Genesis - Creation escrita por Lori


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá olá olá!
Primeiramente gostaria de me desculpar por postar o capítulo um dia depois do dia correto da atualização, mas imprevistos acontecem certo?
Segundo, gostaria de agradecer o apoio que tenho recebido, a cada dia percebo o quão maravilhosos os meus leitores são.



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A garota abriu os olhos calmamente enquanto tentava acostumar os olhos com a claridade do local. O teto branco fez com que a mesma se lembrasse de onde tinha vindo o que fez a adrenalina aumentar e ela se remexer, tentando escapar das tão comuns amarras, que ela definiu como inexistentes após cair da onde estava.

—Calma aí, você pode se machucar. -A voz calma não era reconhecida pela mesma, a loira olhou em volta e deu de cara com um garoto não muito mais velho que ela, o que a fez recuar até encontrar a parede.- Eu não vou te machucar se é isso que pensa, olha só, eu vou sair do quarto e deixar você mais à vontade.

Como dito, o garoto deixou o cômodo, Genesis olhou em volta, onde estava afinal? O teto branco, a janela grande que dava a vista para o quintal, uma cama grande e confortável e outros móveis que Genesis não reconhecia no geral. A garota se dirigiu a um deles, era cheio de portas de madeira e, pensando ser a saída, abriu uma delas e entrou, caindo no chão em seguida, rodeada por roupas. A menina ouviu uma risada.

—Você não pode entrar aí, é um guarda-roupas, serve pra guardar roupas. -O menino depositou uma bandeja com lanches em cima da cama.- Da onde você veio? Nunca viu um desses? -A garota de olhos azuis apenas o encarou e não respondeu nada.- Você consegue me entender?

—Ela é loira de olhos azuis, certeza que é uma ariana, a famosa raça pura dos alemães. -Um garoto um tanto mais velho entrou no quarto também.

—Nós não estamos mais na segunda guerra mundial Jeff, ela não é uma fugitiva alemã! -O mais novo debateu.

—Ela pode ser uma vítima de um instituto de pesquisa secreta alemão que fica no subsolo. -Jeff disse e recebeu um olhar de confusão dos outros dois.- Ou pode ser a paciente que fugiu da clínica da região.

Genesis não conseguiu evitar e arregalou os olhos ao ouvir as palavras pronunciadas pelo mais velho, se encolhendo em seguida.

—Viu só? Ele demonstrou reação, claramente é ela, devíamos chamar a polícia! -Jeff encarou a menina.

—De jeito nenhum! Nada de polícia na minha casa. -Uma mulher entrou no quarto com um bebê no colo.- Até parece que vocês não conhecem os vizinhos, eles iam comentar um monte de coisas.

—Mas mãe, e se ela realmente for perigosa? -Jeff tentou argumentar.

—Olha bem pra ela, não tem cara de perigosa. A televisão descreveu ela como uma assassina mortal e ela não sabe nem o que é um guarda-roupas. -O mais novo debateu.

—Ninguém sabe o que ela passou, talvez ela só esteja assustada. -A mãe interviu a discussão.- Deixem ela se acalmar e então decidimos o que fazer. Você está bem querida?

Genesis sorriu timidamente para a mulher e assentiu. Ela abriu a boca para falar, mas nenhum som saiu.

—Talvez ela nem saiba falar inglês, não creio que deem aula disso na alemanha. -Jeff murmurou alto o suficiente para todos ouvirem, recebendo olhares de reprovação dos presentes no cômodo.- Tá bom, mas não venham me julgar quando ela matar todos nessa casa. -E saiu. Os outros se entreolharam e também saíram do cômodo.

—Quando quiser é só sair, nós estaremos lá embaixo se precisar de algo. -A mulher disse calmamente e com um sorriso gentil antes de sair por completo do quarto, deixando Genesis e uma bandeja com sanduíches sozinhas.

Os sanduíches não duraram muito tempo, a loira os devorou com tanta voracidade que parecia não comer fazia anos. O suco foi um problema, limonada, Genesis demorou para se acostumar com o gosto azedo, mas quando o fez logo tratou de beber tudo. Terminado o seu lanche ela olhou em volta, prendendo o olhar em um retrato.

Era comum ela ver retratos na clínica, fotos de cientistas e professores além de seu próprio pai, mas aquele era diferente, nenhum deles usava jalecos brancos e crachás com nomes estranho e números de identificação, pelo contrário, vestiam roupas normais em um parque e pareciam felizes. Pai, mãe, os dois filhos e a bebê nos braços da mulher. Genesis focou os olhos no rosto do pai, ela o conhecia, o vira apenas uma vez e ele tinha cara de ser uma boa pessoa, mas Genesis precisava fugir a todo custo.

Foi apenas de relance, ele nunca havia ido até a ala em que a garota ficava, trabalhava do outro lado do laboratório, mas Genesis o via caminhando pelos corredores, segurando pranchetas e arquivos, mesmo que ele nunca tivesse visto a menina com clareza. Um arrepio percorreu a espinha da loira, e se ele a reconhecesse? E se ele a entregasse?

Olhando para o calendário pendurado na parede, a menina reconheceu o número 5 e o mês de novembro. Ele estaria de plantão durante aquela noite. Sim, ela havia decorado o itinerário de cada um dos trabalhadores após tantos anos. Um suspiro de alívio saiu de sua boca enquanto ela se virava e ia até a porta de saída. Colocou suas mãos na maçaneta e girou, um momento de tensão após ela perceber que a porta pela primeira vez não estava trancada.

Saiu do cômodo e seguiu o corredor de portas até chegar a escada, ouvia o barulho de vozes no andar de baixo. Desceu as escadas lentamente até encontrar Jeff na sala, olhando atentamente para a televisão. Genesis sabia o que era uma televisão, mas nunca tinha visto uma que não mostrasse imagens de câmeras ou resultados de exames, por isso se sentiu estranhamente atraída pela imagem e quando se deparou, já estava colada na frente da TV.

—Você é definitivamente estranha. -Jeff comentou entre risadas.- Agora pode me dar licença? Quero assistir meu desenho.

Genesis o olhou raivosa, o menino ainda ria dela e aquilo não a deixava confortável. Ela se levantou e saiu sem dar um pio, mas logo parou na saída e então a TV desligou, ela sorriu satisfeita após ouvir os protestos do mais velho e se dirigiu para a cozinha, onde Tommy e sua mãe se encontravam.

—Olá querida, como se sente? -A mulher a cumprimentou assim que a loira deu o primeiro passo na cozinha.- Ainda está com fome? -Genesis arregalou os olhos e assentiu, a mulher sorriu e retirou da geladeira um pote.- Esse é um cookie pronto para se comer, eu vou esquentar pra você.

Genesis acompanhou os passos da mulher indo até o microondas e digitando alguns números, ela se encantou quando o objeto se iluminou.

—Você dormiu a tarde toda, está quase na hora do jantar. -A mulher continuou dizendo.- Eu sou Alice por falar nisso, qual o seu nome? -Ouve silêncio, Genesis se assustou com o barulho do microondas e deu um salto na cadeira.- Não precisa se assustar, esse apito significa que seu cookie está pronto.

—Você não sabe o que é um microondas? -Tommy ajudava a mãe a preparar a mesa de jantar.- Da onde você é?

Mais silêncio. Tommy e sua mãe se entreolharam enquanto terminavam de colocar a mesa. A pequena bebê da família começou a chorar e Genesis levou outro susto. Alice correu até o carrinho em que a criança estava e tentou acalmá-la, sem sucesso, a loira então levantou-se e foi até a frente do carrinho junto com Alice, a bebê parou de chorar enquanto encarava Genesis.

—Acho que ela gosta de você. -Alice disse sorrindo. A garota sorriu e ficou brincando com o bebê.- Ela se chama Katherine, mas pode chamá-la de Kat.

—O jantar está pronto? -Jeff entrou na cozinha.- Acho que a TV queimou.

Genesis riu sozinha, mas todos ignoraram pelo fato de acharem que ela estava brincando com o bebê. Alice negou com a cabeça enquanto retirava o pote de cookies e o entregava para a menina loira que estava na cozinha. Genesis colocou um cookie na boca e mastigou lentamente, avaliando o sabor que a comida tinha, logo arregalou os olhos e começou a comer com voracidade novamente.

—Vai me dizer que ela nunca comeu cookies? -Jeff riu incrédulo.- Quando é que vamos chamar a polícia?

—Cale a boca e vá ver o que aconteceu com a TV, eu vou levar a menina para tomar um banho. -Alice depositou o pano de louça no ombro do filho mais velho e segurou na mão de Genesis, que deixou-se guiar para o banheiro do quarto do casal enquanto mastigava um cookie.- Prefere banhos quentes ou frios?

A loira meneou um pouco a cabeça, Alice apenas sorriu e mostrou a ela como mudar a temperatura, ligar e desligar o chuveiro.

—Eu vou ver se tenho roupas para você, se der sorte ainda tenho umas roupas minhas antigas.

A mulher saiu do banheiro e fechou a porta, Genesis se despiu lentamente e ligou o chuveiro em um temperatura quente. Não estava acostumada com banhos quentes, por isso foi uma sensação inovadora. Tirou os esparadrapos do pulso e limpou o sangue seco calmamente até estar totalmente limpa, alguns minutos depois ela desligou o chuveiro e se enrolou na toalha que Alice havia deixado pra ela.

Saiu do banheiro lentamente e deu de cara com a mãe dos meninos separando roupas pra ela. As roupas se encontravam em uma caixa de papelão com o nome “Alice - 13 anos” gravado em caneta preta na lateral.

—São um pouco antigas, mas acho que são as únicas que te servem. -A mulher sorriu novamente com simpatia enquanto entregava um conjunto de roupas para a menina.

A loira entrou novamente no banheiro para se trocar, olhou no espelho e viu uma pessoa completamente diferente, quase como a versão mais nova de Alice, que também tinha cabelos loiros, mudando apenas a cor dos olhos.

Ao sair do banheiro deu de cara com Alice dançando em frente ao espelho enquanto usava uma boina xadrez que combinava com a roupa de Genesis, a menina usava um vestido de bolinhas e um casaco xadrez por cima, a boina xadrez era idêntica ao casaco. Assim que percebeu a presença da outra menina Alice parou sua dança, ela encarou Genesis meio embaraçada, a mais nova riu, levando Alice a rir também.

—Essa boina era minha favorita na sua idade, ela veio junto com esse casaco. -Alice colocou a boina sobre a cabeça de Genesis.- Você não precisa usá-la se não quiser.

Genesis se olhou no espelho e passou a mão pela boina, apesar do vestido de bolinhas não combinar em nada com o restante, ela se sentiu bonita, logo assentiu e sorriu para Alice, que retribuiu o sorriso. Ambas saíram do quarto e foram de volta até a cozinha, a mãe dos meninos serviu o jantar e todos se sentaram para comer.

A loira mais nova comeu um pouco de tudo com gosto, inclusive os aspargos e o espinafre, o que fez com que recebesse olhares de nojo dos meninos e um sorriso de orgulho da mãe da família.

—Vocês deviam aprender com ela, comer toda a comida do prato! -Alice exclamou.

—Ela é uma morta de fome, isso sim! -Jeff riu enquanto levava um pedaço de bife até a boca. Genesis o encarou séria após o comentário do garoto, segundos depois o mesmo soltou um gemido.- Merda, queimei a língua!

—Bem feito, você mereceu. -Tommy e Genesis riram juntos e continuaram a comer. Jeff os olhou com raiva.

—O que há com você hoje? Está mais desastrado que o normal. -A mãe indagou enquanto o filho levantava e ia até a geladeira, se servindo de um copo de água gelada.

—Não sei, mas a presença dessa menina não me faz bem, tenho certeza que ela tem algo com isso. -Jeff encarou Genesis, que o encarou de volta sem medo.- Ela ainda vai nos matar.

—Já chega Jefferson, vá para o seu quarto! -Alice levantou-se de imediato e expulsou o filho da sala de jantar, o menino saiu ainda encarando Genesis, que o seguiu com o olhar.Alice sentou-se novamente.- Mil desculpas por isso, esse garoto não aprende. Fica vendo esses aliens na televisão e já acha que tudo é conspiração.

Genesis se contentou em sorrir para a mulher como um indicativo de que estava tudo bem. Logo todos acabaram de jantar e se retiraram da cozinha com a desculpa de arrumar uma cama para a convidada, Genesis foi deixada sozinha com o bebê da família.

A menina se levantou e dirigiu-se até a frente do carrinho onde a bebê dormia, a expressão no rosto da pequena não era de alguém que dormia tranquilamente e sim de alguém que tinha pesadelos terríveis. Genesis a encarou intensamente por um momento, até que levou suas mãos até o carrinho.

—O que pensa que está fazendo? -Uma voz masculina a alertou e Genesis deu um salto. Jeff estava parado na porta do local com uma escova de dentes na boca.- Afaste-se dela. Eu não quero que você ouse encostar um dedo na minha irmã.

Genesis obedeceu, assustada com o tom do garoto, no mesmo instante a bebê começou a chorar.

—Viu o que você fez? -O menino pegou a bebê no colo.- Aposto que ia machucá-la. Eu sei bem da onde você veio e não vejo a hora de você estar o mais longe possível.

O mesmo saiu e deixou uma Genesis transtornada na cozinha, alguns minutos se passaram e Tommy apareceu na porta chamando a loira.

—Mamãe foi colocar Kat para dormir e Jeff está de castigo. -O menino de cabelos castanhos e olhos verdes riu.- Nós não temos um quarto de hóspedes, mas preparamos uma cama na sala. -Ao chegarem ao local, a loira se sentou no colchão inflável que estava jogado no chão.- Você pode me falar seu nome?

Genesis o encarou por um momento, até que fez um movimento com o cabelo, tirando-o de trás da orelha e virando em direção a Tommy. O menino recuou um pouco até perceber que havia algo escrito no local, ao se aproximar conseguiu ler os dizeres “GEN.”.

—Gen? Esse é o seu nome? -A menina fez um sinal de “mais ou menos”.- Apelido? -a garota assentiu.- Se remete ao que? Genevieve? -negou com a cabeça.- Então até você me contar posso te chamar apenas de Gen?

Genesis assentiu com a cabeça e sorriu, Tommy desejou boa noite para a garota antes de apagar a luz e sair. A casa estava em completo silêncio e o escuro tomava conta, Genesis estava encolhida na cama improvisada, embaixo dos cobertores, até sentir uma dor no pulso e olhá-los quase que imediatamente. Bem ali, onde uma vez estavam os esparadrapos e o sangue, suas veias agora reluziam em um tom de azul brilhante.


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