A Fortaleza das Feras - Livro 01 (Caos e Ruína) escrita por Manon Blackbeak


Capítulo 19
Capítulo 18 - Vincent




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A criada berrou e derrubou a bandeja com o café da manhã, quando encontrou o príncipe sentado no chão, sangrando. Ele estava desacordado, completamente inconsciente e ensanguentado quando Robin adentrou o aposento. Havia uma poça vermelha, e Vincent sobre ela, estava com a pele cinzenta e gelada.

A fêmea mork pegou o príncipe no colo e correu pelos corredores do castelo, suas roupas mancharam conforme percorria até os curandeiros. O príncipe estava completamente desacordado, mais algumas horas naquela situação seriam suficientes para ele falecer. E seria mais eficaz usar sua força e velocidade superior para correr até a ajuda, do que aguardar os curandeiros chegarem no quarto de Vincent.

― Coloque-o aqui. ― Uma curandeira sinalizou, apontando para a cama disponível na enfermaria. 

A soldado rapidamente obedeceu, soltando o corpo frio e mole do príncipe sobre o colchão, ele estava completamente apagado. Robin afastou-se, cruzou os braços sujos de sangue e como uma sombra encostou-se na parede, observando cada movimento gracioso dos curandeiros.

Eles trabalharam de forma rápida, ágeis e cuidadosos, conforme estancaram os cortes verticais nos braços do príncipe e começaram a costurar a pele. Vincent fora esperto, cortara na posição correta, mas não profundamente o suficiente para que os curandeiros não conseguissem estancar.

O príncipe fora imprudente, mas, estava tão desesperado e ao mesmo tempo, tão sem esperança, que agira daquela maneira. Robin não poderia julgar, não na situação que ele estava. Portanto ela acompanhou cada movimento dos curandeiros, até que ele estivesse completamente limpo e com os curativos devidamente colocados. Então o medicaram, deixando adormecido.

Mas ele estava vivo.

Era o que importava. 

***

A luz surgiu conforme recuperou a consciência, com os olhos doloridos e o corpo fraco, lentamente despertou. Estava zonzo, confuso, não sabia o que pensar naquele momento. Com os braços trêmulos tentou levantar-se. Teve dificuldades, mas lentamente conseguiu sentar-se, percebendo que seus punhos e pernas estavam amarrados na estrutura de metal da cama.

― Mordra ordenou que você fosse amarrado. Ela considera você um perigo... Contra si mesmo. ―  A voz de Robin ecoou, Vincent olhou ao redor, constatando que não estava em seus aposentos, mas sim, na enfermaria. ― Não vou julgar a escolha que você teve, mas, preciso admitir que tem sorte em estar vivo. Outros membros da sua corte, tiveram mais sucesso.

O príncipe fechou os olhos por um instante, relembrando tudo o que passara, o que tivera feito.

A tentativa frustrante de fugir de tudo aquilo.

Que fora em vão, que dera totalmente errado.

Seus olhos azuis cinzentos fixaram-se na mork, estavam frios, vazios.

― É sorte ser refém de um monstro? Ser punido por escolhas feitas no passado? ― Começou a falar, com dificuldade.

― Estar vivo nas suas condições, sim. Estar vivo significa que você pode lutar, que você pode tentar reverter uma situação. ― De todas as criaturas do mundo, o príncipe não acreditou que quem iria falar aquelas palavras seria ela. Uma mork, uma maldita mork.

― Não posso confiar em você, Robin. ― Fixou os olhos no teto, tentando não encarar a mork, tentando não ficar enjoado, e nem cansado demais para prestar atenção nela. Mas seu corpo ainda pesava.

― De fato. ― Ela aproximou-se, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama do príncipe. ― Mas, se pensa que é o único prisioneiro de Mordra, está enganado.

Vincent não respondeu, mas seu olhar duvidoso foi suficiente para a mork prosseguir, mesmo que ele estivesse torcendo mentalmente para que ela ficasse calada:

― Para garantir a nossa lealdade, nós fazemos um contrato. Um juramento que assinamos com o nosso sangue e entregamos a Mordra, garantindo que faremos apenas o que ela mandar, sem questionar. Mas quando chegamos aqui, em Sidgar, eu senti essa ligação diminuir, ao ponto de ser praticamente inexistente. A magia está adormecida no continente, e o nosso contrato necessita dela para que continue ativo. ― Uma piscada, uma pausa e então um suspiro, observando o que havia ao redor, certificando-se de que ninguém estaria ouvindo o que ela contava. ― Se você acha que está sozinho, Vincent, você não está.

― Isso é problema seu. ― Ainda estava zonzo, fraco. Não queria ouvir ninguém, não queria conversar com ninguém, se tivesse forças... Faria com que Robin se calasse.

― Não questione, apenas faça o que eu mandar daqui em diante. E não esqueça que você não está sozinho. Jamais estará, enquanto houver pessoas que dependem de você, como Olivia, ou enquanto houver pessoas dispostas a se arriscar para ajudá-lo.

Após essas palavras a guerreira mork afastou-se e saiu, deixando o príncipe totalmente sozinho.

Vincent permaneceu calado, tentando digerir cada informação. A maneira como o os fatos haviam ocorrido, como as horas haviam passado voado... Ele tentou não lembrar no que havia feito. Era uma sensação estranha.

Não sabia descrever o que sentia.


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