— O que foi, Vi? Você parece triste. - Lynn lançou um olhar preocupado sobre a amiga.

— E não se atreva a mentir.

— Eu não sei o que fazer. Decidi que não vou forçar meu amor nele e que iria agir normalmente. Mas eu não consigo, e por isso acho que ele saiu agora, minha confissão deve estar sendo um peso pra ele, pois ele não sabe como agir comigo.  - Seus olhos se encheram de lágrimas, mas Violette conseguiu as conter. — Estou começando a me arrep… - A Arroxeada foi impedida por Rosalya, que tampou sua boca e a colocou contra a parede.

— ROSA! - Gritou Lynn, assustada com a atitude da amiga.

— Cala a boca. E você escuta aqui. - Disse séria, olhando bem nos olhos de Violette. — Minha Vi não é fraca assim. Ela é uma das pessoas mais fortes que eu conheço e com os sentimentos mais verdadeiros. Tenha mais confiança em si mesma e em seus sentimentos. Ou ele tem motivo pra pensar que seus sentimentos são um peso? - Tirou a mão que cobria a boca da moça, que já não conseguia mais reter suas lágrimas. — Outra coisa, você acha que o Alexy é o tipo de pessoa que menospreza os sentimentos dos outros?  Ou os considera um peso? Ou que pararia de falar com alguém por não corresponder aos seus sentimentos? Ele prefere mil vezes sofrer a ver alguém sofrer, principalmente se esse alguém for tão importante pra ele. - Rosa abraçou Violette. — Não vou me desculpar pelo que acabei de dizer. Agora troca de roupa e vai atrás dele. Vocês precisam conversar.

Violette demorou um pouco pra voltar a si, mas o toque do celular de Lynn a ajudou. Correu para a cabine para trocar sua roupa.

— Não precisa se apressar, Vi, Alexy acabou que me mandar uma mensagem dizendo que está voltando pra casa. Ele disse que não está se sentindo bem. Falou pra não nos preocuparmos, já que é só falta de sono por ter maratonado uma série. É a cara dele. — Lynn riu.

— Viu? Era apenas falta de sono. Não precisava se preocupar.

— Vocês tem razão. - Violette estava aliviada.

As três trocaram suas roupas e foram ao caixa. Deram uma passada rápida na praça de alimentação para que comprassem sorvete, e seguiram para casa de Rosa, onde iriam se arrumar para o encontro mais a tarde.

…

Alexy ficou mal por mentir para suas melhores amigas, mas precisava sair dali o quanto antes. Chegou em casa e se trancou no quarto. Não muito tempo depois Armin bateu em sua porta.

— Alexy? Estou entrando. - O Moreno entrou, puxou uma cadeira para perto da cama e sentou-se. — Você está mal mesmo. Nem mesmo reclamou por eu ter destrancado sua porta com um grampo.

— Eu não estou mal, apenas cansado.

— Alexy nós somos gêmeos, ou seja, estamos juntos desde o ventre de nossa mãe, eu sei tudo sobre você, inclusive quando você está mentindo. Então nos poupe de suas desculpas esfarrapadas. - Ele afagou a cabeça do irmão. Fazia isso todas as vezes que Alexy estava mal. — Você sabe que pode me contar qualquer coisa. Posso não ter os melhores conselhos, como você, mas eu estou preocupado e quero tentar te ajudar, mesmo que seja só te ouvir enquanto afago sua cabeça. — Alexy enterrou seu rosto no travesseiro para esconder suas lágrimas.

— Violette se declarou para mim ontem e eu a rejeitei. Só que eu não sei como agir naturalmente perto dela. Tenho medo de aumentar as esperanças dela e depois a machucar. É isso. - Armin deu um tapa em sua cabeça.

— Já disse pra não tentar me esconder nada, nem mentir. - Alexy sentou-se, ficando cara a cara com seu irmão.

— EU NÃO SEI O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO! Quando ela se declarou eu estava tão feliz que meu coração quase parou. Mas por quê? Digo, eu supostamente gosto do Kentin, certo? Então por quê? Por que eu sofri tanto quando a rejeitei? Por que me arrependo tanto de tê-lo feito? Por que eu estou irritado com a Rosa e Lynn por levá-la ao goukon? Por que eu fiquei irritado imaginando ela indo ao goukon hoje com a roupa que EU escolhi?

Armin não disse nenhuma palavra, apenas o abraçou apertado. Aquele lugar era o lugar mais seguro para Alexy. Eles eram bem opostos, raramente gostavam da mesma coisa, e sempre discutiam por algo, mas quando um deles estava sofrendo o outro era o primeiro a ir ao seu consolo. Armin podia parecer um completo idiota, mas ninguém entendia Alexy tão bem quanto ele. Quando Alexy finalmente se acalmou foi que Armin abriu sua boca para falar.

— Você está sentindo isso tudo porque gosta dela, mas você tem medo. Tanto de dar errado e perdê-la quanto de ela se machucar com as piadinhas que vão jogar se vocês namorarem. Mas você mesmo me contou que ela não é tão fraca quanto aparenta. E que entre vocês quatro ela é, de longe, a mais forte. Então larga esse medo e vai atrás dela. - Disse secando secando as lágrimas do irmão.

Tudo que Armin disse veio como uma flechada no peito de Alexy. Ele começou a meditar no que o irmão havia acabado de dizer e no que tem sentido desde que conheceu Violette.

— Da próxima vez que me esconder algo ou mentir pra mim, saiba que eu não irei te perdoar e farei você sofrer. - Disse com um sorriso malicioso.

— QUE HORAS SÃO? - Perguntou desesperado.

— 20:30 horas. Por quê?

— Droga. Eu tenho que ir atrás da mulher que eu amo, antes que outro homem a leve de mim.

Alexy já estava do lado de fora quando percebeu que não fazia ideia de onde seria o goukon. Rapidamente pegou seu celular e ligou para Rosa.

— Alô?

— Rosa onde vocês estão?

— No restaurante La Torre. Por quê? - A Platinada ficou sem resposta, já que o rapaz desligou na sua cara.

— Que sorriso assustador é esse, Rosalya? — Questionou Leigh.

— Algo interessante está para acontecer.

…

Não demorou muito para que ele chegasse ao restaurante e encontrasse a mesa em que as amigas se encontravam, mas algo estava errado. A pessoa pela qual procurava não estava ali.

— Cadê minha Violette?

— Alexy?! VOCÊ CORREU ATÉ AQUI?

— Isso não importa agora. Cadê minha Vi?

— Ela está lá no chafariz com o Jade.

Alexy não o conhecia pessoalmente, mas sempre sentiu ciúmes dele, já que Violette não parava de falar dele. Antes achava que era apenas ciúmes de amigos, mas agora sabia que não era isso.

Correu até o chafariz, que ficava no pátio traseiro do restaurante. Ao chegar lá se deparou com a cena que o fez perder qualquer resquício de racionalidade: o tal Jade segurava o rosto da Arroxeada com uma mão, e a acariciava, logo em seguida começou puxar seu rosto para o que parecia um BEIJO?!

Alexy correu até ela e a puxou para perto de si.

— EU SOU O ÚNICO QUE PODE BEIJÁ-LA. - Violette corou na hora.

Jade até pensou em puxar Violette de volta, mas ao ver a reação da moça, sabia que ele era seu amado.

— Alexy?! O que está fazendo aqui? É que história é essa de que só você pode me beijar?

— Violette me perdôe por demorar a entender meus sentimentos, mas, uma vez que os entendi, não consigo escondê-los. — O rapaz passou seus braços pela cintura da moça, encostou sua testa na dela e olhou em seus olhos.

Violette estava surpresa. Jamais havia sequer imaginado que ele teria tal lado. Alexy sempre foi brincalhão, então ver tal lado tão sério foi um golpe certeiro na moça, que ainda tinha que lidar com a consciência de que estavam tão perto que suas respirações se misturavam.

— Violette eu te amo. - Sem mais delongas Alexy selou seu lábios nos da Arroxeada.

Aquele foi o primeiro beijo de ambos. Violette não sabia muito o que fazer, então apenas envolveu o pescoço do rapaz com seus braços e depositou suas mãos em seu cabelo, enquanto brincava com seus fios azuis, se deixando ser conduzida por ele.

Começou com um beijo desajeitado, mas logo ambos se entregaram, sem medos, tornando-o profundo. Apaixonado. Ambos queriam expressar seus sentimentos.

Quando o fôlego se fez necessário se separaram e colaram novamente suas testas.

— Eu odeio quebrar o clima, mas eu tenho que te perguntar: por que raios você veio a um goukon pouco depois de se declarar pra mim, usar a roupa que EU escolhi e ainda ficar sozinha aqui com outro garoto?

— Goukon? Outro garoto? Jade?! - Ela virou-se para ele, mas o rapaz já havia deixado o lugar. A moça corou violentamente.

— Posso saber por que a senhorita está preocupada com outro cara quando seu namorado está bem à sua frente? - Disse puxando-a para mais perto, colando novamente suas testas.

— Namorado? Não me lembro de terem me pedido em namoro.

— Você tá de brincadeira né? Eu acabei de me declarar. - A Arroxeada soltou um riso meio tímido.

— Eu só estou brincando. - Deu um selinho no rapaz, que corou instantaneamente. — Respondendo as outras perguntas: eu usei a roupa porque achei que você não gostaria que eu deixasse de usar porque fui rejeitada e esse outro cara com que eu estava é meu melhor amigo. Ele percebeu que eu não estava bem, então me trouxe aqui para conversar. Nada além disso. Mas o que eu não entendo é de onde você tirou que isso é um gou- ROSALYA E LYNN. - Ela olhou para uns arbustos que ficavam na entrada dos fundos.

— Eu não fiz nada. - Disse Lynn saindo dos arbustos com as mãos levantadas.

— Se isso não é um goukon por que temos pares aqui?

— Rosa e Leigh são namorados, Lynn e Viktor estão nessa enrolação e Jade veio porque eu queria conversar com ele.

— Desculpa. Eu fiz isso porque sabia o que o Alexy sentia. E sabia que ele precisava de um empurrãozinho. - Disse com um sorriso de satisfação. — Logo não me arrependo dos meus atos.

— Você é inacreditável. - Leigh olhava para sua amada com decepção.

— Como você pode saber sobre meus sentimentos antes mesmo de mim?

— Pelo amor de Deus, Alexy, não te conheci ontem. - Alexy suspirou.

— Já que você disse que eu não pedi ainda permita-me fazê-lo. - Alexy, que continuava abraçado a Violette, se ajoelhou, segurou a mão da moça. — Violette você aceita ser minha namorada?

— Sim. - Respondeu a moça levemente corada.

O rapaz não se continha de tanta felicidade. Rapidamente levantou-se e girou a menina no ar. Como se fosse uma cena de filme romântico o chafariz, que estava logo atrás deles, se acendeu, tornando aquele momento ainda mais especial.