San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax
Estávamos na sala de aula, na terça-feira, sem fazer nada, já que não tinha mais matéria, e os poucos alunos que queriam melhorar as notas estavam em outra sala para fazer provas de recuperação. Então, todos estavam conversando, animados.
— Yan te convidou para o baile? — perguntou Lili, quando mudamos de assunto.
— E precisa?
— Claro que precisa, é a tradição. — Ela riu.
— Que besteira — falou James. — Até parece que ele levaria outra pessoa.
— Ah, mas... É fofinho convidar... E você? Vai convidar alguém em cima da hora?
— Não sei. Quem que eu vou chamar?
— Sei lá. Talvez... a Mica — sugeriu, abrindo um sorrisinho.
— Lá vem você com esse tom malicioso. — Ele negou com a cabeça, rindo.
— Não posso evitar. Vocês dois estão tão amiguinhos ultimamente. Do jeito que ela é tímida, duvido que tenha um par. Ano passado o Bebê que chamou ela.
James pareceu considerar, e depois olhou para Júlio, que segurou um sorriso, não muito bem.
— Que foi? O que vocês estão aprontando?
Júlio apoiou os braços na mesa, se curvando um pouco pra frente.
— Você quer ir comigo?
Lili franziu o cenho, confusa. Ou surpresa. — No baile?
— É, ué.
— Por que vocês se olharam? — indagou, suspeita.
— Meu Deus, você desconfia de tudo — exclamou James. — Por acaso acha que a gente faria alguma coisa?
— Não, mas nunca se sabe. Quando vocês ficam de risinho assim é porque tem coisa.
Júlio revirou os olhos. — Eu falei com ele sobre isso uns dias atrás, só isso!
— Falou que queria me chama pro baile?
— Sim.
— Hm. — Ela baixou a guarda e me olhou rapidamente. Então, sorriu — Tá bom. Eu vou com você.
— Foi menos complicado do que eu achei que seria — brincou James.
Nós rimos, e eu pude ver Júlio meio coradinho.
Será que o baile seria a oportunidade perfeita para eles finalmente ficarem juntos? Eu espero que sim.
Almoçamos depois da aula e Lili e eu subimos. Ela poderia não admitir, mas estava feliz da vida. Estava calada, com um sorrisinho de canto, um olhar sonhador...
— Sabe, parte de mim esperava que ele me chamasse, por aquele papo de ainda gostar de mim, só que eu também larguei mão quando o tempo foi passando e nada desse convite... Ele faz isso de propósito, não é possível.
Eu ri. — Talvez. Vai que é pra ir te conquistando aos poucos.
— Me deixando neurótica?
— Você já é neurótica.
— Ah, mas... É diferente. — Deu de ombros.
— Aham, claro. Admita que você tá feliz e é isso.
— Claro que eu tô feliz.
— Ah bom. Achei que você ia ficar de gracinha.
Ela deu de ombros.
Cada uma foi pro seu quarto. Deixei a mochila em seu lugar e deitei na cama, começando a imaginar como seria o baile. Seria tão bom. Claro que não posso dizer que o do ano passado foi ruim, foi maravilhoso, mas a diferença está clara, né? Esse ano não será uma despedida. Será só o começo!
***
No outro dia, James conseguiu falar com a Micaela entre uma troca de aula. Claro que ficamos de longe, olhando, pra não constranger ainda mais a menina. Ela ficou bem surpresa e, como Lili falou, ela realmente não tinha um par.
Ficamos enchendo o saco do James a manhã toda sobre o convite.
A cada dia, ficávamos mais ansiosas para o baile. E todo dia conferíamos cada detalhe da nossa roupa, maquiagem, sapatos, e tudo o que tinha direito.
Acordei com o pique total na sexta-feira, e como não tinha aula, até que consegui dormir até um pouco mais tarde. Nove e meia era um horário que eu raramente acordava quando estava naquele estado louco de espírito. Se desse, eu já começaria a me trocar, mas obviamente não faria aquilo.
O dia se arrastou entre o almoço e o café da tarde, e pelo menos depois da última refeição já poderíamos começar a nos arrumar.
Tomei banho, lavei o cabelo, sequei, e aí Lili veio pro meu quarto e começamos a nos ajudar. Daquela vez, Lili queria deixar o cabelo preso, e foi quase um sacrifício prender todos aqueles cachos rebeldes com grampos. Na minha vez, preferi prender algumas mechas e fiz alguns cachos nas pontas.
Lili quis ousar na maquiagem e usou sombras com tons de rosa e marrom, que realçaram a cor dos seus olhos, sem falar o resto. Foi a maquiagem completa, inclusive com um batom vermelho sangue. Eu preferi ficar no marrom básico, rímel e um batom rosinha. A sessão pintura de cara durou mais de duas horas.
Nossos vestidos estavam bem diferentes do ano passado.
O da Lili era um turquesa escuro, de alcinhas finas, decote "v", acinturado e longo, e ainda tinha uma fenda do lado esquerdo e cavado nas costas. Já o meu era azul acinzentado, rodado e acinturado, com alças mais largas e tecido leve, que ia até abaixo dos joelhos. Era lindo.
Como da última vez, conseguimos nos atrasar uns minutos, e depois de calçar os sapatos, passar hidratante e perfume, saímos do quarto, vendo as meninas correndo de um lado para o outro no corredor.
Descemos felizes da vida. Os meninos não estavam no jardim, então fomos direto para o ginásio. A decoração estava um pouco diferente, eram outras cores diversas, haviam balões de vários tamanhos e muitas decorações nas paredes. A música estava tocando e já haviam alguns alunos dançando.
— Oi, gente! — Nos viramos e encontramos a Mica.
— Oi! Você tá linda! — exclamou Lili, a olhando dos pés à cabeça. O vestido dela era longo, cinza escuro e de uma alça só. Seus cabelos platinados estavam enrolados e sua maquiagem era um delineado gatinho e rímel.
— Obrigada. — Sorriu, tímida como sempre. — Acho que os meninos ainda não desceram, pelo jeito...
— Ainda não vimos eles. Falam de gente, mas demoram mais ainda pra se arrumar.
— Quem demora pra se arrumar? — James chegou perto, nos pegando de surpresa.
— Vocês.
— Eu tô pronto, ué. Quem demora é o Júlio arrumando cada fio do cabelo.
— Ai, Deus. — Lili dei risada.
— Bom, com licença que eu quero dançar com o meu par. — Ele estendeu o braço para Micaela, que cruzou com o dela. — Depois voltamos.
— Então tá.
Os dois desceram e ficamos uns minutos ali, até que eu vi Yan e Gabriel entrando, e é claro que eu sequei a baba mental. Ele estava ainda mais bonito do que no ano passado.
Não entendi muito bem por que eu senti um calor repentino, mas sorri quando ele veio e me deu um beijo na bochecha.
— Você está linda — sussurrou em meu ouvido.
— Você também.
— Sem melação, por favor — pediu Gabriel, com tom de brincadeira.
— Você quis vir dessa vez ou o Yan te arrastou?
— Eu quis vir. — Ele riu. — Convidei meu par semana passada.
— Ah, que ótimo.
— Vocês podem ir dançar, viu? — disse Lili. — Não precisa ficar aqui, vai saber quanto tempo o Júlio vai demorar.
— A minha parceira também costuma demorar pra se arrumar, então eu te faço companhia — anunciou Gabriel.
— Tá, mas qualquer coisa dá um grito — falei.
— Pode deixar.
Yan pegou minha mão e me puxou para a quadra.
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