Al Limite Del Proibito escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Recapitulando:
Em A Maldição do Titã, Bianca di Angelo morreu poucos dias antes do natal.
Na fanfiction, Thalia foi mandada para o Acampamento Meio-Sangue com as outras caçadoras enquanto Ártemis e Apolo procuravam a mãe;
Os semideuses criaram um cemitério cheio de flores para todos os heróis mortos em batalhas recentes e Nico e Thalia decidiram não ser mais inimigos;
No tempo que Thalia está no Acampamento, Nico mal aparece pois estava em missão, mas apareceu nas vésperas do natal e a convida para irem passar o natal no Acampamento Júpiter com Jason.
No entanto, Thalia recusa e o Acampamento Meio-Sangue é atacado por cavalos que sopram fogo e cavalos carníveros. É nesse momento que este capítulo se inicia.



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Em algum momento daquele dia eu cheguei à conclusão de que Nico não tinha medo de morrer. Enquanto tentávamos nos livrar dos cavalos que formavam um círculo apertado ao nosso redor, o filho de Hades se ajoelhou no chão, com a certeza absoluta de que eu seria capaz de protegê-lo.

E, de alguma forma, eu consegui. Usando a lança e aégis para mantê-los distante, fiz o possível para não machucar os animais e nem deixá-los nos machucar, enquanto caçadores e campistas voavam em pégasos, tentando atrair a atenção dos cavalos, por mais que não durasse muito. Nico parecia ter um sinal indicando que era a melhor ração grátis do Acampamento.

— Thalia, consegue mantê-los em uma linha reta? — Ouvi a voz de Nico, bem no momento em que um cavalo-comedor-de-carne ia mordê-lo, a tempo de bater com a base da lança e afastar o animal.

— Você está brincando, certo?! — Grunhi, sentindo minha garganta seca e o suor pingando depois de tanto esforço.

— Eu vou abrir um buraco no chão, mas se continuarem em círculo, vamos cair juntos!

Apertei os lábios, tentando pensar enquanto era atacada e tinha que me esquivar, minha concentração crítica. Olhei de relance para a floresta de onde os animais tinham vindo e os estábulos, calculando onde Nico poderia abrir um buraco sem colocar ninguém em risco.

— Abra perto dos estábulos! — Gritei, mesmo sabendo que era uma má ideia. — Vou assustá-los com um raio pra correrem pra lá. Tem que ser bem largo!

— Suba em um pégaso! — Nico ordenou. — Vai ser pisoteada se você ficar!

— Rápido, Nico! — retruquei, sabendo dos riscos.

Mas eu não podia deixar mais uma morte sob minha responsabilidade justo no mês de dezembro, Bianca mal havia completado sete anos de morte.

— Você é muito teimosa, garota! — Nico reclamou, tendo que rolar no chão pra se esquivar de uma baforada de fogo. — Vamos ser os dois pisoteados!

— Então ande logo! — retorqui, xingando em seguida quando meu braço foi queimado, me fazendo quase soltar a lança.

Escutei Nico praguejar em grego e, pelo canto do olho, vi ele se ajoelhar novamente. O chão tremeu e, por um momento, achei que iria desabar sob nós, até perceber que um buraco se abria há poucos metros, perto dos estábulos.

Os cavalos se agitaram mais, começando a se dispersar, como se até perdessem seu interessante em Nico.

— Mande os pégasos de alinharem, preciso de sombras sobre os cavalos! — Ouvi a voz de Nico e gritei as instruções mais alto para Cibele.

Logo a caçadora gritava as instruções com mais confiança, ordenando formações e alinhando os demais, de uma forma que só ela conseguia. Não pude evitar um sorriso: Quando minha morte chegasse, Cibele tinha a competência necessária para assumir a caçada como tenente.

— É agora… — Ouvi a voz de Nico e não me arrisquei a olhá-lo, analisando os cavalos que se agitavam com os pégasos voando tão baixo sobre eles.

Me aproximei mais do Di Angelo — ainda ajoelhado tocando o chão — protegendo a nós dois. Nico ergueu o rosto e olhou fixamente para um dos cavalos: No momento seguinte, o animal relinchou e caia, como se sugado pelas sombras.

— Isso! — Ouvi a voz de Nico e, mais tarde, percebi o que ele fazia: puxava os animais pelas sombras e os transportava até o buraco, os aprisionando. Por mais que soltassem fogo ou mastigassem as pedras, os cavalos não conseguiriam fugir e era estreito demais para pularem.

Um a um, Nico puxou cada animal, enquanto eu o protegia dos que restavam. Ao final, restou apenas nós dois exaustos, suados e exasperados ao me deixar cair na grama chamuscada, enquanto as caçadoras arrumavam uma forma de selar o animais no buraco sem que lhes faltasse ar, e os campistas cuidavam dos focos de incêndio espalhados pelo bosque.

— Você está bem? — Perguntei por fim, olhando para Nico que ainda estava prostrado, a cabeça baixa. Percebi que gotas de sangue pingavam na grama e o toquei no queixo, erguendo o rosto. Um filete de sangue descia por seu nariz até o queixo, enquanto Nico sorria vencedor.

— Achei que não ia dar certo. — Ele riu e, talvez por alivio, comecei a rir também, ajudando-o a se sentar na grama. Era óbvio que ele estava ainda mais exausto que eu, a pele pálida e gelada, seu corpo trêmulo.

Sem pensar duas vezes, ele despiu a camisa, revelando o peito magro com ossos sobressalentes, e logo o tecido negro era usado para estancar o sangue do nariz.

— Por que achou que não ia dar certo? — Perguntei, desviando os olhos dele, constrangida por estar ao lado de um garoto, ainda mais sem camisa.

— Porque eu nunca havia transportado um ser vivo pelas sombras, não sem eu estar junto. — Nico explicou, a voz abafada. — Venho tentando há um tempo com pequenos objetos, é difícil e desgastante, não acredito que consegui! Ainda mais tantos de uma vez!

— O importante é que deu certo. — Respirei fundo e olhei para o alto, observando um grupo de pássaros traçar o céu que começava a escurecer. Franzi a testa, principalmente ao notar as asas prateadas brilharem, como metal contra a luz, me deixando com um arrepio na espinha. — Você conhece aqueles pássaros?

— Não. — Nico retrucou. — Mas você também tem a impressão de que eles estão olhando diretamente para nós?

— Parecem os pássaros de estinfália. — Refleti, pensando nas imagens que vi e histórias que ouvi sobre as aves que devoravam carne impiedosamente. — Mas não faz sentido, não atacaram ninguém.

— Talvez tenham vindo só pra observar. — O filho de Hades atraiu meu olhar com sua fala, seu semblante sombrio e agourento.

— O ataque foi um teste. — deduzi. — Queriam testar nossas forças, descobrir quantos campistas temos.

Nico assentiu, olhando para os céus e suspirando:

— Uma nova guerra está vindo.

Engoli em seco, concordando com ele. Já naquela época, era visível que as coisas estavam erradas e indo de mal a pior, só não fazíamos a ideia de quanto ia piorar. Aquele primeiro ataque não havia sido nada comparado as próximas batalhas.

— Pelo menos estávamos aqui. — Comentei, sem olhá-lo. — Se tivéssemos ido para o Acampamento Júpiter…

— Você está dizendo isso pra me convencer ou convencer a você mesma? — A voz de Nico estava tão baixa e dura que foi difícil encará-lo. — Os campistas teriam conseguido. Com ou sem nó. Você só está dizendo isso pra se sentir melhor.

Engoli em seco, tentada a rebater. Por algum motivo, não o fiz, talvez porque tinha noção de ser verdade.

— Nós dois sabemos que essa guerra vai dar em sangue, Thalia. Como você se sentiria se nunca mais pudesse ver seu irmão?

Eu não lhe respondi enquanto via ele se levantar e me deixar sozinha no meio da grama queimada. Eu nunca respondi com palavras nenhuma daquelas perguntas.

Nico não fazia ideia de quão poderosos eram seus presságios ou como aquelas palavras surtiram o efeito de um soco do qual nunca me recuperei.

 

Mais tarde, naquele dia, eu o reencontrei na fogueira sentando perto do chalé de Apolo, calado e se misturando a escuridão enquanto a cantoria fazia o fogo brilhar em um tom azul que alcançava cinco metros.

Ainda mantinha a carranca, mas sua pele havia recuperado o tom bronzeado e seu nariz não sangrava mais. Ponderei falar com ele, dizer-lhe que eu sentia muito pela morte de Bianca, mas a ideia me fugiu no momento que a fogueira pareceu explodir, o fogo alcançando cerca de quinze metros em um tom que ia do prata ao alaranjado.

Então, do meio do fogo, duas figuras apareceram: um rapaz alto e loiro, com um sorriso mais brilhante que as chamas e uma garota baixa com cabelos negros e olhos brilhantes. Aos poucos, campistas e caçadoras se colocaram de pé, abaixando a cabeça ao se prostrar para Apolo e Ártemis.

— Lady Ártemis. — Fui a primeira a me aproximar, minha tiara parecendo mais pesada a cada passo que eu dava.

— Minha caçadora. — Ártemis sorriu, gesticulando para que eu erguesse o rosto e a encarasse nos olhos. — Soube que fez um bom trabalho aqui.

— Não fui a única, senhora. — Murmurei, olhando para onde Nico estava momentos antes, mas só avistei sua silhueta sumindo em direção ao pavilhão do refeitório.

— Temo que seja apenas o começo. — Ártemis suspirou antes de olhar para Apolo sobre o ombro, em um tom de ordem. — Meu irmão levará os animais e dessa vez cuidará bem deles. Quanto à nós… — E novamente sua atenção pousava sobre mim, o semblante duro e ilegível, mas com um olhar de apreensão e cansaço enquanto fazia uma pequena pausa. — … é hora de voltarmos ao trabalho.

Assenti, aceitando a ordem muda de preparar as caçadoras. Em questões de segundos, distribui instruções para as caçadoras enquanto Apolo fazia o mesmo com os campistas, avisando que ele levaria os cavalos e que os treinamentos deveriam ser intensificados e a busca de novos meio-sangues deveriam se tornar prioridade para os sátiros. Apolo estava sério, notei, aquilo era um péssimo sinal.

— Estaremos prontas em cinco minutos, minha senhora. — Informei, por mais que soubesse que, em dois minutos, as caçadoras já estariam perfeitamente alinhadas em frente a deusa.

Ártemis sabia disso tão bem quanto sabia que eu tinha que fazer algo antes de irmos, algo que não envolvia a caçada. Com um balançar de cabeça afirmativo, a deusa me dispensou e logo eu me aproximava do pavilhão do refeitório.

Mesma na pouca iluminação, a silhueta de Nico di Angelo era visível sentado na mesa treze. Sua cabeça estava abaixada e seu corpo tenso, misturando-se as sombras com a roupa preta.

Com cuidado, sentei-me de frente para ele, não me importando com as regras do acampamento ou a possibilidade de ser fulminada por meu nada-querido-tio, enfim atraindo a atenção do filho de Hades. Ele levantou a cabeça me olhando intrigado, uma pergunta muda sobre porque eu estava ali. Sinceramente, até hoje não sei com certeza o que foi que me motivou a tanto.

— Eu sinto muito. — Disse, por fim, olhando-o nos olhos que me interrogavam. — Por Bianca.

Um momento pesado de silêncio se instalou entre nós, o ambiente pareceu cair a temperatura e as sombras pareceram se tornar mais densas e presentes.

— Nunca tive a oportunidade de te dizer isso. — Completei, observando o ódio nos olhos de Nico. — Ela salvou a minha vida também quando se sacrificou e sei como deve estar sentindo a falta dela.

Mais uma vez o silêncio se fez presente, mas os olhos de Nico não eram tanto ódio. Seus olhos refletiam dor e saudade. Respirei fundo, antes de continuar:

— A cada aniversário de quando Jason foi tirado de mim, quando eu não sabia que ele não estava morto, era como se eu estivesse vivendo tudo outra vez. — engoli em seco, sentindo meu coração se apertar como se eu estivesse sentindo tudo outra vez. — Mesmo agora que sei que ele está vivo, ainda dói, porque eu ainda perdi meu irmão naquele dia. Jason Grace pode viver, mas ele não é mais o irmão que eu me lembro.

Nico apertou os lábios e olhou para baixo e eu rezei para que entendesse o quão doloroso era para mim saber que Jason estava vivo, mas eu jamais poderia conviver com ele, jamais poderíamos voltar a ser verdadeiros irmãos. Não mais do que éramos dos outros filhos de Zeus.

— Um dia isso vai passar? — A voz de Nico soou baixa, ao mesmo tempo que ecoava no local vazio. Havia tanta dor que eu sentia meu coração apertar, sem saber como agir. — Algum dia esse vazio diminui?

Assisti enquanto uma lágrima descia pela bochecha de Nico. Talvez eu devesse mentir, lhe acalentar, lhe dar esperanças. Mas eu apenas apertei os lábios e balancei a cabeça, negando.

Nico abaixou a cabeça, escondendo as lágrimas, mas sua respiração engasgada ainda ecoava pelo refeitório, contendo soluços. Observei suas mãos, sobre a mesa, se fecharam em punho por alguns segundos, apertando com força antes de relaxarem e se abrirem. Por fim, o menino levantou o rosto ainda coberto de lágrimas e me fitou.

— Ninguém sabia do aniversário. — Ele murmurou, a voz fraca e rouca, sua expressão de confusão. — Percy não lembrou e eu nunca contei pra ninguém o dia. Como você sabia?

— Como eu não saberia? — retorqui em um tom baixo e com um pequeno sorriso de consolo, correspondido por Nico levemente.

Levantei-me em silêncio, ciente que faltava pouco para os meus cinco minutos se esgotarem.

— Thalia.

A voz de Nico me impediu e atraiu meu olhar. Ele também se pôs de pé, a mesa ainda entre nós, mas me estendeu a mão fechada, contendo alguma coisa.

Franzi a testa ao aparar a sua com minha própria mão por baixo, até que ele a abrisse e pequenas sementes peroladas caíssem sobre minha palma.

— Sabemos quem tem mais chance de sobreviver à essa guerra. Se algo me acontecer… Não esqueça de plantar um jardim pelos heróis, sim?

Eu assenti, fechando minha mão sobre as sementes mágicas e selando uma espécie pacto.

— Nos vemos por aí, Nico. — Finalizei, já lhe dando as costas.

— Até mais, Thalia.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me salvem do flop!
Digam-me se gostaram e preparem-se para as tretas.
Até logo!