Férias! As férias de dezembro.Merecidas férias. Eu fui muito beneficiado após ter libertado Afrodine. Queria saber apenas o paradeiro do dono do antiquário. Foi muito estranho ele ter sumido um dia depois de ter me dado o pequeno vaso que estava selando a súcubo. E a tal seita secreta que resolveu agir... Tudo era muito nebuloso.

— Pedro?

— Hum?

— Pensando na morte da bezerra?

— Não, Luíza. Só estava apenas pensando em algo.

Passou uma semana desde o fim da escola. Quatro dias que não vejo Afrodine e nem uma informação sobre o seu paradeiro. Penso até que ela me abandonou, mas logo cai a ficha de que a tal seita pode matá-la se me matar.

Aproveitei a folga daquela maluca para organizar a minha vida pessoal. Luíza estava animada por causa da sua viagem para Londres perto do Natal. Queria tanto ir com ela... Enfim, minha mãe me babava e dizia que eu era o mais inteligente. Papai já pensava no meu futuro se ao menos eu ter ideia.

— Meu filhinho é o melhor aluno daquela escola, ou melhor, do estado. Eu tenho muito orgulho — disse mamãe.

— Vai passar as férias onde?

Respondi a Luíza que, talvez, viajasse para Porto Alegre. Meus avós por parte de pai vivem lá.

— Parece que eu tenho que ir agora. Jonas vai me levra para o cinema com uma galera aí. — Ela me deu um beijo no rosto e saiu.

Jonas... Jonas... Jonas. Isso é tão errado. Qualquer um que me vê com a Luíza shippa. Por que o primo fura olho sempre se mete?

Ela saiu do meu quarto, mas não antes de receber um convite da minha mãe para um jantar comemorativo. Algo tão brega assim só podia sair da mente dos Schiarelli.

— Eu vou comparecer. Pode me aguardar, Pedro.

...

Afrodine reapareceu sentada na ponta da minha cama, dias depois de sumir. Ela parecia séria.

— Vai, conta.

— Descobri quem está atrás de nós. Precisamos nos encontrar com uma médiun agora.

— Por que eu? Você não pode ir sozinha?

— Ela exige a sua presença.

Assenti, mas com desgosto. Resolvi visitar essa mulher. Saí para o centro da cidade.

3a pessoa

— Ele está saindo agora. Sozinho — disse Jonas falando com Sabrina.

O rapaz seguiu Pedro até o ponto de ônibus. Subiu na mesma condução que o outro. Ficou por um bom tempo na parte de trás, sem passar na catraca. Aguardou até ver Pedro se levantar para assim pagar ao cobrador e passar. Desceu um pouco atrás de Pedro, disfarçou com o boné até ganhar mais distância.

Pedro atravessou a pista. Assim que o fez, já estava acompanhado por uma mulher. Jonas reconheceu Afrodine de imediato.

— Ora, ora.

Viu entrarem numa casa no centro de Fortaleza. Como alguém como Pedro foi fazer ali?

— Eu sabia que ele era íntimo da Afrodine. Queria ter certeza. Eros, quero saber se ela fez alguma trapaça para o seu guardião. Isso pode me beneficiar na hora de conquistá-lo — disse Sabrina bebendo água de coco numa barraca de praia.

— Com certeza. Mas vai acabar manchando a reputação do garoto.

— E é aí que eu entro. Aquela tal de Luíza vai odiá-lo, e eu irei dar um ombro amigo. Vai ser fácil virar namorada dele.

Por Pedro

Chegamos na casa da tal médium. Era uma casa simples, de uma família simples. Vi uma garota anorexa chegar perto e nos chamar para um cômodo dos fundos. Nele havia uma bola de cristal e uma velha anã sentada sobre a mesa.

— Essa é a mãe Baba. Você pediu os seus serviços.

— Mas o que é isso, Afrodine? Eu não acredito em adivinhações.

— Relaxa. Mãe Baba não é humana. Ela é uma bruxa do outro mundo, lugar onde eu nasci.

— PREVISÃO EMOCIONANTE!!! — minha alma praticamente saiu pela minha boca depois do grito da velha.