True love's kiss escrita por Beatrix Costa


Capítulo 4
Maçãs douradas


Notas iniciais do capítulo

De volta com mais um capítulo!!! Espero que estejam a gostar da história porque a verdadeira etapa da conquista de Regina ainda mal começou ;)
BOA LEITURA ♥



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Regina levantou-se precisamente às 8:00 da manhã, e dirigiu-se à cozinha. Os seus olhos brilhavam como se fosse a pessoa mais feliz do mundo (algo que estava determinada a ser num futuro próximo). Sempre ouvira dizer da sua irmã que os homens se conquistam pelo estômago… tinha esperança de que com as mulheres acontecesse o mesmo. Escreveu num caderno a sua preciosa receita: Maças douradas! Na prática, eram maças vermelhas assadas, mergulhadas num mel caseiro, que só Regina sabia fazer. Muitos dias passou ela na cozinha do castelo em criança, escondida da mãe, preparando-se para satisfazer o seu sonho de um dia ser independente e poder escolher os seus próprios menus, sem horas explícitas para serem cozinhados. Sonhos despedaçados pela sua obrigação de se tornar rainha e ter sob a sua alçada um reino inteiro.

Demorou um certo tempo até perceber como funcionavam os equipamentos, mas lá se desenrascou (depois de ter queimado meia dúzia de maçãs). Demorou 3 horas só para fazer o mel, mas quando provou… era uma doce mistura de amor, felicidade, paixão e carinho. Trazia prazer a quem quer que o provasse, era como um feitiço sem magia. Quando terminou, depositou cuidadosamente as maçãs numa caixa de plástico e deixou-as bem no centro da mesa da cozinha, para que não houvesse risco de uma queda acidental. Subiu entusiasmada até ao seu quarto e olhou-se ao espelho do armário tentando visualizar a melhor maneira de ficar bonita, pelo menos à altura de se apresentar à porta de Miss Swan. As cores da roupa da qual dispunha continuavam a tornar difícil a decisão. Depois de procurar arduamente, lá encontrou um vestido azul escuro de um tecido muito confortável. Olhou-se uma e outra vez. A sua fina cintura estava perfeitamente delineada, e os seus joelhos cobertos pelo tecido, algo que lhe agradou pelo facto de nunca ter gostado particularmente deles. Calçou umas botas pretas de cano baixo que conjugou com um casaco comprido da mesma cor. Depois dedicou-se ao cabelo… limitou-se a alisar os impercetíveis cachos desalinhados, o que acrescentou uns poucos centímetros ao penteado. Desenhou uma leve sombra nos seus olhos e deu um leve relevo rouge aos seus lábios, não que fosse necessário, mas o objetivo era que Miss Swan se sentisse “enfeitiçada” pelos seus lábios, portanto, tomaria todas as precauções para que isso acontecesse. Limou as unhas, lavou as mãos com água quente e sabão, deixando-as o mais suaves possível. Para terminar colocou um colar em forma de coração, mas depois mudou para um com forma de lua… só para não tornar os seus sentimentos tão evidentes, pelo menos de início.

Finalmente estava pronta para sair de casa. Pegou na caixa das maçãs douradas e saiu de casa apressadamente. Procurou a morada que tinha sido escrita na sua mão, e foi dar a um prédio de aspeto velho e caído. Tinha uma péssima aparência, era um casebre comparado com a sua grande moradia! Interiormente sentiu uma certa vergonha, afinal era a culpada de Miss Swan não conseguir arranjar um lugar melhor. Foi aí que começou a pensar seriamente em arranjar uma maneira de descer as rendas, talvez assim conseguisse a aprovação do povo. Respirou profundamente e de sorriso nos lábios tocou à campainha. Esperou pacientemente, mas não veio ninguém. Tocou novamente, mas continuou sem ser bem-sucedida. Sentou-se então nas escadas da entrada, sabendo que parte do seu plano iria ficar completamente arruinado, pois as maçãs rapidamente esfriariam. Sempre que ouvia a porta a abrir, carregava a leve esperança de que fosse Emma, mas nunca era! Quando estava quase a desistir, viu um carro amarelo seu conhecido a estacionar perto daquela rua. Levantou-se e recompôs-se, tal como uma verdadeira rainha.

Emma saiu do carro. Na sua face podia ver-se uma mistura de desilusão, tristeza e de uma certa fúria.

—Miss Swan!

—Sra. Perfeita… olá, como está? – a desanimação era percetível na voz grave.

—Bem, e você?

O olhar de Emma triste permanecia. Regina arrepiou-se.

—Está com frio?

—Eu… ah… um pouco, acho!

—Venha, vamos entrar.

Subiram as escadas, que rangiam furtivamente. Emma agarrava-se fortemente ao corrimão com uma mão, e protegia a barriga com a outra. Tirou as chaves da mala e fez a força necessária para abrir a velha porta. Uma mulher desenrascada de facto! Era um apartamento pequeno e apertado. O sofá estava desfeito e com lençóis, indicando que também era usado como cama; havia uma pequena mesa de centro cheia de papelada com números astronómicos (provavelmente de contas para pagar) e dois ou três cigarros apagados; roupa espalhada numa grande mala e num cadeirão; pó visível nos móveis e alguns embrulhos de comida espalhados pelo chão.

—Desculpe a desarrumação, não estava à espera de visitas – explicou Emma, arrastando os lençóis do sofá e dando espaço a Regina para se sentar, ao mesmo tempo que acendia um cigarro.

—Emma! Tu estás grávida, não podes fumar! – avisou Regina chocada com a atitude da loira.

—O que é que interessa? – os seus olhos refletiam desilusão, presumivelmente consigo mesma – Provavelmente ele vai para uma instituição porque eu não vou ter dinheiro suficiente para o criar… - dizia aquilo como se não quisesse saber do próprio filho, mas Regina sabia que ela queria.

—Não! Isso não vai acontecer!

—Claro que vai! Já viu este sítio – as lágrimas começaram a cair – Eu mal tenho condições para viver por conta própria, quanto mais ter um bebé!

—Mas aconteceu alguma coisa? O que é que mudou tão de repente desde o dia no hospital? Você falava com tanto amor do seu bebé…

—O que mudou é que eu não consigo arranjar a porra de um emprego! E se eu não pagar o próximo mês de renda rapidamente vou ser expulsa desta casa! E tudo por sua causa e do seu estúpido regulamente! – agora a tristeza misturava-se com um ódio repentino – Eu nem sei porque é que estou a falar com a mulher que me está a desgraçar a vida – meteu o cigarro à boca e deixou-o lá ficar por um bom tempo, como se se quisesse envenenar a si própria.

Regina sentiu-se magoada ao ouvir aquilo, foi como que uma estalada de luva branca, e decidiu reagir!

—Sabe que mais Miss Swan, pode pensar o que quiser de mim, mas não é por minha causa que não consegue arranjar um emprego! E eu como perfeita faço o que entendo que seja melhor para esta cidade, mas não posso agradar a todos! – o seu tom era tão autoritário, tanto que Emma sentiu como se todas as suas armas tivessem caído ali mesmo. – E pela saúde do seu filho tire-me essa merda da boca!

Regina aproximou-se da loira e arrancou-lhe bruscamente o cigarro das mãos, queimando-se um pouco, mas não demonstrando sinais de dor. As duas ficaram ali por um bom tempo, num duro e rigoroso silêncio. A morena finalmente soltou um longo suspiro, e sentou-se no sofá ao lado da amiga quando uma ideia brilhante lhe trespassou os pensamentos.

—Porque é que não vem trabalhar comigo?

Os olhos de Emma arregalaram-se de imediato, como se lhe fosse transmitido um grande sinal de esperança.

—Trabalhar consigo… como assim, a fazer o quê?

—Sei lá, eu tenho montes de trabalho na prefeitura e preciso de alguém que me ajude na parte tecnological. Para além disso a minha irmã vai casar brevemente e quer a minha ajuda com os preparativos da festa, o que me deixará com menos tempo para o trabalho durante um certo período.

—Quer dizer a parte tecnológica.

—Isso, está a ver, até percebe dessas coisas!

—Se me permite Sra. Perfeita, acho que isso é mais uma questão de vocabulário – Emma esboçou um leve sorriso nos lábios.

—Não abuse da sorte Miss Swan! – também ela sorriu – Então, quer o emprego ou não?

—Claro que sim… e obrigada Regina.

Foi a 1ª vez que ela a tratou pelo nome naquela realidade. As duas conversaram por um bom tempo. A morena estava habituada a “trabalhar” com a loira, portanto esperava que a relação delas não fosse complicada em questões laborais.

—Oh, quase me esquecia – Regina tirou o seu cozinhado, agora frio, do saco – Já não estão quentes, mas ainda devem estar boas… São maçãs douradas!

—Têm bom aspeto.

—E fazem melhor do que os cigarros… - afirmou Regina confiante, ao que Emma lhe respondeu com um sorriso envergonhado.

A loira deu uma trinca numa das maçãs e fez umas estranhas (e engraçadas) caretas. Na face de Regina notava-se uma certa preocupação de que a sua amada não gostasse… afinal, aquilo era um truque de sedução! Ela passou algum tempo a analisar o sabor da fruta.

—Está… ótimo! Têm um sabor peculiar, mas gosto muito.

—A sério! – um grande sorriso invadiu os lábios de Regina, mas logo de seguida, tentou agir como se já soubesse – Claro que estão! Fui eu que as fiz.

Emma riu, mas alguns segundos depois a sua expressão alterou-se por completo e a loira ergueu-se numa corrida alterada até à casa de banho. Regina ficou preocupada, seguiu-a, e encontrou Miss Swan completamente branca, deitada ao lado da sanita, a vomitar provavelmente tudo o que tinha posto à boca nesse mesmo dia, incluindo a maçã dourada que Regina fizera com tanto carinho. Emma demorou alguns minutos até conseguir ver-se livre de todo o rebuliço que ia no seu estômago. No final sentia-se fraca, ao que Regina teve de a ajudar a deitar-se no pequeno sofá da sala.

—Tens a certeza que não queres ir ao hospital? – perguntou ela.

—Não, está tudo bem. Isto é normal… o bebé está quase a nascer, e tem estado tão agitado que nem me deixa dormir em paz, ou comer.

—Miss Swan, a sério, tem mesmo de deixar de fumar. E não quero que se preocupe com contas! Qualquer coisa eu estou aqui para a ajudar.

—Só não consigo entender por que é que se preocupa tanto comigo… no outro dia podia perfeitamente ter feito queixa de mim á polícia e mesmo assim decidiu não dizer nada, e agora está aqui em casa, a dar-me emprego e a oferecer-me maçãs que eu nem sequer consigo aguentar no estômago – a fraqueza era notável na sua voz.

Regina ficou calada durante algum tempo, não encarando Emma, e tentando escolher as palavras adequadas para lhe responder.

—Talvez neste momento eu precise tanto de ti como você acha que precisa de mim – disse ela por fim, encarando agora a loira. Um silêncio estranho instalou-se na sala.

—Importas-te de ficar um pouco mais? – perguntou a grávida, tratando a perfeita por “tu”.

—Não Miss Swan… não me importo nada – respondeu Regina, com um leve e tranquilizante sorriso nos lábios, enquanto passava as suas mãos pelas de Emma, em sinal de reconforto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Ando muito feliz com o feedback que estou a receber da história, espero que continuem a acompanhar e a comentar :D

Daqui a 2 dias entro de férias e vou tentar escrever o máximo possível para ter vários capítulos para postar brevemente.

BJS & ATÉ AO PRÓXIMO ♥



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