Suri mordeu o pano tentando segurar o grito. O rostinho vermelho de tanto chorar, abraçava a minha cintura.

―Calma, já vai passar. ― tentava tranquiliza-lo. O velhote forçou a perna do pequeno de novo, pode ouvir o osso quebrar enquanto Suri começava a chorar ainda mais. Ajudei o a arrumar a perna usando um pedaço de madeira, dessa vez ela estava reta. Ele continuou a chorar baixinho, enquanto eu o arrumava pra dormir

―Daniel.

―O que?

―Eu te odeio... ― Não pude deixar de rir, Suri me encarou serio antes de finalmente dormir.

~*~

Voltamos ao quarto e deixei Suri na cama. Ouvimos os passos dos guardas se afastarem em meio ao barulho de maquinas. Logo ficaria perfeitamente escuro lá fora, velhote e o brutamonte já haviam preparado suas partes no plano.

―Ótimo, não estou ouvindo ninguém lá fora ― Disse, devia ser algo perto das 11 da noite. Fui até a porta, os outros ficaram inquietos, mas o velhote os acalmou. Talvez ele fosse o líder desse bando ou seja lá como for que essas pessoas se organizem, não importa. Agora eu tinha que me concentrar em abrir a porta sem fazer barulho. ― Suri ― ele me encarou, o rostinho todo amassado ― Tenta escutar se tem alguém vindo e me avisa certo?

―D'accord ― Ele ergueu as orelhas. Elas pareciam estar machucadas. Forcei a fechadura, não podia abri-la assim.

―Que droga.

―Deixa que eu faço. ― O brutamonte levantou o punho para quebrar a fechadura.

―Tá louco? Se fizer barulho perceberam nossa fuga.

―Então abre a porta logo!― Mal tínhamos começado e eu já queria socar esse cara, bati meu recorde agora. Senti um puxão na barra do meu casaco. Suri tirou a pelúcia de baixo da blusa e começou a desfiar o pescoço do boneco.

―Suri? ― Depois de fazer um buraco pequeno ele tirou de dentro uma pequena faca, e me entregou.

―Isso ajuda?

―Ajuda. Obrigado pequeno ― Pequei a faca sem saber como reagir a isso. Forcei a faca na fechadura, a ponta fina encaixava o suficiente para eu conseguir abrir a porta.