Small Sun Beach escrita por Ayase
Notas iniciais do capítulo
No capítulo anterior de Small Sun Beach:
Mia participa do ensaio que a banda está fazendo para um futuro evento e após desistir de fazer seu pai contar sobre o que se trata o novo livro que o mesmo está escrevendo, ela é convocada para uma reunião no Queen’s para receber a notícia de que o restaurante irá fechar por problemas econômicos. Mia conversa com Daniel e o convence a ficar ao lado de Rose nesse momento. Mas Mia ainda não está satisfeita com tudo isso e tem a ideia que pode levantar o restaurante.
— O quê? – Daniel olhou torto para mim.
— Eu encontrei uma maneira e ela é bem simples. Eu creio que irá ajudar o restaurante.
— Mia... – Rose já estava se levantando da cadeira.
— Rose! Eu estou falando sério.
— Ao menos escute o que ela tem para dizer. – Thomas falou por mim.
— Precisava trazer seu namorado? – Daniel o olhou.
— Eu já disse que ele não é meu namorado! – Eu já estava ficando nervosa.
— Tudo bem Mia, fale. – Ela voltou a se sentar.
— A escola está planejando a festa para comemorar o seu aniversário e eu estava pensando em deixar o restaurante como local para a festa.
— E como isso irá ajudar? Você acha que o dinheiro que conseguiremos na festa daria por muito tempo? – Daniel comentou.
— Você realmente não entende onde eu queria chegar? – Suspirei – Rose, e se deixarmos que o restaurante não seja apenas o local que sirva comida, mas também um lugar onde ocorram eventos de qualquer tipo? Sabemos como essa cidade gosta de festa e quase toda semana há uma. Esse lugar é muito grande e adequado para ser alugado para eventos. Esses eventos sempre arrecadam bastante dinheiro...
— Eu não sei Mia... Há tantos lugares melhores para fazerem festas, aqui não estaria nem na lista.
— Rose, podemos dar um jeito nisso. Reformar, colocar móveis novos... Não sei, qualquer coisa. Eu sei que esse lugar tem muito potencial.
— Mia, chega. Vá embora... – Daniel se levantou bruscamente.
— Daniel, por favor.
— Você não pode pedir uma coisa dessas, esse lugar foi todo criado pelo meu pai. Nem nos atreveríamos mudar uma só coisa de lugar. – Ele pegou meu braço me levantando.
— HEY! Solte-a. – Thomas tirou a mão dele do meu braço imediatamente.
— Leve logo sua namorada para fora daqui. – Ele falou pegando a Rose cuidadosamente e a levantando.
— Vamos Mia, esse idiota é muito cabeça dura para lidar com tudo isso. – Thomas segurou minha mão me levando para porta.
— Danny... Espera. – Rose falou baixo e depois olhou para mim – Mia... Você realmente acha que isso daria certo?
— Rose – Soltei-me de Thomas e andei novamente a ela – Não posso ter certeza de nada. Mas Rose, meu pai me ensinou muitas coisas, e uma das mais importantes é a de que você pode falhar naquilo que tem. Mas você sempre pode se dar a chance de fazer o que realmente ama e arriscar com que aquilo dê certo.
— Por onde você acha que podemos começar? – Ela sorriu.
— Você não pode estar falando sério... – Daniel a olhou incrédulo – Isso pode mudar completamente o que ele planejou.
— Danny meu amor, se tem uma coisa que eu tenho certeza é que o Carter queria que esse lugar continuasse dando amor para todos. Assim, fechado do jeito que está, não iria ser o que ele esperaria que nós fizéssemos. – Ela colocou suas mãos no rosto dele – O que tem de demais em se arriscar um pouco, huh?
— Quando será o aniversário dessa escola? – Ele falou direcionando o olhar para mim.
...
— No Queen’s? – O diretor mostrou um olhar preocupado – Não é o tipo de lugar que eu queria que ocorresse a festa Sra. Steen.
— Eu entendo diretor. Mas dê uma chance, aquele lugar tem um grande potencial e espaço suficiente para a quantidade de alunos desta escola.
— É que aparenta ser um pouco velho e desgastado. Não acho que seria uma boa ideia.
— E se ele mostrasse uma nova aparência? Uma renovada, mas sem perder o estilo clássico e rústico que ele tem.
— Por que quer tanto que a festa seja lá?
— Porque é o meu, e de muitos, o último ano, tenho certeza que todos querem que o último ano seja repleto de festas maravilhosas. E começando por essa... – Sorri.
— E aí? – Os três estavam me esperando do lado de fora da sala.
— Então... – Mostrei um olhar decepcionado – EU CONSEGUI!
— PORRA MIA, NÃO ME ASSUSTA ASSIM! – Anne gritou me abraçando – Eu sabia que você iria conseguir. Ninguém resiste a essa loira.
— Esses olhinhos verdes convencem todo mundo, não é? – Falei piscando pra ela.
— Thomas que o diga.— Mark falou baixinho e eu só vi Thomas chutar seu tornozelo fazendo o mesmo gemer de dor.
— Mas então... O que irá fazer? – Thomas perguntou.
— Irei contatar Rose imediatamente e depois começar a pensar o que poderíamos fazer com aquele restaurante. A festa será em duas semanas, tenho pouquíssimo tempo.
— Temos. — Anne olhou para mim colocando sua mão no meu ombro – Nós vamos ajudar também.
— Obrigada...
...
Cheguei em casa e nem cumprimentei quando meu pai deu “oi”, subi imediatamente para meu quarto e sentei na cama. Se eu queria que aquele restaurante voltasse a ter vida como anos atrás, eu tinha de fazer isso direito. Fiquei com meu computador no colo pensando como irei organizar tudo. Já tinha ligado para Rose e avisado que havia conseguido, agora só tinha que pensar em como fazer ele concordar 100% com a ideia.
— Filha, olha o que eu achei no escritório lá. – Meu pai entrou no quarto – Como o Queen’s era quando foi construído. Tem até a foto do Sr.Carter na frente.
— Pai... Agora é um péssimo momento, preciso me concentrar em uma coisa. – Falei sem o olhar – Calma... O Sr.Carter?
— Sim, olha! É a foto de quando o Queen’s foi inaugurado... 29 de novembro, 1964.
— Deixe-me ver. – Peguei o papel velho que estava em sua mão, a página do jornal estava quase virando pó.
O lugar estava muito diferente do que é hoje, era repleto de luzes na estrada, muitos objetos antigos na entrada, e mesmo que a foto seja preta e branca, eu sentia que havia cores bem vivas em todo o restaurante. Mas algo me chamou atenção, o nome. Procurei por toda a foto e não achei nenhum “Queen’s”.
— Pai... Onde está o nome do restaurante? – Ele se aproximou de mim.
— Eu também fiquei curioso e confuso...
— Você pode me emprestar essa página? Eu preciso muito dela para fazer o restaurante voltar a funcionar! – Falei levantando da cama.
— Só não o danifique, é importante.
— PODE DEIXAR! – Gritei descendo as escadas e correndo para o restaurante.
Durante o caminho li mais o artigo e contava um pouco sobre o Sr.Carter. Ele falava que o restaurante era para sua esposa, Rose Carter. Ele passou 13 anos construindo aquele restaurante pedra por pedra. Antes que onde só havia aquela casinha dos fundos e um quintal imenso, se transformou em um grande lugar aconchegante para casais e jovens. O café era o principal atraente do local, todos que entraram na pré-inauguração ficaram apaixonados pelo café da Rose e seu omelete.
Depois de uns minutos consegui chegar ao restaurante.
— Daniel... Cadê a Rose? – Perguntei o vendo na entrada fumando.
— Na varanda. – Quando passei por ele, joguei novamente seu cigarro no chão – CARALHO MIA!
Ignorei seus xingamentos e subi as escadas, a encontrando numa cadeira vendo algo como um álbum.
— Hey... – Aproximei-me calmamente dela.
— Meu amor, pensei que viria somente amanhã.
— Eu preciso falar com você sobre outra coisa. – Puxei uma cadeira para sentar ao seu lado e mostrei o artigo.
— Oh céus, onde você conseguiu isso? – Perguntou pegando gentilmente a página em minhas mãos.
— Meu pai me mostrou, ele trabalha no jornal da cidade e encontrou.
Ela parecia prestes a chorar, sem piscar os olhos ela sorria vendo a foto com o maior cuidado.
— Olha como ele está feliz...
— Rose, eu preciso perguntar algo.
— Oh, sim. Pode falar. – Ela saiu de seus pensamentos e limpou as poucas lágrimas que caíram sobre seu rosto.
— Por que não há um nome? Não vejo o “Queen’s”. – Apontei para o local onde deveria estar a placa que hoje existe.
— Ah... O Carter disse que não havia pensado que algo decente, ele sempre teve a ideia de colocar o nome com algo muito significativo para ele.
— E por que ele escolheu Queen’s?
— Ele não escolheu. Até 2015, o restaurante não havia um nome. Depois de falecer, vimos que precisávamos dar um nome para tudo isso. E era o nome do barco que Carter tinha, então decidimos colocar igual.
— Então no fundo não há um significado especial no nome?
— Não... Por quê?
— Rose, eu acho que tá na hora de dar um significado a tudo isso. O que o Sr. Carter mais falava para você?
— Eu não me recordo muito bem... – Eu olhei para o álbum em seu colo e pedi para olhar.
Havia muitas fotos dos dois juntos no restaurante e na praia. Nas últimas páginas do álbum o Daniel estava presente.
— Posso perguntar uma coisa?
— Claro.
— Por que nunca tiveram filhos?
— Tentamos, mas depois percebemos que eu não consigo engravidar. – Ela falava enquanto eu observava as fotos calmamente.
— Entendo... – Eu parei para observar uma foto diferente.
— Ah... Essa foi a festa de 1 ano do restaurante, o Carter me deu essa plaquinha para eu segurar durante a festa – Ela estava com um vestido rodado segurando uma placa e o Carter estava ao seu lado apontando para o objeto nas mãos de sua amada.
— Lady Coffee?
— Todos amavam o meu café e o Carter me deu esse apelido... Aí começaram a chamar assim. – Ela riu.
Fiquei pensando um pouco e sorri.
— The Coffee Lady! – A olhei – É perfeito Rose! E tem um significado por trás, o Carter a chamava assim.
Ela parou para processar tudo e sorriu com os olhos para mim.
...
Uma semana se passara e a Anne com os meninos me ajudavam a levantar aquele restaurante. Encomendamos a nova placa. Os meninos pintavam o lado de fora do lugar e nós mulheres arrumava a decoração. Eu decidi reformar o restaurante e deixar como o da foto, quando foi inaugurado. Porém a decoração era um pouco mais moderna, mas ainda ficava o estilo antigo.
— Obrigada meninos, por ajudarem! – Andei até as paredes onde Thomas, Mark e Daniel estavam.
— Por nada Mia, estamos felizes ajudando o patrimônio da cidade. – Mark deu a sua famosa piscadinha me fazendo sorrir.
— Venham! Desçam dessas escadas e me ajudem a comer toda a comida lá dentro também.
Todos se sentaram numa mesa grande e começaram a devorar tudo que Rose havia cozinhado.
— Come mais rápido Mark, ainda não morreu se engasgando. – Anne estirou a língua.
— Fica quieta.
— Calma, eu vou pegar um pouco de refrigerante para vocês. – Ri levantando da cadeira.
Caminhei até a cozinha e Daniel veio atrás de mim.
— Eu levo tudo... – Falei pegando a garrafa da geladeira.
— Eu não bebo refrigerante. Já não basta o cigarro, se eu tomar isso eu morro quando chegar aos 25 anos.
— Você deveria parar de fumar então.
— Você já jogou fora dois cigarros meus, quer jogar a caixa inteira?
— Quero.
— Não tão cedo... – Ele pegou um copo d’água gelada e tomou tudo, depois passou a mão na boca enxugando a mesma.
Acabei rindo.
— O que foi? – Ele olhou confuso.
— Tinta... Você acabou de se manchar de tinta vermelha. – Eu apontei para seu rosto.
— Aqui? – Ele tentava achar o lugar onde estava manchado e fracassou – Pronto? Saiu?
— N-não – Fiquei rindo dele.
—Vai se ferrar Mia. Onde está? Você deve estar mentindo, não é? Idiota.
— Não estou... Fica parado. – Aproximei dele e passei um dedo no canto esquerdo de sua boca e subi para bochecha – Olha.
Mostrei meu dedo, agora cheio de tinta vermelha.
— Pronto?
— Espera. – Coloquei minha mão em seu rosto novamente para tirar o restante, mas senti seu olhar penetrar minha pele e foi impossível não olhar em seus olhos, o mesmo estava sério analisando meu rosto e eu procurava alguma expressão no seu.
— Mia, conseguiu achar a Coca Cola!? – A Rose gritou.
— Ah! – Desiquilibrei meu corpo com o susto e sai do transe – E-eu já estou indo!
— Ficou muito impressionada com minha beleza? – Ele me segurou antes de cair no chão e deu aquele sorriso irônico.
— Cala boca. – Sai de seus braços e fui até o salão.
— Ué, cadê? – Mark falou quando me viu sentar.
— Droga. Esqueci o refrigerante!
...
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