Small Sun Beach escrita por Ayase
Notas iniciais do capítulo
No capítulo anterior de Small Sun Beach:
O professor de fotografia elogiou o desempenho de Mia, mas ainda há muito o que aprender e ela contará com a ajuda de Daniel para isso. Ela também conheceu a Emma, irmã de Anne (o que não foi uma apresentação muito agradável). Um momento pai e filha marca o capítulo, Robin se abre com Mia e conta seus arrependimentos.
— Isso foi incrível! – Aplaudi quando eles terminaram de tocar.
— Mia! Há quanto tempo está aí? – Anne falou retirando a guitarra de seu colo.
— Tempo suficiente para ouvi-los tocar. – Sorri abraçando ela e olhei para os rapazes – Vejo que o teclado ainda está inteiro Mark, pensei que Anne já o tinha quebrado na sua cabeça aquele dia.
— Que nada, essa mulher me ama demais para fazer uma coisa assim. – O mesmo piscou para nós.
— Vai pra merda Mark.
— Vocês passam muito tempo ensaiando aqui? – Perguntei.
— Uma, duas horas, às vezes três horas. – Thomas saiu de trás da bateria.
— Sim, mas estamos ensaiando mais porque vai ter um evento na escola e o diretor nos convidou para tocar. – Anne sorriu.
— Só nos convidou porque não há mais nenhuma banda aqui. – Mark revirou os olhos.
— Cala boca Mark. É verdade que somos os únicos, mas tocamos bem. – Anne se sentou novamente e colocou a guitarra em seu colo.
— Muito bem. – A corrigi.
— Obrigado Mia... – Thomas mostrou seu caloroso sorriso – Vamos tocar uma para você.
Todos voltaram para suas posições e Thomas deu o sinal com as baquetas para começarem, eles acabaram tocando There She Goes do Sixpence None The Richer. Fiquei remexendo meu corpo no ritmo da música e sorrindo, sentindo o olhar de Thomas em mim. Anne então ficou em pé com sua guitarra me chamando para subir ao palco fazendo o sinal para cantar com ela, segui sua ordem e fiquei ao seu lado com o microfone cantando junto os principais versos. Até que ela deu as últimas notas e a música terminou.
— Senhoras e senhores, essa foi a convidada especial de hoje. Espero que tenham gostado. – Mark fez uma voz grossa e abriu os braços olhando para o salão vazio na sua frente.
— Obrigada obrigada! – Entrei no jogo dele e fiz uma referência para a grande plateia e depois todos nós acabamos rindo.
— Mas conta aí, que evento é esse? – Perguntei enquanto eles terminavam de guardar os instrumentos.
— Ainda não sabemos direito, mas acredito que seja para o aniversário da escola daqui uns dias. – Thomas falou.
— Sim, sempre fazem uma super festa para comemorar. Geralmente é na praia. Mas todo ano a festa é diferente contendo surpresas com o tema. – Anne pulou animada.
— E o que fizeram no ano passado? – Perguntei saindo do salão com eles.
— O tema foi anos 80, você tinha que ver o Mark como estava vestido. Foi ridículo. – Anne começou a rir.
— Cala boca idiota. – Mark fechou a cara e rimos do seu jeito infantil – Pelo menos eu não fiquei com o nojento do George.
— HEY! – Anne socou suas costas – Não foi por querer, só aconteceu.
— Eu vi, você sem querer escorregou no colo dele.
— Seu cretino!
— George, George...? – Tentei lembrar onde eu ouvi esse nome.
— Era o funcionário que trabalhava na festa.
— Você dormiu com um funcionário!?
— MIA! Não fala isso alto! – Ela tampou minha boca – Foi só uma noite e eu me arrependo.
— Ela estava desesperada para dormir com alguém aquele dia e foi o primeiro que apareceu. – Mark retrucou.
— Pois é Mark, você queria ter aparecido primeiro, não é? – Thomas falou.
— Não recusaria se ela quisesse. – Ele piscou.
— Vai se foder. – Anne começou andar mais rápido um pouco constrangida.
— Só se for com você, meu amor. – Mark gritou um pouco para ela ouvir.
— Desculpa Anne! Prometo não tocar novamente nesse assunto. – A alcancei abraçando a mesma, sem conseguir esconder um pouco do riso.
...
— Ah pai, você não vai mesmo me deixar sabe do que se trata o livro?
— Já disse que não. – Ele estirou a língua quando sentei atrás do balcão.
— Tá bom, não vou ajudar você a cozinhar. Vou ficar aqui só observando.
— Tudo bem, você não come então... – Rapidamente apareci no seu lado amassando os biscoitos.
— Para quê tanto mistério?
— Eu não costumo falar sobre o que é antes de publicá-lo. É isso. Não perca sua saliva tentando me convencer.
— Okay, eu desisto. Tenho que sair de qualquer jeito. A Rose pediu para passar mais cedo lá. Não coma tudo, deixa um pouco para mim. – Beijei sua bochecha e andei até a porta.
...
— Desculpa a demora, Rose. – Jason entrou falando com a respiração ofegante – Já começaram a reunião?
— Não se preocupe Jason. Vamos começar agora. – Ela mostrou o sorriso adorável que sempre a faz fechar os olhos – Vocês sabem que a situação do restaurante nunca foi a mesma depois que... vocês sabem.
Presumi que ela quis se referir ao falecido marido.
— Sim.
— Pois bem, o salário de todos vocês está atrasado. Eu sinto muito por isso.
— Não se preocupe Rose. Todos nós entendemos. – Falei mostrando um olhar sincero.
— Obrigada minha querida. Mas não posso deixar isso ficar desse jeito. Essas duas últimas semanas foram terríveis e eu não estou muito bem com isso. – Ela respirou fundo – Mia, sei que faz apenas algumas semanas que está nesse emprego, mas sinto em lhe dizer que vamos dar um tempo...
— O quê? – Nós três falamos ao mesmo tempo.
— Como assim Rose? – Perguntei.
— Eu vou o manter fechado por um tempo, até achar que tenho condições financeiras o suficiente para abrir novamente. – Ela deixou seu olhar fixo no chão.
— Eu não sabia que estava tão grave assim... – Daniel colocou suas mãos no cabelo em sinal de nervosismo.
— Rose, podemos dar um jeito. – Jason falou se aproximando.
— Não Jason, nós já tentamos de tudo. Mas é uma cidade pequena. Não há mais o que fazer. – Lamentou-se.
Rose falou que tinha arranjado um emprego em outro restaurante para Jason cozinhar, já Daniel iria decidir o que queria fazer e eu... Bom, ela me deu um pouco do salário que estava atrasado.
— Rose, não precisa. Eu realmente vim aqui para passar o tempo, eu não quero o dinheiro.
— Por favor, querida, já estou constrangida o bastante por tudo isso. Aceite e eu ficarei aliviada. – Ela colocou o dinheiro em minhas mãos novamente.
— Tudo bem, eu fico. Mas eu ainda queria ajuda-la... – A olhei.
— Você já ajudou bastante, vá para casa agora e fique com seu pai. – Eu a abracei forte, eu estava a ponto de chorar por ela. Era a primeira vez que estaria fechando o restaurante – Inclusive, você viu para onde o Daniel foi? Queria falar com ele.
— Eu vou procurar.
Andei por todo o restaurante e não o encontrei. Então subi até a varanda e fiquei o buscando pela areia, até ver o mesmo em um canto mais afastado do restaurante. Desci as escadas e corri até a praia.
— Precisava ir tão longe? – Falei respirando fundo o encontrando.
— Estou sem saco para ouvir você falando. – Ele falou olhando para o mar.
— Larga esse cigarro! – Tirei o produto da sua boca e o mesmo olhou surpreso para mim.
— O que pensa que está fazendo!?
— Olha, para de ser infantil e volte para falar com sua mãe. Ela está com dificuldades e queria sua compreensão. Por que está tão irritado?
— Por quê? É a primeira vez que aquele restaurante fecha desde que ele faleceu! Aquilo ali que você chama de trabalho foi onde o marido dela batalhou para construir pedaço por pedaço e viveu até o último dia dele ali dentro! Aquele lugar é importante para mim tanto quanto para a Rose... – Ele gritava com tristeza em seus olhos – Eu prometi honrar os dois e sempre manter aquilo em pé... M-mas eu fui idiota e não estou honrando porcaria nenhuma.
— Daniel...
— Ele deve estar decepcionado comigo... – Daniel se deixou cair na areia e lá permaneceu sentado.
— Hey... Desculpa. Eu sei que o Queen’s é importante para você. – Sentei ao lado dele – Mesmo não ter tido a oportunidade de conhecer o Sr. Carter, eu tenho certeza que ele não estaria decepcionado com você nesse momento.
— Ele nunca deixaria isto acontecer... Eu prometi cuidar da Rose, mas até isso eu não consigo.
— A Rose não deve pensar assim.
— Você não sabe.
— Oh, okay. Com certeza aquela velha deve achar você um tremendo preguiçoso e vagabundo por estar em casa todo dia a ajudando no restaurante. É realmente um ingrato.
— Mia... – Ele olhou para mim.
— É sério! A Rose o ama, Daniel. E você é a única pessoa que ela pode se apoiar nesse momento, e se você acha que não ajudou ela em nada... Por que não a ajuda agora? Fique ao lado dela nesse momento, eu garanto que o que ela mais precisa é de um filho pronto para ficar ao seu lado não importa o que aconteça. – Virei minha cabeça sorrindo.
Ele parou para pensar enquanto me olhava.
— Droga Mia, você é realmente um peso em minha consciência. – Ele se levantou e foi embora, me deixando sem entender o significado daquela frase.
Voltei para o restaurante e encontrei os dois se abraçando.
Ele realmente se importa com ela, pensei e imagens da minha mãe veio na cabeça, nunca a abracei desse jeito.
— Mia? – Meu pai apareceu entrando no restaurante.
— O que está fazendo aqui? – Mexi minha cabeça para livrar os pensamentos e o olhar.
— Por que o restaurante está vazio assim?
— Oh, Sr. Steen. Perdão não avisá-lo antes, mas estamos fechando o restaurante... – A Rose se aproximou junto a Daniel.
— O quê? Mas...
— Pai, vamos para casa. – O puxei para saída.
— Calma Amélia. Rose, vim trazer um cheesecake para vocês, eu fiz em casa agora pouco. – Ele deixou o prato no balcão – É ótimo, o doce favorito da Mia. Espero que gostem tanto quanto ela.
— Oh, obrigada Sr. Steen. É realmente uma gentileza, faz tempo que não como uma sobremesa dessas. – Rose sorriu agradecida.
— Espero que seu filho goste de doces também. Agora eu vou indo, depois conversamos. – Ele acenou para os dois e saiu comigo.
— Foi bonito de sua parte dividir com eles. – Falei entrando no carro.
— Eu sou um cavalheiro, minha filha. Mas o que aconteceu? Você mal entrou no restaurante e já está saindo...
— Problemas financeiros. Admito que me apeguei bastante àquele restaurante. – Olhei pela janela o carro se afastar do local – E é a primeira vez que um lugar significou, pelo menos um pouco, para mim.
— Se isso te deixa um pouco mais para cima, ainda tem um cheesecake inteiro para você lá em casa. – Meu pai falou sorrindo para mim.
...
— Eu não acredito que o Queen’s realmente fechou! Eu pensara que seria um boato.
— Sim Anne... Aconteceu. – Suspirei sentada na escada.
— O Daniel deve estar arrasado.
— Você o conhece?
— Todo mundo se conhece nessa cidade Mia, nem que seja só de vista. – Ela sorriu – Ele estudava aqui ano passado, não eramos amigos. Mas ele sempre foi meio quieto sabe? E isso chamava bastante atenção da Emma, já que ele é atraente o bastante para ela.
— Eles namoravam?
— Ah não. Mas de vez enquanto eu os via se beijando nos corredores, era aquela coisa sem compromisso sabe?
— Entendo.
— Por que o Thomas parece estar tão cansado? – Olhei para meu lado, o mesmo estava com a cabeça encostada na parede e olhos fechados.
— Ele ficou a madrugada toda estudando. Parece que ele ficou de recuperação em alguma matéria. – Mark falou.
— Ele parece desconfortável... – Peguei sua cabeça gentilmente e coloquei em meu ombro.
— Enquanto ele fica dormindo aí no ombro de sua amada, vamos procurar o diretor para entregar a lista de músicas que vamos tocar na festa, espero que ele aprove. – Mark se levantou e saiu com Anne.
Fiquei esperando o Thomas acordar, mas ele parecia em um sono bem profundo, então fiquei olhando para frente onde tinha o corredor cheio de pessoas e vi o cartaz da festa do aniversário da escola, ainda com o tema sem ser exposto. Calma...
— É ISSO! – Gritei sem pensar e assustando Thomas que virou para o lado da parede, batendo nela – Oh Thomas, me desculpa!
Ele gemeu de dor e eu coloquei sua cabeça em meu corpo, abraçando ele.
— O que foi isso? – Ele falou ainda em meus braços enquanto eu fazia carinho em seus cabelos.
— Eu tive uma ideia... Que eu realmente espero que dê certo. –Sorri animada.
— Como assim? – Ele saiu dos meus braços olhando para mim – Do que está falando?
— Eu preciso sair Thomas, urgente. Pode me dar uma carona?
— Mia... Temos aula daqui a pouco.
— É importante Thomas, por favor. – O olhei desesperada e ele assentiu.
...
— Mia? O que está fazendo aqui? – Depois de bater milhares de vezes na porta do restaurante, Rose abriu.
— Eu preciso conversar com você Rose, é importante e de seu interesse... – Falei com Thomas confuso atrás de mim.
— O que foi? – Daniel apareceu.
— A Mia, ela disse que precisa falar algo importante...
A Rose deu espaço para entrar e sentarmos em uma das mesas. O Thomas ao meu lado e Daniel ao lado de Rose.
— Então querida, o que você queria tanto falar?
— Rose, eu sei um jeito para o restaurante voltar a funcionar... – Falei a olhando seriamente.
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