Be Okay escrita por STatic


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oláa! Oneshot nova por aqui. Eu escrevi essa historia depois de um pedido da Thata Beckett, que foi uma linda nas mensagens. Esse episódio é maravilhoso e eu espero ter feito justiça a ele. E espero que gostem!

Thata, espero que tenha ficado como imaginou e que goste! Já pode chamar de 'sua one' sim hahhahha

Boa leitura!



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Kate POV

Inicialmente, o choque era tudo o que eu podia me concentrar. As imagens das últimas horas se misturavam em minha mente como cenas saídas de um filme, o completo terror de sentir, no fundo da alma, que não viveria para ver mais um dia. Para abraçar a pessoa amada. Para se arrepender do tempo perdido. Para dizer eu te amo. Para confessar, sem restrições, que não, eu não posso viver sem você.

Eu não devia estar aqui. Não agora, não naquele hotel, não naquela van e, com certeza, não naquela sala minúscula em um porão, escutando a voz que assombrava meus pesadelos confirmando o que eu já suspeitava: Eu iria morrer ali. E eu não podia morrer ali. Não com tanto ainda a ser vivido. Mas ali estava eu, escutando Vulcan Simmons fazer pergunta atrás de pergunta, forçando minha cabeça novamente dentro do enorme balde com água congelante, notando como minha fúria se derretia igual aos cubos de gelo, transformando-se em puro desespero enquanto a água queimava meus pulmões.

O tremor violento que sacudiu meu corpo me tirou do estupor em que me encontrava, expulsando as memórias dolorosas e me puxando de volta para a realidade. Eu continuava ajoelhada no chão, as roupas molhadas e mãos e pés amarrados. Eu mal os sentia e isso não era um bom sinal. Elena tinha desaparecido há algum tempo – eu não saberia dizer quanto –, e o silencio da floresta era opressor, me fazendo sentir como se estivesse sendo observada.

Com o coração aos pulos, respirei fundo uma vez e olhei para baixo, olhando para o corpo cercado de sangue aos meus pés. O homem que com certeza teria me matado, não fosse Elena. E Lazarus, seja lá quem ele fosse. Desviei os olhos do homem com a garganta estraçalhada e olhei ao meu redor. Estava frio, tão frio que meu corpo tremia apesar dos meus esforços para fazê-lo parar, a roupa encharcada não ajudando em nada e eu não tinha ideia de onde estava.

Eu tinha que sair dali. Era o meio da madrugada e meu corpo doía, meus pulmões queimavam tornando cada respiração uma tortura e minha cabeça girava enlouquecidamente. Eu estava fraca, provavelmente com uma concussão e não sabia quanto tempo duraria ali. Além do mais, era possível que quando esse cara não retornasse, alguém viria procurar por ele.

Castle.

Seu sorriso de garotinho estava no fundo da minha mente durante cada segundo daquele horrível dia. O jeito como ele me olhava, o jeito que só ele podia iluminar o mundo. Como havia feito com o meu. Agora, enquanto sentia meu corpo ficar cada vez mais frio e mais fraco, eu desejava ter ignorado aquele telefonema e continuado ao seu lado.

Senti meus olhos encherem-se de lágrimas e um soluço tentar escapar, mas logo transformando-se em um acesso de tosse violento que me deixou sem ar. Coloquei a mão sobre o peito, tentando em vão acalmar meu coração e recuperar o folego. Alguns segundos depois o mundo parou de girar e eu me movi, aproximando-me devagar do corpo a minha frente.

Cada célula do meu corpo gritou em protesto ao movimento, mas eu ignorei. Eu só queria Castle. Enquanto meus olhos ficavam cada vez mais pesados, eu só queria ouvir sua voz me dizendo que me amava e que ficaria tudo bem, que ele estava vindo me buscar.

Ignorando todo o sangue a minha volta, tateei desajeitada os bolsos do homem até encontrar o que queria. Meus dedos tremiam e as mãos amarradas não ajudavam, e foram necessárias três tentativas para acertar, mas alguns minutos depois o telefone chamava o número conhecido. O som parecia alto no silencio da noite, mas era reconfortante. Mais um segundo e eu não estaria mais sozinha. Incapaz de me levantar, afastei-me o máximo que meus pés e mãos amarrados me permitiam, virando minhas costas para o cadáver, o chão gelado onde eu me sentava.

O telefone chamou duas vezes e, na metade do segundo toque, a voz de Castle preencheu o silencio.

— Castle. – ele disse e simplesmente o som de sua voz foi capaz de me desarmar. Senti as lágrimas retornando com força total, meu corpo se encolhendo em si mesmo, querendo se deitar, completamente exausto.

— Rick. – sussurrei. Notei, pela primeira vez, que minha voz estava rouca e enfraquecida. Ao que parecia, ser torturada e afogada fazia isso com você. Ótimo. 

Castle reagiu imediatamente a minha voz.

— Kate? Kate! – eu podia ouvir uma movimentação do outro lado da linha e imaginei todos se reunindo ao redor de Castle, tentando rastrear o telefonema. Eu só esperava que fosse possível.

— Oi. – respondi, um pequeno sorriso se formando.

— Kate. – ele sussurrou meu nome como uma oração. – Onde você está? Você está bem? Onde... Onde você está? – perguntou, se atrapalhando com as palavras.

— Eu não sei. – respondi, sem saber ao certo a qual das perguntas. – Você pode vir me buscar?

Eu tinha certeza de que todos do outro lado podiam me ouvir e tinha certeza de que soava como uma idiota. Como ele viria me buscar se eu havia acabado de dizer que não sabia onde estava? Eu odiava parecer fraca, mas era o que estava sentindo agora, totalmente fora de controle.

— Oh, Kate. – ele suspirou e eu podia sentir o desespero em seu tom. – Eu irei, eu prometo. Tory está rastreando sua ligação nesse segundo, meu bem. Nós vamos estar aí logo.

— Certo. – disse, fechando os olhos por um segundo. Droga.

— Pode me dizer o que tem ao seu redor? Onde você está? – respirou fundo. – Kate, você está machucada?

— Na floresta. Eu estou com frio. Cansada.

Tentei me focar no que ele dizia. Eu estava machucada? Provavelmente não muito, mas a hipotermia ficava cada vez mais forte e eu podia sentir meu corpo começando a desistir.

— Ok... – Castle pensou por um segundo. – Você está sozinha? Na floresta.

— Sim. Não. Mas ele está morto. Ele iria me matar, me trouxe para cá. Ia cavar um buraco e me deixar aqui para sempre. Elena chegou primeiro. Ela mentiu.

Eu não sabia se estava fazendo sentido, agora. Tudo parecia meio distante.

— Elena?

— Ela o matou. Não queria que eu morresse.

— Oh, Deus. – Castle disse e ouve uma comoção do outro lado. – Kate, nós temos uma localização, vamos estar aí logo. Fique no telefone comigo, tudo bem?

Assenti uma vez, como uma imbecil.

— Esse caso é idiota. Errado. – murmurei.

— O mais idiota. – ele concordou. Sua voz estava mais distante enquanto ele corria e eu escutei as portas do carro se fechando, pneus cantando. – Vai ficar tudo bem, eu prometo.

Eu queria dizer que o amava. Todas aquelas promessas, eu queria faze-las. Mas não assim. Não pelo telefone. Eu queria olhar em seus olhos, aqueles lindos olhos cheios de amor e luz.

— Rick...

— Kate?

— Eu estou com sono. – Admiti enquanto meu corpo se movia cada vez mais para o chão, sem qualquer comando do meu cérebro. Ele pareia tomar suas próprias decisões, não importava o quanto eu lutasse contra. Não importava o quanto eu quisesse ouvir a voz de Castle. Não importava o quanto eu soubesse que dormir agora não era algo bom.

Castle parecia saber também.

— Eu sei, querida. Mas você não pode dormir agora, tudo bem? Você precisa continuar falando comigo. – ele implorou, a agonia clara em sua voz. Ele falou novamente, dessa vez não comigo. – Esposito...

Não fui capaz de escutar a resposta, mas imaginei, para o bem da minha sanidade, que ele tivesse acelerado o carro.

— Ok. – sussurrei, mas pude sentir meus olhos ficando mais pesados. Deitei minha cabeça no meu braço, tentando me proteger do frio.

— Você vai poder dormir logo, eu prometo. Só não aí, sozinha. – ele falava com fervor. – Você vai dormir na nossa casa, em uma cama quente e comigo ao seu lado, tudo bem?

— Eu gostaria disso. – suspirei e ouvi sua risada sufocada do outro lado.

— Eu também. Sabe o que eu estava pensando?

— Que você precisa me distrair?

— Espertinha. Que você estava certa sobre a fonte dos cartões. Ela é perfeita.

— Então eu não preciso te convencer?

Ele riu alto. – Se quiser...

Sorri fraquinho, fechando meus olhos novamente. Ele continuou falando com uma animação exagerada sobre os planos para o casamento e em algum momento eu parei de escutar as palavras realmente, focando-me apenas no som de sua voz. Alguns minutos depois, ele chamou meu nome, um pouco assustado.

— Estou aqui. Cansada.

— Nós estamos quase aí, só mais um pouquinho.

Balancei a cabeça. – Eu devia achar o carro.

— Não! Fique onde está, nós vamos encontrar você.

Era uma boa ideia, de qualquer maneira. Seria útil me levantar e encontrar o carro, facilitando para que eles me encontrassem, mas sabia que não tinha essa energia toda e provavelmente acabaria me perdendo ainda mais.

— Nós temos policiais e uma ambulância a caminho.

— Ambulância não. – reclamei como uma criança.

— Kate, você está machucada.

— Só cansada. Eu acho... acho que vou dormir.

— Kate, não! Nós estamos tão perto agora, meu amor, não feche os olhos, tudo bem?

— Ok. – sussurrei. – Continue falando comigo.

Castle continuou falando. Ele fez planos para o futuro... Futuro distante, para viagens que viriam; futuro próximo, para quando voltássemos para casa e pudéssemos voltar para onde nosso dia tinha parado. Eram todas imagens maravilhosas. Aquecidas.

Ele falou por muito tempo, tanto tempo que devo ter apagado, as palavras pouco a pouco ficando mais difíceis de entender, porque, a próxima coisa que escutei foi meu nome sendo chamado. Dessa vez, entretanto, era diferente. Não era a voz pelo celular, era mais distante e ecoava pelo espaço ao meu redor.

Lutei para abrir os olhos – que eu sequer havia notado que fechara – e levantei a cabeça, olhando ao redor. Meu nome foi chamado novamente. Eu queria gritar de volta, dizer-lhes onde eu estava, mas minha garganta me impossibilitava. Quando estava prestes a fazer outra tentativa, a luz de uma lanterna me cegou.

— Ela está aqui! – Esposito gritou, correndo em minha direção. Ele se abaixou ao meu lado. – Você está bem?

Assenti pateticamente com a cabeça e me sentei, mas não estava prestando a menor atenção no que ele estava dizendo. Eu estava exausta e machucada, mas parecia que agora meu corpo estava transbordando adrenalina. Eu não estava prestando atenção em o que Esposito estava dizendo porque minha atenção estava inteiramente no homem que veio correndo em minha direção, parando subitamente quando me viu. Eu só podia imaginar como estava minha aparência.

Nossos olhares se cruzaram na escuridão e Castle sorriu, uma mistura de alívio e medo em seu rosto e era provável que o meu estivesse espelhando o dele. Espo – Deus o abençoe – saiu do caminho e Castle finalmente deu os últimos passos e se abaixou na minha frente.

— Kate. – disse e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Oi. – sorri, sentindo minhas próprias lágrimas surgirem. Era tão bom ver seu rosto! Seu lindo, perfeito e amoroso rosto.

— Você fechou os olhos.

— Eu sinto muito.

Ele meio riu, meio soluçou.

— Vem aqui. – disse e me puxou delicadamente para seus braços. Eu me agarrei a ele, nós dois emaranhados desajeitadamente no chão gelado e úmido e não nos importamos nem um pouco. Considerando a situação, eu não trocaria por nada.

Castle me apertou contra seu peito e eu segurei a frente da sua camisa com a maior força que eu conseguia com minhas mãos ainda amarradas a minha frente, colando meu rosto no seu pescoço, sentindo seu cheiro. Ele cheirava como casa, como segurança. Como apenas Castle poderia.

Me afastei um pouco, ignorando as pessoas ao redor – os paramédicos e os policiais que se aproximavam, Ryan e Espo que se moviam para perto do corpo – e as lágrimas que molhavam nossos rostos e olhei diretamente em seus olhos.

— Obrigada por vir me buscar. – disse e colei nossos lábios, beijando-o delicadamente.

—Sempre. – ele sussurrou quando nos afastamos, colando sua testa na minha.

Eu estava segura agora. Não importava o frio, o cansaço ou o trauma, eu estava segura e sabia que ficaria bem.

.

.

.

Castle abriu a porta do loft e segurou minha mão, me guiando para dentro. Olhei ao redor, como se vendo pela primeira vez. Tudo estava exatamente igual, mas agora era como se a palavra paraíso tivesse ganhado novo significado. Eu estava em casa, finalmente. Eu mal podia acreditar.

Após eu ter insistido de que não precisava ir ao hospital e os paramédicos terem me liberado com uma lista de recomendações, nós havíamos ido até a delegacia. Eu não queria fazer isso, mas a policial em mim entendia a necessidade de um depoimento. Castle havia me segurado durante todo o caminho de volta, nós dois juntos no banco de trás do carro de Ryan, um casaco pesado ao meu redor e o aquecedor ligado no máximo. Entretanto, não parecia que o frio que eu sentia me deixaria tão cedo.

Castle manteve seus braços ao meu redor durante todo o trajeto, dizendo que eu podia dormir agora, que me acordaria quando chegássemos. Ele não havia desviado os olhos de mim nem por um segundo, o fazendo apenas quando precisei dar o meu depoimento. Eu não queria pensar no que havíamos descoberto, no que tudo aquilo podia significar para mim. Em quem estava envolvido.

Depois que tudo acabou, Castle chamou um táxi e novamente eu estava em seus braços no banco de trás. Ele era tão cuidadoso, me abraçando como se não pudesse acreditar que eu estava ali e ao mesmo tempo como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

“Viu o que acontece quando eu te deixo sozinha? “ ele havia perguntado. Ingênuo. Como se, de alguma maneira, eu pudesse ter sobrevivido aquilo sem ele.

Castle podia não ter estado lá fisicamente, mas era como se estivesse. Sua presença, seu estado de espírito e sua imagem na minha cabeça foram suficientes para me fazer agarrar a vida. Ouvir sua voz novamente, sentir seu corpo envolvendo o meu, eram os objetivos principais. A perspectiva de não ter aquilo novamente era simplesmente inaceitável. 

— Kate? – ele chamou, me tirando dos meus pensamentos. Virei-me para ele, que me olhava atentamente. – Por que não se troca enquanto eu faço algo para comermos?

— Eu... eu vou tomar um banho. Eu preciso... – deixei a frase morrer, mas ele havia entendido.

— Certo.

Fui em sua direção e envolvi meus braços em seu pescoço, lhe dando um beijo rápido. – Eu volto já.

Ele assentiu e eu me virei, indo para o nosso quarto. Toquei a cama com as pontas dos dedos, desejando poder simplesmente me deitar ali e esquecer que esse dia existira.

Passei direto para o banheiro, não me importando em fechar a porta. Olhei para o gigante espelho. Tudo bem, eu estava horrível. Meus olhos estavam apagados, sem vida. Meus cabelos apontavam em todas as direções, a água e o vento não tendo trabalhado bem juntos. Nada bem. Eu podia ver as marcas roxas começando a se formar e o machucado na minha testa parecia horrível.

Tirei o casaco pesado e a blusa que usava, jogando-os para o lado. Fitei minha imagem no espelho, notando mais hematomas se formando e a vermelhidão dolorosa dos meus punhos onde eu fora amarrada. Aquilo iria doer por bastante tempo, eu suspeitava.

Sacudi a cabeça, tentando clarear os pensamentos. Olhei novamente para o espelho e peguei o olhar de Castle no reflexo.

— Eu achei que você ia cozinhar. – sorri.

Ele não sorriu de volta. – Não consegui ficar longe. Eu só... Precisava saber se estava bem.

— Eu estou bem. – virei-me para ele, fechando o espaço entre nós com pouco passos.

Ele olhou os hematomas se formando, os olhos tensos.

— Você está machucada.

— Eles vão se curar. – peguei sua mão e levei aos meus lábios, dando um beijo de leve.

Eu não havia contado muito do que havia acontecido para ele. Se eu fosse honesta, não me lembrava de uma boa parte e não queria muito falar sobre isso. Não queria me lembrar de nada, apenas seguir em frente.  

Castle levou a mão que eu não segurava até meu rosto, tocando-o de leve com as costas da mão. Eu fechei meus olhos, aproveitando o contato.

— Eu devia ter estado lá. – disse.

Abri meus olhos abruptamente.

— Você estava. O tempo todo, eu te disse. Eu nunca teria conseguido passar por tudo sem você. Não o que aconteceu hoje, não pelos últimos anos. – soltei. Desviei meus olhos dos deles por um segundo, antes de voltar a olhá-lo. – Eu te amo, Rick. Tanto! Eu não conseguiria viver sem você, e eu sei que isso soa clichê, mas é verdade. Minha vida não seria nada se você não estivesse nela. Deus, eu sou tão dependente!

Nós dois rimos juntos e ele me puxou para mais perto, colando nossos rostos.

— Eu te amo também, Kate. Demais. Quando Gates me disse que não conseguia te encontrar, que não sabia onde você estava... – ele parou, a voz tremula. – E quando você não respondia mais o telefone, eu pensei...

— Eu estou bem. – assegurei-lhe, pegando suas lágrimas com meus lábios. Era ridículo, considerando que eu também chorava.

— Deus, eu estava com tanto medo! Foi muito perto dessa vez, Kate. Perto demais e eu achei que tinha te perdido e eu não estava com você! Você estava sozinha naquela floresta, machucada... Eu...

— Castle... Rick. – levantei meus pés e o abracei, seus braços envolvendo minha cintura com força, me deixando sem ar, mas eu não me afastei. Deixei que ele se acalmasse, sussurrando promessas em seu ouvido.

Alguns minutos depois ele se afastou um pouco.

— Eu estou aqui agora e não vou a lugar nenhum. – prometi. – Nós temos um casamento para organizar, bonitão.

— E algum convencimento para fazer. – me lembrou, sorrindo de verdade pela primeira vez.

Eu ri. – Você é impossível. – disse e apoiei minha cabeça no seu  peito.

— Apenas a verdade. – comentou, seus braços me envolvendo.

Ficamos daquele jeito por um tempo.

— Eu te escrevi uma carta. – confessei. – Quando a perícia a encontrar, eu não quero que leia.

— Tudo bem. – ele concordou, embora parecesse confuso.

— É que... Eu escrevi imaginando que não sairia de lá. – expliquei. – Mas eu saí então quero te falar pessoalmente.

— Oh. – foi tudo o que ele foi capaz de dizer, a surpresa clara.

Respirei fundo. Aquilo era tudo o que eu queria. Uma chance de dizer aquelas coisas pessoalmente, de faze-lo ver o quanto era importante para mim.

— Dizia que... Dizia que você é um homem maravilhoso. Que nossa parceria – levantei a cabeça para olhá-lo –, nosso relacionamento foi a melhor coisa que aconteceu comigo. E eu te amo com todo o meu coração. Sempre.

Terminei, olhando firmemente em seus olhos e esperando que ele pudesse ver a verdade ali. Ele me olhou de volta profundamente, seus olhos brilhando e era como se ele pudesse ver minha alma. 

— Você vai me fazer chorar no banheiro novamente. – disse e eu ri. – Eu te amo, Katherine Beckett. Você não tem ideia do quanto significa para mim e o quanto mudou minha vida.

— O mesmo para você. – sorri para ele. – Não estamos bobos hoje?

Ele riu. – Eu acho que conquistamos esse direito. Então, que tal aquele banho?

— Isso.

Com um último beijo, voltei para minha posição anterior em frente ao espelho e recomecei a tirar o restante da roupa. Notando a hesitação de Castle em sair do banheiro, propus:

— Que tal se você se juntar a mim?

Ele sorriu brilhantemente. – Feito. – disse e começou a se despir.

Fui até o luxuoso chuveiro e o liguei, a água quente fluindo rapidamente e de repente minha garganta se fechou, minha respiração presa no meio do caminho e eu estava de volta aquele quarto escuro, a voz de Vulcan Simmons sussurrando em meu ouvido perguntas e ameaças, promessas de terminar minha vida rapidamente se eu lhe contasse o que ele queria saber.

"Eu sei que seus pulmões estão queimando. Posso sentir o panico em sua alma. Tudo o que você quer é que isso acabe. "

Dei um passo para trás, querendo me afastar e bati no corpo de Castle no caminho. Me encolhi involuntariamente quando ele esticou a mão para me segurar, antes de relaxar novamente.

— O que houve? – perguntou, perplexo.

Olhei para o chuveiro e de volta para ele, meu corpo começando a tremer. – É só... Só a água. Eu não posso.

Droga, droga, droga. Maldito Simmons idiota com sua tortura idiota. Eu só queria tomar um banho quente, me aquecer e relaxar antes de ir para cama.

Castle me olhou com olhos pesarosos.

— Eu fico ouvindo sua voz. Simmons. Sussurrando aquelas coisas para mim e a água gelada... Eu continuo ouvindo a voz dele, Rick. Ele...

— Shh, tudo bem. – ele olhou em volta, parecendo pensar no que fazer. – Olha só: Essa água não está fria. Está quente, e correndo. Você não vai se machucar. E eu estou bem aqui, eu vou segurar sua mão e lavar o seu cabelo se você quiser e nada de ruim vai acontecer. Eu prometo.

Ele se aproximou mais do chuveiro e estendeu a mão. Eu sabia que era o certo a se fazer. Mais cedo ou mais tarde, eu teria que enfrentar aquilo e que momento melhor do que o agora? Peguei hesitante a mão que Rick oferecia. Simmons e os demônios que ele representava não venceriam. Não hoje. Não nunca.

Entrei embaixo da água com Rick ao meu lado, e embora as memórias lutassem para tomar conta de mim, o corpo de Rick junto ao meu me deixava presa no presente, as palavras reconfortantes que ele sussurrava em meu ouvido apagavam as ameaçadoras de mais cedo e pela primeira vez no que pareciam anos, eu me sentia aquecida. Eu estava bem e eu estava em casa.    


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam??
Beijão!



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