Kiss From a Rose escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único: Kiss From a Rose


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá :)
Eu tinha essa one-shot pronta na minha pasta há meses e só hoje tirei um tempinho pra postá-la.
Kiss From a Rose é uma música do Seal e um dos primeiros MV BatWonder que assisti tinha ela de fundo. O link pra quem quiser ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=w7y19ED6Vrk
...
Leve BatWonder e spoilers a seguir!
Boa leitura!



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Kiss from a Rose

Por Deusa Nariko

✦✧✦

“Baby, I compare you to a kiss from a rose on the grey

The more I get of you

Stranger it feels, yeah”.

Seal – Kiss from a Rose

— Mestre Wayne, tem trocado muitos e-mails com a senhorita Prince recentemente, não tem? — Alfred comentou com sua costumeira perspicácia enquanto descia as escadas de metal que ligavam a mansão Wayne à batcaverna.

 

Trazia nas mãos uma bandeja de prata com um copo de suco de laranja e alguns sanduíches. Bruce tinha estipulado quanto tempo levaria para que seu fiel mordomo fizesse o primeiro comentário a respeito da presença constante de Diana em sua vida nos últimos meses desde a morte do Superman. Não havia como negar que se tornaram bons amigos — talvez mais do que isso levando em conta algumas circunstâncias.

Bruce girou sua cadeira para observá-lo com uma expressão inocente, ou o máximo que conseguisse parecer inocente diante do homem que o criou desde que era uma criança.

— É uma senhorita encantadora. Fina, sofisticada, belíssima...

— Conhece o segredo do Batman — Bruce o cortou com um tom sarcástico e ganhou um olhar de censura por parte do mordomo.

— Eu estava chegando nessa parte, Mestre Wayne — replicou num tom mordaz.

— Ela é muito mais do que isso, Alfred.

Bruce se virou mais uma vez para o batcomputador, lendo rapidamente alguns dados que surgiram na tela.

— Sim, o senhor me contou a respeito das habilidades dela e francamente eu devo confessar que é bastante estimulante pensar numa mulher como ela vestindo uma armadura, e empunhando espada e escudo contra a criatura que devastou o porto de Gotham há alguns meses.

— Ela salvou a minha vida naquela noite — Bruce comentou com ar distante, arrastando os olhos de informação a informação.

— O pacote que o senhor enviou a Paris há algumas semanas para ela... Do que se tratava exatamente?

— Acredito que seja algo importante, a lembrança de um passado que ela procurou evitar por muito tempo, e os rostos de pessoas que lhe foram queridas.

— Ah, entendo — Alfred murmurou num tom derrotado enquanto deixava os aperitivos que trouxera à disposição de seu patrão. Se não o lembrasse periodicamente de que tinha de se alimentar e dormir, tinha a impressão de que a saúde de Bruce se deterioraria pouco a pouco.

— Ela estará em Gotham essa semana — Bruce girou a cadeira mais uma vez para se colocar frente a frente com seu mordomo.

— Bem, nesse caso, por que não a convida para jantar com o senhor?

Bruce não conseguiu reprimir um sorriso. Alfred jamais desistiria de tentar fazê-lo sossegar e abandonar aquela vida como vigilante de Gotham. Embora algo tivesse mudado em Bruce desde a morte do Superman. Ele estava mais otimista, mais... esperançoso.

Não havia dúvida para Alfred que o embate com o Homem de Aço havia feito bem a Bruce. Era quase como estar de volta aos seus dias de juventude quando seu patrão acreditava que realmente fazia a diferença para Gotham como Batman.

Finalmente, Bruce se rendeu com um suspiro e acatou sua sugestão com boa vontade.

— Eu acho que é realmente uma boa ideia, Alfred.

— Nesse caso, pensarei no cardápio e reservarei o melhor vinho da adega.

Diana chegou à mansão Wayne um pouco depois do pôr do sol. A casa imensa, grande parte feita de vidro, estava localizada perto de um lago turvo e de uma floresta. Bruce Wayne gostava de privacidade, se uma coisa estava clara para ela era essa.

Desceu do carro e percorreu o caminho até a porta de entrada onde o mordomo de Bruce já esperava recebê-la com um sorriso gentil e algo mais que ela não conseguiu identificar.

— Senhorita Prince, mas que prazer revê-la — ele disse, estendendo a mão para recolher o casaco que usava.

— Digo o mesmo. Obrigada, Alfred — agradeceu-o quando ele pegou seu casaco e o dobrou sobre o seu braço, indicando com o olhar para onde deveria seguir.

— O Mestre Wayne a aguarda.

Diana o agradeceu novamente, dessa vez com um largo sorriso, e seguiu em direção ao que pareceu ser um dos escritórios de Bruce Wayne. O fogo ardia numa lareira de pedra e a decoração rústica atraiu sua atenção. Perto da lareira, havia duas poltronas de couro negro voltadas uma para a outra e Bruce Wayne ocupava uma delas, tinha uma taça de vinho nas mãos pela qual parecia estar nutrindo pouco interesse que não fosse revolvê-la entre os seus dedos.

Ele ergueu os olhos da taça ao vê-la entrar. Usava um vestido de seda preto que se ajustava fluído a cada curva do seu corpo e saltos altos. O cabelo cheio e escuro estava preso num penteado sofisticado e os lábios estavam pintados de um vermelho escuro. Bruce se levantou, recebendo-a com um aperto de mão e um sorriso que não escondia o quanto ela estava bela.

— Bruce, há quanto tempo.

— É sempre um prazer revê-la, Diana.

Alfred avisou à porta do escritório que o jantar seria servido em breve e se retirou para deixar os dois mais à vontade. Bruce indicou para que Diana se sentasse e lhe ofereceu uma taça do vinho que estava bebendo, o qual ela recusou polidamente.

— Quanto tempo vai ficar em Gotham? — ele perguntou uma vez que se sentaram.

— Só o bastante para avaliar uma peça para o museu.

Depois de um momento em que pareceu hesitar, ela o olhou incisivamente.

— Como está indo a sua busca?

Bruce entendeu de imediato ao que ela estava se referindo: a sua procura por outros meta-humanos.

— Progredindo bem.

— Isso é bom — ela respondeu de forma mecânica, um tanto constrangida pelo silêncio que caiu entre eles.

Antes que esse sentimento de desconforto se aprofundasse, ela olhou-o com seriedade, os olhos amendoados, inclusive, chegaram a marejar por um momento antes que Diana piscasse e se recompusesse.

— Na verdade, eu só aceitei esse convite para agradecê-lo, Bruce. O que você fez por mim... Encontrando aquela foto e enviando-a para mim, eu nem mesmo sei como começar a te agradecer.

Bruce sorriu ante as palavras e a gratidão imensurável e sincera dela.

— Considere a nossa dívida paga. Afinal, você salvou a minha vida naquela noite.

— Mesmo assim eu acredito que deva te agradecer. Eu não pude encontrá-la até ser tarde demais e ela se encontrar em posse de Lex Luthor — Diana insistiu com um tom firme.

— Qual é exatamente a história dessa foto? — ele indagou ao esfregar a barba por fazer do queixo com os dedos. — Se estiver à vontade para me contar, é claro.

A bela morena suspirou em resposta. Poderia estar mais propensa a aceitar aquela taça de vinho agora que as emoções voltavam a aflorar no seu peito, atingindo-a em cheio como um trem.

— Se eu lhe contar, terei de começar pelo início de tudo e é uma longa, longa história.

— Temos tempo — Bruce insistiu, um pouco mais persuasivo, na verdade estava intrigado pelo passado de Diana, por sua origem e pela origem de suas habilidades sobre-humanas.

Por um momento, Diana virou o rosto para o fogo que crepitava na lareira. As chamas criavam sombras nos ângulos do seu rosto, mas ardiam nos seus olhos. Bruce achou por um instante que ela não cederia, mas então ela voltou a fitá-lo e contou.

Contou tudo a ele. Desde as histórias que ouvia de sua mãe, Hipólita, antes de dormir acerca do começo do mundo e da criação da humanidade por Zeus, até o surgimento das Amazonas, guerreiras e propagadoras da paz e do amor, que acabaram refugiadas em uma ilha protegida pelo poder dos deuses. Contou sobre como acreditava que veio do mundo, moldada do barro pelas mãos de sua mãe e trazida à vida pelo poder de Zeus e contou sobre como foi treinada para ser a melhor guerreira das Amazonas por sua tia Antíope.

Então contou sobre o dia em que um homem caiu com seu avião no mar de Temíscira e como a decisão de Diana de resgatá-lo mudou sua vida para sempre. Foi difícil contar a Bruce sobre Steve. Em muitos anos, ele foi o segredo mais profundo do seu coração — e o mais doloroso de todos eles. Mas Bruce a escutou atentamente em todo o tempo com interesse evidente, a taça de vinho agora completamente esquecida.

Contou sobre como fugiu da ilha em que viveu todos aqueles milênios para ajudar Steve a deter a morte de inocentes. Omitiu o que achou que deveria ser omitido, mas revelou a ele sobre a sua jornada no mundo dos homens durante a primeira guerra mundial. Contou sobre a missão que eles receberam de encontrar o general alemão Ludendorff e sua comparsa, a Doutora Veneno, e o complexo onde os gases venenosos estavam sendo produzidos.

Contou sobre como aquela foto foi tirada, finalmente, quando ela atravessou a Terra de Ninguém e, junto de Steve e dos seus amigos mais leais e confiáveis, sobre como eles libertaram o vilarejo de Veld do exército alemão. Omitiu dele aquela noite fria que compartilhou com Steve num quarto da hospedaria, mas contou sobre a manhã seguinte em que partiram com o intento de se infiltrarem num baile e extrair informações de Ludendorff e Maru — ou ao menos, esse era o objetivo de Steve, o objetivo de Diana era usar a Matadora de Deuses para matar aquele que ela acreditou, na época, se tratar do deus da guerra em pessoa.

Contou sobre seu desespero quando não conseguiu chegar a tempo de salvar Veld das bombas de gás, disparadas por Ludendorff num ato caprichoso e desumano. E finalmente chegou à parte onde ela começava a se desiludir com a humanidade. Disse a Bruce como cravou a Matadora de Deuses em Ludendorff e que foi nesse momento que percebeu que a corrupção da humanidade não era fruto de um deus: o mal estava intrínseco ao homem.

Revelou a Bruce Wayne sobre o momento em que Ares se mostrou a ela, dando início à batalha de sua vida. O momento em que ele lhe contou qual era sua verdadeira origem e o momento em que perdeu Steve, despertando um poder que ela jamais havia experimentado antes. E contou a ele sobre o momento em que percebeu que a humanidade estava fadada a travar uma batalha inerente e que a raça humana era capaz de grandes feitos, tanto bons quanto maus.

Finalmente, contou a Bruce sobre como matou o deus da guerra e em como passou os últimos cem anos, afastada da humanidade pela ferida aberta no seu peito.

— Você o amou, não foi? O homem da foto. Ele era o seu Steve?

Diana levantou os olhos para ele. Não havia sentido negar mesmo que a lembrança de Steve ainda trouxesse sentimentos beligerantes à tona. Seu silêncio foi a resposta que Bruce esperava.

— Sentiu a perda dele durante todos esses cem anos. Foi uma das razões por que não conseguiu voltar a lutar?

— Deve ser estranho para você — ela o interrompeu com um tom suave, porém instável. — Mas acho que quando se tem a eternidade à sua frente a perspectiva de tempo é um pouco diferente. Às vezes, é até um pouco exasperante.

— Na verdade sei como se sente — ele a corrigiu com um aceno de cabeça. — Sei como é ter as pessoas que ama arrancadas de você bem diante dos seus olhos, sem que possa fazer nada para impedir isso. Sei como é ter todo o seu futuro definido a partir desse único momento.

Diana não ousou contrariá-lo, não com a expressão tensa que ele usava para mascarar sua perturbação. Sameer havia dito a ela uma vez que cada pessoa estava travando diariamente a sua própria batalha. A humanidade era muito mais complexa do que ela havia suposto uma vez e Bruce era um enigma por si só.

Ela se levantou de repente e andou até a lareira, cruzando os braços sobre o peito porque aquela sensação de desconforto não queria passar. Olhou o fogo crepitar, esperançando acalmar seus pensamentos ou ao menos tirá-los do passado.

— Quis poder voltar a ver o mundo dos homens da forma como eu vi uma vez por muito, muito tempo. Acho que você me entende nisso também.

Bruce também se levantou, aproximando-se com cautela da mulher perto da lareira. Num gesto que procurava confortá-la, tocou seu ombro desnudo. Ela se virou para ele, os olhos mais uma vez marejavam.

— O que mudou em nós, Bruce? Naquela noite em que ele se sacrificou...

— Ele tinha esse poder — refletiu num tom distante. — E eu acredito que tenha sido a sua melhor habilidade. O mundo nunca terá outro herói como o Superman, mas eu jurei que faria tudo o que pudesse para honrar o sacrifício dele.

Diana apenas o encarou por um longo momento. Ainda sentia o toque de Bruce no seu ombro, mas agora seus dedos deslizavam pela extensão do seu braço até capturarem sua mão na dele. Ela poderia se afastar se quisesse, se ao menos conseguisse. Desde sempre houve uma tensão entre ambos, tão tangível que poderia ser tocada. Um magnetismo inexplicável. Ele atraiu sua atenção na festa de Lex Luthor desde o primeiro olhar que trocaram.

Soube desde o começo que Bruce Wayne não era o que aparentava ser. Era uma máscara na verdade. Como Diana Prince também o era. Uma olhada mais a fundo revelaria que ambos possuíam muitas coisas em comum, assim como muitas coisas também os diferiam um do outro. Apartou os lábios num ofego contido quando os olhos castanhos dele desceram para sua boca.

Quase podia prever o que viria a seguir, a decisão que se formava nos seus olhos. Ele rescendia vagamente a colônia, um odor amadeirado envolvente. Mas também rescendia a mistérios, segredos. Tanto quanto ela, talvez. A opção de recuar nem mesmo passou por sua cabeça quando Bruce se inclinou um pouco mais, o calor do corpo dele atingindo-a em cheio.

E então Alfred os surpreendeu, entrando de supetão no escritório, esbugalhando os olhos sagazes ao flagrá-los em um momento tão íntimo. Bruce e Diana se afastaram com brusquidão enquanto o mordomo, quase compungido por interromper seu patrão tão inoportunamente, pigarreou para anunciar que o jantar estava servido.

Diana se recompôs mais depressa do que Bruce, sorrindo para o mordomo com amabilidade, embora tenha evitado encarar Bruce a princípio. O brilho de satisfação nos olhos de Alfred, entretanto, não escapou ao vigilante de Gotham, que precisou se conter para não revirar os olhos, embora uma pequena parte dele tenha lamentado a perda do momento e a quebra tão abrupta do clima.

Eles nunca reaveriam aquela oportunidade, muito menos saberiam o que teria resultado naquilo, ou se ao menos havia bom senso em tal gesto. De todo modo, Diana enfim o olhou; estava sorrindo outra vez.

Bruce suspirou. Ainda estava dividido entre amaldiçoar e agradecer a interrupção de Alfred. Meneou a cabeça uma vez, dispersando tais pensamentos e ofereceu a ela um olhar sereno.

— Sabe que pode contar comigo e com meu apoio a qualquer momento, não é?

Era a última coisa que tinha de dizer a ela, o que sentia que precisava ser dito. Diana sorriu mais brandamente ante de se aproximar, tocando sua face para pressionar os lábios no seu rosto num beijo de gratidão cheio de afeto.

— Obrigada, Bruce — sussurrou, o rosto tão próximo, mas não houve mais constrangimento.

Ao se afastar, deixou um rastro do seu perfume que o tentou mais uma vez. Mas ele apenas sorriu em resposta.

— Podemos jantar? — ela perguntou com doçura.

Bruce assentiu e eles saíram do escritório em direção à sala de jantar onde Alfred certamente os aguardava com seus maneirismos e comentários por vezes inconvenientes. Bruce sabia que seria abespinhado mais tarde, quando a bela senhorita Prince atravessasse a porta da frente da mansão Wayne.

Mas, por uma mulher tão encantadora como ela, certos inconvenientes com certeza valiam a pena.

 

 


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Notas finais do capítulo

Vocês estão contando os dias pra Liga da Justiça também?! Meu coração quase não está resistindo, meu sonho de infância está se realizando depois de ANOS de espera ç_ç

Aliás, o Ben e a Gal também não estão colaborando! Ben afirma numa entrevista que Diana e Bruce possuem SIM uma química romântica, Danny Elfman compõe um soundtrack chamado DIANA AND BRUCE pro filme, e toda a química do Ben com a Gal e vice-versa, SOCORRO! Meu pobre coração shipper e sofredor por BatWonder vai estar a mil até a estreia! HAHAHA

Mas e vocês? Qual a expectativa de vocês para o filme? Eu quero muito que esse filme repercuta bem como WW, Zack Snyder e todo o elenco merecem muito isso.

Enfim, deixem um comentário, vamos interagir e surtar juntos por BatWonder ;)



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