Trish fizera por merecer o apelido criança-demônio.

Sozinha, armada apenas do seu chute potente, contra dezessete armados, e ainda assim feriu pelo menos metade deles antes de sucumbir.

Tomou a pior surra de sua vida. Acertaram-lhe com pés-de-cabra, soco inglês, correntes. Quebraram sua perna direita pra não conseguir chutar, alguns dentes quando arrancou um pedaço dum braço. Sentia um ombro deslocado, e o chão estava encharcado de sangue.

Ia morrer.

Enquanto contemplava, até calma, essa nova realidade, quase não ouviu a voz distante da líder, de quem arrancara uma cicatriz no rosto com uma pedra afiada.

— Ela ainda se mexe, caralho.

— Indico dar um jeito nisso ou ela pode dedar a gente.

— Cala a boca. Eu sei disso.

Robin fez alguma coisa ao seu redor, então em seu colchão, antes de se afastar com sua gangue. Trish não conseguiu perceber a gasolina até sentir seu cheiro.

Ah... Seria queimada viva.

Ela não tentou se erguer ou fugir ao ver o primeiro brilho laranja do fogo. Não tinha como fugir daquele jeito. E trouxera esse destino para si, com a vida que vivera. Seu pai a trocara. Emily merecia coisa melhor. E talvez, ela revisse finalmente sua mãe...

Trish fechou os olhos.