A notícia da briga dos dois caiu como uma bomba em cima de todos, a mãe da Isa foi conversar com a filha, saber se podia ajudar, ela queria até conversar com o Rafa, mas a filha a convenceu de deixar a poeira abaixar. O pai dela é claro brigou muito e no dia que ela esteve na sua casa ele leu um sermão enorme, disse que sabia que isso iria acontecer que eles deviam ter pensado, que casamento, não era brincadeira.

E enquanto o pai falava, Isa chorava sem parar, tanto que o pai ficou com pena da filha e acabou adulando-a e este foi o primeiro passo para a reconciliação dos dois.

Na turma as fofocas eram muitas, e claro todos tiveram certeza que a briga tinha sido por causa da Fernanda, e nem a Isa e nem o Rafa tentou desmentir, enquanto esta achou ótimo isto acontecer, afinal ele agora era um homem livre.

Os dias se arrastaram e se tornaram meses para Isa, ela quase não via mais o marido, ele havia mudado o horário de almoço é claro que era para não encontrá-la e ela não tinha coragem de ir até a casa do Cello, mas eles se falavam sempre por telefone, porém, somente sobre o bebê e o estado de saúde dela, isso ele fez questão de continuar, assim como fez questão de não perder nenhum pré-natal da esposa, mas em se tratando da vida pessoal ela só sabia que ele havia estado em casa, para pegar roupas, ou algo de que precisasse, mas a maioria das notícias que tinha era sobre o quão juntos ele e a Fernanda estavam.

E tornaram-se ainda mais distante depois que Isa conseguiu um emprego na agência de modelos, indicada pela Lavínia, pois era realmente verdade que o dono da agência ficou interessado com o trabalho dela, e apesar de não ser a área que a Isa queria atuar como fotógrafa, era melhor do que a incerteza de trabalhos free lancer, e o salário não era ruim, além do que este foi outro fato muito importante para que seu pai se reconciliasse de vez com a filha, “Me desculpe filha, eu estava errado” ele dissera no dia em que ficou sabendo do emprego.

A Patty bem que tentou, mas toda vez que ela ia na casa do Marcelo para falar com o ex-namorado, encontrava a Fê por lá, mas ela não perdia as esperanças porque o Marcelo garantiu que entre o Rafa e a Fê, não estava acontecendo nada, que era só ciúmes da Isa, e como a Patty sabia que o Marcelo estava afim da Fê, não teve motivos para crer o contrário então eles ( o Marcelo e ela) combinaram de sair com o Rafa e a Fê, para que pudessem conquistar os respectivos pares, o que foi um fracasso a Patty tinha ido ao banheiro e o Cello ao bar e quando voltaram, o Rafa e a Fê estavam se beijando. A Patty ficou muito chateada e acabou tendo que levar o Marcelo bêbado para casa e foi quando estavam entrando no prédio às 5:00hs da manhã que eles encontraram a Isa na portaria.

"Isa!!" A Patty falou surpresa tentando ajudar o amigo.

"O que você está fazendo aqui a esta hora?"

"Oi Patrícia."Isa cumprimentou a amiga muito sem graça, não por causa da hora, mas por que esperava por uma alfineta, uma vez que esta não perdia a chance. "É que eu tive uma vontade louca de comer sorvete de manga, e estava saindo para comprar, mas o Sr. João, não deixou por que ainda está escuro, então ele pediu para eu ficar aqui que ele buscava pra mim."

A barriga de Isa já estava enorme, afinal ela já estava com sete meses de gravidez mas apesar disso ela não engordou mais do que o necessário e se não fosse pela barriga, ninguém diria que estava grávida.

"É ele tem mesmo razão, ainda está escuro lá fora, e hoje em dia, não se pode facilitar."

"É verdade, olha ele aí. Obrigada seu João."

"De nada Dona Isabelle. Qualquer coisa é só falar."

"Pode deixar." Isa agradeceu sinceramente, e indo em direção ao elevador onde estavam a Patrícia e o Marcelo. "Hoje ele exagerou um pouco né, o que houve, ele não é de beber?"

"Dor de cotovelo. Uma garota anda rejeitando ele."

"Ahh!!" Foi a resposta de Isa, que fazia idéia de quem era. "Você quer ajuda."

"Adoraria, ele é bem pesado."

“Não precisa, eu tô bem." O Marcelo falou tentado se equilibrar de pé, mas quase caiu pra trás ao tentar.

"É nós estamos vendo que não precisa, mas vamos ajudá-lo assim mesmo, vem vamos, entra no elevador, não..."

“Não é por aqui, não por aí."

“Espera, isso."

"Pronto, chegamos no seu apartamento, aqui me dá a chave."

"Segura ele Patty, que eu abro a porta."

"Tá, eu vou tentar."

E as duas entraram no apartamento do amigo e com muita dificuldade o colocaram no sofá.

"Ufa, como ele é pesado." Isa falou aparentemente cansada.

E as duas riram sem perceber que tinha alguém vindo da cozinha.

"O que está acontecendo?" Uma voz feminina questionou.

A Isa e a Patty olharam juntas para a terceira mulher na sala, que estava muito à vontade numa blusa masculina que foi reconhecida de imediato por ambas."É o Cello, parece que bebeu além da conta." Isa falou sem olhar para ninguém e já levantando-se e fazendo menção em sair da sala. Ela não sabia identificar seus sentimentos naquele momento, vergonha, raiva, indignação, tristeza, ela só queria sumir dali o mais rápido possível.

"Acho melhor dar um café bem forte pra ele." Desta vez foi a Patty, quem falou tentando levantar o amigo do sofá para leva-lo ao quarto, mas ela só conseguiu foi que ele caísse por cima da mesa de centro derrubando o que estava em cima e fazendo um enorme barulho.

“O que foi isso Fê." O Rafa gritou lá de dentro vindo até a sala apenas de sunga. "Isa, Patty... aconteceu alguma coisa?? O bebê!! aconteceu alguma coisa com o bebê?!" Rafa desceu as escadas muito rápido indo até a esposa, sem se importar com seus trajes.

"N.Não Rafa, está tudo bem com o bebê, eu.. eu só estava ajudando a Patty com o Cello, mas eu já estava de saída."

"Cello!!" Rafa disse enquanto acudia o amigo, que tentava se levantar.

"Rafa, meu amigão." O Marcelo disse se agarrando ao amigo. "Você sabe que você é meu melhor amigo não sabe."

"Eu sei Cello." Mas você no momento está precisando é de um banho.

"Bom, é melhor eu ir embora, o Marcelo já está entregue, agora você cuida dele né?!" A Isa disse tentando ser natural, mas a sua vontade era de correr dali pra bem longe.

"É, eu, também vou com você Isa, bem... tchau pra todo mundo."

O Clima estava extremamente tenso, a Isa e a Patty que não tinham uma boa relação entre si muito sem graça por que encontraram o Rafa com a Fernanda, motivo da briga de ambas. O Rafa tinha o coração disparado por ter encontrado a Isa daquele jeito, por que uma coisa era ela ficar sabendo por terceiros, e outra era o flagrante, mas o que o incomodava era que ele sabia, que para ela não fazia a menor diferença ele estar com alguém ou absolutamente só, porque ela só pensava no Caio. Já a Fernanda, achou ótimo porque daquela forma tornava-se menos provável a reconciliação do casal e mais sério seu relacionamento com o Rafa. Já o Marcelo, não estava sabendo muito bem o que se passava.

Isa nunca tinha se sentido tão humilhada, nem mesmo quando Caio não assumiu o seu filho, por que o Rafa estava fazendo isso com ela? Ela não sabia o que dizer pra Patty, como ela precisava da amiga naquele momento...

"Bom.... eu vou subir... o bebê... eu preciso tomar o sorvete.

Mas apesar de fazer um esforço sobrenatural para não chorar na frente da Patty, ela não conseguiu e quanto mais ela tentava, pior ficava.

"Olha Isa, eu... eu não sei o que dizer, eu... Sabe por incrível que pareça, eu não estou tão mal quanto eu achei que ficaria e, eu.. eu sinto muito."

Enquanto a Patty falava, Isa pôde se acalmar e ainda em soluços chamou a amiga para ir em sua casa.

"Me desculpe por isso, acho que são os hormônios da gravidez... eu às vezes não consigo me controlar." Ela ainda soluçava. "Olha, já amanheceu e... Isa agora ria meio sem graça ... não é só sorvete que tem lá se você quiser podemos tomar o café da manhã e..."

"Tudo bem..."

"Mesmo?! Que dizer, você vem?!"

"A menos que você tenha mudado de idéia."

"Não!? Claro que não!?"

"Então vamos."

As duas se surpreenderam uma com a outra, elas tomaram o café e conversaram por muito tempo, como antes, como amigas, falaram do trabalho novo da Isa na agência, e da faculdade, dos amigos e do bebê, até que a Isa tocou no assunto.

"Patty. Eu sei que não agi corretamente com você, e... eu sinto muito, se eu pudesse voltar no tempo."

"Pára Isa, no fundo eu sempre soube que o Rafa era apaixonado por você, e só não queria acreditar nisso, talvez no fundo eu usava nossa amizade como desculpa, que eu não o perderia."

"Apaixonado por mim." Isa falou ironicamente.

"Eu não sei o que fez vocês brigarem assim, mas sei que foi depois daquele dia da boate, e eu queria me desculpar, pelo modo como te tratei lá."

"Você não tem que se desculpar por nada, tá legal." E Isa abraçou a amiga.

A Cissa chegou na sala neste momento, e viu a cena sem acreditar.

"Oi meninas, está tudo bem?"

"Oi Cissa. Isa enxugou as lágrimas. Está tudo bem sim."

"O quê é isso, você está comendo sorvete a esta hora da manhã Isa, tá maluca?"

"Eu tive desejo, ou você quer que seu sobrinho tenha cara de sorvete de manga.

"Tá bom!? Vou ser uma tia boazinha e não vou dar um puxão de orelha, mas é só dessa vez viu?"

Horas mais tarde, o Marcelo sentava no sofá ao lado do Rafa, com uma bolsa de água sobre a cabeça e gemendo sem parar, a Fernanda achou melhor ir embora, mesmo porque o Rafa ficou totalmente frio com ela depois que a esposa saiu.

"Cara, que dor de cabeça."

"Também pudera né, você chegou aqui carregado. O que deu em você Cello? Alguma coisa que eu não saiba?"

"Acho que sim! Mas deixa pra lá."

"Não cara, me conta."

"É que .. eu estou apaixonado!!"

"Mesmo.. Rafa não pôde deixar de sorrir com o comentário do amigo. Você Cello, o destruidor de corações, apaixonado?"

"Pois é dá pra imaginar?"

"E quem é a felizarda?"

"Não é ninguém."

"Qual é Cello, você não é meu amigo? O Que que há, você está querendo me esconder o jogo é?"

"É que... eu não sei como te contar isso."

"Contando ué? É alguém que eu conheço."

"É... conhece, e depois desta noite eu diria que conhece muito bem."

"Ai meu Deus! Cello eu não acredito! Você não está querendo me dizer que é a Fer..."

"A própria."

"Cara, porque você não me contou?"

"Sei lá, achei que eu estava transparente, afinal eu nunca escondi meu interesse por ela."

"É mas você age assim com todo mundo, não poderia ser diferente com ela... eu nunca.. ai que vergonha... Cello olha ontem foi.."

"Rafa, não precisa me explicar tá, eu tô muito afim dela cara, mas não sou burro também, eu já percebi que ela está de quatro por você."

"Não é bem assim..."

"É sim, não precisa tentar me enganar, mas olha eu acho que você deve pensar bem o que você está fazendo com a Fê, cuidado para não magoá-la."

"É você tem razão, eu não sei o que me deu ontem, eu acho que eu estava carente. E para acabar de inteirar eu encontro a Isa aqui."

"É cara, eu imagino, tinha quanto tempo que vocês não se viam?"

"Desde o último pré-natal, há um mês. E a cabeça como está, melhorou?"

"Nada cara, bem que você pode me receitar um remédio hein?!"

"Que tal, não beber daquele jeito de novo?"

"Engraçadinho, falo sério, me arruma um analgésico para tomar."

"Tá bom, vou ver o que você tem."

"Os remédios ficam no armário do banheiro, em baixo."

"Vou buscar."