Todo o caminho de volta para casa Kate estava sorrindo, não se sentia daquela forma a muito tempo. Pensar em Rick, lembrar de seu cheiro, o fato dele sempre ter uma piada e fazê-la se sentir bem com isso. 

—Está sorrindo como uma princesa apaixonada... -JJ comentou observando a mãe. 

—Não estou não, pode parar com isso... 

—Você está apaixonada pelo tio Rick... vai até jantar com ele... 

—JJ, eu e o Tio Rick somos amigos, e vamos jantar como amigos. E quem sabe eu converse um pouco sobre seu comportamento na escola. -Kate sorriu e observou a pequena pelo retrovisor. 

—Tanta coisa legal para conversar mamãe... -JJ rolou os olhos, aquela criança era tão ela, mais ela do que ela mesmo. JJ não tinha um traço sequer do homem que a havia concebido, nem mesmo as unhas. No fundo Kate agradecia por isso, por olhar para o motivo dela estar lutando e se ver, e enxergar a mulher forte que um dia ela também seria. 

—Você está muito abusadinha dona Johanna Jay Beckett... talvez eu deva deixar você sem sobremesa... 

—Não... ah mãe. -A pequena reclamou fazendo a mulher sorrir e logo se calou, fazendo com que o resto do caminho fosse em silêncio.

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—Direto para o banho viu mocinha... -Kate disse trancando a porta de seu apartamento assim que elas chegaram.

—Posso colocar meu pijama da Ariel hoje? 

—Claro que sim! Eu vou fazer algo gostoso para a gente comer. 

JJ bateu palmas comemorando e correu para seu quarto, e logo em seguida para o banho. 

Kate começou a preparar algo para que ela e JJ comessem, e mais uma vez Castle invadiu seus pensamentos, como um raio, como uma tempestade enorme que vinha para transformar tudo a sua volta. Esse era Richard Castle. 

—Já tomei banho, e até coloquei meu pijama. Lavei atrás das orelhas e esfreguei bem as unhas com a escovinha. 

Kate sorriu e fitou a pequena vestida em seu pijama de Ariel, custava a acreditar que aquele serzinho a pertencia, era dela, ela havia trazido ao mundo, ela daria sua vida se fosse necessário. 

—Então senta aqui para comermos, e cama mocinha que amanhã você tem aula e eu trabalho. 

As duas comeram entre gargalhadas e sorrisos cúmplices, e Kate sorriu ao ver que tudo estava calmo dessa vez. 

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Kate suspirou ao tentar estacionar embaixo da cobertura da escola, chovia tanto que uma fila de carros se formava para que as crianças descessem sem se molhar, faltavam cinco minutos para o turno de Kate na delegacia, e Johanna se recusava a descer do carro. 

—Johanna, eu estou atrasada, preciso estar na delegacia em menos de cinco minutos, me ajuda filha. 

—Eu não quero ir hoje mamãe, me leva no seu trabalho. Eu tô com saudade do tio Javi, do tio Ryan... -JJ juntou suas mãos e observou a mãe.

—Eu prometo que levo você um pouquinho lá, outro dia. Não posso passar o dia todo com você na delegacia JJ. 

A pequena suspirou, não queria ir a escola naquele dia. Pegou sua mochila e desceu do carro quando finalmente a mãe conseguiu parar fora da chuva, observou mais uma vez a mulher que sorriu amável para ela e fechou a porta, entrando na escola. 

—Ué... cadê aquele sorriso lindo que você sempre tem de manhã? -Rick observou a pequena e logo procurou Kate com os olhos, mas ela não estava ali. 

—Eu queria ir pro trabalho com a mamãe...

—Ah borboletinha, você sabe que não pode. -Rick se abaixou na frente da menina e a abraçou sendo correspondido imediatamente, mas não aquele abraço que ela lhe dava sempre. 

As aulas logo começaram, a chuva parecia ter deixado os alunos mais eufóricos e a cada cinco segundos  Rick tinha que responder porque eles não podiam brincar no parque, separou duas brigas, evitou que um grupo de meninas caísse quando resolveram apresentar uma coreografia especial, ouviu mais uma história profundamente dramática de Ashton e parou para se perguntar o que havia de errado com Johanna naquele dia, não havia ouvido a voz dela entre a gritaria, logo ela... Havia se recusado a ser a princesa na hora do teatro que ele precisou inventar para entreter as crianças, e pediu que ligasse para a mãe. 

—JJ, a mamãe tá trabalhando querida. Se eu ligar agora, ela vai brigar comigo. 

—Liga Tio, eu quero falar com ela, liga, por favor. 

—Vamos fazer o seguinte, quando der a hora do almoço nós ligamos, certo? E ai não atrapalhamos ela, e nem a sua aula. -Ele disse e a viu aceitar a sugestão com muito custo. 

Apesar de ter ido brincar com as amigas, JJ não era ela naquele dia, e Castle não sabia explicar porque aquilo o incomodava tanto, perguntou diversas vezes se a pequena sentia alguma dor, verificou a temperatura tantas outras, e só quando uma tempestade acompanhada de raios assustadores fizeram a pequena implorar entre soluços inconsoláveis para que ele ligasse para a mãe, ele pode entender o que havia de errado.