Silhouette escrita por Anna Miranda


Capítulo 2
Halloween


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa, olha quem voltou com uma att ♥

Eu sei que eu demorei a att, mas é que não tava indo, eu escrevi o inicio desse capitulo três vezes e apaguei por simplesmente não gostar do resultado hahaha, mas foi, e eu espero que vocês gostem !!!

Vale lembrar que: Autumn é surda, como fica claro pela sinopse, como não tem como fazer a língua de sinais através da escrita, eu vou sempre marcar as falas dela e de todos os outros personagens quando estiverem usando a língua de sinais com o itálico.



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A melodia suave dançava pelo ambiente em um tom comedido. A lareira elétrica que ficara responsável por aquecer o local estava ligada desde o inicio daquela noite, e a essa altura já havia transformado a sala em um lugar completamente confortável.  Ele observava em silencio a taça de vinho que repousava na mão esquerda e se perguntava quando a sua vida havia se tornando tão solitária.

Quase um mês havia se passado desde que eles haviam se mudado para Mallow, e naquela sexta feira completava duas semanas que Autumn estava frequentando a nova escola. O processo de adaptação estava correndo surpreendentemente de uma forma tranquila. Nas conversas diárias com a filha, ele havia percebido que apesar dela sentir falta da casa antiga, e da melhor amiga,  Autumn estava confortável na nova escola, ela falava alegremente sobre as aulas de pintura e que elas eram seus momentos favoritos  e também falava com uma certa empolgação sobre a Senhorita Mills.

Ele aprendeu com a filha que Senhorita Mills era muito agradável e conversava com ela pelas mãos, Robin havia tentando ensinar a ela que a denominação correta era ASL, mas ela sempre se referia à língua de sinais como ‘conversar pelas mãos’, então ele simplesmente seguia o fluxo com ela. Autumn manifestava cada dia mais entusiasmos pelas coisas que aprendia na escola, e cada vez que isso acontecia, ele sentia como se eles estivessem passado por uma pequena vitória, ele quase podia se ver fazendo da dancinha da vitória, que na verdade devia ser chamada de dancinha da vergonha, uma vez que ele parecia incapaz de balançar os quadris de uma maneira respeitável.

Um par de horas atrás, ele havia colocado Autumn na cama e contado uma história para ela dormir. Ela havia escolhido um livro cheio de cores, e que quando chegava ao meio, ao abrir as páginas um casto saltava do meio delas se erguendo quase de maneira imponente, a pequena havia soltado um gritinho de empolgação seguido de algumas risadinhas e o loiro havia rido com ela. Ele precisou contar outra história depois, pois a primeira não foi capaz de coloca-la no modo ‘dormir’, uma vez que ela estava animada demais. Ele decidiu que dali em diante doses de açucara depois da dezoito horas para Autumn estavam fora de cogitação.

O celular vibrou ao seu lado despertando-o do seu momento de reflexão, um sorriso se espalhou pelo rosto dele ao ver o nome da irmã na tela.

—x-

A Irlanda era um lugar frio, e ela sabia disso afinal havia nascido e crescido no país, no entanto, a frente fria que havia chegado no meio da semana estava perturbando-a de uma maneira não muito agradável. A frente fria havia confinado ela e seus alunos dentro da sala de aula, e tudo o que eles havia visto durante os últimos dias eram as paredes de tijolos vermelhos. Crianças não eram feitas para ficarem confinadas, elas precisavam explorar, elas precisavam cair e se machucar, elas precisava interagir com a natureza, elas precisavam criar resistências, e ficar preso dentro de uma sala com poucos metros quadrados não ajudava em nada disso. Ela então precisou ser criativa. Criativa num ponto muito além do que estava acostumada a ser, num ponto que a havia deixado exausta.

Por isso que naquela noite de sexta feira a noite, tudo o que ela queria era uma xicara de chocolate quente para ajudar a espantar o frio, suas velhas e confortáveis calças de moletom e as desgastadas pantufas pretas de bolinhas vermelhas. Mas suas melhores amiga Rebecca parecia ter outra ideia, e a morena descobriu isso quando a ruiva apareceu em sua porta com uma garrafa de vinho e quantidade quase obscena de queijos na outra.

“Eu por acaso estou dando uma festa e não sabia?” A morena perguntou enquanto seguia a ruiva em direção a cozinha.

“Não, mas eu sei que sua semana foi uma droga, e que você deve esta exausta de todas aquelas crianças gritando na sua cabeça o dia inteiro, e que você deve ter visto mais narizes escorrendo nos últimos dias do que eu verei em toda minha vida, então eu resolvi que nós estamos tendo uma noite de garotas.”

“Hey não fale assim das minhas crianças. Elas são adoráveis.”

“Eu aposto que são, agora senta sua bunda nessa banqueta e me conta como é o DILF”

“Dilf?” A expressão que tomou conta do rosto da morena era de completa ignorância, e a ruiva quase riu.

“ Dilf, ou Dad I’d like to fuc* se você preferir.”

“Do que exatamente você esta falando?”

“Corta essa Regina, todas as moças solteiras da cidade estão morrendo por esse novo cara, ninguém fala de outra coisa se não do pai solteiro que acabou de mudar para cá, a filha dele é sua aluna não é ? ele é realmente tudo isso que falam dele?”

“Você esta falando do Robin?” Quer dizer do senhor Locksley.”

“Robin, hmm. Já estamos na base do primeiro nome.” Rebecca disse com um sorriso do gato cheshire no rosto.

“Não, não, não e não. Pode tirar esse sorriso do rosto e parar esses pensamentos, eu consigo ouvir as engrenagens girando daqui.”

“Eu não disse nada!” A ruiva estendeu as mãos para cima como se estivesse se rendendo.

“Mas eu te conheço bem o suficiente para saber que essa sua mente de imaginação muito fértil já esta escrevendo um romance sobre isso. E deixa eu te dizer, Autumn é uma criança incrível, muito inteligente, linda e super educada, mas ela também é deficiente auditiva, então o seu pai veio até a escola e nós nos encontramos duas ou três vezes para conversar sobre isso, e essa foi toda a interação que nós tivemos.”

“Tudo bem.”

“É serio Bex, ele acabou de perder a esposa de uma maneira incrivelmente dolorosa, e ela perdeu a mãe, tudo o que eles não precisam nesse momento é dessa merda de ‘pai quente que todas querem pegar’.”

“Ok, você marcou seu ponto! Vamos mudar de assunto.”

“Desculpe!” A morena disse após uns minutos de silêncio. “ É só que eu sei quão doloroso é quando a gente perde alguém que a gente ama muito, a minha empatia pela situação deles é muito grande e eu acabei de ficando muito na defensiva.”

“Eu sei querida, eu sei” Bex disse abraçando a amiga sabendo muito bem que naquele ponto já não era mais sobre Robin e a filha, e sim sobre a Regina e a mãe.

“Tudo bem, próximo assunto. Você já conversou com Belle sobre o prazo para o seu próximo livro?”

“Sim, e apesar de ama-la eu posso ter usado algumas palavras não tão simpáticas com ela na nossa última conversa.”

“Noticias ruins?”

“O que você chama de noticias ruins?”

“Quanto tempo mais ela te deu até o deadline?”

“Dois meses.”

“Isso não é bom?”

“É ótimo se você pensar que meu deadline era daqui a duas semanas, e eu não consigo decidir qual final dar para essa trilogia, mas é péssimo, porque agora eu vou ter tempo de revisa-lo e fazer algumas alterações que me passaram pela cabeça, e tenho certeza que vou ficar com a corda no pescoço novamente quando esses dois meses chegarem ao fim e eu não tiver decidido o final do livro ainda.”

“Vai dar tudo certo Bex, você é uma escritora maravilhosa.”

“Obrigada Nina.” A ruiva disse se apoiando no balcão prendendo a amiga em um abraço desajeitado.  “Agora, eu sei que a gente meio que encerrou esse assunto, mas você  pode por favor matar a curiosidade dessa pobre alma, e dizer se o Robin merece ou não o titulo de dilf?”

“Você é insuportável!” Regina disse soltando um gemido de indignação “Tudo bem eu vou responder essa pergunta e você vai me prometer que esse assunto será esquecido, nós não estamos falando mais desses dois durante essa noite certo?”

“Palavra de escoteiro”

“Você nunca foi escoteira”

“Para de enrolar!”

“Ok, ok, ok! Sim, o Robin totalmente merece o titulo de dilf, ele é incrivelmente quente.”

Rebeca soltou um gritinho de comemoração, e Regina revirou os olhos logo em seguida soltando um risinho da reação da amiga.

—x-

Primeiro ele sentiu um dedo pequeno e miúdo se esgueirar para dentro da sua orelha, seu primeiro instinto era de tirar a mão que incomoda seu sono dali, mas ele sabia que fazer isso denunciaria que ela havia conseguido desperta-lo, então ele optou por ficar quieto. Ele quase podia ver a frustração se arrastando pelas feições dela, e precisou conter a vontade de rir. Então uma pequena mão se fechou sobre um dos braços dele e começou a balança-lo levemente, percebendo que não obteria resultado a mão começou a balanço com mais ênfase. Desistindo, ele rolou de barriga pra cima e abriu lentamente os olhos.

Percebendo que tinha logrado êxito, Autumn se esgueirou para cima da cama com ajuda do pai e começou a pular de maneira eufórica sob o colchão enquanto gesticulava rapidamente as pequenas mãozinhas afim de passar adiante o quão empolgada estava.

“Ok, respire e repita um pouco mais devagar.” Robin gesticulou para ela.

“Nós já podemos ir para escola?” Ela perguntou com um grande sorriso no rosto.

“Querida ainda não são nem sete horas – Robin capturou o celular sob o criado mudo afim de confirmar a informação que havia dado a filha. – Que tal tomarmos primeiro um café da manhã especial?” ele perguntou

“Eu posso ter um daqueles cupcakes laranjas?”

“O que nós combinamos? Os cupcakes são para o lanche na escola com seus coleguinhas, certo?”

“Tudo bem” a pequena disse com um semblante contrariado e o pai apertou o beicinho que se formou nos lábios dela com os dedos, numa brincadeira que sempre fazia.

“Que tal panquecas com geleia de morango? Você pode transformar a geleia em sangue ?”

“SIM!!!!!” a pequena disse com empolgação e pulou da cama saindo correndo corredor. O pai deixou o corpo cair sob o colchão novamente e fechou os olhos se permitindo mais alguns segundo de descanso.

Toda essa energia extra que parecia prestes a explodir tinha um motivo, e esse motivo tinha um nome Halloween. Marian sempre havia amado essa data, ela sempre havia amado o outono, e esse era um dos motivos pelos quais a filha tinha o nome que tinha. Por isso desde o primeiro ano de vida, Marian havia fantasiado Autumn, e tirado milhares de fotos. Na casa antiga, no corredor que levava aos quartos era possível ver a evolução tanto da Autumn quanto das fantasias que ela havia usado durante os anos que haviam passado.  E era assim que a pequena havia aprendido a gostar, e era por isso que ela estava tão empolgada assim para ir para escola, uma vez que senhorita Mills havia prometido que eles teriam uma festa de Hallowenn e que a criança com a fantasia mais legal ganharia uma surpresa.

“Você pode ficar quieta por pelo menos cinco segundos?” Robin perguntou a filha, após se posicionar alguns metros distante e de frente para ela com celular na mão.

“Vai logo!” Autumn respondeu impaciente.

“Se você não ficar quieta eu não consigo tirar a foto, e sua tia e sua avó querem ver como você ficou.”

Reunindo o que parecia ser toda a paciência compactada naquele pequeno corpo Autumn fez o que o pai pediu, e então após meia dúzia de fotos tiradas ele finalmente sinalizou que eles estavam prontos, eles finalmente podiam ir para escola.

Todo o percurso da casa até a escola, Autumn foi saltitando, toda vez que um dos vizinhos elogiava a fantasia dela o sorriso que já era uma constante se alargava em proporções gigantes. A fantasia de Autumn era em tese muito simples, ela estava com uma blusa sem mangas de seda azul clara que combinava perfeitamente com a saia que ela de um tule azul bebê, o diferencial estava nas assas que estavam posicionadas em suas costas. As assas misturava tons de azul e roxo e tinha muitas pedrinhas que davam um brilho e deixavam nas palavras da peque as assas incríveis, no entanto, a diversão aparecia quando as assas eram vistas em um ambiente com pouca luz, afinal elas brilhavam na escuridão.

“Bom dia Senhorita Mills.” Autumn gesticulou para a professora assim que ela e o pai pararam de frente para porta da sala.

“Bom dia querida, você esta incrível!” A morena disse se abaixando na altura da pequena.

“As minhas assas brilham no escuro!”  Autumn disse quase não conseguindo conter as emoções.

“Oh! Nós precisamos fazê-las brilhar então, e mostrar a todos, o que você acha?”

“SIM!” Ela respondeu saltitando “Senhorita Mills, você é a Medaline ?”

“Sim querida, você gostou?” 

Regina estava com um vestido azul escuro que acabava poucos centímetros acima do seu joelho, meias brancas subiam por suas pernas até pouco depois da panturrilha e ela calçava sapatilhas pretas, ao redor do pescoço havia um laço vermelho, o único elemento que faltava era o chapéu que no inicio daquele dia ela havia decidido que não era um escolha inteligente uma vez que ela iria levantar, abaixar e correr atrás de crianças durante todo o dia.

“Sim, você esta linda! Ela esta linda não esta papai?”

“Sim, sim...você esta linda Reg.. digo senhorita Mills, quero dizer ...bela fantasia.” Pego de surpresa Robin se atrapalhou nas palavras, e internamente se repreendeu, quantos anos tinha? 13? Qual era o seu maldito problema em dizer que a professora da filha estava bonita.

“Obrigada!” Regina disse sentindo o rosto esquentar e podia jurar que naquela altura estava corando.

“Ok, eu preciso ir querida. Tenham um bom dia e se comporte, sim?” Robin disse se abaixando na altura da filha e abraçou. A pequena correu para dentro da sala logo em seguida afim  de mostrar a fantasia aos colegas.

“Senhorita Mills?” Robin disse antes de sair.

“Você pode me chamar de Regina, esta tudo bem.” Ela disse com um sorriso simpático.

“Tudo bem, eu só queria dizer que nós ainda não confirmamos, mas existe uma grande suspeita que Autumn seja alérgica a caramelo, então, por favor você pode mantê-la longe dos doces com caramelo?”

“Sim, eu cuidarei dela senhor Locksley.”

“Robin.”

“Como?”

“Se eu posso te chamar de Regina, você pode me chamar de Robin.”

“Oh! Tudo bem.”

“Até mais Regina.”

“Até mais Robin.”

—xx-


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