Minha Alma escrita por Ana21


Capítulo 2
Soleil Phantonhive




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— Você acha mesmo que eu quero fazer isso com você? – perguntou a voz indiferente a manipuladora do verdadeiro Ciel Phantonhive, enquanto abotoava o ultimo botão da camisola de seu irmão mais novo.

Ciel havia retornado dos mortos com a ajuda do Shinigami amigo de seu pai, ele não havia dito muito sobre essa questão aos demais, nem tinha entrado em detalhes. Afinal, as pessoas naquela casa, salvo Tanaka, eram todas leais ao mais novo, não ao recém chegado Conde de Phantonhive.

Após confrontar o mais novo na escada, os dois foram até a biblioteca onde tiveram pela primeira vez uma discussão, ele ficou orgulhoso de como seu pequeno e frágil irmão se tornará alguém forte e astuto, no entanto, ele não precisava daquele comportamento daquele momento e então fez o que lhe era corriqueiro, o subjugou.

Jogando em sua face que ele o havia deixado morrer e que graças ao sacrifício dele ele estava vivo.

A jogada deu certo, o rapaz encolheu-se imediatamente e foram mais algumas palavras certas no tom certo para transformar o mais novo em sua boneca.

— Tome seu leite – disse lhe entregando uma xicará de leite adoçada com mel. O menor olhou para o pires ainda meio abatido, mas o bebeu para satisfação do mais velho.

Anos atrás, quando seus pais ainda estavam vivos ele viu como seu irmão era doce, frágil e inocente. O mundo não era digno de tê-lo por perto, ele precisava ter seu gêmeo apenas para si. Então, com a ajuda de Undertaker ele começou sua jogava, ele lhe deu uma erva para colocar em tudo o que o menor poderia consumir, e então piorar os sintomas da asma até então inexistente do menor.

Ele sabia que por sua mãe ter a doença as chances de ambos terem era muito grande, mas ele precisava ter certeza que a de seu irmão seria pior, e que tal doença o impedisse de sair de casa, e assim ficasse com ele, para sempre.

Quando o mais novo terminou o leite, ele encostou-se na cama olhando para os lençóis.

— Sebastian...

— Eu o dispensei por hoje – disse Ciel assistindo os traços de seu irmão – ele queria colocá-lo para dormir, mas eu insisti, já que agora eu sou o Senhor de Phantonhive devo ficar com o quarto principal. Não tivemos tempo de preparar um quarto adequado para você, por isso você ficará comigo até lá.

— Ele sempre me colocou para dormir...

— Ainda não confio nele o suficiente para ficar com você – disse Ciel indiferente – ele parece sombrio demais, até a segunda ordem Tanaka será o mordomo principal e Sebastian fará outras tarefas, se não for conveniente dispensá-lo.

— Não pode fazer isso, Sebastian é meu mordomo...

— E eu agradeço por cuidar de você todo esse tempo – disse em tom dominador se aproximando da cama acariciando a bochecha do seu irmão – mas eu estou aqui agora, e vou mantê-lo seguro de tudo e de todos.

— C... Ciel....

— Durma irmão, não precisa mais lutar contra isso – pediu enquanto deitava o mais novo na cama – o jogo acabou, pare de lutar.

Soleil Phantomhive

Soleil abriu os olhos exausto, ele tentou sentar-se em sua cama, mas o mundo girava demais para fazer qualquer movimento. Por fim, ele encostou-se em seus travesseiros e deixou-se ficar lá, não havia atividades para o seu dia, Ciel havia cuidado disso.

Fazia quase um mês que seu irmão retornará dos mortos e assumirá sua vida novamente, em pouco tempo ele apoderou-se de tudo, os negócios, os títulos, seu quarto, seu nome, tudo. A verdade do que o mais novo havia feito espalhou-se pelas círculos de nobres e os Midford foram os primeiros a reagir.

Tia Francis havia vindo no dia seguinte a notícia e invadido o agora novo quarto de Soleil, ela havia dito coisas horríveis, como ele era falso, mentiroso e que seus pais teria vergonha de si, como ele sujava o nome Phantonhive e merecia qualquer castigo que Ciel quisesse lhe dar, logo veio Edward e até a própria Lizzie lhe mostrou desprezo, ninguém parecia realmente se importar que o mais novo estava doente.

Desde o início dos acontecimentos, Soleil havia caído doente, sua asma estava mais forte que nunca e ele parecia cada vez mais incapaz de sair da cama sem desmaiar, ele ainda pedia para ver Sebastian, chamava pelo demônio, mas ele simplesmente não aparecia. Ele estava definhando, de tristeza e solidão.

Quando as portas de seu quarto abriram o rapaz fez uma careta, Ciel entrou acompanhado de Elizabeth empurrando um carrinho de comida.

— Veja Soleil, Lizzie veio lhe visitar – disse o rapaz parando o carrinho ao lado da cama – ela ficou preocupada que você ainda não se recuperou.

O mais novo não moveu os olhos para Elizabeth, nem se deu ao trabalho, as palavras duras de asco ainda estavam gravadas em sua memória. Fazia alguns dias que Elizabeth tentava falar com ele, como se tivesse se arrependido de sua postura, mas ele não estava interessado em perdão, ele estava exausto e seu único pensamento era melhorar para achar Sebastian e entregar sua alma ao demônio.

Ele tinha fracassado, em sua vingança, em sua vida, em ser alguém, não tinha mais por que viver, ele nem mais tinha à Sebastian, ele apenas queria finalizar a única coisa que era realmente sua e morrer em paz.

— Venha comer – disse Ciel lhe servindo chá – fiz especialmente para você.

— Não tenho fome – resmungou virando-se na cama e encolhendo-se, era uma postura patética a se ter, mas o que ele tinha a perder? A resposta disse foi dada quando sentiu uma mão forte, mais forte do que deveria ser agarrando seu braço e fazendo virar na cama do nada outra mão agarrou pelo queixo apertando suas bochechas para fazer sua boca abrir em um bico, ele nem teve tempo de processar quando liquido quente foi empurrado entre seus lábios direto na sua garganta.

— CIEL PARE COM ISSO! – pediu Lizzie, mas o mais velho só parou quando a xícara estava vazia e seu irmão estava largado na cama com a garganta, lábios e línguas queimados pelo chá quente que lhe foi empurrado goela a baixo.

— Ele precisa comer Lizzie – disse Ciel pegando o prato de mingau – não vê como está magro? Por isso que não se recupera, por que não comer. Acha que se ficar doente vai ficar nessa cama para sempre e não vai se submeter a punição por ter mentido para todos, inclusive para a rainha? Não meu irmão, você precisa comer.

— Ciel, por favor, o deixe ir – pediu Lizzie, mas seus protestos perderam força quando ele agarrou o queixo do menor e o alimentou com a mesma delicadeza de antes.

Um prato de mingau depois, um Soleil completamente machucado e choroso foi deixado finalmente sozinho, ele se sentia pior do que nunca, sua garganta doía, seus lábios e principalmente seu orgulho. Atrás daquelas portas que não era mais suas, ele chorou, chorou pelas escolhas que fez, chorou por não ter força para correr atrás do que era seu, mas chorou principalmente por estar só, e a única pessoa que lhe prometerá nunca o abandonar havia partido.

— Sebastian... – pediu entre as lagrimas – por que você não vem? Sebastian me ajude, Sebastian...

— Desculpe a demora Bochan – disse a voz polida do mordomo atrás do rapaz, o menor virou-se imediatamente em choque não acreditando em seus ouvidos, mas de pé, impecável como sempre estava Sebastian Michaelis, pronto para servi-lo.

— Por que... por que demorou tanto? – perguntou Soleil sem conseguir conter as lagrimas – você me abandonou!

— Tive alguns problemas de percurso Bochan – disse o demônio com calma se aproximando da cama, só então o rapaz viu que ele usava o sobretudo de viagem e levava em seus braços uma muda de roupa – primeiro seu irmão proibiu-me de vir vê-lo, nos primeiros dias eu obedeci por cortesia – continuou estendendo a mão como sempre fazia para o menino se aproximar da beira da cama para ser trocado – mas a partir do segundo eu vim vê-lo, mas não conseguia entrar no quarto. Aparentemente a associação de seu irmão com Undertaker lhe rendeu uma espécie de selo que me manteve longe de você, felizmente, após ajuda de um certo Hentai que conhecemos, consegui burlá-lo.

— Foi isso que você fez esse mês inteiro? – perguntou o menino sentindo uma mistura de raiva e desgosto – eu fiquei preso nesse quarto semanas, achando que você me abandonou, ouvindo... ouvindo...

— Não precisa repetir se não quiser Bochan – disse o mordomo limpando mingau do queixo do rapaz – eu ouvi tudo o que lhe foi dito, cada palavra e foram essas palavras que me fizeram tomar uma decisão.

— Que decisão?

— Quero anular o nosso contrato – disse o demônio, para tirar o chão do menor.

— Não! – disse Soleil desesperado, ele havia perdido tudo, ele não tinha mais nada, a única coisa que ele tinha era Sebastian, ele não pode perde-lo, não nunca – você... você não pode fazer isso comigo, você tem que levar a minha alma – pediu exasperado agarrando as mãos do mordomo – você me prometeu que ficaria do meu lado, por favor Sebastian – continuou em agonia, o desespero fazendo suas lagrimas piorarem – não me deixe, eu só tenho você....

— Bochan – disse o demônio lentamente tentando passar calma ao menor – eu nunca te deixaria, nunca deixaria minha amada alma – sussurrou se aproximando mais dele – mesmo sem contrato eu sou incapaz de deixa-lo, você me entende pequeno?

— Mas... – tentou continuar o menor enquanto buscava conter o soluço – você.... você quer romper...

— Não vamos romper – elaborou o demônio – quero alterá-lo, o arranjo que temos não nos atende mais.

— Eu... eu não entendo...

— Deixe-me explicar – pediu o mordomo agora começando a trocar a roupa do menor – eu me ausentei da casa alguns dias atrás e foi visitar Vossa Majestade.

— Você o que!?

— Bochan, vou pedir que tente manter-se quieto até o final da narrativa ou então não conseguiremos seguir o cronograma – pediu o mordomo tão solene como sempre – então, após uma pequena discussão com os seus dois mordomos ela me recebeu e então lhe contei tudo.

— T... tudo... tudo o que?

— Quem nós somos, as circunstancias que nos conhecemos e principalmente que eu sou um demônio – disse sem rodeios – no começo ela não acreditou, mas provei meu ponto, então fiz uma proposta para ela.

— Que proposta...?

— Ela me tornaria Lorde Michaelis e eu a serviria como Cão de Guarda pela eternidade, se ela me deixasse ter você – disse para um Soleil chocado.

— Sebast...

— Ela ponderou um pouco, mas concordou – continuou cortando totalmente o pensamento do menino – agora eu sou Lorde Michaelis, donatário de três vilas e de uma grande quantidade de terras que ficam bem longe de tudo e de todos para alguém se importar – ele fez o rapaz ficar de pé, quase se arrependendo, pois seus joelhos cederam – força Bochan, apoie-se em meus ombros.

— Mas... o que isso tem haver com o nosso contrato?

— Tudo na verdade – disse subindo os calções do menor – eu sou um Lorde agora, e tenho autorização da coroa para tirá-lo dessa casa e dos braços de seu irmão, ele segurou então a mão de Soleil o fazendo encarar – eu sou um demônio, tenho a eternidade como minha companheira, mas não quer dizer que ela pode ser a única – ele fez uma pausa observando os traços do menor – você é o humano mais sagaz que já tive o prazer de conhecer e nada me faria mais satisfeito do que devorar sua alma cheia de rancor e desespero.

— Sebas...

— O que eu quero pedir é que mudemos o contrato, para que você fique comigo por toda a eternidade – Soleil ficou em choque ao ouvir a declaração do demônio, aquilo não era um pedido de alguns anos, aquilo era a eternidade, ao lado de Sebastian, seu mordomo, seu demônio.

— Eu não entendo.

— Eu explicarei – disse se erguendo puxando o blusão vestindo agora uma blusa branca no rapaz – demônios podem escolher companheiros que o acompanhem por toda eternidade, após selado o vínculo, você se tornaria um imortal como ele e sua alma seria minha para prova-la por toda a eternidade.

— Prová-la? De que forma? Me matando por toda a eternidade?

— Não Bochan – disse o mordomo respirando fundo, buscando as palavras com cuidado – existe outras formas, formas que apenas pessoas adultas podem fazer para provar a essência de uma alma.

— Você está dizendo que quer...

— Exatamente isso – disse Sebastian – mas não me interprete mal, você ainda é uma criança, nem em meus piores dias eu poderia pensar em fazer isso com você nessa idade.

— Então... – continuou Soleil incerto – você quer que eu vá com você e seja seu companheiro?

— Sim – disse Sebastian se ajoelhando para nivelar o olhar com o menor – quero que abandone essa vida que não é mais sua, quero que abandone o nome dessa família que só lhe trouxe dor, e quero que me aceite como seu companheiro, pois eu farei o possível e o impossível para lhe fazer feliz. Eu quero lhe dar uma nova vida, onde você não precise se diminuir para caber na vida de outra pessoa, quando chegar a hora seremos apenas eu e você, e tudo o que aconteceu de ruim ficará para trás. Então minha alma, o que me diz?

O rapaz não conseguia piscar, não conseguia respirar, era muita coisa, muita coisa ao mesmo tempo. Seu irmão, sua doença, o desprezo de todos, seu nome jogado na lama, seu orgulho perdido, tudo estava perdido, menos isso.

Aquele ser, que sempre lhe atendia em seus momentos de desespero, aquele ser que sempre esteve ao seu lado nos momentos de dor, lhe mostrando a luz, lhe fazendo acreditar que existia uma opção, que ele merecia uma segunda chance. Sebastian nunca o abandonou, era apenas eles dois agora.

— Eu só tenho você – disse em um sussurro – você foi o único que ficou, por que?

— Por que demônios amam de uma forma diferente de humanos – respondeu com um sorriso brincando em seus lábios.

— Eu... – começou o rapaz chocado com a declaração – eu não sei como responder a isso.

— E nem deveria Bochan, você só tem 13 anos, não deve saber o que eu digo ainda – brincou o demônio – mas ainda preciso de um resposta ao meu pedido.

— Como isso funcionária? – perguntou o rapaz em busca de informações – eu seria seu filho? Seria nomeado como alguém de sua família?

— Seria meu protegido – disse Sebastian – seu nome seria mudado, você seria um Michaelis, Soleil Michaelis.

— Não quero esse nome – disse o rapaz irritando-se – é o nome que minha mãe me deu, mas nunca se encaixou em mim, escolha um nome para mim Sebastian.

— Nunca possui um cachorro então não sei como nomeá-lo – o comentário lhe rendeu um chute na canela – vejamos, tem de ser algo pequeno e simples, fácil de lembrar como... Ian, seu nome será Ian.

— Ian Michaelis – repetiu Soleil pensativo – então eu sei Ian, seu Ian.

— Meu Ian – repetiu Sebastian se erguendo plantando um beijo casto na testa do menor – venha meu pequeno os outros estão esperando.

— Os outros?

— Não pense que apenas eu não ligo o que você fez, ou por que você fez – disse firme – temos quatro pessoas esperando em uma carruagem do outro lado da floresta que estão muito animados com a nova vida.

— Eles... eles sabem?

— Sim – confessou Sebastian – tive de abrir o jogo e todos foram muito receptivos com a minha espécie e com a nova natureza do nosso relacionamento.

— Entendo – murmurou o menino calçando os sapatos sendo erguido por Sebastian em seus braços – eu preciso de um casaco, minha asma está piorando.

—  Não se preocupe com isso – disse em um tom mais sério – sei muito bem o que sua asma precisa, agora agarre-se em mim.

Yes, my lord— brincou Soleil fazendo o mordomo sorriso enquanto saltavam pela varanda do quarto. Aquele era um novo começo, que ele merecia, sua nova vida.

 


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