A Fortaleza das Feras - Livro 01 (Caos e Ruína) escrita por Manon Blackbeak


Capítulo 10
Capítulo 9 - Sora


Notas iniciais do capítulo

Capítulo EXTRA!!! Novinho que introduzi depois da correção ♥ Espero que gostem!! Comentem e digam o que acham.



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― Que tal este? ― Perci ergueu o vestido de cor verde, escuro como musgo, mas vibrante. Seus detalhes em dourado cintilavam com a luz do fim de tarde, era bonito, longo e simples. Com um decote na frente, mas com uma costura que poderia sustentar muito bem seios até maiores que os dela, deixava as costas expostas. Bart, enquanto isso, permanecia atirado na cama de Sora.

A guerreira, escorada na parede da porta do banheiro, ergueu as sobrancelhas.

― Gostei. Você que escolheu?

― Obvio! Depois você me paga, claro. ― Perci deu um sorriso amarelo, Sora suspirou e assentiu. Ela certamente pagaria por uma peça como aquela, embora, parecesse ser bem caro. ― E combina com os seus olhos. 

― Ela está bem inspirada hoje, tenha cuidado, Sora. Perci escolheu roupas até para o príncipe, mas me mandou entregar. E falar para ele que eu estava emprestando. ― Comentou Bart, enquanto se sentava para encarar a guerreira. Perci poderia parecer um monstro insensível, mas, sempre estava preocupada com o bem-estar de todos, e tinha uma habilidade de fazer com que pessoas novas se sentissem incluídas, mesmo que ela não gostasse muito da mesma.

― Não vou alimentar o ego de príncipe dele.

― Você nem o conhece para poder dizer algo assim. ― Retrucou Bart.

― Todos os homens têm um ego questionável, querido.

O loiro ergueu as sobrancelhas, Perci revirou o olhos.

― Certo, certo, você não é todo mundo. E Kristin também é um cara legal. Mas Asher, pelos deuses, não sei como você consegue trepar com aquela besta humanoide, Sora.

― Necessidades físicas saciáveis, Perci.

A morena fez uma cara de nojo, e fingiu ânsia de vômito.

― Prefiro o verme do pântano a ele. Mas você é uma mulher livre, deve trepar com quem quiser, quantas vezes quiser.

― Somos livres até certo ponto.

― Bartolomeu, eu não vou entrar nessa discussão agora. Eu só quero ficar bonita e beber a noite toda. Não me faça criar rugas desnecessárias.

Bart ergueu as mãos, mas não retrucou.

Sora se afastou da parede, e descruzou os braços. De fato, ela e Asher tinham um relacionamento, mas, ao mesmo, não tinham. Guerreiros eram proibidos de se casarem, de terem filhos. Tanto que havia pouquíssimas mulheres entre eles. E durante os exames periódicos que faziam, elas eram obrigadas a tomarem tônicos contraceptivos para evitar uma gravidez. Mas de todo o modo, ela não nutria nenhum sentimento a mais pelo guerreiro. No máximo, uma singela amizade.

Bart e Perci eram muito mais próximos dela.

― E para você, o que escolheu?

― Um vestido da cor da estação, você verá.

O sorriso de satisfação de Perci disse tudo.

***

Estava na entrada da fortaleza. Os guardas nos portões observavam atentamente, sem mover um único musculo na direção do príncipe.

Então, os três guerreiros se aproximaram.

Ethan não sabia ao certo como expressar a visão de que tinha naquele momento. Jamais, em toda sua miserável vida, imaginou que veria uma criatura como aquela. O longo vestido verde, simples, mas com um corte que desenhava o corpo de uma forma delicada e ao mesmo tempo sensual. O tipo de roupa que ele nunca imaginaria ver a guerreira usar. Os cabelos de Sora estavam com uma parte presa para cima, com tranças finas segurando, e os olhos, perfeitamente desenhados com um contorno preto, que deixava a cor esmeralda ainda mais brilhante.

A guerreira estava acompanhada de Perci, com um vestido que era vermelho em cima, e descia fluindo do laranja até as pontas de cor amarela. Cores características da estação, e muito parecidas com o fogo ardente. O modelo era semelhante ao de Sora, mas ao invés de uma fenda nas pernas, haviam duas. O corpo cheio de curvas definidas, e o olhar tão assustador quanto o da outra guerreira. Era bonita, vendo daquela forma, de uma forma exótica também, diferente do que Ethan estava acostumado a ver. Mas, ainda assim, a visão daquela mulher prateada chamava ainda mais atenção. Ela poderia ser facilmente confundida com uma fada naquele festival, sua aparência era mística.

― Achei que você não viria. ― Bart gesticulou se aproximando, e tomando a frente das duas guerreiras. Estava igualmente arrumado, poderia se passar por um nobre, caso o príncipe não soubesse de suas origens brutais da fortaleza. ― Parece que serviu perfeitamente.

O loiro analisou Ethan dos pés à cabeça, havia entregado uma túnica de cor azul escuro para o príncipe, e embora Bart fosse um pouco mais alto e mais esguio, servira impecavelmente. Como uma luva. Ao menos ficara com uma aparência menos desgraçada, diferente de como chegara ali.

De certa forma, Ethan se sentia culpado por estar naquele evento, por ter se permitido sair do aposento na fortaleza e ir prestigiar do Festival do Outono. Parecia errado estar ali, quando todas aquelas merdas aconteciam no Norte.

― Obrigado, realmente serviu. ― Respondeu finalmente. Bart o analisou com os olhos da cor do oceano novamente, como se pudesse ler seus pensamentos.

As duas guerreiras que acompanhavam, aproximaram-se depois. Sora lançou um olhar rápido para Ethan, avaliando-o de uma forma que o fez estremecer. Aqueles malditos olhos felinos e sobrenaturais.

― Apenas tire a noite para poder relaxar. O que está feito, está feito. Mais uma noite de tristeza e arrependimentos não vão ajudar. ― Era sábio, de fato. Além de ser o mais empático entre os guerreiros temesianos que Ethan havia conhecido, Bart sabia falar o que era certo.

― Parece que serviu bem. ― A morena deu um passo na direção de Ethan, ela incrivelmente mais baixa que ele, sua cabeça batia na altura de seus ombros. E seus cabelos curtos castanhos escuros e lisos, estavam devidamente a arrumados.

A guerreira fez uma leve referência, de uma forma irônica, Ethan percebeu. Teria que tomar cuidado com ela, aqueles olhos pareciam espertos demais, analíticos demais.

― Nós vamos ficar parados aqui? ― Sora colocou as mãos na cintura, Ethan teve que conter o olhar que insistia em se fixar nas curvas da guerreira. Observando-a de perto, percebeu ele, ela deveria estar vestindo apenas aquele tecido verde... Talvez nada por baixo. Ele engoliu em seco. Foco. Deveria voltar para o foco.

― Mal posso esperar para beber o hidromel que o Lionel vai preparar hoje. ― Os olhos de Perci brilharam. Então observou os demais, a maquiagem dourada nos olhos reluziu a noite. ― Onde estão outros os machos?

― Já devem estar bebendo na nossa frente, vamos. ― Bart arrastou a guerreira pelo braço e os entrelaçou, e seguiu andando pela avenida, enquanto conversavam alto e gesticulavam.

Sora os seguiu em passos tranquilos. Havia adicionado as suas vestimentas sandálias sem salto, confortáveis e simples. Também colocara braceletes dourados, que não havia resistido comprar quando estava em Forte da Caveira. Por sorte, ou pelo destino, havia combinado com aquele vestido que Perci comprara, e que ela ainda teria que pagar. Em todos os anos, sempre que estavam em Temesia, eles iam aos festivais sempre que podiam. Havia cinco datas típicas que sempre comoravam na cidade: Inverno, Primavera, Verão, Outono e a virada do ano.

― Se me permite, você está deslumbrante. ― Ethan se aproximou, Sora o observou pelo canto dos olhos.

Parecia que ele tivera de reunir todos os pingos de coragem para dizer aquilo.

Ela poderia ter gargalhado com toda a hesitação, mas... Brincar com o medo dele e dar uma resposta inesperada, era mais interessante.

― Obrigada, você também está bem. ― Respondeu seriamente. Era uma gentileza, de fato. As calças pretas que ele vestira, eram emprestadas também... Mas, melhor do que antes.

Perci e Bart gargalhavam a frente, o que aliviou a tensão quando Ethan voltou a falar:

― Você é tipo... Uma chefe deles? ― O príncipe mudou de assunto, e ainda aproveitou a oportunidade para esclarecer as dúvidas que ainda tinha sobre aquela fortaleza.

Sora, para seu espanto, riu.

― Não, pelos deuses, não. ― Ela cruzou os braços abaixo dos seios, Ethan lutou para não reparar demais no movimento. ― Nós temos pontuações, aqui na fortaleza. As missões nos dão uma nota, e conforme vamos fazendo mais e mais, nossos números vão subindo. Kristin tem dígitos extremamente próximos dos meus, certamente ele poderia ter sido escolhido para liderar a missão.

― Então a sua pontuação... Ela é superior?

A guerreira o observou, com cautela.

― Pode-se dizer que ela é maior, apenas.

Interessante. Um sistema interessante para classificar guerreiros. Quanto mais alto o nível de suas notas, mais responsabilidade recebiam. E pensar que Sora estava com números maiores do que Kristin... Aquele homem era a personificação de um guerreiro. E ela... Parecia tão delicada. Pelo menos, quando não estava tentando dar um soco no nariz dele.

― Ah, pelos deuses, Ethan. Não vá começar a fazer perguntas sobre trabalho. ― Perci virou-se, como se estivesse ouvindo cada palavra que haviam dito antes. ― Beba um pouco, divirta-se. Finja que o mundo não é essa merda toda que vemos todos os dias.

Ele suspirou, e forçou um sorriso. Poderia fazer aquilo. Poderia tentar se divertir um pouco e esquecer todo aquele monte de porcaria que havia se metido.

Tentar não era uma má ideia.

***

Sora já havia bebido o suficiente.

O suficiente para estar tonta e começando a falar demais, mais do que normalmente falaria. Portanto, decidiu ficar um pouco sozinha. A música corria solta pela praça, era uma outra parte da cidade, localizada em frente ao templo das anciãs. Uma construção de cor pálida, com degraus que subiam até a entrada, e pilares que delimitavam a área que circundava o centro. O templo era, de longe... Uma grande esfera enterrada na terra. Como se tivessem cortado a metade e jogado ali. Mas era uma visão bonita, o teto espelhado, a grande extensão onde abrigavam o salão central, e os cômodos onde as anciãs, sacerdotisas e curandeiras moravam. O templo de Tempus. Era irônico o modo como as palavras soavam.

― Nunca pensei que conheceria. ― Ethan aproximou-se e se sentou ao seu lado, no banquinho de madeira.

Sora, com o copo de hidromel na mão, o analisou com os olhos semicerrados. A música era uma melodia típica e animada, as pessoas ao redor da banda giravam, se tocavam e dançavam. Ao redor, barracas com comida e bebidas tomavam conta, as árvores que circundavam e delimitavam a praça tinham lanternas laranjas penduradas, brilhantes com o fogo. Era uma visão bonita, alegre. Sora questionava se momentos como aquele ainda aconteceriam, caso o caos irrompesse e tudo se tornasse ruínas novamente.

A guerreira, subitamente, desviando o olhar da sinfonia e encarando o príncipe, perguntou, ainda zonza com a bebida exclamou:

― O que você disse?

Não havia prestado atenção no que Ethan falara.

― Falei, que jamais pensei que conheceria o templo de Tempus.

Sora voltou o olhar para a multidão que dançava, e encontrou Perci, acompanhada e Bart e Kristin girando e deslizando entre a multidão. Ela e o guerreiro moreno eram bons amigos, a guerreira lembrou-se, mas jamais haviam tido algum relacionamento além disso.

― Eles combinam, não combinam? ― Ethan referiu-se ao casal.

Sora sorriu, mas sua expressão se fechou quando percebeu que Ethan estava bem sóbrio, e tentando desesperadamente puxar conversa.

― Só na sua cabeça. Perci tem bons amigos homens, mas, não se relaciona com eles dessa maneira. Não da maneira que você está insinuando. ― Ela ergueu uma sobrancelha, o príncipe não retrucou.

― Mulheres então?

― Que pergunta mais descarada, príncipe.

― Desculpe.

― Beba isso. ― Asher surgiu entre a multidão e entregou uma caneca de cerveja ao príncipe. Sora não havia o visto mais, deveria estar com outros colegas guerreiros bebendo.

Ela decidira ficar um pouco sozinha, depois de ter ficado bons minutos conversando com Lionel e Ranborn, bebendo do hidromel de graça. Um privilégio de fazer parte daquela estranha família.

― O que está achando? ― Questionou o guerreiro, Ethan bebeu a cerveja antes de falar.

― É como o nosso Solstício de Inverno, mas... Sem cerimonias religiosas, é diferente.

― Nosso objetivo é beber e esquecer um pouco essa vida miserável. ― Ethan não soube decifrar se Asher falava fortaleza, ou da vida em Sidgar, de modo geral.

Antes que o príncipe respondesse, uma mulher surgiu entre a multidão. A música parou por um momento, e ela correu até o guerreiro. Era bonita, não tão devastadora quanto Sora naquele vestido verde, mas, era linda mesmo assim. 

― Vamos! ― Foi a única coisa que aquela bela estranha disse ao arrastar o guerreiro, Asher não recusou e saiu correndo atrás.

Ethan observou-os se afastar e juntarem-se a multidão, que estava ao redor da banda.

O príncipe rapidamente lançou um olhar a guerreira, e a encarou, de uma forma desafiadora.

Que realmente ela não esperava quando estralou os olhos.

― Não ouse.

Ethan sorriu e ficou de pé. Tomou sua bebida até a última gota e estendeu a mão para a guerreira:

― Me concede esta honra?

Sora balançou a cabeça, largou o copo vazio no banco que estava sentada e ficou de pé.

― Concedida. ― Ela fez uma breve mesura desequilibrada, Ethan gargalhou e pegou a sua mão.

Então eles deslizaram até a multidão.

E dançaram, dançaram e dançaram.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Tenho uma pergunta, por favor, respondam: Ficou muito aleatório esse capítulo? Fico com medo de deixar meio desfragmentado o andamento por introduzir novos acontecimentos... Digam :)



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