Angels and Demons escrita por PoneiMikaelson


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!

Finalmente depois de um tempinho em hiatus voltei e voltei com tudo!
Esta é uma nova versão de uma fic que eu já tinha escrito e com a qual, infelizmente, não estava 100% feliz.
Peço desde já desculpas a todos aqueles que liam e acompanhavam.
Espero que gostem da história.



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I

O homem de cabelos escuros atravessou o corredor do museu com determinação. Despenteou os cabelos enquanto andava, a mente praticamente a explodir perante as possibilidades de reação dela. Até agora, a ânsia da caça era excitante, a única coisa que o mantinha acordado à noite, com a cabeça em branco, pensando na única mulher que com um simples sorriso era capaz de lhe roubar a pouca sanidade que ainda restava em si. Mas a realidade… essa era assustadora.

Os seus pés travaram abrutamente ao avistá-la a apenas alguns metros. Encarando um quadro de Magritte, no meio de um corredor vazio, estava Philippa de Lancaster – a primeira mulher que me fizera desejar mais de alguém...

O homem deixou-se ficar na penumbra projetada pela parede que desembocava no longo corredor forrado a obras de arte, permitindo-se a apreciar, por breves instantes, a vampira. Memórias de como a conhecera inundaram a sua mente, fazendo brotar nos seus lábios um leve sorriso. Philippa era o seu ponto fraco e isso, apesar de lhe ser apontado há séculos pelos irmãos como uma fragilidade insustentável, aprazia-o, relembrando-o da última centelha de humanidade restante no seu corpo.

Philippa pareceu finalmente fartar-se de olhar inexpressivamente para aquele quadro, rodando a cabeça como que à procura de uma outra pessoa na sala. Assim que o seu olhar se cruzou com o do homem, o seu rosto distendeu-se num misto de emoções, evidenciando o conflito interno em que se encontrava.

— Kol… — O homem sorriu, feliz ao escutar a voz da mulher pronunciar o seu nome. Encararam-se durante alguns segundos que mais pareceram durar uma eternidade — O que é que estás a fazer aqui?

— Não me digas que não posso prestar uma visita à melhor cidade do mundo! — Philippa distendeu os ombros esboçando um sorriso ao sentir a tensão afastar-se do seu corpo. Aquilo era estranho. Reencontrar Kol depois de tanto tempo, embora de certa forma, épico, era também terrivelmente assustador, as razões que a fizeram afastar-se não haviam mudado desde a última vez que se viram.

— Como é que me encontraste?

— Sou um Original, caso te tenhas esquecido! – o moreno sorriu ao vê-la revirar os olhos — Para além de que não és propriamente uma pessoa que passe despercebida!

O olhar do homem correu rapidamente o corpo da mulher parando no rosto, vermelho, depois de ter intercetado aquele vislumbre. A morena preparava-se para dizer algo quando uma voz com forte sotaque nova-iorquino se fez ouvir pelas colunas habilmente posicionadas entre paredes perpendiculares da sala anunciando o encerramento do museu em cinco minutos.

Antes que Kol pudesse continuar a escassa troca de palavras, a morena vestiu o sobretudo preto que segurava nas mãos caminhando em direção à saída. O Original abanou a cabeça com um sorriso zombeteiro nos lábios, usando a velocidade vampírica para se posicionar ao lado da mulher, acelerando o passo para acompanhar o seu ritmo.

— Pensei que ficarias mais feliz por me ver! Passaram-se quase cinquenta anos! — resmungou em tom de brincadeira.

Pensava que tivesses entendido a mensagem de que não ver ninguém!

Kol bufou, irritado pelo silêncio dela, observando-a chamar um táxi. Philippa fez-lhe sinal para que a seguisse, indicando o endereço ao motorista. A morena apoiou o cotovelo na janela, olhando distraidamente para a paisagem de luzes coloridas que surgiam e desapareciam à medida que o táxi se afastava do museu, enquanto o vampiro mantinha o seu olhar sobre ela embrenhado naquilo que correria na sua mente.

 

— Kol, eu tenho que falar contigo! — a voz de Elijah fez-se surgir na sala. O homem de cabelos escuros gemeu no sofá, largando a rapariga com marcas das suas presas no pescoço. Cada palavra do irmão era como se agulhas se afundassem profundamente no seu cérebro, fazendo-o desejar que este remetesse a monge, qualidade que parecia estar quase a adquirir, especialmente agora que Klaus se livrara do peso morto que era Celeste Dubois.

— Estou ocupado agora, irmão! E, por favor, fala mais baixo! — pediu deixando cair a cabeça para trás.

— É por causa da Philippa!

A afirmação do mais velho captou finalmente a atenção de Kol.

— O que é que ela tem? — inquiriu desconfiado.

— Ela foi-se embora. Rebekah disse-me que tudo o que ela deixou foi esta carta.

Kol inclinou-se para pegar no envelope enquanto o irmão deixava a sala. Tentou focar as formas da sala, procurando controlar a mistura de raiva e tristeza que se começava a apoderar do seu corpo. Philippa não lhe faria simplesmente aquilo, conheciam-se há séculos, mas aquela carta, seguida de todo o seu comportamento estranho ao longo dos últimos tempos, pareciam querer provar-lhe o contrário.

“Querido Kol,

Não sei exatamente como começar esta carta. Não há uma maneira agradável ou bonita de classificar aquilo que eu fiz, eu simplesmente não sou mais capaz de continuar em New Orleans, esta cidade transformou-se num marco daquilo que me quero afastar, e, infelizmente, vocês fazem parte dela. Não te peço que entendas, não peço que não fiques triste, desiludido ou com raiva de mim — eu tenho noção do quão covarde esta atitude é, fugir pelas traseiras sem sequer me despedir — e não há “mas” algum que me possa salvar. Eu mereço tudo isso.

Decididamente não escrevo isto para me martirizar ou fazer-te ter pena de mim, escrevo-te porque quero que saibas que continuo a amar-te, Kol. Talvez não seja da mesma forma que tu me amas, mas o amor não precisa de ser igual para ter a mesma grandeza.

Eu adoro-te, Kol Mikaelson. Sempre e para sempre.

Philippa de Lancaster.”

A carta caiu no sofá ao mesmo tempo que uma lágrima rolava pelo seu rosto.

— Tenho muita pena, Kol! — Rebekah envolveu o irmão nos seus braços.

— Eu… eu amava-a… Porque é que ela fez isto?

 

Philippa apeou-se do carro, escutando longe o praguejo do condutor que exigia que lhe pagassem a corrida, contudo a sua mente estava longe de tudo aquilo, absorta nas memórias daquele dia. Rodou sobre si mesma, encarando com um semblante triste Kol, que compelia o homem. Como fora capaz de lhe fazer aquilo? O Mikaelson era uma das pessoas que mais amava no mundo e ainda assim, não hesitara em fazê-lo sofrer só para que ela mesma não sofresse um pouco mais.

— Vamos? — a mulher assentiu caminhando pelos carreiros de terra de Battery Parque ao lado do Original.

— Eu só queria dizer que lamento mesmo pela forma como as coisas aconteceram há cinquenta anos… — começou a morena ao fim de alguns momentos de silêncio — Desculpa nunca te ter escrito ou falado contigo, eu… eu acho que estava a precisar realmente de um tempo afastada de New Orleans para perceber aquilo que queria…

— E chegaste a alguma conclusão? — o homem parou, encarando a mulher à sua frente esperançosamente.

— Tirando o facto de que é muito mais fácil sobreviver quando estamos sob a guarda dos Originais… Tive muitas saudades tuas, Kol! — confessou aproximando-se alguns passos do vampiro.

— Também tive saudades tuas, Pipa! — a vampira alargou o sorriso, abraçando o Original à sua frente — Tive mesmo saudades… — murmurou quase tão baixo que se os seus rostos não estivessem tão próximos, ela não o teria ouvido.

 

Ao longe, perfeitamente camuflado no meio da vegetação do parque, um homem armado de uma máquina fotográfica, captava todos os movimentos dos dois vampiros. O seu telemóvel vibrou no bolso e este retirou-o lendo a mensagem que brilhava no ecrã.

“Kol encontrou-a?”

“Afirmativo.”

“Sabes para onde eles irão a seguir?”

“Negativo.”

“Não os percas de vista e não te esqueças das provas fotográficas. Ainda me deves um favor, Patrick.”

“Não te preocupes. Sei bem o que tenho de fazer.”

O homem respirou fundo, guardando o telemóvel. A missão era simples e ele não se arriscaria a continuar com aquele favor pendente. Era uma bomba-relógio à espera de explodir e se não agisse depressa, certamente explodiria na sua cara.

 

— Alguma vez casaste, Kol?

O vampiro virou-se surpreso para a mulher ao seu lado, perguntando-se internamente se estaria a falar com a verdadeira Philippa de Lancaster, a sua melhor amiga por séculos e a última pessoa no mundo de quem esperava ouvir tal pergunta.

— A única vez que o pensei fazer ela fugiu antes que eu pudesse fazer o pedido! — brincou vendo-a revirar os olhos com um sorriso brincalhão nos lábios e as bochechas levemente rosadas. O Mikaelson nunca escondera propriamente os seus sentimentos por ela embora esta preferisse fingir ignorar as suas verdadeiras intenções — Na realidade, pensei, sim. Não há muito tempo conheci uma bruxa em New Orleans, mas depois… algumas coisas nunca mudam, certo?

Philippa riu, entrelaçando as mãos dos dois.

— E quem foi essa bruxa que fez o temível Kol Mikaelson aquiescer quanto à sua regra de ouro de jamais casar?

Ele ergueu uma sobrancelha pela sua curiosidade, abanando imediatamente a ideia que passava na sua mente. Sentiu a mão de Philippa soltar-se da sua, observando a morena sentar-se na relva.

— É lindo, não achas? — perguntou, encarando o nascer do sol por detrás dos arranha-céus e fazendo sinal para que Kol se sentasse também.

— Bastante — respondeu, sem descolar o olhar da vampira. Esta sorriu meio sem jeito ao sentir o olhar do Original pousado nela.

— E como estão as coisas em New Orleans?

— Como sempre. Um pouco complicadas, mas nada que nós não possamos aguentar. — O moreno parou subitamente parecendo lembrar-se de um dado importante — Na realidade estão um pouco diferentes; Nik tem uma filha, Hope.

A mulher arregalou os olhos, surpreendida com o facto.

— Mas… como? Os vampiros não podem procriar!

— Sim… mas os lobisomens podem. A mãe, Hayley, é a rainha deles no Quarter.

— As coisas mudaram definitivamente nos últimos anos. Nunca pensei em Nik como pai — admitiu com um sorriso divertido — Quantos anos é que ela tem?

— Três, ela é só um bebé, mas puxou claramente a beleza ao tio! — vangloriou-se Kol mostrando uma foto da sobrinha no telemóvel.

— É linda. — Levantou os olhos do visor do telemóvel sustendo o ar nos pulmões ao encontrar o olhar intenso do homem — Então, essa Hayley, ela e o Klaus estão juntos?

— Irmão errado, amor! — afirmou ele, sem conseguir o riso ao ver a expressão confusa de Philippa — Verás quando chegarmos a New Orleans!

— O quê? – as palavras saíam da sua boca à medida que o sorriso que iluminava o seu rosto se apagava. A afirmação de Kol fizera-a gelar, o medo, a desilusão, a dor, todos os sentimentos que experienciara naquela cidade, assoberbavam-na, fazendo o seu peito subir e descer mais rapidamente numa tentativa falhada de manter a calma perante a situação.

— Eu vim buscar-te, ordens do Klaus! — respondeu levantando-se e estendendo uma mão à morena.

— Eu não vou voltar a New Orleans! É ótimo ver-te, Kol, a sério, mas tu não me vais fazer mudar de ideias! — afirmou olhando o amigo nos olhos com dureza.

— Nik sabe que tu estás em Nova York. Eu posso ganhar-te alguns dias até tu mudares de ideias, mas mais cedo ou mais tarde vais ter de vir comigo.

— Não!

— Vais mudar de ideias! — garantiu o vampiro, confiante, avançando um passo em direção a ela com um sorriso divertido nos lábios.

— Não, não vou! — repetiu ela imitando o Original, estreitando mais a distância entre eles. O seu sorriso divertido esmoreceu ao notar o quão perto estava do moreno.

Os olhos de Kol analisaram o rosto de Philippa. Continua encantadora, observou, alternando o olhar entre os seus olhos claros e os seus lábios avermelhados que cada vez mais desejava provar.

A sua mão iniciou o caminho até aos cabelos da Lancaster, colocando uma mecha destes atrás da orelha. Os seus dedos deslizaram até ao pescoço dela, fazendo uma leve carícia neste. Sentiu-a arrepiar com o seu toque, puxando-a gentilmente para ele até os seus lábios roçarem os dela. Philippa levantou os olhos até encontrar os seus, sentiu a mão esquerda de Kol puxar a sua cintura contra o seu corpo quente. Fechou os olhos, deixando-o conduzir o beijo carinhoso que ainda era capaz de a surpreender pela delicadeza que ele imprimia quando estavam juntos. O seu coração voltou a bater furiosamente no peito ao sentir o sorriso nos lábios do vampiro sobre os seus quando se começaram a separar.

A morena ergueu o rosto até cruzar o olhar com o de Kol, abrindo um singelo sorriso antes de passar os braços ao redor da sua cintura, encostando a sua cabeça no peito dele. O Original circulou o seu corpo com os seus braços, depositando um beijo no topo da sua cabeça.

Ficaram assim durante alguns momentos, aproveitando a sensação de segurança que o outro lhe transmitia. Lentamente, o vampiro afastou um pouco a mulher do seu peito, encarando novamente os seus olhos claros e límpidos e sempre tão cheios de incógnitas. Philippa sorriu, soltando-se dos braços do homem.

— Eu… eu devia ir para casa. Já é quase de manhã — murmurou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Onde é que estás a viver?

— És um Original, certo? De certeza que consegues descobrir! — Philippa abriu um sorriso divertido aproximando-se de Kol — Vemo-nos amanhã?

— Claro, linda!

A vampira sorriu uma vez mais, ainda levemente vermelha pelo que acabara de acontecer, depositando um beijo na bochecha dele antes de desaparecer com a velocidade vampírica.

Do outro lado do parque, o homem guardou a máquina fotográfica, contente por aquela tediosa missão ter finalmente acabado assim como a sua dívida. Era estranho assistir a um momento tão íntimo entre duas pessoas e não conseguia deixar de pensar qual seria o interesse daquele encontro entre o Mikaelson e a Lancaster para eles.

Digitou uma mensagem para o número que eles lhe haviam fornecido, relatando o fim da missão. Quando acabou, olhou mais uma vez para o Original que falava agora ao telemóvel com um semblante carregado. O homem franziu o sobrolho, apurando a sua audição para escutar a conversa.

— … Está tudo tratado! Não te preocupes, ela estará em New Orleans daqui a uma semana, no máximo! — a pessoa do outro lado disse algo e o Mikaelson limitou-se a rolar os olhos entediado — Eu vou ter atenção a isso, boa noite, irmão!

Kol desligou a ligação olhando à sua volta, antes de desaparecer.

Isto está a ficar cada vez mais estranho. Ainda bem que aquela maldita dívida já está paga. — pensou o homem, arrumando o equipamento e caminhando calmamente para o SUV preto, encoberto por uma árvore. Abriu o carro, colocando a mochila no banco de trás. Assim que se sentou no banco do condutor, sentiu uma dor acutilante e levou as mãos ao sangue que escorria do seu pescoço. Olhou atordoado para o espelho retrovisor, empalidecendo ao ver aquela mulher sentada no banco de trás. Esta segurava ainda a adaga prateada, agora coberta com o seu sangue, enquanto o encarava com falsa pena por ter tirado a sua vida com tanta facilidade.

— Por…quê… Eu fiz o que… me pediram… — gaguejou, sentindo a dor tremenda daquela morte que não duraria mais do que alguns segundos, acompanhada de um cansaço e uma necessidade de fechar os olhos.

— Desculpa, querido, mas ninguém pode saber disto. Nem mesmo tu! — a mulher agarrou na mochila abrindo a porta — E não te preocupes, o teu sacrifício não foi em vão, Patrick. Lembrar-nos-emos da Josie, quando o momento chegar.

Sentiu os lábios da mulher pousarem gentilmente sobre a sua face, antes de não a encontrar mais ao seu lado. Lentamente, os seus olhos começaram a fechar-se, à medida que a dor e tudo à sua volta se tornavam um simples sonho. A repulsa que sentia por aquela mulher e por si mesmo, foram rapidamente substituídos por flashes da sua irmã mais nova. Fiz o que tinha a fazer, pela Josie.

Entretanto, a mulher chegou ao seu automóvel, um nada discreto Bentley prateado, digitando uma mensagem no seu telemóvel. Olhou a sua figura no espelho, sorrindo para este, desaparecendo também na escuridão do parque.


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