A Fortaleza das Feras - Livro 01 (Caos e Ruína) escrita por Manon Blackbeak


Capítulo 15
Capítulo 14 - Sora


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Madwolve! Obrigada pelo comentário ♥ Sinta-se a vontade para conversar e fazer perguntas! Haha! É bom saber o que estão achando.



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Os acontecimentos seguintes ocorreram como um borrão no tempo. Atravessaram a trilha até a fazenda, além do campo estava o enorme casarão da mulher sombria. Perci ainda estava desacordada, assim como Kristin, o garoto havia amarrado para que pudessem leva-lo. Benjamin saiu correndo, iria avisar o pai, quem poderia ajudar com todos aqueles ferimentos. O marido de Tereza surgira na casa arrumando os locais para que colocassem os dois guerreiros feridos, e fazendo os primeiros socorros, da forma mais ágil e cuidadosa possível.

Sora conhecia ele, Aeron, o guerreiro ruivo aposentado.

Irmão mais novo de Lionel.

No entanto, a jovem ainda não sabia o que pensar. Bart e Asher adentraram o casarão, junto dos dois colegas e de Tereza, Benjamin tratou de cuidar dos cavalos e leva-los aos estábulos. Ethan permaneceu na área de entrada, junto da jovem prateada. Ficaram só, em silêncio, esperando. Ela definitivamente não sabia se sentia culpa, ou se talvez fosse tudo um maldito acidente do destino. Sora bufou e após passar longos minutos caminhando de um lado para o outro, cruzou os braços, escorando-se no pilar de madeira da casa daquelas pessoas estranhas e excêntricas que haviam oferecido um teto e auxílio, os quais ela conhecia muito bem. Embora não pudesse revelar aquele detalhe a ninguém.

Tereza e Aeron eram fugitivos, haviam criado uma vida nova para poder sobreviver. Ela não poderia arriscar aquele detalhe revelando que conhecia eles.  

A sua frente, o campo de plantação de cevada estendia-se enorme.

Ela observou o horizonte, seus olhos verdes estavam aflitos.

― Está tudo bem? ― Ethan tomou coragem e aproximou-se, quebrando o silêncio.

Sora não teve o trabalho de encara-lo.

Então desabafou, despejando tudo o que a incomodava.

― Por causa da sua maldita necessidade de escolta até Edom, Perci e Kristin estão ferrados. Mas eu não sei se me sinto mais culpada por ter pedido para que eles viessem, ou se por ter pedido para que Perci deixasse o cavalo naquele momento. Ou se fico com raiva por ela ter agido tão imprudente ao atacar o lobo. Ou se me sinto culpada por não ter dado a volta pelas montanhas. Não sei se devo até mesmo ficar assustada com a ameaça no Norte. Não esperava por isso, não sei o que pensar.

― Todos concordamos que era o caminho mais rápido. ― Ele sentou-se na mureta de pedra. Sora não o encarou, observava ao longe o castelo de Edom erguer-se. As torres do outro lado do enorme campo no horizonte, estavam tão perto, que ela não esperava que toda aquela merda tivesse acontecido. ― Sabíamos do risco.

― Eu sei. ― Sora suspirou. ― Odeio me sentir responsável por alguém.

― Imagine como eu me sinto, quando todo o meu reino está sob o comando de Mordra, aquela maldita.

― É, parece que todos estamos metidos em uma bela merda.

― Quanto tempo você acha que vai levar para eles atacarem?  ― Ethan desviou o assunto sobre o acidente, ora para Sora não se irritar, ora para que o tempo passasse mais rápido. Embora houvesse apenas calamidades para discutir.

― Eu não sei. Já vi conflitos ficarem dias, semanas, meses sem atacar, apenas esperando o momento certo. ― A jovem encarou as roupas, estava encharcada de sangue que começava a secar.

― Já lutou em campo? ― Ethan questionou, Sora percebeu que ele estava tentando desviar do assunto, ou se simplesmente estava interessado. Possivelmente os dois.

― Algumas vezes.

― Como foi?

― A primeira vez foi quando eu tinha quinze anos. ― Sora ignorou a cara de espanto de Ethan. ― Eu recém havia começado a receber missões, e Eamorn estava em conflito com Alaros, eles se enfrentaram no Deserto Silencioso. Nós ficamos duas semanas acampando e esperando que o exército de Alaros surgisse. Guerreiros da fortaleza, por vezes, são contratados para liderar ou dar apoio aos esquadrões de soldados, naquela vez, eu fui apenas para apoiar ― O príncipe ficou boquiaberto. Ela era tão jovem na época, e já tivera uma responsabilidade como aquela... ― Saímos vitoriosos, tivemos poucas baixas e no fim das contas Eamorn resolveu suas desavenças com Alaros através de terras e ouro. Teve outra vez, foi há dois anos, eu recém havia completado dezessete. Edom estava em conflito com Efraim, posse de terras, levou três meses para que se enfrentassem.

― E você lutou ao lado de quem?

― Edom, eles perderam e as terras continuaram pertencentes ao território de Odalia. Fui para substituir o seu irmão, aliás, ele havia sido designado para liderar um esquadrão e recusou. Na ocasião não conheci o Rei, nem o lorde de Edom, mas... Soube que estavam furiosos porque o príncipe Vincent Rosenrot havia recusado tal tarefa.

Estranhamente, Ethan pareceu surpreso com aqueles detalhes.

― Meu irmão tem seus próprios princípios. Mas eu já apoiei o nosso pai em outras ocasiões ― Ethan respondeu simplesmente, não parecia interessado em dar andamento no assunto.

Talvez ainda fosse um tanto incômodo falar sobre os irmãos.

Estranho.

De qualquer modo.

― É horrível. ―  Ethan não a encarou, mas mesmo assim a guerreira prosseguiu: ― Depois que você sobrevive a isso uma vez, nunca mais será a mesma pessoa. Começa a dar valor a certas coisas que antes não tinham importância, e começa a dar menos valor para a própria vida. No campo é cada um por si, você vê guerreiros morrerem, alguns que conhece bem, outros nem tanto, mas é cruel.

― E por que não desiste disso? Uma mulher como você...

― Em um mundo como nosso, eu seria um fantoche dos homens para satisfazer seus desejos. Ou uma fêmea para procriar como o marido bem entendesse. Mas na carreira que segui... Posso escolher cortar o pescoço deles. Posso viajar por todo o continente e os homens temerão a minha posição. ― Um sorriso cruel se formou nos cantos dos lábios da guerreira. ― Você só deixa a Fortaleza se estiver morto. Até então, sempre preferi morrer em batalha, do que sendo caçada. Mas particularmente, quando receber o seu pagamento, vou pegar o resto do dinheiro que guardei e ir embora desse continente maldito. Independentemente do que Arcádio quiser fazer, estou começando a ficar esgotada disso. E ainda assim, terei mais liberdade do que se tivesse escolhido outra vida.

― Quer ser uma desertora caçada até a morte? Casar e ter filhos não parece ser uma má ideia, vendo deste ponto de vista.

―Você é um príncipe, não entenderia a vida miserável que as mulheres precisam aturar. Minha escolha ainda é melhor do que viver nesse continente privado de magia e prestes a ruir. ― Sora não se importou se suas palavras atingiram Ethan de alguma maneira. ― Pelos Deuses, por que você faz tantas perguntas?

― Gosto de você, é interessante. ― Verdade brilhou nos olhos castanhos do príncipe, Sora resolveu fingir desinteresse. Ethan suspirou ― Quando chegar a minha vez de lutar, quero matar a rainha Mordra com minhas próprias mãos. É ela quem trouxe os mork até Edésia. Quero que pague pelas vidas inocentes que ela tirou.

Sora virou o rosto para observa-lo. Ethan parecia verdadeiramente determinado.

― Quando isso acontecer, príncipe, mande-me uma carta que virei visitá-lo. Quero vê-lo ser coroado um rei. ― Sora realmente gostaria de acreditar que aquela ideia seria o futuro certo. Edésia expulsar os mork, e todo sacrifício para ajudar Ethan não sendo em vão.

― Precisarei de uma rainha para ser um rei.

― Aposto que existem várias jovens caindo aos seus pés.

― Aposto que nenhuma delas tem um espírito tão selvagem. E nem arranca gargantas com as próprias mãos todas as manhãs ― Ethan lançou um sorriso.

Sora gargalhou e abriu a boca para respondê-lo, no entanto, Tereza surgiu. Ela era baixa, menor que Sora e Perci, mas uma altura comum para uma mulher. E bonita, poderia facilmente mentir a idade.

Os olhos negros fixaram-se na jovem prateada:

― O seu amigo, Kristin, acordou. ― Informou Tereza e então adentrou a casa, Sora e Ethan seguiram. ― Temos apenas um quarto disponível, com duas camas. Ficará com vocês, mais tarde faremos o jantar, mas, seus colegas, Kristin e Perci devem ficar de repouso. ― Esclareceu na sala de estar. ― Sora, se puder me acompanhar.

A casa por dentro era modesta, uma sala grande, com a escadaria que levava aos quartos, as decorações eram simples, sofisticadas, sem exageros. Era nostálgico estar ali. Sora ponderou, ao menos poderia contar para Ranborn e Lionel como estavam os parentes.

― Vou ver como Kristin está. ― Disse Ethan percebendo que não estava incluído em discutir seja o que for com a mulher. Então correu para onde os demais estavam.

***

Sora seguiu Tereza para o que ela constatou ser um escritório. Paredes com papel de parede vermelho e marrom, o piso de madeira envernizada. Uma escrivaninha, duas cadeiras em frente, e outra atrás, estantes com livros e papeladas. E em um canto da sala... Havia um felino.

Um gato preto quase do tamanho dos lobos abissais, grande demais para ser um gato comum doméstico, dormindo em cima de uma almofada. A mulher sentou-se na poltrona e colocou os braços sobre a madeira da mesa.

― Ignore ele, meu felino gigante está dormindo, ainda mais depois de comer enlouquecidamente. ― Ela voltou a olhar para a guerreira: ― Eu realmente não posso mentir que não sabia que vocês estavam na região, havia previsto isto. Benjamin e eu corremos para chegar a tempo, próximos o suficiente, mas não tanto, para que não parecesse suspeito.  ― Tereza fez uma pausa. ― Fico feliz que esteja bem, Sora.

Alívio.

Ver aquela figura era reconfortante, trazia a sensação de aconchego. Lembrava família, algo que Sora dificilmente poderia ter com segurança, não com aquele tipo de vida. Embora, Tereza, no passado também fizesse parte da Fortaleza das Feras, como uma domadora e vidente poderosa, muito tempo antes do nascimento da guerreira. Em uma outra era, que fora afogada e brutalmente arruinada após a guerra. Caos e ruína descreviam a situação daquele mundo, daquelas terras banhadas por sangue de portadores e descendentes de magia.

A mulher era uma exceção entre tantos outros que não haviam conseguido fugir da morte, quando houvera o massacre após a Queda. Tereza escolhera fugir, criar uma vida longe de Temesia e da possibilidade de Arcádio persegui-la. Embora, o general da fortaleza talvez não se arriscasse tentar qualquer ato contra ela, ainda mais pela mulher ser última domadora com sua fera viva, e uma lenda casada com outra, eram dois guerreiros poderosos que haviam optado por viverem livres.

Mesmo que isso custasse apagar do mundo qualquer sussurro de sua existência, de sua vida passada.  

― Lionel e Ranborn mandaram notícias.

― Sinto saudades deles, uma pena que não possamos pisar em Temesia. ―  Tereza espreguiçou-se na cadeira, adotando uma postura mais desleixada, mais tranquilo e menos formal. ― Aquele é o príncipe, não é?

― Mais legítimo impossível.

A mulher sorriu.

―  Entendo. Eu previ que vocês estão indo para Edom, correto?

― As vantagens de ser uma vidente. E sim, estamos. Ethan tem parentes lá, pessoas que podem ajudá-lo a unir forças para tentar conquistar Edésia novamente.

―  Bem pensado... ― A mulher ponderou, então olhou para Sora. ― Sabe que depois da queda minhas previsões sumiram, e começaram a voltar tão confusas quanto quando descobri que tinha este dom. Eu me preocupo com você, como se fosse minha filha, sempre que puder tentarei te proteger, por mim e por sua mãe, Siren.

Sora ficou em silêncio, fazia tanto tempo que não ouvia o nome da summoner, era estranho. Siren, aquele nome era uma lembrança tão distante, que a deixou um pouco dormente antes de prosseguir o diálogo. 

― O que você quer dizer com isso?

― Quero que você tenha cuidado, confie nas pessoas certas, e da mesma intensidade desconfie. Não posso lhe dizer com clareza o que vi, até para mim foi confuso. Mas quero que tenha cuidado.

Sora sentiu seu corpo gelar, então assentiu.

― Vou fazer isso. Agradeço a ajuda, Tereza, por tudo. ― respondeu. Se a vidente estava dizendo aquilo, então deveria obedecer. Mas pensaria com mais clareza mais tarde, ainda estava atordoada com todos os acontecimentos.

― Certo. ― Um alívio percorreu os olhos da mulher. ― Vocês são as únicas pessoas loucas o suficiente para andar pelas Montanhas da Alma. Mas não posso julgar, não pelo meu histórico. Deram muita sorte por Ethan ter nos encontrado. Lacan fugiu hoje mais cedo, para caçar ― Um olhar para o felino de pelo preto e sedoso, a expressão de repreensão da vidente era um tanto engraçada. ― Por pouco não perdemos a hora certa de ir atrás de vocês.

A jovem ponderou, não poderiam levar Kristin e Perci, aquilo estava explicito. Os dois estavam feridos demais. Ainda mais com aquele perigo rondando as terras edesianas de Edom.

― Gostaria de saber, se Kristin e Perci poderiam ficar aqui, somente até voltarmos. ― Não custaria questionar se os dois feridos poderiam ficar. Quando tivessem concluído a missão, passariam ali e ela daria um jeito, poderia pagar pela hospitalidade, mesmo que talvez Tereza recusasse.

― No momento não estamos abertos para receber hóspedes. Mas sua amiga tem ferimentos muito graves, seu amigo em um ou dois dias estará melhor, poderão ficar.

― Quando voltarmos, vamos passar aqui novamente para buscá-los.

― Tudo bem. Sorte que o Aeron tem uma vasta experiencia como guerreiro e sabe lidar com esse tipo de ferimento.

Sora sorriu.

― Realmente. Vocês têm sorte de terem essa vida.

Tereza encostou-se na cadeira antes de responder:

― Nós temos uma vida muito boa aqui. Fabricamos bebidas, temos terras e uma casa grande e confortável. Fico realmente triste ao pensar na ameaça que está no Norte, pode arruinar tudo o que construímos ao longo desses anos. ― Ela observou a guerreira, um vislumbre de tristeza em seu olhar. ―  Seja o que for fazer em Edom, espero que não falhe, Sora. ― Então sorriu, com aqueles olhos arrasadoramente inteligentes, quebrando um pouco a tensão que havia pairado no ar. ― Sugiro que tome um banho e troque as roupas ensanguentadas. Caso precise de algo, fale comigo ou Aeron. Ou até mesmo Benjamin, caso encontre ele vagando por aí.

***

Sora seguira o conselho de Tereza, havia tomado um banho, além de lavar as roupas sujas e trocar por uma túnica limpa que trouxera. Mas não mais que aquilo, a vidente já estava oferecendo demais para eles, e teria de dar um jeito de pagar com ouro depois, mesmo que tentassem recusar. Embora... ao julgar pelo negócio que mantinham ali, com certeza tinham ouro suficiente. Não haviam se tornado nobres, não tinham algum tipo de herança, mas haviam crescido com o próprio esforço para ter uma vida confortável. E Sora sabia que aquela vida normal e boa que eles haviam conquistado poderia estar ameaçada, com o caos próximo.

E, no fim faz contas, nada mais justo do que pagar pelo auxílio oferecido quando pudesse. Sora analisou a adaga que estava em suas mãos, há poucas horas havia lançado uma idêntica no lobo abissal. E evitado que Asher perdesse a cabeça, literalmente. A lâmina reluziu contra a luz da lua que entrava pela janela e então a porta do quarto se abriu.

― Pensei que eles tivessem mais quartos. ― Ethan.

― Contando que possamos passar a noite seguros, não me importo. Não ficaremos muito tempo aqui.

O príncipe equilibrava dois pratos servidos com comida, Sora sentiu o cheiro do jantar e não conseguiu evitar que sua barriga roncasse, estava há horas sem comer.

― Bom, o pessoal está comendo e bebendo lá embaixo, e falando bem alto. Percebi que você não iria se juntar, embora Bart, Kristin e Asher tenham feito.

― Eles gostam de se vangloriar de suas histórias heroicas, devem estar fazendo isso.

Ethan sorriu.

― Perdoe-me por não trazer vinho também, senhora, mas não conseguiria equilibrar apenas com duas mãos. ― O príncipe fez uma leve reverência e entregou a Sora o prato com ensopado de pato, depois sentou-se na outra cama ao lado. Ela inspirou o cheiro dos temperos, pegou o pedação de pão e mergulhou no molho.

― Está muito bom. ― De fato, ela queria parabenizar Aeron, ele sempre fora um excelente cozinheiro. Além de que estava com muita fome, passara as últimas horas tão estressada que sequer lembrara de se alimentar.

― Parece que quem cozinha por aqui é o tal marido da Tereza, Aeron Westenberg, ele que me ofereceu comida na cozinha. Tem que o ver, ele é um cara alto e tem uma barba ruiva enorme, ele parece um guerreiro aposentado. ― Sora praticamente o ignorou, enquanto devorava o ensopado. De fato, Aeron em outra vida, fora um guerreiro.

― Tereza falou que deveríamos ter cuidado, em Edom.

Foi o suficiente para o silêncio recair entre os dois. Ethan não conseguiu engolir o pedaço de pão que levava a boca, Sora não fez questão de encará-lo e continuou comendo. Concentrada. Ela estava concentrada e ansiosa, e comer rápido e selvagem era a única coisa que podia fazer para matar a fome e não surtar e sair quebrando tudo. Corriam perigo, ela tinha certeza.

― Voltem para Temesia. Desistam, esse trabalho é arriscado demais. ― Ethan disse, por fim.

Sora ergueu o olhar, brilhava selvagem.

― Chegamos até aqui. Vamos concluir. Você vai nos pagar, príncipe, e nós voltaremos. Por mais que toda essa situação, política e sei lá mais o que me incomode, tenho uma missão para cumprir e a farei.

― Mas e os mork?

― Lidarei com eles, caso nos encontrem. Sugiro que você use capuz durante o caminho. Não devem ter invadido o castelo de Edom ainda.

― Caso nos encontrem, farei questão de me entregar, se isso for uma possibilidade para vocês fugirem.

― Isso, vossa alteza, eu realmente preciso concordar.

Ethan piscou, então levantou-se subitamente.

― Onde vai? ― Sora o analisou, da cabeça aos pés, conforme o príncipe se afastava. Havia um brilho diferente em seus olhos...

― Vou pegar mais ensopado.

Então saiu.

Mas o prato ainda estava cheio, largado em cima da cama. A fumaça do calor subindo lentamente.

***

Ao longe uma brisa suave percorria o corredor de árvores, a noite era intensa acima. E os olhos dourados cintilavam no escuro como o de uma fera pronta para atacar. Conforme se aproximava da outra figura parada nas sombras, esperando, a forma masculina se projetava na escuridão.

A casa ao longe, vista por fora era grande, o estabulo ficava próximo, e uma extensa plantação de cevada estendia-se no horizonte.

― Pontual como sempre, Elriel. ― Murmurou ao cruzar os braços, seu rosto ainda coberto pela escuridão da noite. A forma feminina, que o aguardava, aproximou-se, como uma sombra sorrateira e mortal.

― Vossa Alteza, Príncipe Raiden Montheryan, estou ao seu dispor. ― A mork fez uma mesura, abaixando a cabeça diante de seu superior, demonstrando o respeito abissal que tinha pelo príncipe.

― Como estão as coisas em Ansélia? ― Questionou Raiden enquanto a mulher se levantava.

Era uma figura emblemática, baixa e esguia, com cabelos negros e curtos na altura do queixo, lisos e deixando as orelhas brancas e pontudas a mostra. Olhos eram levemente puxados, de íris cor de ametista brilhante. As roupas completamente negras, combinando com as armas pesadas que carregava presas ao corpo. Uma fêmea mork, uma aliada de Raiden.

Por fim, a fêmea ponderou e então voltou a falar:

―  Mordra fez Vincent decretar clemencia a Darllarya, além de fazer todos acreditarem que Ethan está morto. Olivia continua em seu sono profundo, a bela princesa adormecida.  E ainda estão estudando um modo de localizar as asas.

― Parece que está ocorrendo tudo como ela havia planejado. ―  Sério e abstrato, o Príncipe Mork cruzou os braços. ― Mordra é inteligente, declarar que Ethan Rosenrot está morto torna fraco o poder da família real, de um sentido político. Mas, de qualquer forma, quero que continue fazendo essa tramitação de informações para mim. Enquanto eu observo essas pessoas. 

― A filha da summoner está entre eles.

― Sim. Infelizmente sim. E você a viu bem de perto, não é mesmo? ― O resquício de um sorriso formou-se no rosto do príncipe, Elriel resmungou.

― Foi um erro, eles não deveriam ter notado a minha presença naquela vila. E eu consigo farejar o cheiro daquela linhagem daqui. ― Elriel quase rosnou, não gostava daquela espécie. E principalmente aqueles que eram portadores de magia, o cheiro era sempre diferente e mais nauseante. Mesmo que o poder tivesse sido suprido em Sidgar. ― O contrato ainda parece fraco?

― Sinto que a cada momento em que me aproximo de Ansélia, e de Mordra, as correntes se tornam mais intensas, quando estava longe, era mais tênue. Mas não exerce mais controle sobre mim, não como em Darllarya. Avise meu irmão e meu primo sobre isso.

― Não confio em Eleazar, mas posso tentar dialogar com Genesis.

― Faça o que achar melhor, de qualquer modo. Eu também não confiaria neles. Quero que você dê uma verificada em Edom e me passe mais algumas informações, não se distancie por um tempo.

― Seu pedido é uma ordem, Vossa Alteza.


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Notas finais do capítulo

Dúvidas? Críticas? Elogios? Eu tenho uma insegurança muito grande com esses capítulos que tem muitas cenas, da impressão de que fica confuso XD



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