Al Limite Del Proibito escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Meu plano era postar ontem, mas achei o capítulo pequeno e decidi acrescentar alguma coisas, aproveitando que não tive aula. O problema foi que pegaram meu computador e só consegui ele de volta agora, então preferi postar atrasada mesmo. Espero que a espera tenha valido à pena.
Boa leitura!

Recapitulando:
Em A Maldição do Titã, Bianca di Angelo morreu poucos dias antes do natal.
Na fanfiction, Thalia foi mandada para o Acampamento Meio-Sangue com as outras caçadoras enquanto Ártemis e Apolo procuravam a mãe;
Os semideuses criaram um cemitério cheio de flores para todos os heróis mortos em batalhas recentes e Nico e Thalia decidiram não ser mais inimigos;
No tempo que Thalia está no Acampamento, Nico mal aparece pois estava em missão, mas apareceu nas vésperas do natal e pede para falar com ela pessoalmente sobre Jason. É nesse momento que este capítulo se inicia.



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— Tudo bem, Di Angelo. O que você quer de mim? — questionei, apoiando meu pé direito sobre um tronco de árvore caído e encarando o rapaz a minha frente. Mais uma vez ele olhou em volta, buscando alguma plateia, mas não havia nenhuma caçadora visível entre as árvores do bosque. Não seríamos caçadoras se não soubéssemos nos esconder em uma floresta.

— Existe alguma possibilidade de realmente conversamos sozinhos?! — O filho de Hades retrucou, mas neguei com a cabeça. — Elas conseguem nos ouvir?

— Talvez. — Dei de ombros, tirando o pé do tronco e cruzando os braços, olhando-o nos olhos em desafio. Nico franziu o nariz, dando um passo à frente, seu corpo próximo ao meu.

Senti um arrepio, mas não estremeci. Me incomodava a forma como invadia meu espaço pessoal, apenas centímetros nos separando, me fazendo inclinar a cabeça para olhar em seus olhos. Eu não fazia ideia de quando ele havia se tornado mais altos que eu.

— Diga logo, Di Angelo. — ordenei, apertando meus olhos e tentando decifrar a expressão de Nico.

— Há quanto tempo não vê seu irmão? — Nico questionou depois de uma pausa, me perscrutando.

— Isso importa?! — retorqui, na defensiva.

— Você alguma vez visitou ele?

— Eu sou uma caçadora. — O lembrei. — Abandonei a companhia de homens para seguir Ártemis. Você, mais do que ninguém, deveria saber que isso inclui irmãos.

O lábio de Nico tremeu, eu havia o atingido.

— Eu sei. — Nico retrucou, ríspido. — E também deveria saber que é besteira ter esperado mais de você. Você se importa mais com essa tiara na sua cabeça do que com seu irmão.

Foi a minha vez de ser atingida, como se levasse um soco. Cerrei meus punhos e engoli em seco, buscando uma forma de revidar.

— Não fale o que você não sabe.

— Então prove que estou errado, Grace.

Declarou meu sobrenome com descaso. Por um momento me perguntei se ele sabia o quanto eu desgostava daquele nome e o que ele trazia em si — o tanto que ouvir “Grace” me fazia pensar na minha mãe e na vida que eu, ela e Jason poderíamos ter tido se ela não fosse tão decadente. —. Nico havia me insultado ao me chamar de Grace e sequer tinha noção do impacto daquilo.

— Prove. — Nico repetiu, dando mais um passo em minha direção, tão próximo que eu podia sentir o calor do seu corpo, a tensão no ar. — Amanhã é natal, eu posso viajar até o outro lado do país em poucas horas. Se você realmente se importa com Jason, eu estou te dando a chance de vê-lo no Acampamento Júpiter.

Senti um arrepio ao tentar processar o que Nico me oferecia.

— Você quer que eu fuja? — questionei, por fim.

— Não mais do que um dia. — o filho de Hades deu de ombros. — Nunca fugiu ou desobedeceu Ártemis?

— Isso é loucura. — retorqui. — Se Lady Ártemis descobrisse…

— O que ela faria?

— Não sei. — assumi com um suspiro. — Somos fiéis à ela, nenhuma caçadora jamais fugiu.

— Então, por que não ser a primeira?! — Nico revidou, seus lábios contorcendo-se em um sorriso que me deu arrepios de um jeito ruim. — Quais foram as palavras dela, afinal? Fique no acampamento? Ela disse por quanto tempo? Se você poderia sair e voltar ou em qual acampamento deveria ficar? Quais foram exatamente as palavras de Ártemis, Thalia?!

Analisei a expressão meticulosa de Nico, a inteligência por trás dos olhos escuros, o modo como sorria com arrogância e malícia. Ele estava mudando as regras, julgando-as ao pé da letra, me atiçando a ficar no limite. Eu não fazia ideia de que eu aprenderia tudo isso dentro em poucos tempo.

— Eu não vou. — declarei, por fim. — Eu não posso. Nem mesmo por Jason.

Havia em mim o claro desejo de aceitar, de arriscar, de ir atrás do meu irmão. No entanto, havia também a certeza que a punição seria dura e cruel, e não seria aplicada apenas em mim: Nico e Jason também seriam castigados e nossos deuses não eram famosos por misericórdia com que os desobedeciam. Na melhor das hipóteses, seríamos todos mortos.

Foi a vez de Nico apertar os punhos e uma névoa de morte pareceu sair dele, tornando secas todas as plantas ao seu redor. Senti o vento gelado me causar um arrepio e a sensação de melancolia de contaminar, como se minhas forças estivessem sendo sugadas.

— Eu realmente me enganei sobre você.

De todas as palavras que Nico já havia usado para me ferir, foi como se aquela frase tivesse doído ainda mais. A decepção no olhar de Nico era forte, a mesma decepção que eu havia reparado o vê-lo no Olimpo, pouco tempo depois da morte de sua irmã.

Nico estava projetando em mim e Jason tudo o que ele queria viver com sua irmã. Mas não adiantava: Bianca estava morta, eu era uma caçadora e Jason um garoto. Há anos eu abri mão do meu irmão e Nico não conseguia ver isso.

— Você se engana sobre muitas coisas. — retorqui em um tom baixo, me forçando a lembrar que eu deveria ter cuidado. Nico já havia se machucado emocionalmente com a irmã e, logo quando estávamos tão perto do aniversário de morte dela, ele deveria estar ainda mais sensível.

— Meu erro foi achar que você era corajosa, Grace. — O filho de Hades continuou, sua voz rouca como se sua garganta estivesse seca, seus olhos chegando a lacrimejar. — Tudo o que eu ouvi sobre você, sobre como morreu salvando seus amigos, arriscando-se sem medo do seu pai… Acho que sua coragem continua enfiada naquele pinheiro.

Eu engoli em seco, sem saber o que responder. Aquelas palavras doíam… Era desleal citar Annabeth e Luke daquele jeito, como se eu os amasse mais do que Jason. O corpo de Nico tremia e uma única lágrima teimou em deslizar por sua face, translúcida contra a pele parda. Contive o impulso de secá-la e logo era a mão de Nico que passava por sua bochecha, um movimento brusco carregado de raiva que deixou a pele vermelha.

O Di Angelo respirou fundo, tomando ar e, então, disse em um tom tão baixo quanto grave, carregado de dor:

— Ou então, talvez o que tenha ficado enterrado naquele pinheiro tenha sido o amor que você tinha pela sua família.

Meu estômago embrulhou, como se mais um golpe tivesse me atingido. E antes que eu pudesse formular alguma resposta, os olhos de Nico se arregalaram em surpresa, olhando para algo atrás de mim.

Antes que eu pudesse reagir, seus braços estavam à minha volta e ele me empurrava para a direita, nos fazendo cair. Meu corpo se chocou contra o terreno úmido do bosque, pedras e galhos me arranhando, minha cabeça sendo amortecida pelo braço de Nico que me segurava, protegendo-me de bater a cabeça.

O filho de Hades nem teve tempo de proferir um xingamento. Mal nossos corpos caíam ele rolava, arranhando meu braço no tronco caído ao nosso lado. Seu corpo estava sobre o meu, nossas pernas enroladas e seu peso apoiado nos cotovelos que, de alguma forma, haviam se fixado ao lado da minha cabeça.

Só entendi o que ele estava fazendo quando ouvi o barulho: batidas altas e fortes que se aproximavam rapidamente, o barulho de casco. Em milésimos de segundos, Nico encaixou o rosto no meu pescoço e fechei os olhos por instinto, o ruído tão próximo que me fez prender a respiração.

Pude visualizar em minha mente o cenário: uma manada saltando sobre nós enquanto Nico me protegia com seu corpo e com um tronco caído ao meu lado, alto o suficiente para que os animais tivessem que pular e não passar por cima de nós.

Aos poucos o barulho de cascos se afastou, deixando somente o som da respiração exasperada de Nico, com o rosto ao lado do meu, os batimentos rápidos do seu coração e um barulho baixo de estalos. Abri os olhos a tempo de ver a silhueta de um pequeno grupo de cavalos correndo entre as árvores em direção ao Acampamento Meio-Sangue.

Mas não foi somente o porte dos animais que me deixou ainda mais nervosa, mas também o rastro de fumaça que os seguia. Meus pulmões se encheram com o ar poluído e tarde percebi o que eram os estalo que ouvia: fogo.

Nico rolou de cima de mim, pondo-se de pé e cambaleando. Em um instante também me ergui, segurando seu braço para que ele não caísse. O filho de Hades estava pálido como há muito eu não via, seus punhos cerrados e olhos lacrimejados.

— Você está bem?

Perguntei em vão, porém, Nico assentiu, mentindo. Puxou seu braço com força, deixando claro que meu toque o incomodava, entretanto, não estava tão raivoso quanto quando discutimos.

— Precisamos ir. — comandou, desembainhando a espada. — Eles vão atacar o Acampamento.

Corri ao lado de Nico atrás dos animais, notando pequenos focos de incêndio pelo caminho, que começavam a crescer com a vegetação. No momento eram fracos, insuficientes para levantar fumaça visível para os campistas, mas, a julgar pela quantidade, em breve teríamos problemas. Isto é, se os cavalos de fogo não causassem problemas mais que suficientes.

 

A boa notícia é que eram menos do que eu imaginava: Apenas duas dúzias de cavalos. A má notícia é que eram diferentes: enquanto metade soltava fogo, a outra metade mastigava espadas e escudos como Grover fazia com latinhas de alumínio. E todos eles estavam destruindo o Acampamento Meio-Sangue e perseguindo campistas.

— Vocês não tem dardos tranquilizantes, tem? — Nico resmungou ao meu lado, observando a situação caótica. Havia campistas tentando lutar com cavalos maiores do que eles, caçadoras atirando flechas sem ter uma distância segura e espíritos da natureza agitados e pegando fogo.

— Só no chalé. — Suspirei, tentando traçar o melhor caminho até o chalé oito, mas quanto mais os cavalos se espalhassem, pior seria. Precisávamos manter a luta entre o bosque e os estábulos. — Qual o problema de matá-los?!

— Podem ser de algum deus. — Nico resmungou. — O Rancho Triplo G foi roubado, não quero ofender nenhum deles.

— Então os deuses se irritam se matamos seus animais, mas tudo bem se os animais matarem seus filhos?! — retruquei e Nico apenas deu de ombro.

— Temos que prendê-los. — O filho de Hades continuou, olhando para os estábulos e uma ideia começou a se formar na minha cabeça.

— Mantenha eles distraídos, preciso das minhas caçadoras.

Dessa vez, Nico não reclamou. Invocou zumbis e partiu para a luta, salvando um filho de Ares de ser comido por um dos cavalos. Assobiei, chamando a atenção das caçadoras e apontando para os estábulos.

— Caçadoras, tirem todos os pégasos! — comandei. — Protejam os campistas e levem esses cavalos malditos para os estábulos. Cibele, você lidera!

Não precisei olhar pra minha subordinada pra saber que ela tinha entendido. Cibele era nova na caçada, mas a melhor no que se tratava de hipismo e tinha um senso de liderança incomum, por mais que fosse praticamente indefesa no combate corpo-a-corpo.

Enquanto as caçadoras se preparavam, cuidei da retaguarda de Nico: o filho de Hades era veloz ao desviar dos cavalos e havia erguido um número de esqueletos mais que suficiente. No entanto, os mesmo esqueletos estavam sendo pulverizados e mastigados em um tempo recorde, não só era difícil conter os cavalos sem feri-los mortalmente, como também as armas estava sendo estraçalhadas pelos dentes e pelo fogo.

— Precisamos de uma forma de juntá-los. — gritei para Nico, acertando uma flecha no flanco de um cavalo comedor-de-carne que parecia nos ter como alvo. — Se se espalharem, não vamos conseguir prender de uma vez.

— Já achamos. — O filho de Hades sugeriu, arfando ao invocar mais uma leva de zumbis. Demorei um segundo para perceber que ele falava de nós. Os cavalos estavam formando um círculo cada vez mais apertado ao nosso redor. — Animais odeiam filhos de Hades!

E Nico estava certo: em questão de segundos, um dos cavalos pegou o esqueleto que o enfrentava no meio e o estraçalhou, correndo na direção de Nico. Eu sequer pensei: conjurando aégis, saltei na direção do filho de Hades, jogando-o no chão tal como ele havia feito comigo e erguendo o braço para nos proteger.

Mesmo animais recuavam sobre a imagem assustadora da Medusa esculpida na frente do escudo, nos dando tempo suficiente para ficar em pé. Nico se colocou as minhas costas, numa estratégia básica de batalha e eu encarei o cavalo, escudo no braço e conjurando minha lança na outra mão.

— Saia daqui. — Escutei a voz de Nico. — Eu cuido deles.

— Você não consegue. — retruquei. — Eles vão te fazer em pedaços.

— Se isso acontecer — Nico arfou e uma nova leva de zumbis surgiu ao nosso redor, contendo os animais. —, plante uma tulipa pro meu túmulo.

Não tive tempo de retrucar, o cavalo que antes hesitava avançou em minha direção, os dentes arreganhados. Confesso que tive medo de que nem aegis fosse forte o suficiente para conseguir contê-lo, mas tive a prova várias vezes durante aquela luta sem fim que eles não podiam mastigar ou derreter meu escudo mágico.

É, Nico realmente estava certa quando disse que os cavalos haviam escolhido ele como alvo. Felizmente, as caçadoras vieram em nosso socorro, dispersando os animais com flechas enquanto voavam em pégasos e resgatavam os demais campistas.

— Thalia, vai logo! — Nico ordenou mais uma vez, lutando apenas com a espada. Aparentemente, havia atingido sua cota de invocação de zumbis do dia.

— Cale a boca, Di Angelo! — Retruquei, tentando atingir um cavalo sopradores-de-fogo, que havia revidado com uma baforada de fogo direto em aégis.

— Thalia! — Ouvi a voz de Cibele e parte da minha atenção se fixou na caçadora que voava baixo em um pégaso negro. —  Os estábulos não vão aguentar! Precisamos de outro lugar para prendê-los!

Me xinguei mentalmente por não ter pensado nisso antes: os cavalos estavam se livrando de nossas armas como se fossem de brinquedo, não tínhamos estábulos a prova de cavalos comedores-de-carne e cavalos sopradores-de-fogo.

— Thalia! — Ouvi mais uma vez a voz de Nico e já podia ouvir seu pedido outra vez.

— Eu não vou te deixar aqui sozinho, Nico! — gritei, acertando a lança em um dos cavalos que começou a jorrar fogo, em vez de sangue. Ah, ótimo!

— Não é isso! — O filho de Hades continuou. — Eu tenho um plano, mas você vai ter que me proteger por um tempo. Consegue?

— Só não invente de morrer, Di Angelo!




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Notas finais do capítulo

Vocês reconhecem esses cavalinhos? Lembram-se do Rancho Triplo G? Dica: Nico já encontrou com eles antes em A Batalha do Labirinto.
O que acharam dessa briga inicial deles? O que fariam no lugar da Thalia? O que acharam dessa luta?
As coisas estão começando a ficar tensas nessa nova guerra...
Enfim, espero que tenham gostado!
A Kori estava reclamando que quase não está tendo recomendações para corrigir aqui no Nyah!, que tal ajudar ela e de quebra recomendar Al Limite?! Só uma ideia, haha'

Obrigada pela atenção e nos vemos nos comentários!


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