San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 90
166. Sem Escapatória


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Chegou o momento. Bruna nem está nervosa nesse capítulo xD

Boa leitura!



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A semana dos estudos nos deixou meio malucos. Se eu já estava daquele jeito, ficava imaginando o Yan, que além de estudar para as provas, tinha o TCC para terminar e apresentar. Era pressão demais.

Pelo menos pudemos relaxar no fim de semana. Realmente fomos para a casa do Júlio e aproveitamos a praia e o calor. Até chegamos a estudar um pouco no final de tarde do sábado, e aparentemente todos estavam muito bem armados mentalmente. Provavelmente tiraríamos a maioria das provas de letra.

Junto com o nervosismo das provas, veio o do teatro. Parecia que eu estava tendo um déjà vu com tanta coisa para pensar. Claro que eu me sentia bem mais confiante sobre a apresentação, já sabia como as coisas seriam. Até lembrei do que Yan tinha dito ano passado, sobre como a experiência nos deixa menos tensos. Realmente, é pura verdade.

As aulas extras foram finalizadas na outra semana para que pudéssemos nos concentrar nas provas, então eu aproveitava as tardes para reler o roteiro e ter certeza que memorizei tudo, mesmo sabendo que sim, eu memorizei. O cérebro adorava brincar comigo.

Estava lendo minhas falas em voz alta, na quarta-feira, quando meu celular tocou. Larguei as folhas na cama e atendi, vendo antes que era minha mãe.

— Oi, amor, como você está? Indo bem nas provas? Nervosa com o teatro?

— Oi, mãe, tô bem, indo bem e nervosa, sim — respondi rapidamente, da mesma forma que ela. — E vocês? Está tudo bem?

— Sim, tudo ótimo. Tenho uma notícia para você.

— Ih, lá vem... É boa ou ruim?

— Boa, ué. Se fosse ruim eu não falaria assim tão animada.

— Hm, tá, fala.

Naquele momento, vi minha porta abrir, e Lili entrou, a fechando. Percebeu que eu estava no telefone e sentou-se na cadeira da escrivaninha para esperar.

— Seu pai manteve contato com o pai da sua amiga, lembra dele?

— Claro, eu sempre vejo ele.

— Mas como assim sempre vê? — indagou, aumentando o tom de voz, confusa.

— Mãe, ele é pai da minha amiga, é lógico que eu vejo ele sempre que fico na casa dela, né?

— Ah... Verdade, esqueci desse detalhe. — E deu risada. — Então, ele perguntou se não queremos passar o fim de semana na casa dele, quando formos aí para ver sua peça.

— Hm, legal. E vai caber todo mundo na casa?

— Diz ele que tem lugar pra todo mundo sim. E a Ana não quer ir, disse que é melhor ficar estudando. É bom também porque ela fica de olho nos bichos. A Camila falou que vai vir aqui ficar com ela.

— Ainda bem. Então vem só você e o pai.

— Isso aí. Faz tanto tempo que não vou pra praia, eu tô muito feliz!

Sorri. — Vamos passar um tempinho torrando no sol. Não vejo a hora!

— Sim! Enfim. Vamos chegar aí na escola de tarde, e depois da peça vamos para a casa deles.

— Tudo bem.

— Tá. Vejo você na sexta. Beijos.

— Beijos. — Desliguei a chamada, larguei o celular na cama e olhei pra Lili. — Tá sabendo dos seus inquilinos?

— Que inquilinos?

— Seu pai chamou os meus pais pra ficar na sua casa no fim de semana, já que eles vão vir pro teatro.

— Ah, não fiquei sabendo não, mas daora, vamos ficar ouvindo nossos pais lembrando de tudo o que fizeram aqui. — Ela deu risada.

— É, pensei nisso também. Vai ser engraçado.

— E você vai aproveitar pra apresentar o Yan?

O sorriso sumiu da minha cara. Eu não tinha lembrado desse pequeno GRANDE detalhe.

Sentei na cama, com os olhos levemente arregalados, e Lili fez uma cara do tipo "lá vem você complicando as coisas".

— Eu já falei o meu medo! — adiantei, antes que ela falasse a mesma coisa que sua cara mostrava.

— Tá, eu sei, mas e aí? Vai realmente fingir que não tem namorado? Vai ignorar o Yan o dia inteiro?

— Claro que não...

— Então.

— Ah... Eles vão ficar muito bravos... Ainda mais porque eu escondi esse tempo todo...

— Eu falei que era melhor ter contado logo no começo por telefone. Seria bem menos pior.

É, ela realmente estava certa. Eu devia ter dito por telefone.

— É... Agora já era. — Esfreguei o rosto com as mãos. — Que droga.

— Não tem pra onde fugir. Você vai ter que contar.

— Eu sei, eu sei.

— Vamos comer?

Deixei as coisas lá e descemos. Encontramos os meninos já na mesa. Bernardo me encarou enquanto eu me sentava.

— Que cara é essa?

Estava aí uma coisa ruim de alguém te conhecer tão bem.

Todos me olharam.

— Nada — respondi, fazendo uma careta óbvia. Mesmo assim, recebi um olhar desconfiado, mas pelo menos ele não insistiu, o que significava que eu seria bombardeada de perguntas depois.

Yan também me observou uns segundos, e eu dei um sorriso, o tranquilizando. Provavelmente ele imagina que meus pais vão vir, mas talvez eu tenha que falar que... bom, eles vão ficar mais do que um dia.

Comemos tranquilamente, e ficamos por lá até um pouco mais tarde do que estávamos acostumados.

— Tá tudo bem? — perguntou ele, assim que saímos, um pouco mais à frente dos outros.

— Sim, tá sim. Antes do café, minha mãe me ligou pra avisar que ela e o meu pai vão vir na sexta.

— Ah, sim. Imaginei que eles viriam.

— É... Aí ela disse que eles vão ficar o fim de semana, porque o meu pai e o pai da Lili eram amigos quando estudavam aqui, e aí nos convidaram pra ficar na casa deles.

— Nossa, que coincidência. Vocês sabiam disso? Que eles eram amigos?

— Não, descobrimos ano passado. Engraçado, né?

— Sim. A amizade passou pelo DNA de vocês — brincou.

— É bem isso. — Dei risada.

Chegamos no dormitório e Lili e eu nos despedimos dos meninos. Subi pensando que, estranhamente, Yan não falou sobre conhecer meus pais. Será que ele não quer me deixar nervosa? Ou será que não liga porque sabe que eu vou apresentar?

Claro que eu vou, não tenho outra alternativa. Só tenho medo de como vai ser isso.

***

— Escuta, eu quero resolver esse problema entre nós. — James falou, aflito.

— Não tem nenhum problema aqui além de você — resmunguei, começando a andar para o outro lado do palco. — Me deixa em paz.

— Rebeca. — Ele segurou meu braço, me fazendo parar no centro.

— Me solta. — Suspirei.

— Beca... — Me soltou, e eu passei as mãos no rosto. Rebeca tinha começado a chorar, e olhou para cima, em busca de uma luz. Dali, viu a árvore onde costumava alimentar corujas e seus filhotes.

— O que você está olhando...? — James também olhou para cima, e naquele momento, duas corujas colocaram suas cabeças para fora. No caso, eram de pelúcia.

— Corujas — sussurrei. Aquilo só poderia ser um sinal.

Me virei de frente para James, e ele me olhou.

— Desculpa pelo jeito que eu falei também. Só que é... difícil pra mim. Eu acabei de perder ele.

— Eu sei.

Balancei a cabeça e seguimos em frente.

Ouvimos a porta do teatro ser aperta, e logo a professora Aline desceu.

— Os pais acabaram de entrar — anunciou.

— Estamos quase acabando — avisou Eduarda, vendo as horas em seu relógio de pulso. — Mas por que já liberaram? Ainda está cedo.

— Estava muito calor lá na rua.

— Tá, já vou liberar os filhotes, vamos só acabar a cena.

Apressamos o último ensaio e, mesmo que eu quisesse evitar meus pais por mais um tempo, não deu. Terminamos e deixamos o palco livre para os outros alunos terminarem a decoração e fomos para o refeitório. Estava cheio de adultos sentados nas mesas, de pé, conversando entre si, com os professores...

Fiquei ali parada na entrada, tentando achar os meus pais no meio daquela muvuca.

— Tá fazendo o que aí? — Tomei um susto ao ver Yan do meu lado, e automaticamente senti as bochechas quentes, como se meus pais e todo mundo estivesse nos vendo ali.

— Ah... Tô procurando meus pais... Não sei se eles já chegaram.

— Hm... Eu não lembro muito como eles são, só se eu ver... — comentou, também procurando.

— Seu pai vem?

— Não, ele tá trabalhando, não ia dar tempo de vir. Minha mãe daqui a pouco chega, eu acho. Se é que ela lembrou que é hoje o teatro. — Deu risada.

Eu ri. — Bom que eles deixam a peça aberta pra quem quiser ver, não só os pais de quem participa.

— Sim, também acho legal.

Mais adultos entraram no refeitório, e eu reconheci rapidamente minha mãe depois que arregalei os olhos, totalmente pasma com sua mudança de visual. Quando notei que eles olhavam ao redor, ergui o braço, chamando sua atenção. Eles me viram, sorriram e vieram rapidamente em minha direção.

— Ai, que saudade! — Minha mãe me abraçou apertado.

— Mãe... — Esperei ela terminar e se afastar. — Que isso?

— Ah... A Ana foi retocar as mechas dela, e eu pensei... Por que não? Ficou bom? — perguntou toda animada.

Ela tinha pintado de azul duas mechas grandes em cada lado da cabeça, acima da orelha.

— Até que ficou legal. Combinou com você.

— Ficou bem moderno — concordou meu pai, e ele veio me abraçar.

— O bichinho colorido te mordeu também, tia? — Ouvi Bebê ali, e depois de soltar meu pai, o vi abraçando minha mãe.

— Pois é, não resisti.

Enquanto meu pai cumprimentava Bernardo, percebi que Yan não estava mais ali, e ao procurá-lo, vi que ele estava logo ali do lado conversando com James. Senti um frio na barriga.

Quanto mais eu enrolasse, seria pior, né?

— Aquele menino é o que fez teatro com você ano passado, não é? — Minha mãe ficou ao meu lado, apontando para os meninos. — O dois, aliás.

Observei os garotos conversando. Nem parecia que fazia um ano desde aquela apresentação. O clima estava tão diferente entre Yan e eu...

— Bruna?

— Oi. Sim. É... — Lá veio a cara quente antes mesmo de eu pensar em como falar.

Ouvi sua risadinha. — Você gosta dele, né? Dá pra ver de longe.

Droga, cara, para de ficar vermelha!

Olhei para ela, e a senhora minha mãe estreitou os olhos.

— Que cara de quem aprontou, Bruna... O que rolou entre vocês?

Soltei o ar pela boca. — Estamos namorando — falei de uma vez.

Minha mãe hesitou dois segundos. — Namorando? Desde quando?

— Quem tá namorado? — Meu pai entrou na conversa, todo curioso.

— Sua filha.

— Quê?! Que história é essa? — Ele me encarou.

Ai. Meu. Deus.


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Notas finais do capítulo

Alguém já passou por uma situação assim ou parecida? Conta aí.

Até mais o/



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