Pela manhã, Amanda vai até a cozinha e se serve de um copo de suco natural de laranja, indo até a sala liga a televisão e se senta no tapete felpudo enquanto passava um comercial que sinceramente, a menina não estava prestando tanta atenção, estava ocupada olhando o céu pela porta de vidro que dava para o quintal dos fundos e ouvia de fundo o comercial que parecia falar de alguma novidade no mundo dos chocolates:

— Eu Willy Wonka, os convido para visitar a minha fábrica, tudo que terão que fazer é achar o convite dourado que escondi em cinco barras Wonka, boa sorte estrelinhas – Amanda havia cuspido o suco e tossia loucamente, com os olhos meio emaranhados e finalmente recuperando o folego, se joga no tapete e fica olhando o teto, reflexiva, pensando em como uma pessoa que apareceu em seu sonho poderia ser real e que nunca havia reparado em sua existência. Talvez já tenha ouvido seus amigos conversarem sobre esse tal de Willy Wonka, mas nunca prestou a atenção e só agora percebeu que deveria.

Enquanto isso, em uma certa fábrica, um chocolateiro andava eletrizante pelos corredores, as vezes nem tinha um destino exato, mas o nervosismo e ansiedade eram tão fortes que apenas dava vontade de sair correndo para algum lugar e nunca ser achado; sem perceber, pois, estava ocupado andando para os lados, nem percebeu Charlie se aproximar:

— Willy – O maior levou um susto ao ouvir seu nome ser pronunciado pela voz juvenil do menor – Por que está tão agitado, digo, fora do normal? – Willy olhou para os lados e soltou um risinho agudo típico de quando está nervoso ou sem saída de uma conversa

— Ora estrelinha, apenas estou caminhando pelos belos corredores de minha fábrica – Charlie arqueou uma sobrancelha – Me ajuda a pensar e ter mais ideias – Sabia que isso não convenceria Charlie, mas ao menos inquietaria um pouco o pupilo

— Tudo bem então. Tem alguma tarefa para mim?

— Bem... preciso de você comigo na sala de invenções daqui a uma hora, preciso de sua ajuda para fazer o novo chiclete que altera a voz, deixando ela mais grossa ou mais fina, isso é uma surpresa! – Willy se empolgava quando começava a falar de suas novas ideias e era uma das coisas que Charlie mais amava em seu tutor, pelo fato de que Willy Wonka nunca haverá crescido de verdade.

Voltando à casa de Amanda, que agora estava em seu computador pesquisando sobre o anuncio das barras premiadas, finalmente achou o site da fábrica e leu sobre a respeito:

— Tudo bem, então há cinco convites dourados em cinco barras Wonka e quem achar esse convite poderá entrar na fábrica e visita-la – Amanda abriu um sorriso, queria conhecer o lugar de seu sonho, mas o sorriso se desmanchou ao perceber que era quase impossível que ela encontrasse o convite, quais eram a chances do chocolate sortudo estar no lugar que morava?

Aquilo desanimou a menina, mas não tanto ao ponto de faze-la desistir, queria encontrar o convite, iria conhecer a fábrica e o mais importante... iria conhecer Willy Wonka.

Nas salas de invenções, mesmo com toda a dedicação do mundo, Willy não conseguia parar de pensar no mesmo assunto, o chocolateiro tentava descontar sua raiva por estar pensando na mesma coisa a horas na geleca que estava mexendo e isso chamava a atenção do pupilo:

— Er... Willy.... Não acha melhor pararmos por aqui, acho que você deveria descansar, está muito nervoso para mexer nisso agora, pode acontecer algo – O tutor não levantou os olhos, continuou o que estava fazendo, dando uma leve risada

— Estrelinha, não se preocupe comigo, fiquei minha vida inteira fazendo isso – Enquanto falava, Willy pega um frasco com um líquido meio rosado- Além do mais, o que poderia dar erra... – No momento que pingou o líquido na geleca, não deu nem tempo de terminar a frase, ela explodiu e sujou todo seus óculos de proteção, deixando o maior na mesma posição perplexo com ocorrido enquanto o herdeiro apenas se permaneceu em silencio – Acho melhor pararmos por aqui

— É, melhor – Descartando luvas e óculos, tutor e herdeiro lado a lado, saíram da sala e foram se preparar para deitar, não reparam na hora que era, assim com o Amanda que não reparou no tempo que passará em frente a tela do computador obtendo mais informações sobre os convites. Já todos em seus respectivos quartos, todos dormiam, claro, menos Wonka, que olhando para a parte de cima que cobria sua cama, pensava se teria sido uma boa ideia fazer a visita novamente; e se ela não for uma das crianças? Teria que suportar novamente aquele passeio pela fábrica, até todas as crianças explodirem por causa de sua curiosidade e desobediência? Mas já estava feito, apenas tinha que manter a esperança. Se virou e já aconchegado junto de sua almofada repetiu o que passou a dizer todas as noites após o sonho:

— Boa noite Amanda – Fechou os olhos e com um sorriso no canto da boca adormeceu

— Boa noite Willy Wonka – Amanda se encolheu em seu cobertor e com um sutil sorriso, adormeceu, apenas a lua ouviu o sussurro de suas almas que pediam para se encontrar logo.