Like a back in black - Velhos companheiros escrita por Andrew Ferris


Capítulo 1
Anestésico


Notas iniciais do capítulo

Iniciando uma fic sobre alguns dos meus maiores ídolos musicais, infelizmente falecidos. Espero que gostem!!!



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          " Mas eu penso que será fácil, basta olhar..." Chris para de ler momentaneamente a folha de sua caderneta estourada de tão velha e decide sair da varanda. Passar aquele tempo na clínica não era tarefa simples, mas era isso ou enfurnar de drogas até que não restasse mais nada dele. De fato, ele não anseiava por tal fim, visto que tinha um trio de filhos para cuidar. Sua garota crescida e os dois menores precisavam ter o pai de volta, e o teriam independentemente do preço. Chris caminha descalço por alguns metros até decidir parar sobre a proteção das árvores. Sentindo as frias folhas quebrando com o peso de seus pés sobre elas, Cornell se deita e passa a observar o ambiente natural, deixando sua caderneta de lado enquanto começa a refletir. Ele fecha os olhos e suspira aliviado quando escuta um grito surtado vindo do meio das árvores. Ao se aproximar para saber de quem se tratava, se depara com uma pessoa que jamais tinha visto desde que entrara na reabilitação. Ela o encara com seus olhos castanhos como se ele fosse uma árvore, tão escuros que poderiam ser confundidos com jabuticabas, tendo um cabelo que não conseguia competir, embora tivesse por característica o cabelo amarrado focando em seu volume. Um corpo tão magro quanto o de Chris, coberto por um vestido que valoriza suas curvas, a jovem passa a impressão de estar atiçando Chris, mas tudo que ele consegue sentir é um forte incômodo.
     - O que faz aqui? - Perguntou demonstrando seu claro incômodo.
     - Bem, acho que essa parte da clínica é tão livre quanto as demais - Respondeu a jovem petulante, que pelo tom se divertia ao provocar Chris.
     - Tudo é de livre acesso, menos fumar - Exclamou ao perceber o forte e irritante odor de tabaco. Ela abre os olhos como quem tinha sido pega em flagrante e revela seu fumo improvisado com jornal, bem como uma tábua com instrumentos de uso artesão.
     - Me pegou, agora vai dizer que também não quer um?
     - Acho que a razão de eu ter vindo para cá foi justamente parar com esse tipo de coisa - Afirmou Cornell mais como um mantra para si mesmo que como resposta para a garota.
     - Qual é, isso não passa de cigarro, ou vai me dizer que nunca passou dessa linha? - Questionou novamente a jovem, com um tom de superioridade tão teatral que não havia como alguém não se irritar com tal comportamento.
     - Já passei tanto dessa linha que sequer consigo te reconhecer. Acho que minha cabeça se perdeu enquanto eu pensava.
     - Injetou, não foi? Seja como for, não costumo assistir televisão, então não lembro de você - Comentou cheia de si.
     - Me chamo Chris. Chris Cornell.
     - Nome de batismo?
     - Nome de batismo? - Repetiu Chris indignado, contendo o resto das palavras na boca - É nome de artista.
     - Não é por nada não, mas já tem um cantor com esse nome - Avisou segurando um risada.
     - Eu sei.
     - E ainda assim vai se arriscar a pagar direitos autorais?
     - Sou Chris Cornell, dos Soundgarden - Respondeu passando a mão na testa, como se tal gesto fosse amenizar sua impaciência.
     - Ah, aquela banda de grunge - Recordou a jovem jogando a bituca de seu cigarro fora, acendendo outro logo em seguida - Achei que fosse mais novo.
     - Isso - Ele preferiu ignorar o último comentário, preferindo saber com quem conversava - E você, quem é?
     - Amy.
     - Winehouse? - Chris observa o cigarro e o jeito da jovem, e só percebe que a mão dela o impedira até aquele momento de ver sua pinta.
    - Essa mesma. Não que signifique muita coisa.
     - Como foi que você veio pros Estados Unidos sem ninguém ficar sabendo? - Perguntou Cornell intrigado.
     - Meu pai cuidou de programar minha viagem sem que ninguém soubesse. Passou dois meses planejando tudo, em grande parte por que queria me ver bem longe dele, mas até aí tudo normal, não sabia que um astro feito você frequentava lugares esquecidos por Deus feito um buraco desses - Chris olha de um lado para o outro, decidindo se juntar à jovem sem ressentimentos.
     - Queria ser internado em um lugar que não fosse famoso. Quando se vive como eu ou você é difícil ter um pouco de paz - Confessou abrindo um sorriso claro, que revela seus lábios finos em um arco simétrico que atrai os olhos de Amy.
     - Pelo que entendi, você escolheu ser internado para ter uma folga daqueles escrotos da imprensa - Comentou a inglesa deitando-se no mato com a barriga para baixo e as pernas para cima em um "L" deitado, sem perder a atenção em Cornell.
     - Basicamente foi isso mesmo, mas a última coisa que esperei encontrar em uma clínica para tratamento de drogas era uma pessoa fumando na própria clínica para tratamento de drogas.
     - Confesso que nunca fui uma boa garota, mas antes de mim já tinha gente pior. Eu só copiei Amy acende outro cigarro, então vê Chris esticar a mão em sua tábua para apanhar um.
     - Acende esse pra mim. Só esse - Frisou o americano se dando por vencido.
     - Agora que nós dois sabemos quem o outro é, poderíamos falar dos nossos trabalhos - Sugeriu a jovem demonstrando interesse na caderneta que Chris segurava sem atenção alguma na mão restante.
     - Não sei se isso é uma boa ideia.
     - Porque não?
     - Porque ingleses e americanos não tem um bom histórico juntos.
     - Não estamos juntos, ainda.
     - Mesmo assim, não vamos chegar a lugar algum falando sobre nossos estilos - Esclareceu Chris ignorando o flerte de Amy.
     - Vai dizer que odeia minha música? Não culpo, a maioria escrevi bem louca ou mais pra baixo que pinto de quem usa Viagra - Comentou a jovem sentindo-se decepcionada consigo mesma.
     - Na verdade não odeio, e eu também escrevi muitas músicas em péssimos momentos.
     - Péssimos momentos? Tenho amigos em depressão de sobra que tinham como um dos maiores incentivadores de seus estados as suas músicas - Chris a encara com uma expressão de censura até sentir um remorso bater em seu peito e decidir apagar seu cigarro.
     - Não esquenta, cada um sabe o que faz da própria vida. Se não querem nos escutar, que se fodam. Libertamos os espíritos das pessoas.
     - Acha que esse é o problema? Quanto tempo acha que vamos durar vivendo assim?
     - Você não se importa com isso, e não adianta fingir que se importa.
     - É o único anestésico que funciona comigo - Revelou se levantando do chão para voltar ao seu quarto repleto de mágoas, que voltavam a atormentá-lo no único lugar que ele acreditava que teria paz. Depois de tirar a camisa e jogá-la em cima da cama, Chris se deita no chão e volta a observar a música, ou frase de música que tentava compor desde que chegara.
     "Mas eu penso que será fácil, basta olhar..."
     - Isso está uma merda - Chris abre uma gaveta, se certifica de que nenhum funcionário se aproxima, então toma uma série de medicamentos, injetando um pouco de cocaína na artéria, que lateja e espalha um forte choque por seu braço. Engolindo a saliva acumulada, ele olha outra vez para sua caderneta e risca a frase, colocando uma nova frase embaixo.
     - Mas eu "pensava" que seria fácil, basta olhar... por "Seria fácil, se o mundo nem sempre lembrasse da mentira que andei espalhando".


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Notas finais do capítulo

Acho que Chris não foi muito com a cara de Amy, e vocês? O que acham?



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