— Alexy será que poderíamos conversar a sós?— Violette encarava o chão na tentativa de esconder seu rosto corado.

— Claro, Vi. - Respondeu o Azulado sorridente.

Caminharam juntos até o jardim da escola. Violette sentia como se seu coração fosse romper seu peito de tão rápido que pulsava. Ao chegarem no jardim, a moça se posicionou de frente para Alexy.

— Alexy eu gosto de você. - Logo após se declarar, usou seu caderno para esconder seu rosto.

O rapaz perdeu seus sentidos. Ela havia pego-o com a guarda baixa. Corou levemente quando seus sentidos voltaram.

— Sinto muito, Vi, mas eu sou gay e gosto do Kentin. - Cada palavra que saia de sua boca era como uma flechada no coração de ambos.

— Eu sei, mas eu precisava te contar. Espero que ainda possamos ser amigos. - Ela manteve seu caderno na altura do rosto.

— Claro.

— Obrigada por me ouvir. — Abaixou seu caderno e forçou um sorriso com seus olhos cheios de lágrimas.

A moça saiu correndo enquanto tentava reter suas lágrimas. Alexy até esticou seu braço na tentativa de alcançá-la, mas algo dentro de si o impediu. Suas forças simplesmente o abandonaram, e ele sentou-se encostado à uma árvore.

Enquanto isso Violette corria ao encontro de suas duas melhores amigas, Lynn e Rosalya. Ao encontrá-las, na parte de trás da escola, agarrou Lynn e desabou em lágrimas.

— VI?! O que houve? — Questionou Lynn enquanto a abraçava fortemente. Rosa percebeu que ela não conseguiria falar no momento.

— Vamos para o porão. As aulas já vão começar, então estaremos sozinhas lá.

Lynn tirou seu casaco, o colocou em Violette e a cobriu com o capuz. As três aproveitaram a movimentação e foram para o porão. Sentaram-se no chão e esperaram até que Vi estivesse preparada para falar.

— Eu me declarei ao Alexy. - As duas queriam gritar devido a surpresa, mas sabiam que isso iria assustar a amiga, então se contiveram. — Eu sabia que ele era gay, sabia que seria rejeitada, eu sabia que iria doer, só não imaginava que a dor seria tão grande. — As lágrimas que foram detidas enquanto desabafava, voltaram a cair.

— Eu sinto muito, Vi. - Disseram em coro, envolvendo a arroxeada em um grande e apertado abraço.

…

— Obrigada por terem ficado comigo e me ouvido. — Tentou sorrir, mas não tinha forças.

— Por que não falou com a gente antes? - Lynn encarou Rosa, como se a julgasse pelo que estava falando. — Qual é? Vai dizer que não pensou o mesmo?

— Tudo bem, Lynn, ela tem razão.

— Não estou te julgando nem nada. Fico muito feliz de você ter tomado essa atitude, mas fico triste ao pensar que você não comentou nada com a gente. Nós nem ao menos sabíamos que você gostava dele.

— Eu não sei. — Respondeu cabisbaixa. — Mas sinto muito.

— Tudo bem. Dessa vez eu deixo passar. — Afagou a cabeça de Violette. — Mas na próxima eu vou bater em você. - As três começaram a rir.

Nenhuma delas tinha disposição muito menos cabeça para assistir às aulas. Decidiram que passariam o resto do dia ali.

Quando ouviram o sinal do intervalo, Rosa foi até a cantina comprar lanche, para que pudessem passar o tempo, ignorando todos que a questionavam por estar na escola, mas não assistir às aulas.

Junto ao sinal que marcava o final das aulas, o celular de Rosa, mas a Platinada decidiu ignorar, uma vez que Violette era sua prioridade.

— Vi você quer cancelar o encontro de amanhã? - Perguntou Lynn.

— Eu não acho que você deveria fazer isso. É uma ótima oportunidade para se distrair.

— Mas Rosa…

— Ela tem razão, Lynn.— Respondeu Violette interrompendo-a. — Eu irei. E as compras amanhã à tarde ainda está de pé.

— Vi ele também vai amanhã. O que você vai fazer?

— Eu vou tentar agir normalmente. Não quero perder a amizade de alguém tão importante porque não temos sentimentos mútuos. - Disse sorrindo para as amigas, que a abraçaram e lhe afagaram a cabeça.

— O que acham de dormirem lá em casa? - Sugeriu Lynn.

— Tudo bem ser na minha casa?— Respondeu Violette.

— Claro. Eu e Lynn iremos pegar nossas coisas e nos encontramos lá. — Se despediram e cada uma tomou seu caminho.

…

O fato de Vi, Lynn e Rosa não estarem na sala mexeu muito com Alexy. Apesar de ter assistido às aulas, ele não conseguiu absorver nada, nem mesmo prestou à atenção. Todo o acontecido com Vi ficava se repetindo em sua mente, nunca havia se sentido assim. Não que já tivesse rejeitado muitas meninas, era bem óbvio que preferia homens, mas já houve de algumas terem se declarado.

O sinal que marcava o final das aulas foi o que o trouxe de volta à realidade. Correu toda escola em busca de Rosa, precisava saber sobre Vi. Tentou ligar, mas não houve resposta. Perguntou a alguns colegas e descobriu que as três já haviam ido. Tentou ligar novamente para Rosa, que dessa vez atendeu.

— Alexy? Desculpa não ter atendido antes. Você sabe porquê.

— Sei sim. — Suspirou. — Rosa podemos conversar agora? Mas não por telefone, prefiro pessoalmente.

— Claro. Você ainda está na escola, né? Eu vou voltar aí, mas você terá que ir em casa comigo e me deixar perto da casa da Vi.— Ao ouvir o nome da arroxeada sentiu uma pontada em seu coração.

— Tudo bem. Estou te esperando no portão. Até daqui a pouco.

— Até.

Não demorou muito até que Rosa chegasse. Se cumprimentaram e seguiram em direção à casa da Platinada.

— Como ela está?

— Não muito bem. — Novamente sentiu seu coração apertar. — Mas e Lynn ficamos bem surpresas, não sabíamos de nada.

— Eu não acredito que não percebi isso antes de tê-la machucado.— Disse com tristeza e raiva em seu olhar.

— Não faria diferença nenhuma. O resultado seria o mesmo. — Ela voltou seu olhar para o rapaz. — Você não me chamou aqui para falar isso, não é? Pode me contando o que exatamente está te incomodando.

— Eu já passei por isso antes, digo, ter que rejeitar uma garota, mas dessa vez foi diferente. Eu tô sofrendo muito. Doeu até mesmo dizer que eu gosto do Kentin.

— Alexy como você se sente quando está com a Vi?

— Eu me sinto super confortável, sinto que posso ser eu mesmo, sinto que tenho que protegê-la. Irônico, não?— Alexy olhava para Rosa com um sorriso doloroso. — Mesmo querendo protegê-la, quem mais a machucou fui eu.

— Como você se sentiria se ela começasse a namorar?

— Que tipo de pergunta é essa? — Questionou.

— Apenas me responda.

— Eu iria ficar muito…  — Aquilo surpreendeu o rapaz. Queria dizer que ficaria bem feliz, mas sentia que aquelas palavras eram pura mentira.

— Alexy — Rosa parou de frente para o rapaz com a cara séria. — você não está apaixonado pela Vi?

— Claro que não. Afinal eu gosto do Kentinho. — Ele riu na tentativa de quebrar o clima. — Ah! Já chegamos à sua casa.

— Agora que eu sei que você não sente nada por ela estou mais tranquila de levá-la ao goukon amanhã. - O rapaz sentiu mais um aperto em seu coração.

— Goukon? Mas, Rosa, você não namora o Leigh?

— Ele também vai. Os garotos que vão são amigos do Leigh. São todos bons rapazes, então eu ficaria tranquila caso a Lynn, ou até mesmo a Vi, namorasse algum deles. Eu só não te convido porque os pares já estão completos. Mas você vai às compras com a gente.

— Claro que não. Violette não vai querer ver minha cara por agora.

— A Vi vai ficar bem feliz se você for e agir como sempre. Ela tava bem mais preocupada em perder sua amizade do que com o fato de ter sido rejeitada.

— Claro que eu não deixaria algo assim atrapalhar nossa amizade. Ela é alguém muito especial pra mim. E por isso que eu vou amanhã para mostrá-la isso. — Rosa sorriu.

— Então amanhã às 10 lá no shopping. Até amanhã, Alexy. — Ela depositou um beijo em sua bochecha.

— Mas eu não tinha que te deixar lá?

— Não precisa o Leigh quer me levar. Vá para casa e deixe que eu e a Lynn cuidamos da Violette.

Os dois se despediram e Alexy seguiu seu caminho para casa.