Mansão Zoraki: Caçadores de Vampiros escrita por Hana Haruki


Capítulo 1
Que a caça aos vampiros comece!


Notas iniciais do capítulo

AEEEEE! ~Eu nunca mais postei nada aqui, sei nem mais como é que faz qq~ Eu peço que ninguém tente me matar por causa da demora. Já é minha marca registada fazer as coisas bem depois do prazo (feels), MAS eu espero que gostem ^^ ~eu já esqueci as coisas que eu ia escrever aqui tudo~
E é mesmo um clichezão com vários clichês menores pq eu adoro clichês, digo mermo ♥ Boa leitura ♥



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— Lanterna, água benta, alho… — Kiyama listava os itens a medida que os colocava na mochila acinzentada. — Onde o Nagumo se meteu? — perguntou à Reina, que não desviou o olhar da TV para respondê-lo:

— Está com o Afuro e o Suzuno… Acho que foram ao mercado.

Os orbes esverdeados do ruivo rolaram em um gesto de insatisfação, parando no relógio: 23:20. Os dois estavam na sala de estar da casa do garoto. Algumas lâmpadas estavam acesas, presas em uma corda que ia do começo ao final da escada e em outros locais, impedindo que o ambiente ficasse totalmente escuro. Haviam também esqueletos na parede, aranhas de plástico nas janelas e abóboras do lado de fora, indicando em que data comemorativa estavam: a noite de Halloween.

De repente, Haruya entra acompanhado dos dois amigos. O primeiro usava uma fantasia de Victor Frankenstein — em uma imagem estereotipada de cientista louco —, já Afuro vestia uma roupa de mosqueteiro e Suzuno usava uma calça marrom e um moletom azul.

— Achei que tivessem desistido — Hiroto provocou, ajeitando os óculos redondos que estavam quase caindo de seu nariz. — E por que você não está fantasiado, Suzuno?

— Eu estou fantasiado… de Jack Frost.

— Tradução: ele é muito mão de vaca pra gastar com uma fantasia decente, então só pegou o que já tinha na casa dele.

— Cala a boca, Nagumo!

Eu sugeri que nós viéssemos de três mosqueteiros, mas ninguém quis, não é? – Terumi fez um bico.

— Eu ainda tenho senso de ridículo — Nagumo rebateu.

— Sem falar — completou Kiyama. —, que são quatro mosqueteiros.

Aphrodi pensou um pouco e soltou um “tsc” ao concluir que o outro estava certo.

— E você, Hiroto, que fantasia idiota é essa? — Nagumo riu, referindo-se à capa preta e o cachecol vermelho e amarelo do ruivo.

— Harry Potter não é idiota!

— Eu disse que ele deveria ser o Rony — Reina falou do sofá.

— Ela tem razão.

Hiroto limpou a garganta.

— Isso não é importante. O que vocês foram comprar?

Nagumo sorriu e pegou sua mochila, despejando tudo que havia dentro em cima da mesa. Cookies, pacotes de fini, chocolate e outras guloseimas caíram como uma cascata pela superfície de mármore. Kiyama olhava a cena de boca aberta.

— Pra quê tudo isso?

— Como pra quê? — Haruya arqueou uma sobrancelha.— Nós precisamos levar comida, não sabemos quando vamos voltar!

Reina se juntou a eles na cozinha depois de ouvir o barulho dos pacotes.

— Acho que vocês têm razão — disse Kiyama. — Suzuno, tem umas garrafas de água na geladeira, pega elas aí.

— Também trouxemos refrigerante! — Aphrodi mostrou as garrafas dentro de sua mochila vermelha.

— E as outras coisas? — Yagami perguntou.

— Também — foi a vez de Suzuno abrir sua mochila. — várias estacas, alho, água benta e lanternas extras.

— E um taco de beisebol — Nagumo disse e, percebendo os olhares confusos sobre si, acrescentou: — Nunca se sabe quando vamos precisar, ué.

— Okay, rapazes — Reina deu um soco no braço de Hiroto. —... E moça... Prontos?

— Prontos!

Os cinco amigos aproximaram-se, unido as mãos, e Kiyama continuou:

— Que a caça aos vampiros comece!

 

 

O grupo sai determinado a encontrar e matar um vampiro naquela noite. Por que? Pelo simples fato de que estarem entediados e cansados de passar a noite de Halloween apenas pedindo doces.

Haviam poucas crianças na rua de Inazuma àquela hora, poucos conhecidos, isso era perfeito. Hiroto andou mais rápido para alcançar Reina, deixando os outros três para trás.

—Eai,o que você acha? Acha que vamos voltar vivos?

Yagami fez uma careta diante da pergunta.

—Que bela maneira de começar uma conversa, Hiroto.

Dito isso, a garota com chifres e roupa vermelha saiu na frente. Hiroto parou, decepcionado, olhando-a se afastar, e ficou assim até que os amigos chegassem e Aphrodi desse um tapa na cabeça do rapaz de cabelos rubros.

Depois de passarem por dois quarteirões e um pequeno bosque, encontraram uma velha mansão abandonada. Segundo a lenda, a residência pertencia a Hatsuyo Zoraki, um vampiro que despertava todo ano, na noite de Halloween, para se alimentar de uma pessoa que tivesse 16 anos e fosse predestinada àquilo desde seu nascimento — alguém cujo o sangue fosse poderoso o suficiente para garantir sua existência até o ano seguinte.

Os adultos diziam ser bobagem e as crianças não se atreviam a ir àquele lugar. Eram só eles, a casa e o que estivesse dentro.

 

 

Surpreendentemente (ou não), a porta estava apenas encostada. A primeira coisa que o grupo viu foi uma enorme escadaria que se dividia para duas direções no meio da entrada principal. Da janela quebrada que ficava no topo entrava a luz da lua, impedindo que tudo ficasse escuro.

De fato, ninguém ia ali há muito tempo. Cada móvel, cada centímetro do chão estava coberto por poeira. Tudo parecia sem vida e sombrio, sem falar do silêncio e do clima gelado, que causavam calafrios em cada um. Suzuno achou um interruptor, mas as luzes não estavam funcionando.

—Certo — Nagumo quebrou o silêncio do ambiente, tentando não deixar seu nervosismo transparecer. — Eu acho que o que devemos fazer agora é nos separar e procurar pistas.

Kiyama já ia interromper perguntando quem tinha colocado Haruya no comando, mas em vez disso falou:

— Tem razão, Reina e eu vamos por ali — e agarrou a mão da azulada, levando-a para o topo da escada e depois para o caminho da direita.

— Então nós vamos por ali — Nagumo apontou para o caminho da esquerda que ficava no topo da escada também.

 

 

Aphrodi conseguiu abrir a porta depois do segundo empurrão e os três se depararam com um escritório. A primeira vista parecia tudo normal, as paredes eram de um tom escuro, no centro havia uma mesa e do lado direito da sala uma estante enorme. Em outras palavras, nada de vampiros.

O loiro sentou-se na poltrona velha e empoeirada perto da mesa, enquanto Nagumo mexia em uma vitrola e Suzuno observava atentamente os livros da estante. Terumi abriu a primeira gaveta, encontrando um monte de papéis, mas nada importante o suficiente para ser considerado uma pista.

De repente, Haruya chama os outros dois para mostrar o que havia achado. Era um quadro grande, a moldura bem trabalhada e no centro a pintura de uma mulher com longos cabelos negros, pele muito pálida e um olhar enigmático. O rosto era totalmente petrificado, como se nunca tivesse sido capaz de sorrir.

— Caralh… — Aphrodi deu um soco no ombro do albino. — Ai, Aphrodi! Para com isso… — os olhos azuis de Suzuno voltaram-se novamente para os negros da moça. — Que mulher linda!

— Verdade — Haruya concordou.

— Qual será o nome dela? — Aphrodi se aproximou da moldura. — Tsc, não tem nenhum nome aqui.

Neste momento, os livros que antes Fuusuke olhava começaram a saltar da estante, um por um e depois vários de uma vez, quase acertando os garotos.

Após o susto, perceberam que havia sobrado apenas um. Suzuno chegou perto, lendo as letras douradas na lombada azul do livro que restou.

Nem a morte pode nos separar… — sussurrou, pegando o livro para puxá—lo, mas apesar de se mexer, ele não saiu.

Uma parte da estante moveu-se para trás e depois para o lado, o que fez com que ele e os amigos recuassem. Em questão de segundos uma passagem para um cômodo secreto estava aberta.

— Uau!

Aphrodi pegou sua mochila, tirou dela uma lanterna e abriu caminho entre os amigos para descer a escada.

— Você vai mesmo descer isso aí? Tá querendo morrer, seu doido?!

— Se você tá com medo, pode ficar aí, Nagumo — Terumi respondeu.

Fuusuke olhou para o ruivo e deu de ombros, tirou da mochila uma lanterna e começou a descer também. Nagumo bufou.

— Eu odeio vocês...

Ao descerem, encontraram um porão com várias caixas e prateleiras com ferramentas. Cada um foi para uma direção, mesmo que o local não fosse tão grande. Suzuno achou um pedaço de espelho em cima de uma das prateleiras. Daquele ângulo, ele refletia apenas seus olhos. O albino colocou a lanterna na estante e pegou o espelho para ver como estava seu cabelo.

“Satsuki”.

Fuusuke deixou o espelho cair, atraindo a atenção dos outros.

— Presta atenção, Suzy! — Nagumo repreendeu-o, mais por causa do susto do que pelo cuidado.

— Tudo bem, eu não me machuquei... E não me chama de Suzy!

“Satsuki!”

Tinha ouvido a voz de novo, era aguda e claramente feminina. Suzuno passou a mão pela orelha, olhando em volta depois para ver se realmente não havia ninguém atrás dele.

“Satsuki, eu te esperei por tanto tempo!”

— NAGUMO, PARA COM ESSA MERDA AGORA, EU SEI QUE É VOCÊ!

Tanto o loiro quanto o de cabelos rubros olharam para Fuusuke sem entender.

— Parar com isso o quê?

— Isso de ficar me chamando de Satsuki, idiota!

— Quem é Satsuki? — Aphrodi perguntou a Nagumo.

— E eu que sei? — depois voltou a olhar para o albino. — Olha, eu não faço ideia do que você tá falando. Desde que a gente chegou eu só te chamei de Suzy, o Aphrodi tá aí como testemunha — o loiro confirmou.

    Suzuno fez um bico e pegou sua lanterna de novo, indo para outra direção, mas sempre de olho em Haruya.

— Cara, que porcaria de lugar é esse? — Nagumo caminhou até uma mesa onde haviam algumas pequenas esculturas de madeira feitas a mão.

— Nagumo, não mexe em nada. O Suzuno mexeu e olha só o que aconteceu.

— Eu não tô com medo, você tá? — o rapaz sorriu sinicamente para o semideus e pegou uma das esculturas para olhar, uma bailarina. — Viu? Nada demais.

De repente, tudo começou a tremer: as paredes, as prateleiras, o chão. As esculturas e as ferramentas começaram a cair. As lanternas que Aphrodi e Suzuno levaram também caíram no chão e desligaram, restando apenas a do ruivo.

— Nagumo, coloca essa merda exatamente onde você achou!!! — o loiro gritou, tentando se segurar em alguma coisa com Fuusuke.

Haruya colocou a bailarina de volta na mesa, mas nada voltou ao normal.

— Não tá dando certo, Aphrodi! — após essa frase, os três ouviram a estante voltar ao seu lugar de antes, prendendo-os lá embaixo. Nagumo foi o primeiro a jogar a bailarina e correr.

Os garotos chegaram ao topo da escada e começaram a bater na parede/estante, pedindo ajuda.

— Tá, calma — Aphrodi falou. — Nos filmes eles sempre encontram um meio de sair dessas situações e perder a cabeça não vai ajudar em nada. Vamos pensar em um jeito de sair — ele começou a apalpar a parede. — Tem que ter um jeito de abrir isso por dentro!

— NÓS VAMOS MORRER! — Nagumo continuou a bater na estante.

— Para de gritar! — Fuusuke gritou em um tom mais alto que o de Haruya. Já podia sentir o suor começar a escorrer de sua testa. Seria só o medo ou aquele lugar realmente estava ficando quente? — Eu não consigo pensar com todo esse barulho!

— EU NÃO QUERO MORRER AGORA! AINDA TENHO TANTA COISA PRA FAZER!!

— Já disse pra parar de gritar! — o albino foi pra cima do outro garoto e os dois caíram no chão.

Aphrodi parou de procurar uma saída quando viu que Nagumo puxava o cabelo de Suzuno e o albino tentava arranhá-lo. Essa vai ser mesmo minha última visão?

— Eu não aguento mais vocês brigando perto de mim!

Inesperadamente, a estante foi para a esquerda, deixando o caminho livre para que eles saíssem dali correndo o mais rápido que podiam

 

 

Em outro cômodo, a alguns metros dali, os outros dois integrantes do grupo ainda não tinham achado nada que pudesse ajudar e muito menos encontrado algum sinal do vampiro. Hiroto e Reina estavam no quarto principal da casa que algum dia pertenceu a um casal. Yagami revirava a gaveta de uma cômoda, na qual haviam coisas como grampos, maquiagem, luvas etc.

— Não fica com medo, Reina, se alguma coisa acontecer eu te protejo — Kiyama disse para a garota, enquanto envolvia a cintura dela com os braços. A azulada revirou os olhos e empurrou-o para trás.

Hiroto bufou e se afastou, sentando na cama de casal.

— Hiroto... Eu acho que encontrei alguma coisa.

— Seu coração?

Ela olhou para o ruivo por cima do ombro, revirando os orbes azuis mais uma vez.

— Idiota. Eu acho que é um diário.

Dessa vez ele foi até onde ela estava. Nas mãos da azulada estava um caderno com capa de couro e folhas amareladas por causa do tempo.

— Caramba, isso deve ter um século! — Hiroto passou a mão pela capa. — De quem é?

Reina virou a primeira página. Seus lábios se contraíram por um momento e ela engoliu em seco antes de dizer:

Hatsuyo Zoraki...

Kiyama pegou o caderno das mãos da garota.

— Eu não acredito... Ele existe mesmo!

— Me devolve. Eu achei e eu vou ler... — Yagami tomou-o de volta e abriu em uma página aleatória. — 25 de abril de 1832. Dentre todos os outros dias, este foi deveras especial, pois hoje conheci um rapaz... Muito bonito, devo dizer, e dono de olhos azuis tão lindos. Disse-me que seu nome é Satsuki.

Fez-se alguns segundos de silêncio até que Hiroto dissesse:

— Hatsuyo era gay?!

— Hum... — Reina colocou a mão sob o queixo. — Não, eu acho que não. Isso tá muito estranho... — avançou algumas páginas. — 14 junho de 1832. Satsuki faz com que eu me sinta viva. Nunca senti em todos os meus 98 anos algo comparado a esse sentimento. Ele tem o poder de me matar ou de me permitir viver, mas é ingênuo ao ponto de não saber disso. Enquanto ele não souber, eu estarei segura. — ela olhou para o amigo, esperando alguma reação. — Sabe o que isso quer dizer, não é?

— Sei... Hatsuyo não era um homem como todo mundo pensou, era uma mulher.

— Uma vampira, na verdade — corrigiu. — que se apaixonou por esse tal de Satsuki, que eu não sei se é humano ou não... — Yagami continuou a passar as páginas do diário à procura de algo que esclarecesse sua dúvida.

— Imagina a cara dos outros quando eles souberem! Hatsuyo era uma mulher... Nós somos tão idiotas! — o ruivo começou a rir.

— Hiroto, eu acho que eles não vão gostar muito de saber disso... — a voz da garota raramente ficava séria daquele jeito.

— Ué, por quê? — ele parou de rir.

Reina mostrou ao ruivo a fotografia que tinha dentro do diário: uma mulher usando vestido preto, os cabelos da mesma cor e a pele muito clara. Hatsuyo, concluiu o ruivo. Do lado da mulher havia um homem com olhos e cabelos mais claros.

— SUZUNO?! — Hiroto alternava o olhar entre a foto e a garota, enquanto tentava pensar em uma explicação lógica pra tudo aquilo.

— Nós temos que achar ele e sair daqui o mais rápido possível — Reina guardou a fotografia e o caderno na mochila.

Kiyama concordou e os dois saíram correndo do quarto.

 

 

No topo da escadaria, os cinco adolescentes se bateram violentamente e caíram no chão. Depois de levantarem, começaram a gritar e a gesticular ao mesmo tempo, tentando, em vão, explicar o que tinha acontecido. Porém, uma voz aguda e assustadora vinda da porta fez com que eles imediatamente ficassem em silêncio:

Satsuki, eu sabia que você voltaria.

Todos ali, em especial Suzuno, sentiram um calafrio percorrer todo o seu corpo.

— É a mulher do quadro! — Haruya apontou.

— Por que ela tá olhando pra mim? — indagou Suzuno, colocando o dedo indicador no próprio peito.

— Prestem atenção — Yagami abriu sua mochila novamente para pegar a foto. — Aquela ali é a Hatsuyo Zoraki. Eu sei que parece estranho, mas é verdade. E ao que tudo indica, o Suzuno era namorado dela!

— Eu o que?!

Reina mostrou-lhes a foto e Fuusuke tomou-a de sua mão.

— Mas... Esse não sou eu. Quer dizer, sou eu... Mas não sou! Não tem como!

— Eu também não entendi muito bem, mas acho que você pode ser uma reencarnação desse cara.

Satsuki, meu amor — a mulher voltou a chamar por Fuusuke. Ela olhava apenas para o albino, como se os outros nem estivessem ali.

— A não ser que você tenha algum parente chamado Satsuki que viveu em 1832.

O rapaz engoliu em seco. Agora tudo havia se encaixado, a voz em sua cabeça, o sentimento estranho ao ver a pintura no escritório. E o mais importante: agora sabia que não estava ali naquela noite por acaso.

— E o que ela quer? — as palavras saíram com certa dificuldade da boca do albino. Ali, a distância, Hatsuyo não parecia tão perigosa, mas a maneira como olhava para ele o incomodava.

— Hum... Acho que ela quer ficar com você pela eternidade — Hiroto respondeu olhando para a morena também. Os olhos de Suzuno arregalaram-se. —, mas é só um chute.

Nagumo, que até então estava calado, ergueu o taco de beisebol que havia levado e gritou para a vampira:

— Você não vai levar o nosso amigo!! — ele desceu a escadaria correndo em direção à Hatsuyo.

— Nagumo! — os outros gritaram e começaram a descer a escadaria também.

— Que idiota! — exclamou Suzuno baixinho, tirando a mochila das costas para pegar alguma coisa que pudesse ajudar. — Cadê?! — revirou-a um pouco mais até achar o que procurava: uma garrafa com água benta. — Espero que os filmes estejam certos…

Hatsuyo pela primeira vez notou a presença dos outros garotos, correu em direção a Haruya e sua aparência mudou rapidamente: presas e garras apareceram, os olhos ficaram vermelhos e veias surgiram abaixo deles.

Nagumo desviou do ataque jogando-se no chão, mas a vampira precisou apenas de um segundo para pular no corrimão da escadaria, onde poderia pegar impulso, e saltar na direção do garoto.

O mesmo, porém, virou a tempo de acertá-la no rosto com o bastão de beisebol.

— Isso! Muito bem, Haruya! — Hiroto comemorou, fazendo um joinha para o amigo.

Hatsuyo parecia ter ficado muito mais zangada depois daquilo. Sibilou para Kiyama e avançou na direção dele.

— Hiroto, sai daí!

A ordem veio de Fuusuke, que ainda segurava a garrafa com força — como que para garantir que ela não fosse escorregar de sua mão, que estava suada e trêmula. Ele tinha um plano. Era arriscado, mas sabia que era o único que poderia executá-lo, pois apesar de estar com medo por causa de toda essa história de namorado e eternidade, sabia que podia tirar vantagem daquilo. E algumas coisas precisam ser feitas mesmo quando se tem medo.

Kiyama também conseguiu desviar. A cada ataque que Hatsuyo errada, ficava desnorteada por um ou dois segundos, foi nesse intervalo de tempo que Suzuno correu até ela, parando a sua frente e acertando em cheio o rosto dela com o líquido.

Hatsuyo urrou de dor. Eles podiam ouvir o som da água corroendo a pele da vampira, como ácido em carne humana.

Satsuki! — a voz dela saiu muito mais assustadora, alternando entre o agudo e o grave: — Por que?!

— Acho que ela não enxerga mais — disse o albino.

— É a nossa chance, então! — Nagumo gritou.

Hatsuyo começou a girar os braços, tentando acertá-los com as garras e guiando-se pelo som.

Aphrodi tirou da mochila uma corda e jogou a outra ponta para Reina. Os dois contaram até três silenciosamente, e correram em volta da vampira, desviando algumas vezes das garras da mesma, enquanto Hiroto garantia sua distração jogando nela todos os jarros que encontrava nas mesas.

Aproveitando o fato de ela estar no chão, Suzuno rapidamente pegou uma das estacas que Nagumo levava na mochila e ficou por cima de Hatsuyo, um joelho de cada lado da cintura da mulher.

Satsuki, não — a mão pálida e gelada de Zoraki deslizou pela bochecha do albino, que permanecia imóvel com a estaca acima de sua cabeça. — Você disse que nunca me machucaria.

Suzuno revirou os orbes azulados.

— Mas que saco! O meu nome não é Satsuki!

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, o garoto enfiou a estaca em seu peito. Ficou naquela posição por alguns segundos para garantir que realmente tivesse acabado e só então se deu conta de que todos olhavam para ele.

 

 

Hiroto Kiyama olhou seu relógio pela segunda vez naquela noite: 00:34 — se tivesse sorte Hitomiko já estaria dormindo quando chegasse. Ele e os amigos saíram da mansão Zoraki. Estavam cansados, sujos e ainda um pouco em choque por causa de tudo, mas aliviados por terem sobrevivido.

— Esse foi o melhor Halloween da minha vida! — exclamou Haruya, colocando as mãos atrás da cabeça e sorrindo, deixando transparecer uma imagem totalmente despreocupada.

— Você quase morreu — Aphrodi fez questão de lembrar, depois mordendo outro cookie e olhando o arranhão em sua camisa que por pouco não pegou na sua pele.

— É verdade, mas quando é que vamos ter a oportunidade de viver uma experiência dessas de novo? — Nagumo correu para frente do grupo, andando de costas para ficar de frente para os amigos. — O perigo de morte faz eu me sentir vivo.

O rapaz vestido de Harry Potter ajeitou os óculos novamente, enquanto se permitia sorrir e dizer:

— É loucura, mas acho que você tem razão.

— Eu acho que deveríamos fazer isso mais vezes, como um emprego — Nagumo parecia ter bebido duas latas de energético. Ele parecia mais animado do que nunca, mesmo que tivesse acabado de sair de uma briga. — Imaginem que legal todos nós viajando pelo mundo e matando vampiros! Vocês já pararam pra pensar no que nós fizemos hoje? Temos talento pra isso, principalmente o Suzuno. “Os Caçadores de Vampiros” — ele afastou as mãos uma da outra como se pudesse visualizar um título no ar.

— Cala a boca. Eu não quero saber de vampiros por um bom tempo, só quero chegar em casa e dormir até precisar ir à escola de novo.

O ruivo revirou os olhos âmbar diante da resposta do semideus.

— E eu quero saber um pouco mais sobre o meu passado — todos olharam para o platinado.

Reina pegou o velho diário e ofereceu-o a Suzuno.

— Bom, eu acho que isso pode te ajudar.

Como resposta Suzuno tentou sorrir para a garota, o que saiu apenas como um sorrisinho tímido no canto da boca.

— Nós vamos contar a alguém o que aconteceu? — inquiriu o loiro.

— Acho que ninguém iria acreditar — Kiyama respondeu. — Então vamos deixar apenas entre nós mesmos — todos concordaram e Hiroto sorriu, continuando: — Nessa velocidade vocês vão chegar em casa às 2 da manhã. Vamos!

E começou a correr em direção ao bosque. Nagumo também sorriu, aprovando totalmente a ideia:

— Ele tem razão, e quem ficar por último vai virar comida de vampiro!

Os outros três também puseram-se a correr — até mesmo Fuusuke, que parecia o mais abalado com os acontecimentos da noite. — na velocidade que conseguiram, tropeçando e caindo algumas vezes no caminho. O mais estranho é que a bronca que levariam não parecia grande coisa agora; nenhum deles estava com medo.

Mais tarde perceberão que isso sempre acontece: com medo ou não, caçando vampiros ou estando prestes a ficar de castigo, quando estão juntos podem fazer qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Foi a primeira vez que eu escrevi uma cena de ação, lutas e tals~eu acho~ E eu também não sei terminar capítulos...
Se você tiver gostado, deixe um comentário ^^
(e nem eu sabia que tudo ia acabar focando tanto no Suzuno). Ah, e me perdoem qualquer erro.
Um beijo, um queijo e tchau! o/



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