Quando o professor termina de explicar qual é a tarefa do dia, Jean tem vontade de bater sua cabeça contra a parede repetidamente. Talvez roubar um vira-tempo e voltar para o início do dia, quando decidiu que seria uma boa ideia sair da cama. Em vez disso, começa a editar seu cronograma mentalmente, separando algumas horas depois do treino de quadribol para fazer a redação pedida.

Sobre a poção do amor. A mais poderosa do mundo. Sim.

Ele não entende muito bem o fascínio que as pessoas sentem pela poção. Talvez seja o fato de que Riko fez questão de destruir todo e qualquer resquício de romantismo que Jean pudesse ter à força, transformando-o numa sombra de si mesmo. Talvez seja o fato de que ele não ache que vá sentir cheiro algum se se aproximar do caldeirão.

Não há nada na vida que ele goste, de qualquer forma.

Não Hogwarts, não Quadribol, definitivamente não a si mesmo.

É curiosidade mais que qualquer outra coisa que o faz se aproximar da mesa em que o professor ostenta a poção. Talvez um pouco de vontade de provar a si mesmo que nada consegue afetá-lo, ainda, que é o tipo de pessoa que vai continuar sobrevivendo mesmo que perca tudo, porque não tem nada. Que não se deixou esquecer as verdades da vida.

Num primeiro momento, ele não sente cheiro de nada. Seu estômago se revira, enjoado, ao mesmo tempo em que ele dá um meio-sorriso satisfeito. E então—

(bolo de chocolate na cozinha depois de um pesadelo, terra úmida das estufas de herbologia, o canto da biblioteca que ele usa pra ficar sozinho)

— Jeremy.