Um Sincero Devaneio escrita por Natalia


Capítulo 2
Esse é o primeiro capítulo


Notas iniciais do capítulo

Salve, salve! Eis aqui um capítulo composto pelos meus mais sinceros devaneios (já que não há nada mais apropriado).



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Fortaleza. 

Quando era menor, sonhava em morar fora. Fora da minha cidade, fora do meu país. Eu lembro que costumava assistir séries de TV americanas que se passavam em high schools- porque dizer simplesmente 'escolas' não faria jus- e pensava "Aqui é uma bosta. Queria estar ali ao invés." Anos mais tarde, percebi como esse pensamento estava me impedindo de aproveitar Fortaleza, minha cidade natal. Eu estava ignorando tudo de bom que a cidade pode oferecer por pensar que nada chegava aos pés das idealizações que eu fazia do mundo afora (que, na época, eu acreditava que eram retratos da realidade). Foi então que conheci Fortaleza. Percebi quão bom pode ser ver o sol se pondo no horizonte na Beira Mar, ou assistir a um show no Dragão do Mar.

E, conhecendo essas coisas, cheguei a conclusão que essa cidade realmente é uma merda e fiquei mais convicta ainda de que queria ir embora. 

Brincadeira. Mas realmente fiquei mais convicta de que poderia, enfim, ir embora. Afinal, só ao conhecer minha cidade eu poderia conhecer outras. 

Então, aos 16 anos, passei a juntar dinheiro. Comecei ensinando inglês em uma escola, além de dar aulas particulares sobre as matérias que tinha facilidade; às vezes eu até aprendia novos conteúdos para poder dar aula. Quando fiz 18 anos e me formei no ensino médio, comprei minha primeira passagem. Decidi começar com um lugar em que eu já conhecesse a língua e que tivesse uma cultura parecida com a brasileira, logo, escolhi os Estados Unidos. Mais especificamente, a Grande Maçã.

Eu costumo pensar que não sou o tipo de pessoa que tem medo de coisas reais. Não tenho, nem nunca tive, medo do escuro, animais (e insetos), altura, enfim. Assim, quando ouvia pessoas falando que tinham medo de avião, seja por claustrofobia ou acrofobia, e descrevendo esse sentimento, não achava que teria esse problema.

Apesar disso, sentada em meu assento, enquanto esperava impacientemente o piloto anunciar a decolagem do avião, senti um frio na barriga e um certo nervosismo. 

"Senhoras e senhores, iniciaremos agora a decolagem."

Lentamente, o avião começou a andar. Enquanto a velocidade ia aumentando, senti a inércia agindo sob minhas pernas, que eram puxadas para trás. Comecei a observar o quão precioso era aquele momento específico e me questionei como poderia sentir medo disso. Pensei em como minha cidade logo estaria longe, realmente longe, sendo levada para trás assim como minhas pernas.

Oh, baby, this town rips the bones from your back

It's a death trap, it's a suicide rap

We gotta get out while we're young

Cause tramps like us, baby, we were born to run


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Notas finais do capítulo

Musiquinha do Bruce Springsteen "Born to Run" para dar aquele clima. Espero que tenham curtido a leitura. Avante! :)



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