensavam e se casar e nunca mais se separar, mas então por um motivo maligno eles se separaram e não tinham como encontrar um ao outro, estavam distantes e tinham apenas um amuleto que os unia. – Nesse momento Ed mostrou seu colar que por nada ele tirava do pescoço, Mel arregalava os olhos se mostrando atenta. – Um dia, uma bruxa má apareceu e se apropriou de uma das sementinhas do príncipe Edward.

― Sementinha, as sementinhas de fazer bebê? – Mel perguntou assustada.

― Sim, essas sementinhas.

― Nossa! – A menina abria a boca.

― Então a bruxa má roubou uma dessas sementinhas e usou nela para fazer um bebê dela e do príncipe. Depois de nove meses uma menina linda nasceu e a bruxa má foi presa, a menina ficou sob os cuidados do pai, o príncipe Ed, ele a amou desde o primeiro dia em que a viu e deu a ela o nome de Melina. – A menina ficou sem entender, fez uma carinha de confusa, mas não interrompeu o pai, Ed estava emocionado, limpou uma lágrima teimosa que escorria por seu rosto e prosseguiu. – Quando Mel estava perto de completar um ano a princesa Carol e o príncipe Ed se reencontraram e puderam, uma vez mais, ficar juntos. Eles eram felizes, os três. A princesa Carol passou a ser a mamãe de Melina e a bruxa má ainda estava presa. Carol amava Mel como se fosse sua filha, como se ela mesma tivesse germinado aquela sementinha, mas não foi. A Mãe de Mel verdadeira era outra que depois de muitos anos foi solta e agora ela quer se encontrar com a filha. O príncipe Ed jurou proteger sua princesinha Mel para o resto da vida ao lado de Carol. Mas um dia Carol teve de partir deixando uma missão para Mel e outra para Ed, que é cuidarmos um do outro. Eu me manterei forte pela Mel e a Mel se manterá forte por mim. Quando ela estiver com a bruxa má, eu estarei lá para protegê-la.

― Não papai, eu não quero ver a bruxa. – Mel chorava de soluçar. – Ela é má, ela roubou a sua sementinha que era para ser da mamãe. Eu não gosto dela.

― Desculpe princesinha, me desculpe por contar as coisas desse jeito. Mas a verdade é que precisa ser forte nesse momento. Papai passou por um momento muito difícil longe da Carol no passado e isso abriu portas para que uma pessoa ruim pudesse entrar, mas se isso não tivesse acontecido eu não teria você, eu não mudaria nada disso se uma mudança indicasse que eu perderia você. Eu até mesmo daria a minha semente para a bruxa para que você fosse minha. No fim ela me deu meu maior bem, meu maior amor, que é você.

― Eu quero a minha mãe, a minha mãe a princesa Carol.

― Eu sei, eu também a quero muito, mas nesse momento ela não pode estar conosco, precisamos esperar ela voltar, mas enquanto ela não volta vamos proteger um ao outro e seguir nossas vidas, para quando ela voltar nos ver felizes. E a minha felicidade depende da sua, será que pode me ajudar com isso? – Mel apenas balançou a cabeça em afirmativa. – Eu vou precisar marcar um dia para você conhecer a bru... Quero dizer, o nome dela é Joana.

― Mas eu não quero conhecer ela. Ela é má.

― Eu estarei com você, eu prometo. E você só fala com ela se você quiser.

― Tudo bem. – A menina murmurou.

Edward pegou sua filha no colo, beijou o rosto da menina e seguiu de volta para casa, ligou para Dr. Soares e pediu que ele marcasse o primeiro encontro com Joana, já que tinha que ser assim.

No Rio de Janeiro Carol estava nervosa, falar com Ed só a fez lembrar de tudo que havia perdido, ela se sentiu mal. Sua cabeça girava.

― Está tudo bem? – Roger perguntava.

― Não, eu não estou bem, eu acho que... – A menina correu até o banheiro mais próximo e vomitou tudo que podia. – Roger ficou apenas parado onde Carol o deixara.

― O que aconteceu, será que comeu algo estragado?

― Não sei, estou me sentindo fraca. Acabei de atender uma ligação do Ed.

― O que? Mas como?

― Eu não vi, simplesmente atendi. Ele me pediu ajuda, estava triste e parecia aflito. Droga Roger ele está sofrendo.

― Você também está. E está ficando doente. Olha a sua aparência, parece que vai desmaiar.

― Eu realmente não estou bem.

― Vou te levar pra cama. – Roger disse amparando a amiga.

Soares marcou o encontro entre Mel e Joana, seria a primeira vez que Ed veria a mulher depois de tudo que ela havia feito no passado, ele precisava se preparar psicologicamente para tal encontro.

Ed marcou em um local público, mais precisamente uma praça. Ele chegou com Mel e uma policial chegou em seguida com uma assistente social que também acompanharia o encontro. Não tardou para Joana chegar, Mel estava agarrada na mão e na cintura de seu pai. A mulher mantinha os cabelos louros quase brancos, sua aparência pálida e austera, se rosto fino um pouco acabado. Ed até mesmo se assustou e pensou que ela parecia mesmo como uma bruxa de filme.

― Olá. – Joana disse simplesmente. – Então, você que é a Mel, você é mesmo como eu imaginava. – Joana esticou a mão e Mel se encolheu. – Não precisa se assustar. Você sabe quem eu sou. – Melina apenas balançou a cabeça dizendo que sim para em seguida falar.

― Você é a bruxa má que roubou a sementinha do meu papai e não deixou eu nascer da barriga da minha mãe Carol. – Joana forçou um rosto amigável, mas seu ódio ainda sim transpareceu.

― Eu não sou bruxa. – Ela disse e olhou para Ed que apenas deu de ombros, ele nem mesmo olhava para Joana, o mesmo desprezo que ele tinha por ela no passado ainda estava ali. – Você vai ver que eu sou legal. Sei que fiz uma coisa errada no passado, gostaria muito de poder voltar no tempo e não ter feito nada do que fiz, mas já paguei pelo meu crime.

― Ainda está pagando. – Ed murmurou. Joana forçou um sorriso e continuou.

― Me desculpar com seu pai pelo que fiz não vai adiantar muito, mas quero muito me desculpar com você e se possível recuperar todo o tempo que perdemos por não termos ficado juntas. – Mel não soltava o pai por nada, com a mão livre Edward olhou a hora pelo celular e bufou, ele sabia que tudo aquilo que Joana dizia era mentira, ela não se arrependia de nada do que havia feito, ela só estava ali para tentar entrar na vida deles de qualquer maneira.

― Eu não quero ficar com você. – Mel dizia. – Papai, eu quero ir embora, ela é feia e não gosto dela.

― Desculpe princesinha, mas precisamos ficar um pouco mais, você não é obrigada a gostar dela ou trata-la bem, mas somos obrigados a suporta-la por algum tempo por pelo menos uma vez por semana. – Mel bufou. E as palavras que Ed proferira fizeram o olhar de Joana se alterar e ela mostrar quem era de verdade. – Apenas aguente firme e me desculpe por isso.

― Você não tem culpa disso papai. – A menina consolava o pai. Na cabeça dela, Joana era a bruxa má, ela que roubou as sementes do pai, então a culpa era exclusiva dela. – Só me leva embora quando o tempo acabar. – Ed assentiu.

Joana não sabia mais o que fazer, estava ali ouvindo coisas que não queria ouvir, ela só desejava ter aquela família para ela, Carol já estava fora do caminho, por que ainda estava tão difícil.

― Olha, eu te trouxe um presente. – Joana dizia entregando uma sacola para Mel, a menina olhou para o pai que afirmou com um aceno que ela poderia pegar.

― Obrigada. – Mel segurou a sacola, mas não abriu.

― Não está curiosa para ver?

― Não. – Melina respondeu simplesmente.

― Edward, querido, será que poderia pedir a nossa filha para abrir o presente que dei a ela. – Joana não obteve resposta, Ed permaneceu mudo, como se nada tivesse acontecido. – Ed, por favor? – Mais uma vez sem resposta. Joana para ele não era nada, então ele apenas a abstraia, ele estava ali obrigado.

― Minha princesinha, nosso tempo aqui acabou, podemos ir, finalmente.

― Espere eu... – Joana tentava dizer, mas Ed já se distanciava da mulher. Ele foi até a assistente social e a policial, agradeceu pela presença delas ali e disse que as veria na semana seguinte.

A partir daquele dia todos os encontros com Joana eram iguais, ela não conseguia tirar uma palavra sequer de Edward muito menos o carinho da filha, ela se irritava mais e mais a cada dia e a cada semana. Enquanto isso Carolina no Rio de Janeiro parecia piorar ainda mais com relação a sua saúde, sofria desmaios constantes, mas se negava ir a um médico, até que um dia Roger resolveu leva-la ainda desacordada até um hospital, ele já estava preocupado demais e não sabia mais o que fazer, Carol não contava aos pais o que sentia, mas não procurava um médico para descobrir o que era, ela achava apenas que era seu transtorno psicossomático que estava aparecendo uma vez mais e não iria preocupar seus pais com isso de novo. Mas Roger não aguentava mais ver sua menina sofrer daquele jeito e a levou ao médico, mesmo sem ser da vontade dela. Carolina acordou em um quarto branco em uma cama que era no mínimo desconfortável.

― Onde estou?

― Você teve mais um desmaio, eu não aguentei e te trouxe para o hospital, não sei o que você tem, estou preocupado já! Você quer morrer por acaso? – Carol se emburrou virando o rosto para o amigo. – Não seja idiota, Carolina! Eu sou seu amigo e não seu pai. Não vou tolerar suas birras nem aceitar que você se acabe diante dos meus olhos. Você é muito mimada, minha menininha. – Roger se aproximava dela agora falando com mais calma. – Agora vamos, olhe pra mim, não quero que fique chateada é só que, eu amo você e me preocupo. Tem alguém que veio até o Rio te ver. Não sei como ela te achou, mas está aqui agora, encontrei com ela na porta do prédio quando te trazia para cá, ela me ajudou.


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Notas finais do capítulo

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