Possuídos escrita por Naiara


Capítulo 5
Capítulo Quatro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746368/chapter/5

Sophie e Erick ficaram em um silêncio constrangedor. Ela então decidiu explorar um pouco mais a pequena casa abandonada que eles estavam hospedados.

Sophie acabou encontrando uma vassoura meio velha, e ficou aliviada por achar alguma coisa para fazer, mesmo que fosse algo bobo, ele começou a varrer a sala, pois era lá que eles estavam dormindo, Sophie tinha que fazer alguma coisa, não aguentava mais só ficar parada. Esse era o maior problema de ser um fugitivo e ter que viver escondido, o tédio era mortal, pensou Sophie. Erick percebeu o que ela estava fazendo.

— Você não precisa disso. - Disse ele se levantando do sofá.

— Por que não?

— Veja. - disse ele mostrando suas asas. Ele a bateu e todo o pó que havia naquela sala estava saindo pela janela aberta.

Quando ele parou, a sala ainda parecia bastante suja, mas com certeza ficara mais limpa do que se ela estivesse a limpado com aquela vassoura velha.

— Está melhor assim? – Perguntou.

— Sim obrigada, mas agora eu não tenho nada pra fazer. - Disse Sophie.

— Desculpe. - Disse ele. Erick se sentou no sofá, agora mais limpo, e Sophie se sentou ao seu lado.

Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo e Sophie começou a reparar no rosto de Erick. Percebeu que ele estava com os pensamentos bem longe dali, pois sua testa estava franzida, tinha os olhos fixos no chão e seu corpo estava imóvel. Ela poderia começar a dançar na frente dele que ele nem a notaria. Decidida a deixá-lo sozinho com sua mente, Sophie se levantou e foi até a janela mais próxima. Ela sempre gostou de ficar debruçada sobre uma janela olhando para o que quer que fosse. Olhando para todas aquelas árvores, ela também se perdeu em seus próprios pensamentos e medos.

Algum tempo depois, ela se sentou novamente ao lado de Erick que continuava em seu transe. Sophie tocou de leve o braço dele e imediatamente sua atenção se voltou para ela.

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Erick.

— Não, nada. – Respondeu Sophie. – É só que, você parecia em transe.

— Ah, bem, isso é porque eu estava ouvindo os anjos. – Respondeu Erick.

Sophie fez cara de quem não entendeu.

— Eu consigo ouvi-los as vezes e tenho visões também. – Erick explicou.

— Todos os anjos conseguem fazer isso? Você e Ian se comunicam assim? – Perguntou Sophie.

— Não. – Disse Erick. – Sou só eu, mas antes que me pergunte, não sei lhe responder o porquê. – Erick sorriu e se virou para olhar Sophie nos olhos. – Ian sempre acha que tenho as respostas para tudo, mas não é verdade. Eu espero que você não fique como ele.

Sophie retribuiu o sorriso.

— Não prometo nada. Você escolheu um humano que parece inteligente demais para possuir.

Erick riu. Sophie gostou do som de sua risada.

— Erick, posso te perguntar uma coisa? – Perguntou Sophie.

— Claro.

— Bem, se os anjos encontrarem uma solução e vencerem a guerra, os humanos que foram possuídos, terão suas vidas de volta?

Erick pensou por alguns segundos e respondeu:

— Se os anjos vencerem, voltarão ao céu e os humanos que sobreviverem, terão suas vidas novamente, mas alguns humanos não resistem após uma possessão, somente os mais fortes.

Sophie pensou em sua família. Talvez eles fossem fortes o bastante para sobreviverem. Uma centelha de esperança se acendeu em seu peito.

— Só que essa luta entre anjos e demônios não está nada equilibrada. – Continuou Erick. – Há muitos demônios e poucos anjos. Precisamos dar um jeito de abrir as portas do céu.

Sophie ficou pensado nisso por alguns segundos e encarou Erick.

— Porque você e Ian não estão lutando como os demais anjos? – Perguntou. – Eu entendo que eles acham que Ian é um traidor, mas se vocês lutarem ao lado deles, eles verão que não é verdade. Vocês não precisam cuidar de mim.

Erick passou a mão no cabelo e a encarou.

— A verdade Sophie, é que há algo maior acontecendo e parece que você está ligada a tudo isso. Se nós não descobrirmos o que é, toda essa luta será em vão. Os demônios têm algo planejado para a dominação total da terra e posteriormente do céu. E precisamos descobrir o que é.

Sophie perdeu o ar. Não sabia o que dizer ou fazer naquele momento. Toda a cor de seu rosto desapareceu e seu corpo começou a tremer. Não fazia nem ideia do porquê estar ligada à um plano de destruição do mundo.

Erick percebeu que Sophie ficara branca como cera e tentou acalmá-la dizendo que ia ficar tudo bem, mas ele mesmo sabia que suas palavras pareciam falsas.

— Sophie, não pense nisso. Não pense em nada. Eu fui um estúpido contando essas coisas. Peço que me desculpe. – Disse Erick. – Vamos descobrir tudo o que está acontecendo em seu devido tempo e iremos protege-la.

Sophie tentou dar um sorriso fraco para Erick, mas sua expressão mais pareceu com uma careta.

— Eu sinto muito – Disse Erick. - Falei demais, mais uma vez.

Sophie ficou em silêncio pensando em tudo que Erick disse e decidiu que tentaria ser forte e se não conseguisse ser, fingiria. Já passara por muita coisa ruim nos últimos anos e já não havia nada a perder. Precisava ser forte e enquanto vivesse, lutaria para salvar a terra com dois anjos esquisitos e perturbados. Não sabia ao certo o que poderia fazer para ajuda-los, mas estava decidia a tentar.

Horas se passaram e Ian ainda não havia voltado. Erick voltara a seu estado de transe e Sophie já estava cansada de ficar sozinha com sua mente perturbada.

— O que anjos fazem para passar o tempo? - Perguntou ela tirando Erick de seu transe.

— O que?

— O que anjos fazem para passar o tempo? – Repetiu ela.

Como o anjo estava com uma expressão de quem não entendia português, Sophie explicou:

— O que você faz para se divertir?

— Anjos não se divertem, mas gostamos de voar, na maior parte do tempo, mas no momento não podemos fazer isso. - Disse ele.

Eles ficaram em silêncio novamente por longos minutos. E Erick começou a se sentir estranho.

— Tem algo errado com esse corpo. - Disse ele. - Nunca senti isso antes. É um sentimento ruim e ficar parado só piora.

Sophie sorriu, ela sabia exatamente o que era e também estava sentindo isso. Na verdade esse sentimento a estava deixando louca

— O nome disso é tédio. - Disse ela. - Os humanos costumam ter quando não tem algo para fazer.

— Isso é frustrante. - Disse ele.

— Concordo e proponho que façamos alguma coisa.

— Mas o que vamos fazer aqui? Não tem absolutamente nada nessa casa. E nossa atual situação não nos permite sair daqui por enquanto - Disse ele passando as mãos no cabelo.

Sophie começou a se lembrar do que ela fazia para manter seu irmão entretido quando seu pai saía para buscar comida. E por fim lembrou-se de algo que ela gostava muito de fazer.

— Vamos dançar. - Disse ela.

Erick arregalou os olhos.

— Hein?

— Quando meu pai, eu e meu irmão estávamos fugindo, meu pai sempre saía para buscar comida, então eu e meu irmão sempre ficávamos sem ter o que fazer então nós dançávamos. - Disse Sophie. Ela olhou para Erick e viu que ele ainda a estava encarando com os olhos arregalados.

— É infantil, mas é melhor do que nada. Anjos não dançam? - Perguntou ela.

— Não. - Respondeu Erick.

— Eu te ensino então. - Disse ela se levantando do sofá e pegando a mão de Erick para que ele se levantasse também.

— Acho que não é uma boa ideia. - Disse Erick.

— Por quê?

— Não quero fazer papel de bobo Sophie.

— Estamos sozinhos aqui e você não é bobo. - Disse ela.

Ela se aproximou dele e colocou uma das mãos no ombro de Erick e com a outra ela pegou uma das mãos dele.

— Coloque sua outra mão em volta da minha cintura. - Disse ela. Ele parecia muito desconfortável, mas fez o que ela pediu. - Agora, só se mecha.

Ela começou a cantarolar alguma música e eles ficaram se mexendo de um lado para o outro.

Sophie olhou para Erick e ele a estava encarando. Seus olhos verdes estavam completamente concentrados no rosto dela. Ela parou de cantarolar.

— O que foi? - perguntou ela.

— Nada, só não estou mais sentindo o tédio. - Disse ele fazendo-a sorrir.

— Que bom. - Disse ela. - Vamos melhorar isso.

— Co...Como assim?

— Vamos fazer algo mais avançado do que ficarmos apenas nos mexendo de um lado para o outro. - Disse ela. - Damos dois passos para cada lado quatro vezes e no final do último passo você me roda. Entendeu?

— Acho que sim. - Disse ele passando a mão no cabelo parecendo confuso e envergonhado.

Ela sorriu.

— Pronto?

Ele assentiu e ela recomeçou a cantarolar. Eles deram os dois passos para a esquerda e mais dois para a direita, mas na hora de rodar eles estavam muito perto do sofá e Erick acabou se desequilibrando e caindo sobre o móvel, e Sophie acabou caindo em cima dele.

— Desculpe, eu disse que não sabia dançar. - Ele estava ficando vermelho.

Sophie riu.

— Não, você foi ótimo... Até a última parte. - Respondeu ela ainda rindo.

— Pare de rir.

— Não dá. - Disse ela. - É que anjos ficam uma gracinha quando estão envergonhados.

Ele também riu lembrando-se da queda.

Ian entrou na sala nesse momento e estranhou a cena. Sophie ainda estava em cima de Erick e eles ainda estavam rindo, mas quando seus olhares encontraram os de Ian eles pararam de rir imediatamente e Sophie se levantou.

— O que aconteceu? - Perguntou Ian.

Sophie saiu rápido de cima de Erick.

— Eu descobri como acabar com o tédio. - Respondeu Erick.

— O quê? - Disse Ian.

— Bem, você saiu e eu e Sophie ficamos aqui sem ter absolutamente nada para fazer e então ficamos no tédio, que é uma definição humana para isso e ela teve a ideia de me ensinar a dançar, e aparentemente eu não sou tão bom nisso, então eu tropecei e caímos no sofá. Nada demais - Contou Erick.

Ian olhou para Sophie que estava começando a ficar vermelha.

— Eu encontrei isso para você. - Disse ele jogando uma camiseta branca e uma calça jeans para ela.

Sophie pegou as peças de roupa.

— Obrigada.

— Também trouxe um pouco de comida e água. - Disse Ian

Sophie foi até o banheiro se trocar. Abriu a porta e viu que ele estava todo sujo, mas deu de ombros e entrou mesmo assim. Ela colocou a camisa branca sobre seu top e viu que a camisa era um pouco maior que aparentava ser. Colocou a calça e viu que também ficara grande para ela, mas dava para usar. Ela ficou agradecida por não ter um espelho por perto. Deveria estar com uma aparência horrorosa.

Sophie voltou para a sala. Ian e Erick olharam para ela.

— Nada mal. - Disse Ian.

Erick explodiu em gargalhadas.

— Nada mal? Olhe para ela! - Disse ele rindo.

Sophie olhou para ele irritada.

— Não estou tão mal assim. - Disse ela.

— Esta sim. - Discordou Erick rindo ainda mais. - Não sei porque, mas isso me faz rir.

Ian olhou de Erick para Sophie.

— Acho que as pessoas que moram na casa que invadi eram um pouco maiores que você. - Disse Ian.

— Um pouco? - Debochou Erick.

— Está bem, amanhã eu busco outra roupa para nossa 'miss' aqui. - Disse Ian deixando Sophie totalmente sem graça.

— Não precisa. - Disse Sophie. - Não é justo você se arriscar só para me trazer roupas.

Ele deu de ombros.

— Não corro risco nenhum, entro nas casas quando estão fazias e pego coisas que com certeza ninguém sente falta. - Disse ele dando um sorriso torto que fez Sophie corar. Ian com certeza ficara deslumbrante com aquele sorriso. - E aliás você realmente ficou engraçada com essas roupas.

Erick ainda estava rindo dela e agora Ian começara também. Sophie gostou de vê-los rindo.

A calça ficara enorme para ela, e Sophie acabou tropeçando nela e caindo no chão. Os olhos de Erick começaram a lacrimejar de tanto rir. Ian a ajudou a se levantar e então Sophie voltou para o banheiro e vestiu novamente seu short. Parecendo melhor, ela voltou para sala. Ian estava na janela, Erick estava esparramado no sofá velho, Sophie decidiu se sentar na cadeira ao invés do chão. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos até Ian se virar agitado.

— Eles nos encontraram. - Disse ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler até aqui ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Possuídos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.