Desabafos escrita por Yurie


Capítulo 13
Você; Clichê




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Mas como eu poderia evitar me apaixonar...

...

É pelo menos a terceira vez que apago esse capítulo e tento postá-lo de novo. Talvez seja, então, a décima segunda que tento reescrever o texto. 

Não simplesmente por algum tipo de orgulho de escritor, porque quero um texto mais longo, mais belo, mais... Sei lá. Não. Dessa vez, eu juro, não tem nada a ver com isso. 

É simplesmente a hesitação em admitir que eu amei você. 

No pretérito perfeito. Ação começada e concluída, pertencente ao passado. 

Certo?

E sim, uso essas palavras sabendo que sou [somos] jovens demais para saber o que, exatamente, é o amor e o que significa esse sentimento. Uso essas palavras sabendo que daqui a alguns anos eu talvez olhe para trás e me ache um perfeito tolo por ter um dia definido isso assim. 

Mas por enquanto - por falta de uma palavra melhor, talvez - eu vou correr o risco. 

E eu sinto essa necessidade enorme de te contar, de deixar isso aberto e explícito, não porque eu ache que você precisa saber o quanto me magoou, mas porque eu preciso encarar o quão funda é essa ferida que se recusa a fechar. 

Não quero lhe fazer se sentir culpada, veja bem. Eu sempre soube que você ia embora, essa não era nenhuma novidade. Mas eu te disse o que sentia mesmo assim, porque não queria ficar com aquele "e se...?" na cabeça. Não queria ficar pensando mil e uma vezes no que poderia ter acontecido, não queria perder mais nenhuma noite de sono imaginando o gosto dos seus lábios. 

Então eu te disse. E você quebrou meu coração em mil e um pedaços, e me machucou de uma forma que eu nunca tinha sido machucado antes. Então foi embora, e eu fiquei com um coração quebrado, sangrando e lutando para bater. Fiquei com medo de te ver de novo, quando você voltou [gato escaldado tem medo de água fria, não é assim?], e perdi a chance de passar preciosos momentos do teu lado. 

Você foi embora de novo e depois voltou de novo. 

Já tinha se passado quase um ano, e eu achei que seria seguro te ver. Achei que o tempo já tinha sido suficiente, que não me cortaria tanto. E aquele abraço foi a melhor coisa do mundo, e a tarde foi incrível, e eu mal notei que meu coração 'tava batendo mais rápido que o normal. 

Foi aí que notei que era mais idiota do que pensava. 

Porque você quebrou-me mais uma vez. Estilhaçou-me sem dó nem cuidado, e saiu andando e levando os cacos do meu coração recém-remendado com você, como se ele sempre tivesse te pertencido. 

E agora, aqui estou. Sentado na minha sala às 18:27 de um domingo quando eu realmente deveria estar estudando, porque estou pensando que você vai voltar daqui a pouco, e que eu vou te ver de novo. Estou pensando em todas as possibilidades desse encontro, em todas as piadas, todos os abraços, todos os pequenos gestos que vamos fazer um pro outro e cujos significados você nunca vai nem entender. 

Eu tentei. Eu fiquei com outras pessoas, tentei ter uma queda por algumas delas, tentei dizer a mim mesmo que tinha seguido em frente. Que você só era minha melhor amiga. Que eu pensava em você nos momentos mais inapropriados porque a gente fala sobre isso. Que eu só estava fantasiando, me agarrando a sentimentos passados porque eu não tinha nenhum crush. 

Mentindo. Voluntariamente me enganando, tentando ser surdo para todos os gritos do meu coração. 

Porque é tão previsível. Como um conto de mil versões e novecentos nomes; você já sabe o que vai acontecer no final quando lê a primeira linha, mas finge que não. 

Bem, eu deveria ter previsto que ia me apaixonar por você no mesmo momento em que te vi. Mas não. 

A verdade é que eu devo soar extremamente patético aos seus ouvidos. Como eu poderia não parecer, se passei ontem o dia inteiro esperando por uma mensagem que seria só um "oi"? Se hoje eu acordei pensando em você? Se no outro dia, fiquei um tempo só olhando a sua foto de perfil e pensando "que linda"? Se eu literalmente estou com a sua voz na cabeça? 

Sonhei com você. Com seus olhos. É só isso que eu me lembro e só isso que eu me importo, porque eles não aparecem na sua foto de perfil e você não pode me mandar um áudio deles. Mas eu queria vê-los. Passar horas olhando-os, em um quarto fechado, só nós dois [conversando ou em silêncio, que importa?]. Queria sentir cheiro de novo, talvez provar seus lábios só mais uma vez. 

Queria ter coragem para te dizer tudo isso pessoalmente, mas sei a sua resposta para cada um dos meus parágrafos e não quero me cortar de novo. Então, acho que vou ficar em silêncio por enquanto e só falar sobre as nossas besteiras de sempre. Ignorar a realidade - quem sabe um dia eu passo a acreditar nas minhas mentiras de novo? - e o fato de que ela se escreve no presente do indicativo. 

[eu amo você]

 ...

 ... pela pessoa mais incrível que já cruzou o meu caminho?


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