Ninguém melhor do que Jacob para dizer que não existe nada no mundo pior do que uma luta perdida, seja lá qual fosse. O garoto sabia muito bem daquilo, no momento em que pegou o envelope que seu pai segurava, em mãos. Os nomes gravados ali não o deixavam se enganar, o dia em que ele nunca quis aceitar que chegaria estava acontecendo. Todas as suas esperanças estavam perdidas. Nunca teria Isabella para si e, pior do que perde-la, era perde-la para Edward Cullen, um vampiro. Será que ela não sabia onde estava se metendo? Que aquela escolha só faria mal à Charlie e a ela mesma? Enquanto ele estava ali, se dispondo a dar tudo o que ela precisasse, mas ao que parecia, não era o suficiente.

— Jacob – Rachel lamentou, sussurrando o nome do irmão.

Não houve tempo. O lobo furioso saiu em direção a floresta, com a chuva forte tocando todas as partes de seu corpo depois que a blusa foi arrancada do mesmo. O velho Billy se pôs a chamar o único filho homem na rampa que havia sido criada para que facilitasse a sua locomoção. Chamando pelo nome do mesmo, que fingia não ouvir, ou até mesmo nem ouvia, devido a raiva grande que sentia, pode observar o convite no chão, totalmente encharcado por conta da chuva, ele conseguiu ler os nomes em dourado e, aquilo era o suficiente. O barulho de algo se rasgando anunciou que Jacob não estava mais em sua forma humana, e agora andava sob quatro patas. Não que fosse problema, afinal, poucas pessoas haviam saído de casa devido ao tempo.

— Deixe-o ir – a morena aconselhou o pai, que permanecia encarando as arvores, onde o lobo havia sumido por uma ultima vez – Jake precisa de um tempo.

— Você sabe? – o homem perguntou e, a menina assentiu, puxando a cadeira de rodas para dentro de casa.

Duas semanas depois.

Depois de algum tempo andando sob quatro patas, o lobo sentiu falta da temperatura tocando a sua pele. Sentiu falta de ser humano, mesmo depois de quase ter perdido o significado daquele nome. Uma noite antes do casamento, a Lua cheia pairava no céu, enquanto Jacob, em sua forma humana, resolveu andar por La Push, antes de voltar para casa. Ele gostava do barulho do mar, do vento entrando em atrito com o seu corpo quente, da luz da Lua sendo a única iluminação do local.

Quando então deparou-se com o que menos pensava em encontrar.

Uma garota deitada na beira-do-mar, com as ondas movimentando o seu corpo lentamente. Poderia ser culpa da escuridão noturna, mas a ruiva parecia extremamente pálida. O moreno correu na direção da mesma, engolindo seco ao perceber ter chego tarde demais. Ela estava morta, não haviam duvidas.

A ruiva, até então morta, sentou-se em um ato de espanto, despejando toda a agua presa dentro de si, para fora. Jacob a olhava com o espanto visível em seu rosto. No momento em que a mesma parou de tossir, ainda sentindo uma forte dor de cabeça, na parte de trás da nuca, ela erguei os olhos, podendo encontrar-se com os do Black, que congelaram.

Todas as linhas que prendiam à sua vida foram rompidas em golpes rápidos, como se alguém cortasse as cordas de um feixe de balões de gás. Tudo o que o tornava quem era – o amor por Bella, o amor por seu pai, a lealdade a matilha, o amor pelos outros irmãos, o ódio pelos inimigos, sua casa, seu nome, seu eu- desconectou-se de si naquele segundo e flutuou para o espaço. Mas, ele não ficou a deriva. Um novo fio o prendia onde estava. Não um fio, mas um milhão deles. Fios não, cabos de aço. Um milhão de cabos de aço o prendendo de uma única coisa – ao próprio centro do universo. Podia perceber isso agora – como o universo girava em torno daquele único ponto. Ele nunca tinha enxergado a simetria do universo, mas agora ela era clara. A gravidade da terra não o prendia mais ao lugar em que  estava.

Agora era a garota misteriosa no chão da praia, da qual ele nem sabia o nome ou o paradeiro.

Ela era quem o prendia.