Com o Tempo Na Cabeça escrita por G S Bello


Capítulo 1
Cidade Grande


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, historia escrita durante um breve período de ócio.



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 Não tão distante daqui, existe um mundo igual a esse, porém, há apenas uma diferença. Todos sabem quando alguém vai morrer. Não é nada pessoal mas existe um cronômetro decrescente na sua cabeça que está lá desde que nasceu, todos podem vê-lo, exceto você mesmo.



      Andam acontecendo coisas estranhas comigo, vivo em uma cidade grande e aqui não é costume tratarem uns aos outros com educação.

Gentileza é uma palavra morta, mais morta que as antigas religiões que habitavam aqui nos tempos antigos, cujo hoje, há apenas um ou dois adoradores em cada rua.

Não é por ruindade, muito menos más intenções, é por falta de tempo mesmo. Gastamos a paciência nos transportes lotados, no trânsito, no supermercado, nas filas, nas sala de espera dos consultórios, já que a saúde não é uma das melhores com tantas indústrias e tal ar cinza. Mas, mas comigo as coisas andam ao contrário, é apenas algo que estou notando de alguns dias para cá.

As pessoas vem me tratando com uma inquietante delicadeza. Já notava aqui sinais suspeitos. Duvidosos, pistas sem crime, quase nada. A sensação de que algo estranho tomou corpo mesmo, foi na semana passada. Um antigo vizinho que já foi meu amigo, me telefonou! E sem delongas desfez um mal entendido que nos afastava, não voltamos a ser amigos, porém, a inimizade morria ali.

Como havia dito, eu já estava desconfiado piamente de algumas amabilidades... O episódio do vizinho fez emergir em minha essência a hipótese de uma trama, que já mobilizava até as pessoas distantes... Mas, e as próximas ?

Tenho prestado atenção. Os telefonemas amáveis, sem motivo. Durante esses telefonemas fico logo a espera do esclarecer, de ser declarado o que a enrolação escondia e ouvir de qual pecado eu estava sendo perdoado.
     Não se vai, um número inesperado de pessoas me dão agora bom dia, com licença, me deixam passar na fila, insistem que eu passe na fila. O jornaleiro até foi a porta da minha casa avisar que haviam jornais novos! Mulheres que antes passavam como executivas e me ignoravam de nariz empinado agora piscam pra mim, sorriem de volta e acenam. Não a muito tempo um homem de pasta e terno, suado, virou se para mim, e, apesar de apressado me deu o último espaço em um elevador. Até meus vizinhos agora não fazem mais barulho depois das dez da noite. Carros que passam agora abaixam a luz dos faróis nas vias que passo. Vendedores de besteiras em faróis passam pelo meu carro sem Sequer olhar. Até às crianças agora me dão um "oi" quando passam por mim. Mas não sai de mim, essa dúvida, por que está acontecendo isso ? quem está tentando botar na minha cabeça que as pessoas são um doce ? A última jogada foi hoje de manhã, botaram um sabiá para cantar na sacada ao lado do meu apartamento de segundo andar. O que significa isso ? O que querem de mim ? Me pergunto o que vão pedir em troca de tamanhas gentilezas. Mas infelizmente... Venho a dizer com um pesar que acabo essa história aqui, pois, logo desci as escadas do apartamento já que o elevador estava cheio, saio para o banco, os seguranças me fazem esvaziar os bolsos antes de adentrar. enfrento uma fila grande para chegar ao caixa, e, me dizem que não aceitam cheques de outra pessoa para pagar a conta. Saio de lá xingando todo mundo. Atravesso a rua na chuva que acabou de começar, meus óculos caem no estresse e atravesso a via colocando em risco a minha vida. Dessa vez, um caminhão de farol baixo descendo a mesma me acerta. Caído ao chão molhado e eslamasado, coloco me a sonhar, Com tamanhas gentilezas em uma cidade grande.


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