San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 84
160. Coisas Legais


Notas iniciais do capítulo

Oi! Desculpe o sumiço. Essa semana começaram as minhas aulas e eu esqueci de postar no sábado.

Boa leitura.



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Precisei esperar Bernardo estar razoavelmente satisfeito para apressá-lo de novo. Ele tomou um gole de suco e se virou para mim.

— Eu meio que fiz.

— Fez o quê?

— Sexo, Bruna, sexo. — Arregalei os olhos, completa e inteiramente chocada. — Mas por isso eu falei que depende do ponto de vista. Depende do que você considera sexo.

— C-como assim? — Senti a cara ferver com aquele assunto.

— Eu sei que você não sabe, mas existem vários tipos de sexo. Não é só meter e pronto...

Virei o rosto para frente, morrendo de vergonha com ele falando aquilo tão tranquilamente.

— Mas já tá com vergonha? Meu Deus.

— Você queria o quê?

Ouvi sua gargalhada e notei as poucas pessoas ali olharem rapidamente em nossa direção. Encarei meu prato vazio, na esperança de que eles parassem de olhar.

— Foi mal, não consegui segurar. Sua cara foi demais pra mim... Tudo bem, acho que você não quer saber.

— Eu quero saber. É que você começou rápido demais.

— Nossa, não sabia que tinha outro jeito de falar de sexo sem falar de sexo.

— Você entendeu o que eu quis dizer — retruquei.

— Tá bom. Vocês gostam de ver o lado romântico da coisa. Hm... — Tamborilou os dedos na mesa, pensando. — Então... Caramba, é difícil ser sutil. Ah, acho que você também vai gostar de saber que... meio que nos pedimos em namoro antes de tudo.

— Sério?

— Sim. Estávamos falando de pessoas que namoram há tempos, falamos de nós, eu disse que não sabia exatamente como descrever nossa relação e, enfim, acabamos pedindo um ao outro em namoro sutilmente.

— Então agora é oficial mesmo?

— É. — Ele sorriu e eu também. Estava muito feliz por eles. — Bom, voltando ao assunto, eu imagino que você não queira detalhes detalhados. Aconteceu tudo naturalmente. Estávamos sozinhos, começamos nos beijos e tudo acabou debaixo do chuveiro. Tá bom assim?

Apesar de ainda estar com vergonha, fiquei curiosa de como as coisas aconteceram.

— Pode detalhar um pouquinho mais. O que você quis dizer com... depende do ponto de vista?

— Hm... É que... Não rolou isso... — Bebê ergueu a mão esquerda, encostando a ponta dos dedos indicador e polegar, e com o outro indicador da mão direita, atravessou o círculo. — Entendeu? Você sabe o que isso quer dizer, não sabe?

As bochechas queimaram e eu afirmei brevemente.

— Então. Não teve isso. Teve outras coisas legais. Muito legais.

Era engraçado vê-lo tão animado com isso que eu acabei rindo. — Que tipo de coisas?

— Você quer mesmo saber? — Ergueu uma sobrancelha, divertido.

— Eu não tenho certeza...

— Não tenho como falar isso de um jeito sutil. Eu teria que te dar uma aula de sexo pra você saber como funciona as coisas e eu não tô afim. Esse tipo de coisa é melhor aprendermos sozinhos, quando temos curiosidade.

— E como você aprendeu essas coisas?

— Ouvindo os amigos falando e principalmente vendo pornô. — Fiz uma careta de nojo. — É normal, Bruna. Todo cara vê esse tipo de coisa. Aposto que até o Yan vê.

— Não vem estragar minha cabeça! — Tampei os ouvidos, o fazendo rir e puxar minhas mãos.

— Tá bom. Só estou dizendo que faz parte da vida masculina. E algumas meninas também, imagino. Enfim. Eu fiz coisas legais no Carlos e ele fez coisas legais em mim. Não vou falar mais do que isso pra você não ficar morrendo.

— Ok... Foi a primeira vez dele também?

— Sim.

— Você ficou nervoso?

— Demais. Nessas horas, a gente fica numa neura tão... nada a ver. Ficamos inseguros, mas... depois isso acaba. Você esquece e se concentra ali. — Bebê apoiou os cotovelos na mesa e esfregou o rosto. — Hormônios são uns monstros.

— Por quê?

— Porque agora eu quero de novo. Eu fico pensando nisso o tempo todo e eu fico... — Parou de falar de repente. — É, eu fico lembrando.

Me lembrei de como eu me senti hoje a tarde, com Yan. Era uma coisa tão... diferente. Com certeza Bebê também se sentiu assim com o Carlos.

— E como foi lá com o Yan?

Meu rosto esquentou sem que eu conseguisse frear, graças as coisas que eu estava pensando. Nem arrisquei olhar para ele.

— Por que você ficou vermelha? O que aconteceu? — Consegui ouvir seu sorrisinho malicioso.

— Nada.

— Como nada? Por que ficou toda envergonhada?

— Porque eu fico assim com qualquer coisa — falei rápido.

— Isso é verdade... Fala aí, eu quero saber como foi. O que vocês ficaram fazendo? — A voz dele não tinha mais um tom malicioso, então eu o olhei.

— Fizemos o almoço, lavamos a louça e ficamos vendo filmes de tarde até a mãe dele chegar.

— Vocês ficaram sozinhos? — questionou, surpreso.

— Sim. A mãe dele teve que trabalhar.

— Tá explicado sua vermelhidão. Você se entrega muito fácil.

— Não é culpa minha.

Um movimento das portas da entrada chamou nossa atenção e viramos nossas cabeças ao mesmo tempo, vendo Micaela entrando, de mochila. Ela logo nos viu ali e veio em nossa direção.

— Oi, gente — cumprimentou, se sentando na cadeira da frente.

— Oi. O que tá fazendo aqui? — Bebê perguntou. — Não foi pra casa depois da aula?

Ela deu um sorrisinho, sem graça. — É, mas resolvi voltar.

Eu sempre tive a impressão de que a Mica era uma pessoa triste, raramente a vi dando sorrisos largos ou demonstrando uma grande alegria. Hoje era um dos dias que ela estava para baixo.

— O que aconteceu? — questionei, preocupada.

— Nada diferente. — Deu de ombros. — Eu só... achei que seria melhor se eu ficasse na escola.

— Seu pai te trouxe de volta? — Bebê puxou sua bandeja para o lado, para apoiar melhor os braços na mesa.

— Não, eu vim a pé. Nem passou pela minha cabeça pedir pra ele me trazer... Bom, eu vou subir. Até mais. — Levantou-se e saiu em direção ao jardim.

— Ela tá triste. Deve ter acontecido alguma coisa — constatou ele.

— Tipo o quê?

— Provavelmente com o pai. Sabe, eles não têm uma relação boa.

— É, eu sei. Ela falou comigo disso, uma vez, antes das férias. Ela se sente sozinha em casa, mesmo que os pais estejam lá.

— Sim. Vou ver se consigo conversar com ela amanhã. Animar um pouco as coisas.

— Sim, é bom.

Não demorou muito para que fossemos dormir. O fim de semana passou rapidamente e logo eu estava passando o restinho do domingo com Yan. Segunda começou com as aulas de revisão para as provas da outra semana e logo estávamos indo tomar café depois das aulas extras.

— Cadê o James? — Lili perguntou quando nos encontramos na mesa, já com nossas comidas.

— Ele esqueceu o cartão de memória na câmera — expliquei, me sentando. — Teve que subir tudo de novo quando lembrou.

— É um cabeção mesmo. — Deu risada.

Começamos a comer, terminamos, e nada do James aparecer.

— Ele foi buscar o cartão ou fabricar um? — Júlio comentou. — Já faz uns vinte minutos que ele foi lá.

— Será que ele não ficou conversando com alguém? — sugeriu Yan.

— Mas provavelmente ele conversaria com a pessoa tomando café, imagino. Ele estava reclamando de fome.

— Só se ele se perdeu nos corredores — disse Lili.

Antes que alguém pensasse em ir atrás dele, James entrou no refeitório procurando por nós e indo para a cantina ao mesmo tempo. Acenamos, ele pegou seu lanche e veio até nós.

— Onde o senhor estava? — Júlio perguntou.

— Foi mal. Eu peguei meu cartão de memória e ouvi a Mica na sala do lado... — hesitou, pensando se falava ou não. — Ela estava chorando e eu não consegui não ir lá tentar ajudar.

— Por que ela estava chorando? — indagou Bebê, franzindo o cenho.

— Bom... As coisas com o pai dela não estão nada bem. Eu acho melhor não falar dos problemas dela. É pessoal.

— Eu sabia que estavam ruins. Conversei com ela sábado. Aconteceu alguma coisa?

— O pai dela ligou para ela hoje, antes de eu ouvir ela chorando. Ele brigou, chamou ela de irresponsável... Ela ficou muito mal.

— Irresponsável por quê? — questionei, surpresa e aflita.

— Porque ela foi embora sozinha na sexta, sem avisar. O pior disso tudo é que ele só percebeu que ela não estava lá ontem à noite — explicou James, com raiva. — Ele que é um irresponsável.

— Tadinha da Mica... — falou Lili.

— É. Eu fiquei lá conversando com ela, por isso demorei. Ela ficou um pouquinho melhor.

— E ela vai pro teatro? — Bebê perguntou, começando a recolher as louças.

— Ela disse que sim. Ela gosta, a distrai de tudo.

— Pelo menos isso.

Após James comer, levamos as bandejas e fomos para o teatro. Quando vi Micaela entrando, no mesmo segundo notei sua carinha triste, mas pelo menos ela sorriu ao nos ver. Fizemos de tudo para que ela risse um pouco no ensaio, o que funcionou. Era o mínimo que poderíamos fazer para ajudar.

Com certeza, se tivéssemos o que fazer, faríamos. Mas se tratando de um assunto familiar, ficava difícil.


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