Eu me deitei na cama pressionando o meu rosto no travesseiro como se isso pudesse fazer com que as lágrimas que saíam dos meus olhos voltassem, em vão, quanto mais eu pensava nas suas palavras, mais as lágrimas insistiam em escorrer dos meus olhos.

Eu só me dei conta que tinha dormido quando eu senti dedos nos meus cabelos.

- Desculpa, eu não queria te acordar! - minha mãe disse ainda com as mãos no meu cabelo.

- Mãe? O que a senhora tá fazendo em casa essa hora? - eu perguntei esfregando os meus olhos que ainda estavam embassados

- Eu consegui sair mais cedo hoje. Eu fiquei preocupada pelo jeito que você estava hoje de manhã, então resolvi fazer uma surpresa. - ela fez uma pausa e estudou minha aparência, provavelmente meus olhos ainda deixavam claro que eu tinha chorado, pois ela perguntou: - Você tava chorando?

- Sim. - eu respondi tentando esconder meus olhos inchados de chorar

- Por quê? É pela Bruna? Eu disse pra você que um dia isso ia terminar, você agora tem que arranjar um namorado que te faça feliz e tudo volta pro seu lugar. - eu sabia que ela só tinha aceitado meu namoro com a Bruna por pensar que não ia durar, por isso eu nunca assumi meu namoro anterior a esse, mas a Bruna insistiu dizendo que seria o melhor, porque se ela descobrisse depois, as coisas tomariam proporções maiores e agora eu conseguia ver no rosto da minha uma certa alegria por eu não estar mais com a Bruna.

- Mãe, eu gosto da Bruna e não pretendo me afastar dela e mesmo que eu não gostasse, a senhora não pode mudar quem eu sou, eu sou assim, mãe e espero sinceramente que a senhora aceite isso.

- Ok, filha, eu sou sua mãe e te aceito do jeito que você é. - ela disse isso pra encerrar essa parte do assunto, querendo saber a outra. - Então, me conta o que aconteceu.

- Brigas e mais brigas. - eu disse rápido

- Por qual motivo? - ela parecia interessada mesmo

- Ciúmes.

- Só por isso? - ela perguntou levantando uma sobrancelha. Então eu decidi contar tudo logo, desde ontem à noite até hoje quando a Bruna esteve aqui em casa. Ela me escutava com atenção e pensativa também.

- E foi isso... - eu disse terminando o relato

- Sabe, se vocês se gostam mesmo, isso não devia terminar assim, Daniela.

- É, mas agora ela não quer me ver nem pintada de ouro.

- Você errou, filha, você sabia que ela tinha o pé atrás com essa menina e mesmo assim ignorou, mas não se crucifique por isso, dê um tempo pra ela pensar, esfriar a cabeça, e depois tente conversar de novo. - o conselho era sábio e o jeito como ela falava parecia ser simples.

- Mas e se nesse tempo, ela perceber que não gosta mais de mim ou encontrar alguém?

- Isso só ela vai poder dizer, mas eu digo que se ela realmente gosta de você, não vai ser a primeira pessoa que aparecer na frente dela que ela vai se apaixonar. Sabe, com seu pai foi assim, no começo do nosso namoro eu estava confusa sobre a gente e cheguei a terminar com ele, mas ele disse que me esperaria o tempo que fosse e foi então com a distância que aprendi e percerbi que ele era a pessoa certa pra mim. E quando eu olho pra trás e penso em tudo que vivemos, vejo que eu não poderia ter feito escolha melhor. - Eu nunca tinha visto minha mãe falar isso pra mim, depois que meu pai morreu há dois anos, ela sempre evitou falar sobre esse assunto, mas ela adorava falar sobre as histórias que eles tinham juntos e adorava dizer como ele sempre a amou muito, mas dessa vez era diferente, eu via lembranças nos seus olhos e saudosa de um tempo que já não volta mais.

- Obrigada, mãe. - eu disse abraçando-a e agradecendo sinceramente

- De nada. Você sabe que sempre que precisar, eu vou estar aqui, né?!

- Sim, eu sei. Mas então, já que você chegou cedo hoje, vamos fazer alguma coisa... qual tal um filme? Eu estava doida pra alugar um na locadora.

- Ótima idéia. Eu vou fazer um brigadeiro e pipoca enquanto isso.

Eu lavei meu rosto e me arrumei pra ir na locadora, enquanto minha mãe tomava banho e ia preparar o brigadeiro e colocar a pipoca no microondas. Eu estava me sentindo melhor, não estava ótima, mas estava melhor, a minha esperança era que esse tempo realmente fizesse bem pra Bruna.

Quando o filme terminou a minha mãe decidiu dormir um pouco e eu decidi mexer na internet.

De noite eu fiz tudo que eu tinha que fazer pra escola e fui dormir cedo.

A semana passou rápido, e muito monótona, a Camila nem falava comigo, um sorriso forçado já era muito e eu não a culpava, eu fiquei mais  próxima da Amanda, e a Priscila e Pedro também, foi quando descobrimos que ela é Bi, o Pedro de certa forma não perdeu a esperança de conseguir alguma coisa com ela e quanto a Bruna, nada, ela não me ligou nem uma vez e eu estava cada vez mais sem esperanças sobre uma possível volta do nosso namoro. 

1 mês depois...

Eu estava na aula de Ed.física como em um dia comum...

- Ei, Daniela, tem alguma coisa tocando na sua mochila! - a voz da Amanda vinha do outro lado da quadra, e ela estava sentada junto às mochilas, já que não estava disposta a fazer aula.

Eu estava um pouco suada e cheguei respirando rápido, e nem olhei número, apenas atendi.

- Oi... Alô? - a ligação tava ruim e do outro lado parecia ter lguém chorando, foi quando resolvi olhar o número, meus olhos arregalaram e então eu levei o celular ao ouvido. - Bruna? Tá tudo bem? Bruna?

- Daniela... me ajuda! - ela falava rápido e seus soluços não permitiam entender muito bem

- Aí, meu Deus, Bruna... o que tá acontecendo?

- Daniela, eu fui assaltada, eu tô desesperada!

- O quê? E onde você tá? - eu perguntei colocando a mão na cabeça, essa hora a Amanda, Priscila e Pedro já estavam perto de mim

- Eu tô perto do meu trabalho. Eu posso passar aí? Eu não sei o que fazer...

- Você tá muito nervosa, você precisa se acalmar! Você tá de carro?

- Sim! Eu tive a maldita sorte ou o azar de ser assaltada antes de chegar no carro, mas levaram meus documentos, tudo!

- Você tá em condições de dirigir? - eu perguntava nervosa também

- Acho que sim! Você tá na escola?

- Sim, mas eu dou um jeito de sair, vem pra cá.

- Tem certeza? Você  não vai ter problemas?

- Problemas o caramba! Vem logo!

- Tá bom! - ela disse e já ia desligar quando eu falei

- Bruna... toma cuidado e dirige com calma. - eu disse um pouco mais calma

- Vou tentar. - ela disse desligando o celular

- O que aconteceu? - Priscila perguntou ao mesmo tempo de Amanda e Pedro.

- Ela foi assaltada e tá vindo pra cá. - eu disse olhando pra eles que estavam ansiosos.