— Você é surpreendente Thatcher, quem vê você nas aulas como uma garota exemplar nem imagina as coisas que você sabe fazer — disse Riddle — Porque você quer entrar para o meu grupo, porque quer fazer parte disso tudo?

 Ele e Hermione ainda estavam ali, ainda estavam na Torre de Astronomia depois de horas do toque de recolher. Hermione sabia que deveria ir embora, que não deveria correr riscos, mas agora ela estava mais perto do que nunca, não podia simplesmente virar as costas e dar mais tempo para Riddle pensar em sua decisão.

— Todo mundo quer ser maior Riddle, seria mentira se eu disse que também não tenho essa vontade — respondeu Hermione, os olhos fixos na escuridão lá fora — Meus pais sempre acreditaram na igualdade, nos levaram para longe do nosso mundo e fomos proibidos de usar nosso poder perto dos trouxas e para quê? Minha irmã foi morta por eles, de uma forma tão idiota, poderia ter sido evitado se nós pudessemos ser quem éramos de verdade. Agora estou aqui, e vou fazer tudo o que não pude fazer.

— Então você quer vingança? Contra os trouxas e contra seus pais?

— Não, quero mais do que isso, quero que todos vejam quem somos, porque somos assim, não tenho nada a esconder Riddle, nenhum de nós tem, mesmo assim continuamos com essa vida à sombra, escondidos até o último dia de nossas vidas, como se um de nós já não fosse mais poderoso do que todos eles.

— Isso, com certeza, é ambicioso demais — comentou — Ninguém diria que isso passa por sua cabeça, olha para você Thatcher, tão certinha, com cara de boa moça.

— Ninguém diria isso de você também Riddle, o aluno exemplar, o órfão que mora em um orfanato trouxa, o monitor chefe resgatado pelo professor Dumbledore. Você é uma celebridade, um exemplo a se seguir, quem diria que trama por trás das paredes? Que conhece Magia das Trevas como ninguém?

 Tom Riddle estreitou os olhos.

— Como sabe sobre o orfanato?

Droga, Hermione lutou para não fazer nenhuma expressão que denunciasse seu erro. Afinal, como ela poderia saber sobre a vida de Tom se ele lutava tanto para esconder a verdade?

— Você pode se achar esperto, mas eu sou melhor. Nem tudo é segredo aqui, cochichos se espalham, são levados pelo vento, não sou burra o suficiente para querer me juntar a você sem saber tudo o que posso a seu respeito, queria saber quais são suas ambições e porque se transformou no que é hoje, não vou me meter em algo que não sei onde vai me levar, são os passos calculados que vão me garantir vitória.

— Gosto de você Thatcher, não confio nenhum pouco, mas gosto de você, acho que juntos podemos fazer muito mais coisas do que jamais imaginamos.

— Então que venha o futuro, Riddle.

***

 Certo, agora Hermione estava dentro do círculo dos Comensais da Morte, um momento de pânico a atingiu quando finalmente conseguiu abandonar Riddle e voltar para o proteção de seu quarto, era isso que ela queria sim, e sabia que provavelmente era a única coisa que poderia ajudar a derrotar Voldemort e sempre soube disso, mas o que ela tinha feito, do que ela abriu mão…

 Nunca pensou que passaria por uma situação dessas.

Se lembrava com exatidão quando sua carta tinha chego junto com um dos professores de Hogwarts, nunca sequer tinha imaginado que magia era real, que existiam escolas para isso e que ela teria amigos como ela e que participaria de tantas aventuras. Em seus anos de Hogwarts Rony, Harry e ela tinham feito tanta coisa! Tinham ajudado o castelo tantas vezes, tinham protegido seus amigos, lutado por todos eles e agora?

 Agora ela tinha virado as costas totalmente para eles, para seu querido Harry e nem sequer podia se sentir culpada, o que estava fazendo era para um bem maior, para que quando conseguisse voltar para casa, tudo não se passasse de lembranças ruins.

 Hermione sabia que a maioria das pessoas teria matado Tom Riddle na primeira vez que o tivesse visto, mas ela não poderia fazer isso, não sem antes conhecer suas motivações, não antes de descobrir até que ponto seus Comensais da Morte o seguia e qual sua lealdade porque não adiantaria nada que ela matasse Voldemort se seus seguidores estavam mais do que dispostos a seguir seus planos, Hermione usou o vira-tempo vezes o suficiente para saber que qualquer pequena mudança no tempo poderia acarretar em grandes problemas, então um morte assim, do nada, poderia ser terrível, talvez algo bem maior que Voldemort nascesse quando ela o matasse, então ela precisava conhecer todos os pontos, saber o que precisaria fazer caso outra pessoa tomasse o lugar do bruxo das trevas.

 Essa era Hermione, sempre pensando em todas as possibilidades e calculando suas rotas, seus anos em Hogwarts afloraram isso.

 Era por isso que sabia que somente ela poderia fazer o que tinha que ser feito e precisava fazer isso sozinha, se tivesse levado Rony junto… Merlin, ela o amava assim como amara Harry, eram uma família, mas ele também era impossível e tudo o que ela menos precisaria naqueles momentos seria ter que cuidar de Rony ao mesmo tempo que traçava seus planos e colocava em prática, porém ela não podia negar o quão difícil era estar só, desde o Trasgo no banheiro, eles tinha sido um trio, todas as coisas que tinham acontecido ao longo dos anos eles tinham vivido juntos, mesmo no momento da morte de Harry eles estavam por perto, era assim que tinha que ser, até não poder ser mais.

 Suspirando, Hermione se deixou afundar na cama, os pensamentos correndo por sua mente enquanto tentava afastar a incredulidade, sentia que tinha perdido o último laço com seu verdadeiro eu, agora que estava dentro ela não poderia mais fingir ser Hermione Thatcher, ela tinha que ser, qualquer erro que fizesse agora estaria sendo observado bem mais de perto e não podia correr riscos.

 Sua alma já tinha sido dada e Hermione sabia que não poderia pegar de volta.