Happy Ending escrita por Yume


Capítulo 10
Capítulo X – Família


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Consegui postar cedo!!! ~Palmas~
Me empolguei escrevendo esse, hehe, espero que não achem ruim as 4.000 palavras!
Só pra deixar claro que uma das personagens que apareceu hoje, não era bem a que eu tinha em mente para esse capítulo, mas aconteceu.
No próximo teremos dois personagens novos e uma cena que estou bolando desde que comecei a pensar na fic kkkkk ou seja, estou SUPER empolgada para escrever. Na verdade estou escrevendo agora.
Me digam o que acham de capítulos desse tamanho, se gostarem, vou tentar fazer mais assim.
Nos vemos nos comentários!
Boa Leitura



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FS

Helena chegou tarde da noite, reclamou do trânsito, do quanto a cidade era sem graça, de como o meu bairro era estranho e perigoso e de como eu havia engordado desde a última vez que nos vimos.

Nesse exato momento estou pensando nas consequências que eu teria por tentar matar minha irmã por asfixia com um travesseiro. Ela e Amy estavam conversando animadas, cada uma em sua cama, já que eu fui obrigada a pegar e deitar no chão, Helena disse que não iria deitar em um colchão frio e que Amy era nova demais para isso, o que significa que eu poderia acordar com dor nas costas e, muito provavelmente um resfriado, amanhã.

— Você sabe que quanto mais emburrada ficar, mais rugas vai             criar, certo, maninha? – E encarei colocar a cabeça para fora da parte de cima do beliche, aumentei a careta e revirei os olhos.

— Cale a maldita boca, Amélia tem aula amanhã cedo – Amy também colocou a cabeça para fora e me encarou assustada.

— Você só me chama de Amélia quando está muito brava – Ergui uma sobrancelha – O que eu fiz?

Helena riu – Você não fez nada querida, mas sua mãe sempre teve essa coisa de ser muito certinha – A ideia do sufocamento com o travesseiro parecia cada vez mais tentadora – Nada de dormir tarde, nada de acordar tarde, nada de matar aula, nada de beber...

— Ok Helena, já entendi o seu ponto.

— Não entendeu mesmo! – Ela deu uma gargalhada melodiosa e jogou o travesseiro em mim, grunhi emburrada.

— Certo, eu vou dar cinco minutos para vocês duas se recomporem, enquanto eu vou tomar um copo de água, se quando eu voltar, essa zona continuar, vocês vão ver quem é a certinha – Levantei e mantive minha ameaça enquanto apontava o dedo em riste para as duas, até que eu saísse do quarto e batesse a porta com um baque.

Fui até a cozinha e peguei uma garrafa de água na geladeira, não me incomodei em pegar um copo, estava bastante irritada e resolvi dar uma de rebelde.

— Até onde eu sei, não se deve tomar direto da garrafa – Helena             apareceu e encostou-se no batente da porta – Me desculpe?

Eu sorri, sabia que ela não estava sendo sincera, a encarei – Você nem mesmo sabe porque está pedindo desculpas.

— Touché – Ergueu as mãos em rendição – Eu só gosto de ver minha sobrinha sorrir quando estou aqui.

— Você a mima demais.

— É para isso que as tias servem!

— Não, avós servem para isso e Donna Smoak tem sua parcela de culpa em mimá-la como ninguém.

— Eu aprendi com a melhor então – Helena sorriu marota e aproximou-se me envolvendo em um abraço. Eu gostava dos abraços de Helena, ela mais alta do que eu, na verdade, ela parece uma modelo o que significa que eu ficava completamente envolta na segurança de seus braços. Era reconfortante e me trazia uma doce sensação de nostalgia – Está chateada por eu ter vindo? – Dessa vez era uma pergunta sincera, sorri e a encarei.

— É claro que não – Nos separamos e voltei a me encostar na bancada da pia – Eu amo quando você vem, só que não estou acostumada com a mudança de rotina que significa você estar aqui.

— Quer dizer o upgrade que eu dou na sua rotina, não é? – Lá estava a Helena debochada que eu estava acostumada – Qual é Felicity, Amy precisa de um pouco de ação na vida dela.

— Ação não é seguro Helena.

— Ela não é você – O olhar significativo que ela me lançava, não era bem o que eu queria. Apesar de tudo, Helena não entendia porque eu mudei tanto depois de Cooper.

— Ela não é – Respirei fundo e guardei a garrafa de volta na geladeira – Eu não quero que seja, Amy merece mais e é isso que eu me esforço para dar todos os dias.

— Eu sei, e você tem se saído muito bem, Amy é uma garota incrível, é doce e inteligente, assim como você, tem feito um bom trabalho Felicity, devia relaxar as vezes.

— Vou relaxar, sábado vamos sair – Helena ergueu uma sobrancelha e logo um sorriso malicioso formou-se nos lábios carnudos.

— Uh! Vamos a uma festa? Eu sabia que você não me decepcionaria maninha, quer comemorar que sua irmã mais velha está na cidade?

Sorri e neguei com a cabeça – Não! Nós vamos ao shopping, vou levar William, Amy e uma amiga dela para tomar sorvete.

— Oh! Está dizendo que eu vim para ficar de babá de três pirralhos em um sábado? – Eu estava rindo de verdade encarando Helena, sua expressão de descrença era algo hilário.

— Sim, e vamos nos divertir.

— Sua ideia de diversão é muito diferente da minha.

— E eu agradeço aos céus por isso!

— Cretina!

Pisquei para ela e dei um sorriso de lado – Aprendi com a melhor! – Helena desmanchou a cara amarrada e também sorriu, passou o braço sobre meus ombros e fomos em direção ao quarto – Ainda tem que me contar o que te trouxe aqui dessa vez.

— Ah... A mesma coisa de sempre.

— Emprego ou namorado?

— Os dois – Meneie a cabeça. Helena nunca mudaria e eu amava isso.

OQ

O jantar foi ótimo, William estava participativo, não tanto comigo, mas conversou bastante com mamãe, contou como estava animado em ir tomar sorvete com Felicity, que não esperava para saber quando seria e que estava empolgado com a prova de amanhã, ele tinha certeza que tiraria uma boa nota e então estaria livre para que as férias chegassem.

Apesar dele ainda estar reservado comigo, eu notei uma pequena mudança, já não parecia algo tão desconfortável estar no mesmo ambiente que eu. Eu devia tanto para Felicity! Ela realmente estava cumprindo o papel de tutora e me ajudando com meu filho.

— Você está todo sorrisos hoje Oliver – Mamãe pontuou assim que acabamos de comer, William estava concentrado no pudim de chocolate que Raíssa o havia dado como sobremesa.

— Foi um bom dia – Respondi simplesmente enquanto encarava meu filho.

— Vejo que sim, você chegou ainda mais cedo da empresa hoje.

— Pretendo fazer isso todos os dias.

Mamãe ficou um pouco surpresa e sorriu – E a que se deve essa decisão?

— Quero acompanhar as aulas do William – Ele ergueu a cabeça ao escutar e me encarou sério – Tudo bem para você amigão?

Ele ficou em silêncio por alguns segundos e então deixou um mínimo sorriso escapar – Pode ser.

Contive minha euforia – Certo então.

— Isso é ótimo – Mamãe também estava feliz, ela pegou em minha mão sobre a mesa e não foi preciso dizer nada, eu pude ver em seus olhos que ela também estava contente com os pequenos passos que estávamos tomando.

William foi dormir e eu fui para o escritório, não estava com nenhum um pouco de sono. Resolvi revisar alguns papéis para a reunião que teria amanhã cedo, mas estava um pouco difícil de permanecer concentrado. Eu realmente estava empolgado com tudo o que havia acontecido hoje. Fiquei sentado, parado, olhando para o nada, com um sorriso idiota estampado no rosto.

— Isso tudo ainda é por causa da aula? – Fiquei um pouco surpreso ao ver mamãe parada em frente à mesa.

— De certa forma.

— Fazia tempo que não via você assim – Aproximou-se e acariciou meu rosto – Tão leve.

— Nunca imaginei que seria tão bom apenas ver meu filho sorrindo para mim – A abracei pela cintura – Obrigado mãe.

Senti o afago em meus cabelos – Por quê?

— Por sempre estar do meu lado e do de Thea – A menção da minha irmã a fez soltar um longo suspiro.

— Não tanto por Thea ao que parece.

— Ela só está confusa.

— Já faz quase um ano Oliver.

— Sete meses na verdade.

— Tenho medo que ela resolva não voltar – Eu também tinha esse medo, mas não queria que minha mãe ficasse assim – Ela não me ligou desde então.

— Ela vai voltar, a senhora sabe como ela é teimosa e orgulhosa.

— Sei sim – Um sorriso fraco brotou nos lábios pintados de um batom suave.

— Ela está aproveitando para viajar com o namorado e conhecer             o mundo.

— Espero que você não tenha uma ideia maluca dessas, qualquer hora – Eu sabia que ela estava tentando fazer graça para aliviar o clima.

— Pode ficar tranquila, tenho muitas coisas aqui para querer me afastar.

— Felicity Smoak é uma dessas coisas?

— Não comece! – A alertei tentando o máximo possível ficar sério.

— Não estou dizendo nada – Ergueu as mãos para cima com um ar inocente – Apenas digo que desde que ela veio para cá, você não está mais afundado no escritório, tem ido a menos festas e está se aproximando do seu filho – Mamãe tocou meu ombro – Admita que ela faz tanto bem para William, quanto para você – Beijou minha testa e afastou-se.

Fiquei com o que ela me disse na cabeça, Felicity fazia bem para quem quer que fosse, estar onde ela estava é como estar em um lugar muito claro e acolhedor. Felicity trazia a ideia de lar para William e talvez, de certa forma, para mim também.

FS

Mais uma aula terminada, mais uma aula em que Oliver Queen ficou presente, porém dessa vez ele estava agitado, falou bastante, fez muitas perguntas e contou até mesmo algumas piadas. Não sei se isso se devia ao desejo de se aproximar mais de William, mas ele estava sendo muito bem-sucedido. Apesar de ter distraído boa parte da aula, Oliver fez William participar do que ele estava falando, o fez rir e conversar abertamente.

Era bonito, eles dois juntos era algo bom de se observar. Não tinha como negar que eram pai e filho, mesmo com todas as dificuldades, o laço entre os dois era visível. Resolvi dar a aula por encerrada, iria convidar William para ir amanhã tomar sorvete e aproveitaria para pedir a permissão de Oliver.

— Certo, vamos acabar por aqui, as férias estão quase chegando, você não tem mais tanta coisa para estudar e está com as notas boas – Ajeitei seu cabelo – Parabéns.

— Obrigado Felicity – Fiquei um pouco surpresa com seu abraço súbito – Você é a pessoa mais legal que eu conheci depois da minha mãe – Juro que segurei uma lágrima. Eu realmente fiquei emocionada ao ouvir dele algo assim, encarei Oliver de relance e ele parecia tão comovido quanto eu.

— Não me agradeça William, você é incrível e tenho certeza que sua mãe estaria muito orgulhosa de você – Encarei Oliver – Assim como seu pai está.

Oliver sorriu e acenou com a cabeça colocando uma mão hesitante sobre o ombro do filho. Resolvi cortar o momento, seria rápida e deixaria que os dois conversassem mais depois que eu fosse.

— William, o que acha de ir tomar aquele sorvete amanhã à tarde – Sorri para ele que pareceu animado – Eu falei com Amy e ela vai chamar uma amiga para ir também – Notei que isso o deixou um pouco nervoso – Não se preocupe, posso dizer com certeza que vocês dois vão se dar bem, na verdade ainda não entendi porque não se falam na escola.

— Eu não gosto muito de conversar na escola.

— Você não conhece ninguém lá, Amy também era assim quando chegou, mas tenho certeza que podem ser bons amigos assim que se conhecerem melhor – O encorajei com o olhar e ele voltou a sorrir.

— Certo!

Encarei Oliver novamente – É claro, se estiver bem para você, eu fiquei sabendo que o Diggle volta amanhã para trabalhar, então acho que fica bem ele levar e buscar o William.

— John é a única pessoa no mundo que concorda em voltar a trabalhar em um sábado – Ri em concordância, era verdade, John Diggle era muito correto com seus compromissos – Mas não será necessário que ele leve o William.

O encarei surpresa, William pareceu apreensivo – Não vai me deixar ir? – Perguntou um pouco nervoso e magoado.

— Não! Não é isso! – Oliver foi rápido em se explicar, a ideia de ver o filho bravo com ele novamente o assustava – Apenas estou dizendo que estava pensando em ir também – Coçou a nuca, estava inseguro.

Ok. Tudo bem. Oliver Queen queria ir tomar sorvete com o filho. Nada demais. Exceto o fato de que ele não precisa fazer isso quando eu estou junto! Oliver me encarava com certo desespero, parecia querer minha aprovação mais do que a do próprio filho. Eu não queria que ele fosse. Não consigo imaginar Oliver Jonas Queen sentado com seu terno caro em uma mesa de shopping comendo uma banana Split. Mas o olhar dele de cachorrinho que caiu da mudança me desarmou completamente.

— Certo, por que não? – Encarei William – Não é William? – Meu lado egoísta pedia para que ele negasse.

— Você vai ir em um shopping? – A pergunta que não quer calar.

Oliver pareceu confuso – Vou, por quê?

— Não consigo ver você em um shopping – William estava expressando os meus próprios pensamentos.

— Hey! Eu vou a outros lugares que não sejam a empresa.

— Ou boates – Deixei escapar, Oliver me lançou um olhar afetado, arregalei os olhos e baixei a cabeça, senti meu rosto esquentar.

— Enfim, tudo bem eu ir junto?

— Por mim tudo bem – William falou e me cutucou – Tudo bem?

— Sim, tudo ótimo – Sorri nervosa. Não estava nada bem.

Eu teria Amy, William e Anna para cuidar, até aí tudo bem. Mas a ideia de colocar Helena de frente com Oliver Queen me assustava como o inferno. Eu tinha certeza de que teria que tampar as orelhas das crianças para os diversos comentários que ela lançaria para ele, fora que até onde sei de Oliver, ele não é nenhum santo, o que significa que eu duvido muito que ele ficaria quieto às provocações de uma mulher como Helena Bertinelli. Seria um longo passeio.

OQ

Enfim era sábado. Eu estava nervoso, iria ir em um passeio com meu filho e com Felicity, está certo que haveriam mais duas crianças, mas ainda sim, isso é algo completamente fora da minha zona de conforto. Não fiquei assim tão surpreso quando William perguntou seu eu ia a shoppings, porque eu realmente não vou.

Iríamos nos encontrar as três na praça de alimentação do maior shopping da cidade. Já eram quase duas horas, eu estava terminando de me arrumar. Optei por algo mais confortável que um terno, uma blusa polo azul marinho, calça jeans escura e sapatos de camurça marrons (um pouco brega talvez). Não era algo que estava habituado a usar, na verdade, foi difícil encontrar uma roupa para sair, meu closet era lotado de ternos, camisas e gravatas. Eu devia mudar um pouco isso.

Senti o celular vibrar no bolso da calça, suspirei ao encarar o nome de Tommy piscar na tela. Contei até dez antes de atender.

— Hey Ollie! O que acha de sairmos hoje?

— Não vai rolar Tommy, já tenho planos – Escutei sua risada do outro lado da linha.

Loira ou morena?

— Meu filho na verdade, vamos no shopping tomar sorvete.

— Como convenceu ele a sair com você?

— Felicity estará junto – O silêncio do outro lado era preocupante.

— Em que shopping vocês vão?

— Não vou te contar.

— Qual é Oliver, se não me contar eu descubro, só existem três shoppings nessa cidade, é muito fácil ir nos três até achar vocês.

— Você não vai fazer isso!

— Qual é Oliver, só quero me divertir.

— Vá se divertir sozinho!

— Não mesmo! Onde vocês vão estar?

— Não vou dizer! – Escutei novamente sua risada.

— Muito bem, nos vemos lá então, talvez eu chegue atrasado, não peçam sem mim – Eu iria xingá-lo até sua quinta geração, mas escutei o tu-tu da linha antes disso. Segurei o celular com uma força desnecessária, contei até um milhão e me acalmei. Talvez ele só esteja querendo que provocar.

Resolvi ir chamar William, bati na porta do seu quarto, ele logo abriu, já estava pronto. Sorri empolgado e ele sorriu também. Eu realmente esperava que fosse uma ótima tarde.

— Vamos?

— Sim – William foi na frente, quase correndo pelas escadas.

— Está empolgado? – Perguntei assim que chegamos na entrada da casa, o carro já estava parado na espera.

— Sim – Ele sorriu para mim – Faz tempo que não vou ao shopping.

— Bem, além de tomar sorvete, podemos fazer o que você quiser – Entrei e dei partida no carro, já saindo para a estrada da mansão.

— Vamos ver o que a Felicity quer fazer.

— Você realmente gosta dela, não é?

— Gosto, ela é divertida.

— Fico feliz que se dê tão bem com ela, é bom para você.

— Sim – O silêncio se fez presente, mas eu queria continuar um assunto com ele. Tinha a necessidade de conversar, eu estava ansioso e animado com tudo isso, mas não conseguia pensar em nenhum assunto. Resolvi ligar o rádio, uma estação de música pop preencheu o carro com a batida suave.

— Que tipo de música você gosta? – Perguntei realmente interessado, William me encarou, parecia um pouco desconfiado.

— Gosto de um pouco de tudo, rock, pop, eletrônica, alguma coisa de Jazz.

— Para sua idade, já tem um ótimo gosto.

            - Eu queria aprender a tocar guitarra – Ele sorriu e me encarou – Minha mãe tinha falado que no Natal, iria me dar uma e que ano que vem eu poderia começar as aulas no centro comunitário.

            Fiquei em silêncio por um momento, eu sabia como era delicado citar Samanta e não queria que William ficasse melancólico hoje – Se você quiser podemos ir qualquer dia desses em uma loja de instrumentos e então você escolhe alguma que gostar, depois vemos algum professor – Eu estava apreensivo, não queria ser muito evasivo ou grudento. Talvez William não quisesse que eu fizesse algo que a mãe havia prometido.

            - Ia ser legal – Ele falou apenas isso antes de voltar sua atenção para janela. Novamente o silêncio tomou conta do ambiente.

            Resolvi não insistir mais, já estava satisfeito com o pequeno diálogo que havíamos tido, iria com calma. Não vou forçar nada, pequenos passos.

FS

            A tarde nem mesmo havia começado e eu já estava com os nervos à flor da pele. Falar para Helena que Oliver Queen também estaria em nossa tarde do sorvete, foi como botar fogo em pólvora. Ela estava a duas horas arrumando cabelos, unhas e maquiagem. No final, parecia que estava pronta para uma boate e não para ir ao shopping tomar sorvete com três crianças de doze anos.

            Suspirei cansada, eu havia colocado uma calça jeans, camiseta preta simples e um All Star mais velho que eu e meu cabelo estava como sempre, preso em um rabo de cavalo. Já Helena usava um vestido preto, curto e justo, tão justo que tenho minhas dúvidas se não foi posto à vácuo, o decote era demasiado exagerado, saltos vermelhos, um batom ainda mais rubro, combinando com as unhas compridas e bem pintadas, o cabelo ajeitado milimetricamente em ondas perfeitas.

Invejável. Essa era a palavra para Helena.

Sempre fui a patinha feia entre nós duas, nunca dei bola para isso, eu era a inteligência e Helena a beleza, mas hoje isso estava me incomodando. Iríamos em um shopping, com crianças! Qual é? É pedir demais que ela não parece estar indo a uma boate ou clube de strip-tease?

Respirei fundo e resolvi me acalmar, Amy encarava a tia com admiração, segurei o revirar de olhos. Conferi se havia colocado dinheiro e os documentos na carteira. Chaves. Celular e remédio para dor de cabeça, porque eu com certeza iria precisar do último.

— Estão prontas? – Encarei as duas que estavam em um papo animado sobre qualquer coisa.

— Sim maninha querida – Helena me encarou dos pés à cabeça e fez uma careta – Vai mesmo sair assim?

— Vamos tomar sorvete com crianças Helena.

— Vamos tomar sorvete com crianças e com Oliver Gostoso Queen – A fulminei com os olhos.

— Olha a boca!

Ela fez uma falsa cara de inocente – O que eu falei?

— Esquece! Vamos logo, antes que eu me arrependa – Encarei Amy – Anna vai nos encontrar lá?

— Sim, ela disse que a mãe dela ia levar ela.

— Certo, pegou suas coisas? – Amy falou que a amiga havia a convidado para posar lá, eu concordei, afinal de contas, ela não tinha muitos lugares onde ir, seria bom ficar uma noite fora.

— Sim – Apontou para mochila pendurada no ombro direito.

— Ok – Abri a porta e fiz sinal para que elas passassem – Vamos logo.

Meu lado maldoso ficou todo satisfeito ao ver Helena passar trabalho descendo as escadas com aqueles saltos agulha. Fiquei ainda mais feliz enquanto a xingava pelos diversos palavrões proferidos a cada degrau. No final dos lances de escadas, recebi um olhar fulminante e um tapa nas costas. Sorri satisfeita.

OQ

Já havíamos chegado no shopping, eu estava ansioso, William não parecia diferente, estávamos encarando a porta a cada cinco segundos. Após alguns minutos de uma longa espera, vi Felicity entrar, com uma menina loira, que imagino seja Amy. Como sempre Felicity estava vestida de modo simples, apesar de que hoje a camiseta preta era um pouco mais decotada do que as outras que ela costuma usar, mais justa também. Isso com certeza não passou batido por mim. Ela sorriu quando nos viu e cutucou a filha que então nos encarou e vieram até nós.

— Estão aqui a muito tempo?

— Não, chegamos agora – Encarei a garota ao seu lado – Você deve ser a Amy – Abri um sorriso e estendi minha mão para ela que riu boba, muito parecida com Felicity.

— Prazer – Estendeu a mão em cumprimento, a voz saiu baixa, tímida.

— Acho que você conhece o William – Dei um leve empurrão em William, ele estava nervoso, sorriu torto e acenou com a cabeça.

— Estudamos na mesmo sala – Amy sorriu e acenou com a mão na direção do meu filho, pude ver ele ruborizar.

— Sinto que estou sendo ignorada – Só então notei a morena ao lado de Felicity e Amy.

De certa me surpreendeu o fato de não a ter visto antes, já que ela estava sendo o centro das atenções do shopping inteiro. Não era para menos, a mulher estava vestida para uma noite de festa e não para uma tarde de sorvetes. Ela é bonita, curvas, pernas e seios avantajados, os lábios carnudos bem marcados pelo batom vermelho, um sorriso de canto beirava na boca, os olhos azuis me avaliavam com claro desejo. Admito que fiquei um pouco desconfortável, não queria que William achasse que eu estava dando vasão a uma mulher enquanto eu estava com ele. O dia era dele hoje.

— Menos Helena – Felicity sussurrou para a mulher e então sorriu amarelo para mim – Essa é minha meia irmã, Helena – Apontou com desgosto para a mulher – Helena, esse é....

— Oliver Queen – Antes que Felicity terminasse, ela mesmo fez o favor de estender a mão – Já ouvi falar muito sobre você.

— Imagino que sim – Falei cortês e aceitei seu cumprimento, logo tratando de deixar minha atenção voltar para Felicity e William – Onde querem ir?

— Vamos esperar a amiga da Amy – Felicity falou encarando a filha – Que horas ela falou que viria?

— Daqui a pouco ela chega – Amy encarou a porta – Ela chegou – A vi abanar para uma menina de cabelos castanhos escuros. Arregalei os olhos ao ver a mulher ao seu lado.

— Hey! Amy! Desculpe o atraso, mamãe discutiu com o segurança do estacionamento – A menina revirou os olhos e encarou a mulher ao lado – De novo.

— Ok Anna, não foi para tanto – A loira revirou os olhos e então sorriu em direção a Felicity – Muito prazer, sou Sara Lance-Palmer, mãe dessa pestinha aqui – Cutucou a filha – Você deve ser a Amy – Encarou a garota e então Felicity – E você a mãe dela.

— Felicity Smoak – Felicity estendeu a mão – Muito prazer, eu estava curiosa para conhecer a melhor amiga da minha filha pessoalmente.

— Eu também! – Sara pontuou sorrindo, então seu olhar caiu sobre mim - Oliver?

— Hey Sara – Acenei com a mão e um fraco sorriso.

— O que faz aqui?

Tomei uma longa respiração – Estou aqui com William – Apontei para meu filho que parecia concentrado no que falávamos.

Sara sorriu o encarando – Ah sim, seu filho – Estendeu a mão para ele – É um prazer William, sou uma velha amiga do seu pai – Me lançou um olhar significativo.

— Prazer – William falou baixinho.

— Bem, agora que fizemos as devidas apresentações, eu preciso ir – Sara encarou a filha e lhe deu um beijo na testa – Ah, Felicity, Anna falou que queria que a Amy posasse lá em casa hoje, foi por isso que entrei, tem problema?

— Não, na verdade, Amy já havia me falado – Felicity sorriu e encarou a filha.

— Certo, então, mais tarde venho buscar as duas – Sara deu uma piscadela – Comporte-se garota – Ergueu o dedo com um sorriso maroto – Não faça nada que eu não faria.

— Ok mãe – Anna riu e lhe deu um beijo, logo após Sara saiu.

— Certo, vamos procurar uma sorveteria então? – Felicity falou colocando as mãos nos bolsos traseiros da calça.

Encarei William – Porque não aproveitamos e damos uma volta antes, faz muito tempo que não vou em um shopping, vamos aproveitar um pouco – William e as meninas sorriram.

— Eu gostaria de me sentar – Helena ergueu a mão – Esses saltos não foram feitos para caminhar – Felicity soltou uma gargalhada melodiosa.

— Eu falei irmãzinha, essa não é uma roupa para passeio – Helena lhe deu a língua e cruzou os braços.

— Deixei de ser chata Smoak – Felicity riu mais uma vez – Vamos logo – Helena tomou a frente e andou a passos duros. A interação das duas era algo engraçado.

— Me desculpe por isso – Felicity falou ao meu lado com um sorriso culpado – Ela insistiu em vir assim que soube que Oliver Queen estaria presente.

Ri meneando a cabeça – Tudo bem, não acho que ela seja uma má pessoa apesar de tudo.

— Ela não é, só tem um parafuso a menos – Rimos juntos.

Observei William começar a se entrosar com as meninas, eles estavam rindo de algo em uma vitrine. Helena estava mais à frente, parada em frente a uma loja de sapatos, eu e Felicity estávamos andando lado a lado. Era uma sensação boa, um programa para sábado completamente diferente do que eu estava habituado, mas diferente das vezes em que ia a boates, dormia com mulheres e bebia, dessa vez eu sentia algo me preencher, não havia aquele vazio de sempre, mas sim uma sensação de... família.


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Notas finais do capítulo

Não que seja muito importante, mas NOTAS INICIAIS



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