Não sei quanto tempo ficamos assim, mais desviamos o olhar quando uma voz semi-reptiliana falou:

—Oh!Olhem o casalzinho feliz, como vão meio-sangues?-disse uma mulher com pele escamosa, língua bifurcada e olhos amarelos com fendas escuras verticais.

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POV Luce:

—Luce!- Nico me chamou, olhei para ele e não vi mais nada, tudo eram sombras, seu olhar profundo me prendia de tal forma que parecia que ele podia ver minha alma, todas as mentiras e verdades reveladas, sabia que isso não estava acontecendo mais eu me sentia tão venerável que qualquer coisa que ele perguntasse eu responderia, um riso ecoou em minha mente mais não dei importância, ele me puxou para perto, sua temperatura era tão fria perto da minha que eu podia a diferença mesmo com a brisa passando, seu toque gelado em minha pele me fez corar, abaixei o olhar, era tão... Indescritível o que eu estava sentindo agora, felicidade, vergonha, medo e... Amor?Não, não pode ser isso afinal eu só tenho 16 anos, que consciência eu tenho de sentimentos de grandes proporções como o amor, e mesmo que fosse isso, ele não sentiria o mesmo, por que ele se sentiria interessado por mim?

Nossa minha auto estima abaixou pra caramba em poucos segundos, minutos, nem sei quanto tempo estamos assim. Sua mão segurou delicadamente meu queixo ate nossos olhares se encontrarem de novo. Nós éramos como imãs de pólos diferentes, eu era completamente diferente dele, afinal, eu não sai beijando qualquer um por ai, tido bem que Afrodite não ajudou muito nisso mais... É. Mesmo assim não fazia sentido!Por que eu sinto isso na presença dele?E tão de repente assim como se alguém estivesse com pressa e decidisse acelerar as coisas!Nós meio-sangues somos sim inconstantes mais tanto a ponto de sentir sentimentos que não estavam presentes há uma semana... Ou estavam?

—Oh!Olhem o casalzinho feliz, como vão meio-sangues?-Disse uma voz reptiliana a poucos metros de distância, olhei na direção do som e vi uma mulher com um vestido jeans e um chapéu mole também jeans, a pele era verde escamosa e os olhos amarelos tinham fendas pretas verticais, sua língua bifurcada lambia os dentes manchados de café como se já sentisse o gosto do jantar, um chihuahua com uma coleira de falsos brilhantes latia furiosamente.

—É a moça que estava atrás da gente na fila da recepção- sussurrou Nico.

—Ah!Que distração a minha!Eu nem me apresentei. - disse a mulher ainda sorrindo - Eu sou Equidna a... -

—Mãe dos monstros e esposa de Tifão - completei nervosa, o que ela estava fazendo aqui?

—Isso mesmo criança, Hades não vai ficar muito feliz por eu jantar o filho dele e sua namoradinha protegida - disse com falsa preocupação - Embora talvez valha a pena,você garota,tem um cheiro magnífico, nunca senti igual em um meio-sangue, me diga, quem é o seu pai olimpiano querida?- perguntou.

Não respondi, estava preocupada demais com o pequeno cachorro que a cada latido parecia maior, na cabeça ia crescendo pelos que se assemelhavam a juba de leão os dentes iam ficando maiores e pontiagudos o pescoço cinzento com a crina de um bode e uma calda escamosa e avermelhada de dragão. Expressei meu pensamento em uma palavra:

—Quimera - sussurrei.

—Sabia que é feio deixar as pessoas falando sozinhas querida?- pausa - vamos aplicar o castigo básico para esse tipo de desrespeito, não vamos filhinho?-Em resposta a grande cabeça de leão espremida no teto soltou uma rajada de fogo pela boca bem em nossa direção, Nico finalmente acordando de seu transe pulou para o lado me levando junto, acho que ele não pensou na possibilidade de cairmos na piscina, emergimos com tudo cuspindo água e procurando ar, eu ainda estava bem, olhei para a Quimera que parecia estressada por estar apertada entre o chão e o teto. - Bom trabalho filhinho, pena que sua irmã esfinge não esta aqui não é?Infelizmente ela ficou presa naquele labirinto abominável quando ele desabou e não se reconstituiu ainda, triste, eu falei para ela não ficar fazendo aquele jogo ridículo de charadas naquele labirinto imundo, mais ela me escutou?Nãão, bem, acho que não vamos poder guardar nenhum pedaço. - disse se aproximando da borda da piscina. - Mais antes da refeição, que tal brincarmos um pouquinho?Quimera gostaria de uma distração antes do jantar. - gargalhou.

Saímos da piscina, acionei meu chicote e a espada enquanto Nico tirava não sei da onde sua espada de ferro estígio, a lamina era tão negra quanto um pesadelo, nela havia um cordão prateado com um nome: Bianca.

—Eu fico com a Quimera, você fica com a Equidna- falei olhando para meu alvo.

—Mas... Você tem certeza?Acho que... - interrompi.

—Você não confia em mim?- perguntei olhando em seus olhos,ele hesitou mais depois assentiu,sorri confiante para ele e andei em direção ao meu adversário animal, com ele eu teria vantagem, afinal, o fogo não me atinge.

—E ai bichano?!- falei para a cabeça de leão – ou seria totó?Já que você estava disfarçado de chihuahua. -Com um rugido ele tentou me alcançar mais estava com dificuldade de se movimentar já que ainda estava ‘entalado’. Fui em sua direção, mas antes que eu conseguisse chegar mais perto ele fez uma coisa que só me ajudou,em meio a um rosnado ele cuspiu uma rajada de fogo bem onde eu me encontrava.O fogo me fortaleceu,por um segundo olhei apara o lado para me certificar que Nico não estava olhando para cá,mas ele estava muito concentrado em desviar dos cuspes de veneno que Equidna lançava,um atingiu de raspão o cabelo dele que chamuscou.

Quando a Quimera parou de rugir e me olhava confusa e com mais ódio que um dia podia imaginar verem olhos animais. Uma de suas patas tentou me arranhar mais desviei suas unhas de bronze celestial com minha espada, avancei quando ela recuou as garras, subi por sua perna mais fui jogada longe quando ela balançou o traseiro enorme. Levantei-me e chicoteei sua cauda que vinha em minha direção e ela se afastou ganindo. Chicoteei-a como se estivéssemos em um circo e ela fosse o leão, o não faz muita diferença, seus flancos estavam muito arranhados e parecia estar em carne viva, mais lógicamente ele não sangrava. Usei o chicote como corda e subi em suas costas, o bichano sacudia a cabeça tentando se livrar de mim mais tudo o que conseguia fazer era quebrar alguma janelas e vasos de planta, chicoteei sua pata que tentavam a todo custo me fazer descer.

Passei o chicote por entre seus dentes e segurei a outra ponta, puxei sua cabeça para trás como as rédeas de um cavalo, a Quimera gania de dor.

—Luce!O que você ta fazendo garota?!-Gritou Nico assim que terminou com Equidna, e veio correndo em meu auxílio qual é eu tenho cara de menininha indefesa?Cravei a espada no pescoço do bicho. Cai em pé no chão.

—O que foi?- perguntei limpando a ‘poeira’ ou restos mortais – como quiser chamar – dos ombros e do cabelo.

—Nada, - pausa – Acho que devemos ir embora, esse ataque não foi por acaso, alguém sabe que nós estamos aqui, Equidna falou antes de ‘morrer’ "Vida aos Titãs" provavelmente foi o traidor que meu pai lhe falou, Jane não esta mais aqui, provavelmente já subiu há muito tempo, e esta quase amanhecendo, temos que começar a viagem. - disse ele olhando para o céu agora arroxeado pela fraca luz do sol nascendo.

—Vamos dormir um pouco e depois iremos direto para o México. - falei bocejando.

—O.k- Fomos para o elevador, cada um entrou em nossos respectivos quartos, entrei no banheiro e tomei um banho tirando o cloro da piscina e as cinzas da Quimera do cabelo, botei um roupão do hotel e cai na cama.

(...)

Era meio dia e meia, eu estava deitada no pescoço de Ira que planava suavemente saindo de Phoenix, Percy, Nico e Jane estavam alguns metros à frente, Já tínhamos contado aos dois do que aconteceu ontem, desde o soco que eu dei em Jane que estava com o rosto meio... Estranho e com bandagens pelo nariz ate a parte de termos sido atacados por Equidna e Quimera, sobre os Titãs também, menos sobre o traidor, pedi a Nico que não contasse, afinal, se Hades contou isso só para mim então é porque ele suspeitava de alguém muito conhecido. Obviamente não contamos o estranho momento ‘romântico’, nenhum de nós dois tocamos nesse assunto, eu não conseguia nem olhar para ele sem corar!Como vou conseguir falar alguma coisa?

E também tinha o sonho de ontem à noite, minha mãe estava falando em meu ouvido coisas como:

"À hora esta chegando querida, você tem que se preparar"

"Não crie laços fortes com ninguém querida, isso pode te machucar no futuro"

"Um sacrifício que levara a morte e depois a outra vida"

"Você é destinada Luce, destinada a coisas grandes! Mais também muito difíceis de conseguir" 

Essas frases eram as que mais me assustavam, não fazia idéia do que ela estava falando (como sempre).

—Luce?Você esta dormindo?- perguntou uma voz masculina.

—Eu disse que ela não ia agüentar!- desdenhou Jane.

Abri os olhos e a encarei:- Primeiro: não eu não estou dormindo; e segundo: Vai tentar metade da noite lutando com a Quimera!Quero ver se você volta inteira – desafiei e Ira riu em minha cabeça. Ela bufou e voltou a olhar para frente. Ela estava de novo atrás de Nico e isso me deixava com muita raiva!Cara eu já falei que odeio essa vadia?Acho que não, pois sim. EU ODEIO ESSA VADIA!!!

Encostei minha cabeça de novo no pescoço de Ira,relaxando sob sua plumagem de fogo,era tão confortável!

"Mestra estamos passando pela fronteira do México"

Informou-me Ira.

—O.k Ira – sussurrei.

Observei a paisagem quando tive uma idéia.

—Ira, que tal uma pequena brincadeira com os meus amigos?-perguntei e o corpo de Ira vibrou de animação, contei-lhe o plano e ela assentiu.

Fingi observar o horizonte enquanto Ira aproximava-se lentamente do pégaso onde Nico e Jane pareciam entediados. Quando estávamos perto o bastante Ira passou sua asa direita pelo flanco do pégaso longe o suficiente para não queimá-los, conseqüentemente pelas pernas dos dois passageiros.

Guido assustado pelo calor repentino ‘freou’ e relinchou, Jane gritou assustada e ficou batendo em sua calça meio chamuscada e Nico arregalou os olhos e olhou na fonte do calor, seus olhos foram subindo ate que ele me viu gargalhando da cara deles.

—Cara!...Vo..cês...deviam ...ter – muito risos – visto a cara de... Vocês!- gargalhei mais Ira gritou assustada (n/a:Gente eu nem lembro como é que se chama o som que a águia faz então que souber me falaaa)

Olhei para Ira que falava:

Ah não agora é pessoal!Ele não fez isso!!"

—O que foi Ira!- perguntei.

"Aquele pégaso ridículo esguichou água em mim!!!"

Exclamou.

(n/a de novo: Gente só comentando aqui os pégasos podem fazer isso valeu?)

Olhei para Nico a tempo de o ver ele falando alguma coisa com a pégaso e depois ele mandando água na minha cara. Na minha cara!!!

—Nico!!!Ah!- gritei e escutei-o rindo.

—É o troco Luce- riu mais. Encarei-o ameaçadoramente e falei para Ira:

—Não se preocupe eles não vão se queimar só vão levar um bom susto... -e disse o que fazer.

Passamos a frente deles e Ira começou a voar de costas, do bico dela saiu chamas de fogo grego e mortal, discretamente fiz o fogo passar em volta deles que gritaram de horror.

—AH!TA ABAFADO!TA QUENTE!NICO!!!-Gritou Jane desesperada.

Ri mais alto e cessei o fogo, Ira voltou a voar normalmente enquanto eu permanecia de frente para eles. Percy agora também ria ao meu lado, Blackjack relinchava, só não sei se estava rindo ou preocupado com o amigo.

Nico estava com os olhos arregalados e desfocados com a boca aberta, uma expressão de puro horror, Jane certificava que tudo seu estivesse no lugar, cabelo, pernas, roupas...

—Acho que eu venci – disse sorrindo e Ira passou a asa por cima deles fazendo o pégaso que já tinha recuperado a consciência mais fulminava Ira com o olhar, desviar. Não parecia se importar que fosse eu que ordenei o ataque. Balancei a cabeça e olhei preocupada para Nico que permanecia com a mesma expressão.

—Nico?- chamei - Cara você ta bem?Nico?!-ele não respondeu olhei para Ira assustada, será que ele tinha entrado em estado de choque profundo?

Enquanto pensava Ira também me olhava preocupada mais logo depois arregalou os olhos.

"Mestra cuidado com o garoto"

Não entendi o que ela quis dizer, olhei para o lado mais Nico não estava mais lá só o pégaso e Jane, Nico estava atrás de mim quando:

—Putz!Ai!Cara... - Nico exclamou, ele estava suando muito e estava com marcas de queimadura quando ordenei – com a permissão de Ira – que o fogo da pelagem dela abaixasse a ponto de não queimar mais – ou seja, praticamente ‘depenei’ a Ira pra isso – Virei-me e botei Nico em meu colo, ele estava ficando pior.

—Caraca seu idiota!O que você pensa que esta fazendo?- perguntei para mim mesma porque ele revirava os olhos e ofegava procurando ar, sua camisa estava encharcada de suor.

—Ira pare em algum lugar, se não ele vai começar a queimar vivo aqui – pedi – Nico?!Faz qualquer coisa, aperta a minha mão!Me diz que ta vivo!Cara seu retardado o que você fez!! – exclamei.

Ira desceu no topo de um prédio, Blackjack e Guido vinham junto com Percy e Jane que estavam com expressões preocupadas.

Peguei minha mochila e tirei de lá néctar e ambrosia.

—Percy, você pode tentar convocar um pouco de água para... Dar pro Nico, acho que se a ambrosia não funcionar... Bem, teremos que ir ao hospital – falei receosa. Cara como alguém pode ser tão idiota a ponto de pular em uma fênix?!Uma FÊNIX!

—Porque você esta falando isso Luce?É claro que a ambrosia e o néctar vão funcionar – desse Jane enquanto Percy congelava um pouco de água para formar uma garrafa, cara deve ser demais ser filho de Poseidon e ter recebido a benção dele, tipo ele ta CONGELANDO a água!

Cruzei as pernas e deitei a cabeça dele.

—É mais se você não notou, Ira é formada por fogo grego e mortal, carne e Icor (o sangue imortal), é idiotice tentar fazer o que ele fez!- exclamei enquanto dava a água para Nico, filetes saiam de sua boca e molhava minha perna. Ótimo!Agora ele não esta e engolindo!

—Então como você consegue montar nela ou ele sei lá – perguntou.

—Por que ELA é minha - respondi sem pensar, estava elevando a cabeça dele, e troquei a água por néctar, logo ele começou a engolir. Filho da mãe!

Ele arregalou os olhos mais logo pegou a garrafa de néctar e deu mais alguns goles antes de levantar abruptamente. Quando ele apoiou as mãos no chão ele gritou.

—Bem feito idiota!Agora... Aprende a não fazer mais... Isso!- tentei fazer parecer como uma bronca mais a preocupação era evidente não só na minha voz mais tenho certeza que minha expressão também denunciava isso.- Toma!Coma logo isso. -entreguei-lhe a ambrosia.

Quando terminou de comer ele perguntou com a voz meio rouca:

—O que aconteceu afinal?-

—O que aconteceu?!?!Como assim o que aconteceu seu estúpido!!!Babaca, idiota!Você quase se matou!Isso aconteceu!!!- Meus olhos estavam marejados, e minha voz falhava. Comecei a bater nele enquanto lagrimas escorriam pelo meu rosto.

—Ai!Ai!Luce para, ai!AI!- Parei de bater nele

—Desculpa, desculpa ahh!Viu o que você fez!- respirei fundo e limpei as lagrimas do rosto, coloquei minha mascara seria e profissional que eu sempre usava quando ia discutir assuntos importantes com as diretoras das escolas ou com vendedores imobiliários.

—Vamos você precisa descansar, já passamos pela fronteira do México eu tenho uma casa de praia a alguns quilômetros daqui, é no interior mais tenho certeza que da ultima vez que vim aqui deixei algumas coisas lá – expliquei.

Ninguém disse nada, ajudei Nico a se levantar, suas pernas ainda estavam fracas, embora as queimaduras terem desaparecido quase completamente pela ambrosia e o néctar.Com a ajuda de Percy botamos ele em cima de Guido,eu montei atrás dele com a garrafa de néctar na mão.

—Ae!Eu sou a filha de Apolo, porque eu não ir junto com ele?Posso fazer tudo o que você faz só que melhor!- Reclamou Jane.

—Ah é?- perguntei – então porque você não fez nada ate agora?- olhei-a nos olhos.

Antes dela sequer abrir a boca, mandei Guido seguir em frente, Ira veio logo atrás, Percy estava montado em Blackjack mais Jane não saiu do lugar, só me encarou furiosamente.

—Luce... – murmurou Nico.

—Shh!...Não fala nada, só... Dorme, você vai precisar. - pisquei – afinal, você esta me devendo uma por esse susto. - sorri.

—Ah!Então você estava com medo que eu morresse?-perguntou maroto.

—Ih!Não vai se achando não valeu?Eu só estava preocupada que se você morresse seria por minha culpa e seu pai não gostaria nada disso sabe. - comentei desviando o olhar e estalando os dedos nervosamente. Nico revirou os olhos e disse:

—Luce... Você mente muito mal- e depois sorriu ainda mais - AAH!Você estava preocupada!!!- Olhei para ele que estava com cara de quem ganhou o dia. Olhei-o com a expressão de "Você enlouqueceu garoto?!" com as sobrancelhas levantadas. -Não me olha com essa cara de maioral não porque eu sei que é verdade. - falou, ele deitou a cabeça nas minhas pernas e continuou sorrindo.

—Aê,não tem outro lugar pra você deitar não?- perguntei constrangida.

—Acho que Guido não gosta que as pessoas fiquem se mexendo muito sabe, sua fênix parece bem confortável já que ela é imensa mais um pégaso nem tanto - Guido relinchou, agora se ele se sentiu ofendido ou defendido (shuasuusa) eu não sei.

—Então foi por isso que você teve a idéia suicida de pular de um pégaso para uma fênix que é 70% feita de fogo grego e mortal nos dois sentidos da palavra?- Perguntei - Por conforto?- eu sabia que não era isso mais queria ouvir da boca dele o porquê de ter quase se matado. 

—Claro que não, eu queria dar um susto em você ai eu pensei ' pô se a Luce não se queima na fênix, provavelmente eu também não' quer dizer, sei lá eu pensei que aquele fogo não queimasse - disse envergonhado. ''WTF?'' devia estar escrito na minha cara por que Nico simplesmente revirou os olhos e abaixou o olhar.

—Cara!Quando vão inventar um fogo que não queima?!-exclamei- Tipo eu adoro você e etc mais CARA QUE BURRICE FOI ESSA!?!-Quando me dei conta do que eu falei tentei me corrigir o mais rápido possível - Tipo você é meu amigo e talz sabe, não seria legal saber que seu amigo é tão idiota a ponto de pensar que fogo não queima- Não deu mais tempo, Nico já sorria e ia começar a falar quando eu disse:

—Nem vem, você entendeu... -fui interrompida.

—Cala a boca Luce!- fiquei em choque com essa agora - Você acha mesmo que depois de termos nos beijado não sei quantas vezes... - 

— 4 vezes - falei e ele levantou a sobrancelhas desafiadoramente com um brilho de diversão nos olhos.

—Certo, quatro vezes, ainda somos SÓ amigos?!Sério mesmo Luce?Sério mesmo?-perguntou bocejando e com os olhos se fechando pelo cansaço.

—O que você quer que sejamos então? - sussurrei.

Ele não respondeu, já estava dormindo por efeito da ambriosa curando seu organismo. Esperava que quando acordasse ele tivesse a resposta para essa pergunta, afinal, foi ele quem tocou no assunto não é?

(...)

Estávamos chegando a minha casa de praia, ela ficava em Cancún,ficava um pouco afastada da civilização porque meu pai gostava de silêncio e calmaria,depois de horas e mais horas sentada no pégaso minhas pernas já estavam dormentes.

Observava o lindo litoral que sempre me encantou enquanto falava as informações para Guido que seguia cada curva corretamente, Blackjack vinha atrás de nós, apenas seguindo o caminho.

Por uma hora tudo o que se via era areia e mar, ondas quebrando cristalinas, ilhas pontilhando o horizonte e pássaros voando pelo céu azul sem nenhuma nuvem, era lindo. Nico ainda dormia que nem pedra, ele murmurava coisas inteligíveis, e depois voltava a roncar... Sem comentários sobre isso.

Quando eu podia ver a minha casa falei para Guido pousar ali perto, logo que estávamos em terra, desci mais minhas pernas estavam formigando tanto que eu cai no chão, Nico que ainda dormia ( Cara sério que ele parece um urso hibernado!Não acorda por nada! ) começou a se mexer e eu obviamente prevendo o pior botei as mãos em cima da cabeça enquanto ele caia em cima de mim.

—O que !!Ah!- ele olhou para baixo e me viu sufocando ali. -Luce!O que você esta fazendo?!-perguntou e se levantou. Minha respiração era profunda e entrecortada, tentei me levantar, mas minhas pernas ainda estavam doloridas por passar tanto tempo montada em um pégaso, apoiei-me em Ira que apareceu ao meu lado e suspirei aliviada com o calor que emanava dela.

—É, depois desse trágico episódio acho que já posso anunciar que chegamos em minha residência - comuniquei apontando para uma enorme casa branca,janelas de vidro substituíam as paredes da sala,persianas de madeira cobriam todas as janelas,inclusive as da sala.O piso de madeira da varanda ainda estava intacto,subi os degraus vacilante

 "Droga de pégaso! Porque eu fui deixar ser enganada pela carinha de cansada da Ira!?Agora minhas pernas estão me matando!"

Peguei uma chave reserva em baixo do tapete e abri as portas de vidro, sem me virar falei:

—Sintam-se em casa!A cozinha é a primeira porta a direita! - subia as escadas e fui para o meu quarto. Entrei na única porta vermelho sangue do corredor, enquanto fechava a porta olhei em volta, tudo estava como sempre, o tapete felpudo vermelho assim como as cobertas, as paredes coloridas e uma cortina feita de discos de vinil balançava com a leve brisa do vento, virei-me em direção a minha cama mais parei abruptamente.

Uma mulher me encarava docemente com seus olhos cor de fogo, seus cabelos vermelhos estavam presos em um rabo de cavalo, usava uma calça jeans e uma regata, ela era linda, era exatamente igual a mim, ela era... Minha mãe.

—Mamãe?!- perguntei com a voz esganiçada