Bela Morta escrita por Eloá Gaspar


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746624/chapter/20

O café da manhã parecia ter um gosto diferente de todos os outros que já havia tomado. Não era só o modo de preparo diferente, era quem tinha feito o café, era tudo o que tinha acontecido antes dele tomar o café, como sempre era Ana e todo o efeito, ambiente e situação que ela criava mesmo sem querer.

Bruno não se sentia louco ou doente com toda essa situação, mas ele precisava de ajuda, ajuda de verdade, não apenas o apoio moral e as atitudes de Tiago, ele precisava do conselho de alguém inteligente, experiente e que diferente de Ana tivessem sentimentos e os compreendesse tão bem quanto possível.

Depois de tomar seu café com mais calma do que o normal, Bruno levantou-se, tirou a mesa do café, lavou louça e trocou de roupa, tudo de forma lenta e pensativa como se tentasse organizar seus pensamentos. Ele teria que ir a casa de seus pais para comemorar a segunda fase de seu aniversário, mas após todo seu ritual matinal executado em modo automático, reflexivo e levemente sorridente, Bruno não estava apenas indo a casa dos seus pais comemorar mais um ano de vida, ele estava indo obter ajuda.

Devidamente alinhado de uma forma que Dona Omara nunca desconfiaria que ele bebera na noite passada, para sua sorte, já que a bronca não seria nada leve e rápida, Bruno foi até a casa dos seus pais. Com tudo que estava acontecendo em sua vida, já estava claro que Bruno havia esquecido de suas listas e seu Plano, incluindo o item carro que seu pai lhe daria. Ao chegar a casa, desviou do carro que estava na calçada na frente da garagem, sem ao menos perceber a pintura novinha e impecável do veículo e a quem ele pertencia.

O rapaz que parecia estar com a cabeça em diversos lugares diferentes ao mesmo tempo, tocou a campainha, ele não havia se desfeito da chave da casa de seus pais, porém não fazia ideia do local onde as tinha enfiado. Dona Omara não demorou muito para atender e foi logo recepcionando Bruno com um abraço apertado.

— Feliz aniversário, meu filho! - Dona Omara ainda mantinha Bruno preso em seus braços.

— Obrigado, mãe. Agora pode me soltar, por favor? Estou sufocando já. - foi soltou, mas logo puxado para dentro da casa.

— Tomou café tarde? Porque eu já estou com o almoço quase pronto, mas vai demorar um pouquinho.

— Tomei sim.

— Que absurdo! Tá dando pra acordar tarde agora. - brigou sem muita rigorosidade.

— Ué? Era o não era para eu tomar café tarde? - perguntou sorrindo já acostumado com a inconstância que se manifestava por vezes.

— Não começa, Bruno! Vou chamar seu pai. - respondeu indo até o quarto, enquanto Bruno se jogava no sofá.

— Aí está o meu garoto. - Ruben falou alto indo até o filho de braços abertos.

— Oi, pai! - respondeu sorridente se levantando rapidamente para abraçar o pai.

— Parabéns atrasado. - falou antes de soltá-lo.

— Obrigado! E antes que a mamãe volte, preciso da sua ajuda. - informou olhando para direção da cozinha se certificando de que Omara não estava por perto.

— Pode falar! O que você precisa? - questionou concentrado em Bruno.

— Eu estou completamente apaixonado por uma mulher. - soltou esperando a primeira reação do pai.

— Sabia que tinha algo acontecendo com você. Isso é ótimo! - falou animado.

— Éeee...

— O que foi? Ela é casada? Lésbica? Não gosta de você? - Ruben percebeu logo que existia um porém.

— Mais ou menos o último, quer dizer, ela gosta só não sabe.

— Bruno, não seja teimoso. Se a moça não gosta de você, parte para outra. Você não pode obrigar ninguém a ficar com você.

— Não é isso. Ana é diferente de tudo, ela é meio morta, sem emoções, como se ela não entendesse os sentimentos e por isso não consegue usá-los.

— Isso é bem esquisito. - rebateu em um tom de preocupação.

— Eu sei, é surreal! Mas mesmo com toda esquisitice, dificuldade e centenas de coisas ruins, toda vez que estou com ela, toco sua pele, sinto o seu cheiro e quando eu a beijei... Ela virou minha vida de cabeça para baixo, eu não penso mais no Plano, só penso nela.

Aqueles olhos ardentemente apaixonados, o ar sonhador, o sorriso tonto e aquele aspecto característico de quem tornou-se cativo dos sórdidos e irresistíveis encantos do amor, eram o suficiente para Ruben entender tudo e saber o que precisava ser feito.

— Você está realmente apaixonado! - Ruben constatou emocionado.

— Como é que é? - Dona Omara entrou na hora exata da fala do marido.

— Omara, por favor. - Ruben tentou filtrar a situação, mas todo mundo sabia que não adiantaria.

— É isso mesmo, mãe. Estou completamente, irremediavelmente e como nunca antes apaixonado.

— Por quem, posso saber? - questionou em sua postura de mãe oficial.

— Ana! - falou como se fosse a palavra mais bonita do mundo.

— Você falou que estava apaixonado outro dia no telefone, estava com essa tal Ana?

— Sim, estava.

— E quando vai trazê-la para conhecermos? - ela não parecia satisfeita com a própria pergunta, era visível que Omara era a típica mãe ciumenta.

— Isso eu não sei, não estamos juntos ainda, mas eu vou dar um jeito nisso.

— Por que ainda não estão juntos? Ela não gosta de você?

— É mais complicado que isso, ela é diferente.

— Já não gosto dela.

— Mãe!

— Omara!

— Diferente é igual a estranha, problemática.

— Não escuta a sua mãe! Eu vejo que você realmente ama essa moça, precisa fazer algo para estar com ela. - Ruben interferiu sem ligar para as reclamações da esposa.

— Eu só não sei como. Acredito que se eu soubesse mais sobre o passado dela poderia compreendê-la melhor, saber como ela ficou assim.

— Então vá atrás do passado dela!

— O que você está sugerindo, Ruben? Que Bruno saia por aí como louco, visitando todos os lugares por onde essa garota passou, em busca de pista sobre seu passado? - falou com se aquilo fosse a coisa mais absurda do mundo.

— É isso! - Bruno falou levantando em um salto.

— Está brincando! - sua mãe o encarrou incrédula.

— Eu preciso ir até Pinheiral, descobrir sobre ela e sua família.

— Pinheiral é muito longe! - Dona Omara parecia que ia surtar.

— Mas se você for de carro é super possível chegar. - Ruben não deixaria Omara atrapalhar.

— Mas eu precisaria de um carro.

— Você acabou de ganhar um. Não viu o carro na frente da garagem?

Bruno finalmente lembrou da promessa de seu pai e um sorriso gigante estampou seu rosto, sem perder tempo o jovem abraçou o pai com força, transmitindo toda a sua gratidão, não só pelo carro, mas também por todo apoio e proteção.

— Eu não acredito! Você vai pegar o carro é vai até Pinheiral do nada. - é sério, eles precisavam ir com calma, Omara estava a beira de um infarto.

— Claro que não! Eu preciso antes fazer algumas buscas na internet antes de ir. - respondeu confiante abraçado de lado ao pai.

— Usa o meu computador. - Ruben ofereceu recebendo um olhar assassino da esposa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bela Morta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.