Minha Alma escrita por Ana21


Capítulo 3
Os Michaelis


Notas iniciais do capítulo

Ciel (o Ciel que conhecemos não o verdadeiro que voltou dos mortos) chama-se Ian, então quando pensarem em Ian, pensem no nosso Ciel.



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Quatro anos depois

A carruagem parou em frente ao enorme casarão rodeado por arvores enormes e um belo campo de flores, havia feito uma longa viagem, mas estava em casa, finalmente em casa. Sebastian desceu da carruagem enquanto os criados tiravam sua bagagem, ele ainda sentia uma necessidade quase doentia em fazer esse serviço, mas das três vezes que tentou foi durante repreendido por Emily AKA Snaker.

— Bem vindo de volta Lorde Michaelis – disse um dos criados recolhendo o casaco de viagem de Sebastian.

— É bom estar de volta – disse educadamente – o pequeno está em casa? – ele podia ver a hesitação na face da pobre mulher, ele sabia que traços eram aqueles, já estava mais do que acostumado.

— Ele... eu não sei meu senhor – disse a mulher como se as palavras fossem ditas com gosto de vinagre.

— Eu entendo – concluiu Sebastian respirando fundo – apenas me diga, cachoeira ou nos campos? – ela acenou negativamente, como se ele não tivesse acertado nenhum dos palpites – está na floresta então?

— Não meu senhor...

— Nas hortas? Com os tecelãs? Me dê uma dica – pediu vendo suas opções desaparecerem.

— Ele... – começou a mulher agora desesperada – ele vai me repreender seu eu disser.

— Não está preocupada com o que eu farei se você não? – ela pareceu incerta até finalmente se decidir.

— Ele desceu com Mestre Baldroy e Mestre Finnin para os alambiques senhor – disse finalmente e Sebastian teve de respirar fundo. O trabalho desnecessário nunca acabava, nunca.

Alambique dos Michaelis

— Isso tem um cheiro horrível – disse Ian olhando para o copo com líquido transparente na mão de Baldroy – tem certeza que é agua ardente? Parece muito a combustível de máquina.

— Eu quero provar – disse Finnin animado – eu já posso?

— Vá em frente rapaz, você já tem 20 anos, pode beber sem pedir autorização – disse ex-chefe de cozinha. O loiro, apesar de realmente já ter 20 anos, os traços quase femininos ainda era muito presente no rosto do loiro de grandes olhos verdes e cílios compridos. Isso chamava a atenção de homens e mulheres, se não fosse pela sua posição de Mestre da Villa de Finn, ele teria problemas.

— Mas Sebastian disse que...

— Sebastian fala demais – rebateu Ian tomando o copo da mão de Finnin – me deixe provar isso.

— Bochan você ainda é menor – alertou Baldroy, mas em resposta recebeu um sorriso travesso do menino que estava pronto para virar o copo quando uma faca de prata cortou o ar quebrando o copo em pedaços antes de chegar aos seus lábios, sujando a roupa já suja de poeira do rapaz de álcool.

Ian fez uma careta já sabendo que era o responsável por aquele tiro, Baldroy colocou a mão na cintura e Finnian apenas aplaudiu como sempre fazia mediante a mira incrível do demônio.

— Baldroy, eu pedi apenas uma coisa – disse Sebastian impaciente entrando no galpão fazendo os funcionários se encolherem.

— Sinto muito Sebastian, você sabe como é difícil detê-lo – disse o ex-chefe enchendo outro copo e virando – e eu não ia dar bebida para ele, era para o Finnin.

— Finnin é um garoto! – rebateu Sebastian.

— Ele é maior de idade, tem 20 anos, um adulto – tentou argumentar – adultos são responsável.

— É notável que tem algo de errado esta sua afirmação – disse o demônio virando-se agora para o menor – Bochan!

— Belo tiro – brincou o rapaz tentando escapar da bronca, mas aquilo não aplacou a raiva de Sebastian – quando foi que chegou?

— A três minutos – disse cruzando os braços – se tivesse chegado à 5 teria te encontrado bêbado pelos campos?

— Com uma dose? Não acho que ele... – começou Badroy, mas teve seu raciocínio assassinado pelo olhar que Sebastian lhe lançou.

— Eu não quero ouvir as desculpas de nenhum de vocês três – disse finalmente – temos trabalho para fazer, Baldroy encontrei Mei, vamos conversar sobre os novos contratos no almoço, Finnin vá tomar um banho, parece que você saiu de uma briga na lama – repreendeu o mordomo vendo as roupas do jovem de 20 anos completamente sujas de lama, poeira e capim. As botas de montaria estavam tão imundas quanto ele, apenas seu tradicional chapéu de palha estava intacto – e você pequeno, para o banho e vista algo adequado.

— Que seria? – perguntaram Finnin e Ian ao mesmo tempo.

— Qualquer coisa que não leve botas de montaria e que não seja duas vezes maior que o manequim de vocês, agora vão! – mandou Sebastian, e como se ele tivesse brandido um chicote os três começaram a correr como loucos.

Os Michaelis

Quase uma hora depois Sebastian se viu adentrando no quarto de Ian, ele já chamava o rapaz a tanto tempo por esse nome que trata-lo como Soleil ou Ciel era uma raridade, vez por outra os ex-empregados deslizavam no nome, mas aquilo era disfarçado como apelido carinhoso.

Ele entrou no quarto para ver o rapaz de 17 anos terminando de fechar o colete, ele trajava uma bela blusa branca com mangas ¾, uma calça comprida, com a barra dobrada e sapatos simples, as roupas eram em tom cinza escuro para combinar com o seu cabelo, era uma verdadeira raridade fazê-lo vestir-se de forma descente, geralmente eram uma bermuda te o joelho, uma bota de montaria, uma camisa qualquer, muitas vezes as próprias camisas de Sebastian dobradas até o cotovelo, um suspensório jogado de qualquer jeito ou um colete se estivesse meio frio, nunca um casaco, fraque, laço, gravata ou adjacente.

— Essa deve ser a roupa mais descente que vejo você usar em meses – brincou arrancando um sorriso do menor, ele virou-se para Sebastian afastando a franja de seus olhos fazendo uma grande bagunça nos fios.

— Eu estou bem? – perguntou erguendo os braços mostrando-se, o coração de Sebastian deu um pulo fraco e murmurou.

— Quando você não está – disse finalmente, o mais novo sorriu e correu para o mais velho, que já acostumado com as investidas agarrou o menos nos braços, Ian prendeu suas pernas na cintura de Sebastian enquanto o outro o segurava pelos quadris para mantê-lo firme, ele passou os braços pelos ombros de Sebastian se fazendo mais próximo.

— Eu estou realmente bom Sebastian?

— Sempre minha alma – disse o demônio sabendo qual jogada o rapaz queria fazer – e ficará melhor ainda quando tiver 18.

— Você quer esperar tanto? – tentou remendar Ian aumento o aperto de suas pernas na cintura do mordomo – sinta meu corpo, eu já sou um homem, eu posso te provar isso, basta me dar uma chance.

— É mesmo meu pequeno – brincou Sebastian quando Ian roçava os lábios em seu pescoço, ele apertou mais as nádegas do menor o conduzindo para a cama – e como você vai provar isso?

— Me diga você – continuou o menor sedutoramente – eu farei o que você quiser – Sebastian então forçou mais o aperto para só então em um movimento brusco jogar o rapaz na cama, se libertando do aperto, Ian fez menção de retomar a investida, mas Sebastian foi mais rápido puxando sua perna direita para ele se desequilibrar e cair derrotado na cama, o demônio riu com a cara de frustração do menor e por fim inclinou-se e plantou beijo em sua testa – não ria de mim demônio maldito, eu estou falando sério.

— Eu também meu pequeno – disse o demônio capturando o olhar do mais novo – mas você não tem forças para fazer o que eu quero – um rubor violento atacou a face do menor que pareceu cada vez mais irritado – e pelo que vejo nem controle.

— Eu teria o mínimo de controle se você não me tratasse como uma criança – vociferou Ian acertando Sebastian no estomago o tirando de cima dele, Sebastian se viu rindo da fúria do menor que voltou para o espelho para alinhar suas vestes – você não disse que somos companheiros?

— Somos Bochan – insistiu o demônio – mas até você completar 18 anos não podemos fazer nada.

— E pensar que eu me ligaria com o único demônio do planeta que tem consciência – resmungou o rapaz alinhando sua calça – você não deveria ser vil e me corromper.

— Acho que você já é corrompido o suficiente – comentou Sebastian apreciando a vista do menor alinhar-se da cama.

— Não o suficiente já que você ainda resiste a mim – disse o rapaz sem olhá-lo – o que tenho que fazer? Andar nu por ai?

— Continue negligenciando os botões de suas camisas enquanto você corre a cavalo pelos campos e logo estará nu – disse o ex-mordomo se aproximando do rapaz o abraçando por trás, plantando um beijo casto em seu pescoço.

— Eu gosto de correr ao ar livre – defendeu-se sentindo os lábios subirem para sua clavícula enquanto as mãos fortes do demônio envolviam sua cintura – gosto do vento na minha pele.

— Pode ter o mesmo resultado andando com colete – respondeu entre os beijos – estou ficando se camisas por sua causa.

— Não me culpe – disse o rapaz fechando os olhos quando a mão de Sebastian parou próxima de sua virilha – elas tem seu cheiro... e eu amo seu cheiro.

— Eu sei que ama – disse beijando agora o nódulo da orelha do rapaz o fazendo morder os lábios – eu também amo vê-lo vestindo-as, como sua pele delicada brinca com minhas roupas – ele desabotoou o primeiro botão da camisa para dar mais acesso ao pescoço do rapaz o chupando com força, Ian se viu gemendo com aquele corpo másculo pressionando contra ele, aquela boca demoníaca o devorando, as mãos firmes que o desmontavam. Ele arqueou a cabeça para repousar no ombro de Sebastian se entregando a ele, para só então ouvir um sussurro em seu ouvido – abra os olhos minha alma.

E como se fosse ele o que deveria receber ordens, Ian abriu os olhos para então ver o seu reflexo ofegando, excitado e completamente desmontado nos braços de Sebastian, ele conseguia ver o sorriso satisfeito do demônio dançando com seus olhos vermelhos brilhando de diversão.

— É assim que se seduzi alguém Bochan – disse o demônio largando o jovem, Ian ainda tentou se manter firme, mas teve que apoiar-se no espelho para não cair – estou te esperando lá embaixo, não se atrase – e saiu do quarto deixando um rapaz completamente desmontado para trás.

Alguns minutos depois estava todos os seis sentados à mesa almoçando, Ian ainda estava furioso com Sebastian, mas o mordomo não se importava, hoje à noite ele faria o humor do rapaz melhorar. Após o almoço, todos foram para a sala de reunião onde Sebastian relatou suas últimas reuniões em Londres e então voltou-se para Ian.

— Eu tenho um questão que preciso conversar com vocês, mas não sei como será recebida então direi de uma vez – começou o mordomo – Lau me encontrou em Londres, disse que sabe quem somos, onde estamos e está disposto a nos ajudar a ampliar os negócios, ajudando a exportação para o oriente.

— Não! – disse Ian decidido, Sebastian respirou fundo pensando em argumentar com o rapaz, mas ele se calou sabendo que as decisões de Ian sobre negócios sempre deviam ser respeitadas.

— Ok, nesse caso preciso que alguém vá até os portos encontre um parceiro viável – continuou Sebastian – não somos bem vindos na alta roda e agradeço até o ultimo dia por isso, também não podemos limitar os negócios a esse continente, pois produzimos muito e a esse ritmo corremos sérios riscos de desvalorização do produto, precisamos ampliar o pontos de distribuição.

— Constantinopla – disse Ian sério – recebemos proposta deles a meses.

— E é por isso que precisamos de alguém que faça a rota.

— O Expresso do Oriente faz a mesma rota e não precisamos apelar para Lau – rebateu o rapaz.

— Quando a segurança?

— Contratamos gente para isso – disse o rapaz – Baldroy sei que conhece algumas pessoas que podem nos ajudar, podemos designar membros do grupo de vigília das vilas para compor os grupos, é o investimento deles também, não farão questão.

— Podemos pagar? – perguntou Finnin realmente preocupado – esse trem é muito caro.

— O custo não seria problema, no entanto, a longo prazo esse quadro poderia mudar – disse Sebastian – então Bochan, qual a o veredicto – Ian olhou para os membros da sala e por fim decidiu.

— Usamos o expresso por enquanto para não perdemos o negócio até lá procuraremos uma solução menos dispendiosa – disse, todos concordaram e deu-se fim ao tópico – Snaker, você e seus amigos podem ir com Baldroy, só nessa primeira viagem?

Nós iremos sem problema disse Emily.

— Ótimo – respondeu o rapaz – próximo tópico?

— Preciso de um atirador de elite para me cobrir em Paris na próxima semana – disse Sebastian olhando para Meiryn - está disponível?

— Tenho reunião com os membros da minha vila, mas acho que posso ajuda-lo – disse a ex-assassina – Baldroy não pode ir?

— É na semana do embarque do Expresso – disse Ian, seu olhar cruzou com o de Sebastian e então ele leu a expressão do demônio, ele não estava gostando disso, parecia que todos estavam simplesmente saindo ao mesmo tempo e deixando Ian sozinho – não fique assim, eu sei me cuidar.

— E pela primeira vez em quase oito anos eu acredito – disse Sebastian – mas eu ficaria bem mais tranquilo se você concordasse em ficasse nas mediações da casarão.

— Sebastian você não me ordena – lembrou o rapaz.

— É por isso que estou pedindo – rebateu o demônio ganhando sorrisos dos demais – por favor pequeno.

— Pare de me chamar de pequeno, eu não sou mais uma criança – disse o rapaz virando-se para Mey rin que agora ria com Snake – do que vocês estão rindo.

— Você cresceu é verdade, mas ainda tem traços de um garoto – disse Mey agora bem mais desinibida.

Aqueles quatro anos que passaram juntos reescrevendo suas vidas e saindo do radar dos Phantonhive fizeram deles uma estranha e esquisita família. Todos era respeitados nas vilas e tinham grande conhecimento dos negócios, mas principalmente a regra de ‘não julgar’ estabelecida havia feito esse vincula se formar. Um soldado, uma assassina, um experimento científico, um encantador de cobrar que falava com cobrar, um usurpador e um demônio, essa era a incrível família Michaelis, forjada na mentira.

— Que seja – disse o rapaz fechando a cara – não sairei das dependências do casarão, mas...

— Mas...

— Quando vocês chegarem vamos sair para as cachoeiras – disse o rapaz decidido e todos concordaram.

— Ok – disse Sebastian – acho que encerramos, Boochan quero que espere um pouco, tenho mais uma coisa para conversar com você – quando o escritório esvaziou o rapaz virou-se para Sebastian com a interrogação em seu olhar.

— Comece!

— Recebi uma carta da rainha – disse o demônio sem rodeios, o rapaz acenou em concordância para que ele continuasse – ela disse que o antigo Cão de Guarda entrou em contato solicitando o cargo de volta, parece que o prestigio e orgulho dos Phantonhive está ligada a função, e eles querem reassumir o cargo que ficou na família por anos.

— Ela sabe que depois da morte de meu pai, nos que fizemos tudo?

— Sim – disse Sebastian – e por consideração a você, ela quer sua opinião sobre o que fazer. Lorde Phantonhive exige uma reunião do os membros da Família Michaelis para tratar dessa questão.

— Isso está fora de cogitação – disse Ian rindo da ideia – eu nunca mais chegarei perto daquela casa.

— Ela quer que eles venham até nós – interrompeu Sebastian surpreendendo o rapaz – isso apenas se você aceitar é claro, não farei nada que esteja desconfortável.

Ian mordeu os lábios incerto ponderando sobre a questão, era um problema, verdadeiramente um problema. Ele sabia que a reputação dos Phantonhive era muito importante e sabia que seu irmão não teria escrúpulos em recuperar o título de Cão de Guarda da Rainha, no entanto, esse título foi dado a Sebastian com a condição de tê-lo para si, se o título saísse das mãos de Sebastian ele também sairia?

— Podemos falar sobre isso quando você voltar de Paris? – perguntou o rapaz sentindo sua mente ferver. Sebastian respirou fundo saindo detrás da mesa se aproximando do menor.

— Certo, quando voltarmos falaremos sobre isso – disse pegando a mão do menor entre as suas – mas não podemos adiar mais, ela precisa de uma resposta.

— Eu sei – disse – só quero mais alguns dias – pediu se aproximando mais do maior que o envolveu em seus braços – queria que o tempo voasse e que eu já tivesse 18, para que possamos ficar juntos para sempre.

— Ora, ora meu pequeno – brincou Sebastian – esses tempos no ensinaram a não apressar as coisas, temos que aproveitar o tempo que temos com que amamos, mesmo um demônio como eu aprendeu a apreciar isso.

— Quer dizer que você me ama? – perguntou o rapaz erguendo a face para encarar o 1,85 de Sebastian – realmente me ama?

Em resposta ele se inclinou delicadamente plantando um beijo casto nos lábios do menino, afastando-se quase que imediatamente.

— Mais do que minha própria eternidade.

 


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