Folhas de Outono escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Texto poético que me surgiu de última hora. Fala da situação de alguém que sofreu algo em vida, optou pelo lado mau e agora colhe num sofrimento eterno.

Boa Leitura.



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Folhas de Outono

Ele anda, sobre a grama cor marrom do outono, enquanto segura sua tristeza implícita em seu semblante. Há de saber que ele parecia ser outra pessoa perante a sociedade.

Não guarda rancor, só quer saber o porquê de ser excluído. Assim como uma folha marrom, seca e sem nutrientes, que despenca do galho por ser a mais feia e inútil das folhas...

Seu desejo é o consenso de todos, porém jamais terá algo assim. Querer não necessariamente é poder. A vida real, a estranha realidade.

Fugacidade! As pessoas pensam que seus desejos, suas escolhas e princípios são fugazes, imorais, abomináveis, sem direito a alguma admoestação.

Queria ser livre, libertade, libertad!

Caminhou pelo jardim do outono, folhas secas, folhas que caíam com o mais frugal vento que soprava do leste.

Viu uma árvore, uma lâmpada amarrada em um galho, fadas brincando ao redor da luz como insetos na vida real.

Sentiu um alívio por estar lá, sem o julgamento dos hipócritas, sem o falso moralismo, sem as máscaras e a aparência artificial.

Aproximou-se da árvore, pegou um punhado de folhas, jogou-as para cima e assim o vento espalhar.

Preto. O preto das vestes sacerdotais. A criatura sem rosto ditou as regras de viver naquele paraíso. As regras da senhora morte.

Regra número 1: não há tempo cronológico;

Regra número 2: não há fome, portanto não há nada para se alimentar;

Regra número 3: não há sede, portanto não há nada para se beber;

Regra número 4: não há sono, portanto não existe sonhos;

Regra número 5: o tempo de convivência aqui é indeterminado;

Regra número 6: não há muitas cores da vida, apenas o cinza e o marrom;

Regra número 7: grite o quanto quiser, ninguém irá lhe ouvir.

 

Ele aceitou o jogo da morte. O marrom do outono eterno. As folhas secas caindo... as fadas brincando na luz, a falta de calor sem sentir frio.

 

 

Soneto da Aceitação

Sempre me mantive numa falsa aparência

Vivendo sob o medo constante da iminência

De descobrirem minha verdadeira existência

Olharem à minha estranha aparência.

 

 

Sob a casca superficial

Chora um espírito existencial

Que luta para uma chance especial

Da liberdade carnal

 

 

Aceitei a minha sina

Como a maldição de Dorian Gray

Não tive escolha, acabei com tudo

 

 

Ao destino, purgatório, aceitei

Matá-los me livrou do mundo

Que antes vivia

 

 

 

POV

O gosto das folhas secas era de vento, minhas papilas gustativas já não existiam. Sou apenas um peso morto, entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

Sofri pressão a minha vida toda, tentei de tudo me segurar, colocar uma máscara e posar como alguém igual a todo mundo.

Por fora sou um lorde inglês, cheio de manias, tiques e enjoado. Por dentro, sou um porcalhão, espalhafatoso e sorridente. 

Pela pressão do mundo fui obrigado a matar a minha própria família. A pressão foi tanta que eu matei pessoas que eu gostava.

Queria ser livre e a morte fora o único caminho.

Aqui... neste jardim marrom, nesta árvore contrária à Yggdrasil, com estas folhas quebradiças, com este frio que não faz frio, com o cinza do céu e o gosto do nada da boca.

O rio de sangue cortava o jardim do outono. Como o Nilo que virou sangue, segundo o relato bíblico das Dez Pragas.

No reflexo, os rostos das pessoas mortas por mim. Meu rosto melancólico veio a seguir.

Sob as folhas secas, ao pé da árvore do nada, com o frio quente, sem vento. O outono da morte, as fadas brincando ao redor da luz, o tédio... Estou aqui, uma pessoa que sofreu preconceito e não foi ajudado.

Sob as folhas secas do outono...

Sob o céu cinza...

Com o frio que não faz frio

Vendo as fadas brincarem ao redor da luz...

 

Sob as folhas... secas do outono.


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Notas finais do capítulo

O final deixei implícito que a punição afetava a lembrança do narrador. Como naquele filme do Adam Sandler e Drew Barrymore.



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