Uma Chance para Reconciliação escrita por cellisia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Tô postando esse primeiro capítulo pra ver como será a recepção. Se for ruim demais eu apago e a gente finge que nunca aconteceu.



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Era quarta-feira. Cerca de 02h35. A noite não podia estar mais tranquila.

E então o telefone tocou. Aquela fatídica ligação que colocaria seu mundo de cabeça para baixo.

Sasuke enterrou a cabeça no travesseiro. Quem em sã consciência incomodaria àquela hora da madrugada? Se fosse algo realmente importante, ligaria de novo.

O telefone então parou e ele relaxou. A moça deitada ao seu lado se mexeu, abraçando-o durante o sono. Não tardou, porém, para que o telefone voltasse a tocar.

Ele bufou. Desvencilhou dos braços da mulher, vestiu uma calça e foi até o corredor, tirando o fone do gancho.

"Olá! Boa noite, aqui é Koharu, do Hospital Regional" –  a voz do outro lado ecoou.

Sasuke imediatamente gelou. Hospital? Por quê estaria recebendo uma ligação de lá?

"Eu gostaria de falar com o sr. Uchiha."— a voz continuou – "É sobre a mulher dele..."

O rapaz de cabelos negros arregalou os olhos, engolindo em seco, sendo incapaz de falar.

Sua mulher... Há quanto tempo não a via... Na verdade, fazia um ano que estavam separados, mas o divórcio não estava oficializado, ainda não.

"Alô, alô?" – a voz do outro lado tornou a insistir.

— Oi, sim, desculpe. – disse Sasuke retornando à realidade – Aqui é Uchiha. E, bem, você disse, minha mulher? ...Sakura?

"Sim, sim. A sra. Uchiha Sakura deu entrada aqui no hospital há seis dias. Ela foi atropelada e quebrou as pernas, mas acabou de receber alta. Pedimos o n° de algum parente ou amigo para vir buscá-la e ela nos forneceu o seu. Então, se o sr. puder vir em breve..."

Sasuke estava estático. A respiração pesada e o coração ligeiramente acelerado. Ah, Sakura! Tinha que ser tão sem juízo? E por que tinha dado justo o n° dele? Havia Ino, sua melhor amiga. Por que forneceu justo o n° do ex-marido?

"Alô? Sr. Sasuke?! Alô!"

— Oh, desculpe. É que foi um choque pra mim.

"Sim, eu entendo... Ao menos sua esposa está bem, então não é algo que precise se procurar. Mas como eu dizia, se puder vir buscá-la o quanto antes..."

Sasuke ficou em silêncio alguns instantes, ainda digerindo. Até que por fim falou:

— Tudo bem. Estou indo para aí agora mesmo.

******

Ele entrou no quarto. A respiração havia normalizado e seu coração estava se acalmando.

A moça que dormia ao seu lado estava agora assentada na cama. O lençol cobria-lhe parte do corpo desnudo, embora seus seios ficassem à mostra.

Era Karin, sua atual namorada. Ele a havia conhecido em um bar pouco depois da separação. Começaram a sair desde então.

Ela possuía um longo cabelo vermelho e olhos de igual cor. Não possuía um corpo invejável ou curvas fartas, mas Sasuke não se importava. Não era por causa de seu corpo que ele gostava dela.

— O que houve? – Perguntou ela pegando seus óculos na mesa de cabeceira e ajeitando-o sobre o rosto.

Ele andava apressadamente de um lado para o outro, trocando de roupa.

— Recebi uma ligação do hospital. – Ele, que agora calçava o tênis, parou, fitando-a seriamente – É a Sakura.

Karin arregalou os olhos.

— Parece que ela foi atropelada, mas já recebeu alta. Precisa de alguém para buscá-la. E já que eu sou o marido, fui o primeiro para quem ligaram. – Ele mentiu. Não quis falar que Sakura havia fornecido seu n° – Estou indo para lá agora e...

— Ela vai ficar aqui? – A ruiva o cortou.

— Bem... Esta noite, sim. Não posso levá-la para seu apartamento e largá-la sozinha...

O semblante de Karin mudou. Era algo entre a preocupação e o ciúmes. Sasuke, que terminava de arrumar o cachecol, riu e foi até ela.

— Ei, não precisa se preocupar. Eu e Sakura não temos mais nada. A única coisa que nos liga é um pedaço de papel. Nós dois estamos juntos agora, certo? – E a beijou ternamente – Então... Você quer que eu te leve pra casa? Ou vai ficar aqui...?

— Acho melhor eu ir embora... – Ela se levantou e começou a vestir suas roupas.

******

No caminho para o hospital, ele mudou um pouco a rota, indo à casa de Karin. Durante o trajeto, o silencio dentro do carro fora ligeiramente incômodo.

— Eu te ligo amanhã. – Sasuke falou, vendo-a sair do carro e bater a porta do passageiro.

— Tudo bem. – Murmurou secamente. Nem se preocupou em lhe dar um beijo de despedida.

Ela estava com raiva, ele sabia. Ele entendia o porquê, embora achasse egoísmo da parte dela.

Mas Sasuke simplesmente não podia deixar de ajudar, especialmente porque a pessoa necessitando de ajuda era Sakura. Apesar de tudo, ela ainda era sua esposa.

A ruiva acabara de entrar em casa, batendo a porta com uma força um pouco excessiva. Ele então deu partida no carro, dirigindo-se ao hospital.

O trajeto fora bem rápido. O trânsito àquela hora era tranquilo, o que era algo bom.

Assim que chegou ao hospital, dirigiu-se imediatamente à recepção. Koharu, a recepcionista que havia lhe falado ao telefone, o guiou até o quarto em que Sakura se encontrava.

Sasuke parou à porta, escondendo-se atrás da recepcionista. Do outro lado, deitada na maca, estava Sakura. A mulher por quem fora apaixonado durante toda a sua vida.

Ela tinha ataduras ao redor da cabeça, no tórax e nos braços. Duas gazes pousavam em seu rosto, uma na bochecha e a outra próxima ao olho. Sua perna direita estava engessada a partir do joelho, já na perna esquerda, o gesso começava na coxa.

Apesar de todos aqueles machucados, Sakura tinha o semblante tranquilo. Olhava pela janela enquanto cantarolava baixinho.

Em questão de aparência física, Sakura era o completo oposto de Karin: seus cabelos eram curtos e rosados, com intensos olhos verde-jade. Assim como Karin, ela não possuía um corpo prefeito, curvas invejáveis ou seios fartos.

Mas ainda assim ele nunca se importou. O corpo dela sempre foi perfeito aos seus olhos. E, ah, aqueles seios de tamanho médio... Repentinamente sentiu saudades de acariciá-los. Quantas vezes já havia tocado todo aquele corpo, quantas vezes já a havia feito gemer apenas por beijá-la... E, uau, como ele amava aquilo.

Rapidamente sacudiu a cabeça, espantando aqueles pensamentos inapropriados.

— Sra. Uchiha, seu marido acabou de chegar. – A recepcionista anunciou. – Ele veio para buscá-la.

— Hahaha. Não, ele não vem... – Sakura não se deu ao trabalho de olhar para porta, continuou encarando a janela – Na verdade, não sei porque dei o número dele. Ele deve estar ocupado demais pra se impor...

— Oi, Sakura. –  Sasuke saiu de trás de Koharu. Ele tinha a voz tão doce e gentil.

A rosada virou-se de uma vez, encarando a porta extasiada. Ela não podia acreditar. Ele estava realmente ali. Saíra de casa, àquela hora da madrugada, por ela. Sentiu vontade de chorar, mas se segurou, desviando os olhos.

— Vou deixá-los a sós. O doutor já vem para dar as instruções finais – Koharu murmurou. Imediatamente a ação se seguiu as palavras e ela deixou o quarto.

Ligeiramente sem jeito, Sasuke se aproximou da maca.

— Como vai, Sakura?

— Por quê você veio, Sasuke? – Ela o cortou bruscamente.

Ele ergueu uma sobrancelha. Como assim por que ele viera? Provavelmente porque ela pedira para que lhe ligassem?

— Eu recebi uma ligação dizendo que estava internada aqui – respondeu ele ignorando a pergunta hostil –, mas que já havia recebido alta. Disseram que você passou meu número.

Sakura corou fortemente, ficando mais vermelha que um tomate, e desviou os olhos.

— Eu... Eu não sabia a quem recorrer. Não queria incomodar, mas seu número foi o primeiro a me vir à cabeça... P-Pode deixar, vou ligar para Ino, ver se ela pode...

— Deixa disso, Sakura. Não é incômodo algum – falou gentilmente.

Ele ergueu uma mão para afagar-lhe os cabelos, porém se deteve no caminho. Ele e Sakura não se falavam há tanto tempo. Não possuía mais essa liberdade para tocá-la.

Poucos segundos depois, um homem de meia idade e jaleco branco adentrou o quarto.

— Olá! Então o senhor é o marido. Eu sou o doutor Homura – E estendeu a mão para Sasuke.

Ele então começou a examinar Sakura, apalpando seu tórax, massageando as costas, movimentando os braços...

— Você é realmente uma mulher de sorte, Sakura. Depois daquela pancada feia e só quebrar as pernas...

A rosada sorriu sem graça, desviando os olhos. Sasuke teve vontade de rir. Ele adorava aquela mania dela de desviar os olhos quando envergonhada.

— De um modo geral, sua mulher está bem. – Homura agora se dirigiu à Sasuke – Teve pequenas lesões no rosto, arranhados nos braços e uma costela trincada. Mas é coisa simples mesmo, provavelmente nem ficarão cicatrizes profundas, em uma semana não deve nem ter lembranças. Mas as pernas... Ela quebrou as duas... Olha, é capaz que demore mais para melhorar. Vou prescrever alguns medicamentos para dor, mas fora isso ela precisará visitar um fisioterapeuta toda semana. E vou precisar da sua colaboração, sr. Sasuke, pra ajudá-la quanto às necessidades básicas...

— Oh...! T-Tudo bem – O rapaz de cabelos negros respondeu prontamente.

— Se seguirem minhas recomendações à risca, em menos de dois meses, Sakura já estará novinha em folha! – O médico rabiscou várias coisas numa folha e logo em seguida entregou a Sasuke – Alguns remédios que ela pode vir a precisar. A maioria são para dor. E, ah! Antes que eu me esqueça. Vocês não perguntaram, mas é uma pergunta que no geral sempre me fazem, então... Quanto ao sexo...

Imediatamente Sasuke e Sakura ficaram estáticos, de olhos arregalados.

— Vocês são casados, certo? – Continuou o doutor – Têm vida sexual e tudo mais. Mas, olhem, eu não recomendo por agora não. Pelo menos não por enquanto. Vejam bem, Sakura ainda está em fase de recuperação, ela provavelmente ainda vai sentir dor nas pernas. Vai ser incômodo, não apenas para ela, mas para o senhor também. Então esperem passar pelo menos três semanas para voltarem a ter relações...

Os dois não puderam falar nada, pois no instante seguinte, duas enfermeiras entraram no quarto, empurrando Sasuke para o lado e ajudando Sakura a se assentar numa cadeira de rodas.

"Fique despreocupado, dr. Homura."— Sasuke pensou consigo mesmo enquanto via as mãos ágeis das enfermeiras trabalhando pelo corpo da rosada – "Sexo é algo que eu e Sakura não faremos nunca mais".

****

As enfermeiras os acompanharam até o estacionamento, ajudando Sakura a se assentar no banco do carro e dando rápidas instruções a Sasuke.

Sakura olhava pela janela, evitando encará-lo. Vez ou outra, Sasuke lhe dirigia o olhar, porém não falava nada.  O trajeto fora silencioso até determinado momento.

— Ei! – A rosada exclamou – Você errou! Meu bairro fica pra lá. Deveria ter entrado naquela rua...

— Não vou te levar para sua casa. Essa noite você fica comigo.

— Não! Mas...!

— Sakura, você mora no quarto andar. Além do mais, nessas condições, você não tem nenhuma capacidade de ficar sozinha. Vou te levar lá pra casa. Posso te ajudar caso precise.

— Eu sei me virar, não preciso de babá.

— Sakura... Por favor... – A voz dele era calma – Me deixe fazer isso por você.

A rosada não falou mais nada, novamente engoliu a vontade de chorar.

*******

Alguns minutos depois, eles chegaram à casa. Sasuke estacionou e desceu do carro, indo até ela.

Enquanto ele tirava a cadeira de rodas, ela observava a casa. Aquele fora seu lar por três anos. Ela e Sasuke haviam passado tantas coisas ali... Mas desde a separação ela nunca mais pisou naquele lugar. Ele havia dito que ela poderia ficar com a casa, Sakura, no entanto, não quis. Preferiu alugar um apartamento longe dali.

Era estranho voltar depois de tanto tempo. Era nostálgico até...

— Aqui, venha – Disse ele passando os braços ao redor de seu corpo.

Sakura deu um gritinho devido ao susto. Ele a olhou surpreso, mas não se importou. Pegou-a nos braços, erguendo-a cuidadosamente.

Ele sempre fora  atencioso e carinhoso com ela. Pelo visto isso não havia mudado.

— Cadê minha cadeira? – Perguntou ela.

— Já entrei com ela. Você parecia tão avoada que nem me ouviu falar. Aqui, passe a mão em volta do meu pescoço para poder se segurar.

Sakura ficou em silêncio. Meio relutante, passou o braço ao redor dele.

Assim que Sasuke passou pela porta, ela soluçou. Ele a havia carregado daquela mesma forma durante a lua de mel e lembrar-se daquilo fez seu peito doer.

— S-Sakura? – Perguntou ele preocupado – O que houve?

A rosada mordeu os lábios, reprimindo o choro.

— Nada. – Mentiu – Você me apertou com força. Doeu...

— Oh, desculpe! Não foi por mal...

Ele então a carregou até a sala, colocando-a cuidadosamente no sofá.

— Eu vou arrumar o quarto de hóspedes pra você. Depois eu preparo algo, caso queira comer.

— Não precisa se preocupar com isso – Sakura respondeu secamente.

Sasuke se limitou a suspirar. Em seguida deixou a sala.

*****

Eles agora estavam na cozinha. Sasuke a havia colocado na cadeira próxima ao balcão, enquanto ele movia-se um lado para o outro juntando várias coisas para lhe preparar uma refeição.

A princípio estavam em silêncio, não falavam nada além do necessário. Sakura então falou:

— Você não mudou...

— Hn? – Perguntou ele surpreso – Ah eu mudei. Veja, engordei um pouco. E você, pelo visto emagreceu...

— Não é isso... Você continua a mesma pessoa gentil de sempre. Nem mesmo sua forma de sorrir, desse jeito tão meigo, mudou... – E sussurrando, acrescentou – Continua o mesmo homem por quem me apaixonei anos atrás.

— Ah, eu sempre fui assim, você sabe... – Ele, que fazia uma omelete, levantou a frigideira para poder jogar os ovos para cima – Eu não mud...

A frigideira então foi ao chão. No momento em que ele fez o movimento para jogar os ovos, o cabo soltou, fazendo tudo cair.

— ... e pelo visto agora é um idiota atrapalhado – Sakura suspirou.

Ele riu, um tanto sem jeito, tratando de limpar tudo em seguida.

*******

— E então? – Sasuke começou, enquanto a via comer – Vai me contar como se machucou?

— Fui atropelada. Fim – Sakura era dura em suas palavras.

Ela sempre fora explosiva, às vezes até mesmo grossa ao falar, mas esse tipo de tratamento ela sempre deixava para os outros. Sempre o tratara bem. Era tão meiga e ele sempre amou isso nela.

Mas agora ela estava sendo rude por simplesmente ser. Parecia decidida a tratá-lo mal (fato que ele queria entender). Estavam separados, tudo bem, separação sempre deixa traumas, mas precisava ser tão infantil a esse ponto? Poxa, ele havia se disposto a cuidar dela, por que ela não agia de forma, no mínimo, madura?

Sasuke suspirou. Preferiu deixar pra lá.

— Vai querer comer mais? – Perguntou ele, assim que o último pedaço de omelete desapareceu dentro da boca dela.

— Não, eu não quero! – Ela gritou repentinamente, fazendo com que ele arregalasse os olhos, assustado – Eu só quero... Quero que você me deixe em paz!

E começou a chorar, apoiando a cabeça nos braços.

— Sakura... – Ele sussurrou vendo-a chorar.

Ele deveria ter ficado com raiva, qualquer um ficaria ante tanta ingratidão, deveria ter gritado com ela. Mas não fez nada disso, apenas sorriu de canto e foi até ela, pegando-a no colo. A princípio ela tentou repeli-lo, mas por fim agarrou-se à sua blusa, chorando em seu peito.

Afinal, Sakura era sua esposa, ele a conhecia com a palma de sua mão. Sabia que ela se fazia de forte, mas que no fundo era tão frágil quanto vidro.

Carregou-a nos braços até o andar de cima, onde ficavam os quartos. Entrou no quarto de hóspedes e calmamente a deitou na cama.

Imediatamente Sakura colocou os braços sobre os olhos, para que ele não a visse chorar.

— Se precisar de algo... Pode gritar. – Sasuke sussurrou bondosamente.

A voz dele era tão calma e serena que fazia Sakura se sentir mal. Apesar do modo como ela o estava tratando, ele continuava gentil e prestativo.

— Nosso quarto – continuou ele –, quero dizer, estarei aqui ao lado.

— Apenas... Apenas saia daqui – Murmurou ela entre o choro, cobrindo o rosto com a coberta.

Ele assentiu lentamente e deixou o quarto.

— Boa noite, Sakura...


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Notas finais do capítulo

E então? Tenho futuro?



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