A babá escrita por magali


Capítulo 44
Do chão




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 Ana: on

  — Quando sair do colégio me avisa - disse Ella quando estávamos em frente ao portão antes que eu entrasse.

  Não me dei ao trabalho de responder, mas também sabia que realmente faria o que minha amiga pedirá, afinal se não fizesse isso a Ella me esperaria no portão quando saísse e não seria tão parcial sobre o problema com meus pais quanto fora nessa manhã, mas se ligasse ela esperaria eu mesma começar a conversa. Suspirando frustrada vou até minha sala onde tento me focar nas aulas ignorando os olhares que minhas amigas lançavam em minha direção, até que toca para o intervalo e não querendo entrar em nenhuma conversa saio rapidamente da sala indo até a escada do segundo andar me escondendo entres os degraus aproveitando esse momento para ler um livro que havia começado a poucas semanas, passará alguns minutos até que notasse que não lembrava de nada que a pouco havia lido: - É bom? - pergunta Rebeca parando em minha frente fazendo uma sombra sobre mim.

  - Até onde li sim - respondo fechando-o por ver que não absorveria nada lendo com o meu humor atual.

  - Quer falar sobre o que houver? - pergunta ela sentando ao meu lado.

  - Valeu, mas já fugir do sermão da Ella não tô querendo fazer isso de novo agora - digo.

  - Ana você não evitou o sermão da Ella, você só adiou ele - disse Rebeca suspirando - e eu não tô querendo lhe dar um sermão, estou aqui para ter ouvir.

  - Eu não vou conseguir evitar isso, né? - questiono.

  - Todo mundo está preocupado, então é pouco provável - responde minha amiga - Ana você tem duas opções ou você fala comigo ou fala com outra pessoa, não falar com ninguém não é uma opção.

  - Eu não sei por onde começar - digo sentindo um nó se formar em minha garganta.

  - Comece por aquilo que dói mais - sugere Rebeca.

  - O que dói mais é a lembrança do dia que eles me expulsaram de casa, enquanto me negavam como filha - digo - e depois disso tudo eles querem que eu os escutem.

  - Ana isso é uma coisa boa - disse ela - afinal muitos pais nunca tomam essa atividade e continuam negando os seus filhos.

  - Eu sei, mas eu estou com medo - confesso - medo que tudo se repita.

  - Ana você quer que o medo sempre guie suas atitudes ou vai mudar isso? - questiona minha amiga - porque se você se negar os dar essa chance a sua vida vai continuar a mesma...

  - Isso pra mim parece bom - digo.

  - Mas não vai conseguir encerrar essa fase na sua vida e isso pode ter impedi de iniciar novas - continua Rebeca.

  - Mas e se...

  - Ana se todos nós dependesemos do "e se" em nossas vidas nunca faríamos nada - disse ela - e você não precisa aceitar eles na sua vida de uma vez, der pequenos passos e pra começar, converse com eles.

  - Você está certa - admito ainda um pouco receosa de fazer isso.

  - E se não der certo eu, as meninas e os seus tios estamos aqui para amortecer um pouco a queda - disse Rebeca com um leve sorriso.

  - Obrigado, você é uma ótima amiga - agradeço a puxando para um abraço me sentindo um pouco mais leve.

  - Mas para ajudar um pouco no início é melhor levar uma pessoa para ser o mediador - disse ela - para deixar tudo mais tranquilo.

  - A questão é quem levar - digo encerando o abraço.

  - Leva a Ella.

Sabrina: on

  Sabe de uma coisa tô quase desistindo de encontrar com a Ella depois da escola, acho que não estou pronta para fazer isso, afinal a própria Ana não parece estar: - Tava pensando em desistir, não é? - questiona Ella aparecendo nas minhas costas mim assustando.

  - Você saio de onde? - questiono tentando me recuperar do susto.

  - Do chão - responde ela com um sorriso de lado - mas não é essa a questão.

  - Ella, olha acho que seria melhor se...

  - Pode parar por aí - disse Ella me interrompendo - já sei o que vai dizer e já não estou gostando.

  - Bem é que eu acho que é muito cedo para isso - digo um pouco atrapalhada e evitando olhar em seus olhos.

  - Meu bem eu não estou dizendo que faríamos algo agora, só queria te dar umas pequenas dicas para quando se sentisse pronta, mas... se não quiser tudo bem - disse ela, tava mais que na cara que a última coisa que queria era que eu recusasse a ajudar e aquilo só me lembrou do que as meninas haviam tido mais cedo.

  - Ella posso ter fazer uma pergunta?

  - Creio que estou aqui para isso - respondeu ela ajeitando os óculos de grau que usava.

  - Você me usou para a Ana reencontrar os pais? - pergunto curiosa.

  - Sim - confirma Ella de um jeito simples - mas se quer saber? Você só me deu a oportunidade eu a levaria de qualquer jeito, afinal foi o acordo que fiz com os pais dela.

  - Como assim acordo? - questiono surpresa a vendo soltar um suspiro.

  - Há alguns meses os pais da Ana me procuraram e me pediram para fazer esse reencontro - disse Ella - e como não vi problema decidi aceitar.

  - Mas você os odeia.

Continua...


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