Rafael mal podia conter-se de felicidade, seu trajeto até em casa foi rápido demais e não deu nem tempo de fantasiar todas as coisas que poderiam acontecer dali em diante, inclusive sua prima se apaixonar por ele.

Ao chegar em casa ele contou tudo o que havia acontecido para a irmã, que era a única que sabia de seus sentimentos pela prima, disse que iria assumir o bebê de Isa e Caio, e o quanto estava feliz por tudo isso.

“Você tá ficando louco Rafa, você acha que por causa disso ela vai se apaixonar por você?”

“Não sei Cissa, mas o que importa é que ela estará ao meu lado, que eu a verei todos os dias, que poderei confortá-la quando precisar de mim...”

“E sexo, você já pensou sobre isso?”

“Ah, Cissa...”

“Ah, digo eu Rafa, quanto tempo você acha que você vai conseguir segurar esta situação, e aí o que você vai fazer hein?”

“Eu não quero pensar sobre isso agora Cissa, eu quero deixar as coisas acontecerem.”

“Então vê se pelo menos você deixa ela perceber que você é um homem, e lindo por sinal, e que está apaixonado por ela, e pára de se passar por amigo bonzinho, porque mulher nenhuma se apaixona por amigos bonzinhos.”

“Tudo bem maninha, bom agora vem a parte mais difícil, falar com papai.”

“É, vai fundo!”

Rafael ligou para os pais e contou sobre o bebê e o casamento, sua mãe ficou estérica e seu pai disse que viria a Belo Horizonte para falarem pessoalmente sobre isso, não sem mostrar o quanto estava insatisfeito com o comunicado do filho.

Ao desligar o telefone Rafael pôde ponderar tudo o que estava acontecendo, percebeu o quanto estava sendo louco em assumir o filho de outro homem só para ficar ao lado da mulher que amava, e já estava prevendo as conseqüências de seu ato, mas nada fazia com que ele deixasse de se sentir feliz só de imaginar que poderia ter uma chance, mesmo que remota, de conquistar a prima.

Rafael acordou na manhã seguinte com seus pais na sala falando com Cissa da sua indignação pelo que estava acontecendo; e, levantou-se logo antes que Cissa pusesse tudo a perder. Desceu do jeito em que estava, apenas com calça de moletom cinza e sem camisa e com os cabelos despenteados, mas mesmo assim seus olhos brilhavam mais esta manhã.

“Rafael, que absurdo é esse em que você se meteu.” Falou seu pai com tom áspero na voz.

“Meu filho, você veio aqui para estudar, agora que está quase se formando, comete uma loucura destas?” A mãe falava quase exclamando.

“Você está estudando pra quê? Não é possível que não saiba como evitar um filho, e tem mais não pense que eu vou financiar este casamento absurdo que eu não vou, você tá ouvindo? Se você quer ter uma esposa e filhos vai ter que trabalhar para sustentá-los.”

As reclamações dos pais de Rafa eram faladas enquanto ele descia as escadas, e ao chegar à sala de estar ele parou em frente aos pais e ficou ouvindo até Ter uma brecha para falar.

“Terminaram?” Rafa disse pacientemente, e antes que eles dessem a resposta continuou falando “Primeiramente, oi para vocês também, faz algum tempo que não nos vemos e eu também estava morrendo de saudades.”

Rafa disse carinhosamente, beijando o rosto da mãe e cumprimentando o pai.

“Oi meu filho, me desculpe nosso jeito, mas é que estamos realmente preocupados.” A mãe falou, mais calmamente.

“Não precisam se preocupar, não vêem que sou o homem mais feliz da terra neste momento.”

“Mas meu filho, como não vamos nos preocupar você está no 4º ano de faculdade, começou sua residência agora, como pensa em se casar e deixar tudo isso?”

“Primeiramente, eu não pensei em nenhum momento em deixar a faculdade e nem a residência, também não pensei em pedir que vocês financie meu casamento, irei apenas postergar um pouco a formatura...”

Rafael não conseguiu terminar de falar, pois sua mãe o impediu histérica.

“Postergar? E você acha isso bom? Rafael, você sempre quis ser médico, seu pai deu duro a vida toda naquela fazenda para formar vocês e você fala com essa naturalidade que vai postergar seu curso?”

“Maezinha, escuta...” Rafa tentou ser o mais doce possível. “Eu não vou deixar a faculdade, apenas irei fazer menos matérias assim poderei ficar mais tempo no hospital o que irá me remunerar melhor, assim poderei estudar e manter a minha família sem precisar de vocês entendeu?”

“Filho, nós não estamos te negando ajuda porq...”

“Eu sei, eu sei que vocês só querem o meu bem, acham que eu e a Isa somos muito jovens ainda, que temos um futuro pela frente e que não devemos nos casar agora, e foi com esse intuito que vocês vieram aqui e pretendem me negar ajuda para que eu desista. Mas eu não vou desistir porque eu amo a Isa, ela me ama e está esperando um filho meu.”

Rafael foi tão firme que ninguém ousou rebate-lo.

“Muito bem, já que você já está decidido, vamos a casa de sua tia para tratarmos dos detalhes.” Foi a mãe de Rafa quem falou.

“Mamãe só mais uma coisinha?”

“Pode falar.”

“Bem... é que mesmo trabalhando mais no hospital, o salário não vai ser assim grande coisa e não dá pra eu alugar outro apartamento, será que eu e a Isa podemos vir morar aqui?”

“Olha eu juro que nós vamos contribuir com nossa parte na despesa, eu faço questão e...”

“Claro que pode Rafa, você acha que eu iria te expulsar de sua própria casa?”

“Obrigado mãe, pai muito obrigado.”

“Bem agora ligue para sua tia e marque um jantar para todos nós o mais breve possível.”