A formatura chegou mais rápido do que Teddy queria, pois significava o fim de suas aulas, de Hogwarts e, é claro, da Vic. Nas últimas semanas, os amigos mal se viam, talvez pelos exames que os dois prestaram, talvez por não saberem como reagir um ao outro.

Teddy vestia seu smoking bruxo preto com um broche vermelho e dourado de formando grifinório, e seu cabelo já estava ajeitado no usual tom de azul turquesa enquanto ajudava Rob a arrumar o smoking branco que Domi tinha escolhido para combinar com seu vestido brilhante. O rapaz estava um pouco nervoso, mas já tinha se acostumado melhor com a ideia de Gui Weasley não ser um monstro, embora seja levemente lupino.

— Pronto, Rob, já tá bom. Agora vamos logo, as meninas já devem ter terminado e você ainda está de frescura. Não dá para você ficar menos loiro e mais ruivo para se parecer com o sogrinho.

— Ok, Teddy, zoa mesmo, mas não se esquece que você queria que o Senhor Weasley fosse seu sogrinho.

— Se eu chamar ele de “senhor Weasley”, Gui nunca mais olha na minha cara.

Os amigos saíram do quarto e fecharam a porta atrás de si, ainda rindo. Domi e Leigh já estavam no Salão Comunal, como o Lupin previra, e estavam muito bonitas. Domi brilhava com seu vestido curto dourado, e usava um batom vermelho nos lábios, enquanto os cabelos ruivos estavam soltos e ondulados. A outra formanda e acompanhante de Teddy usava um vestido vermelho, como as outras setimanistas grifinórias, e seus cabelos castanhos estavam em uma trança.

— Uau, Teddy Lupin, azul fica bem com roupa formal. – brincou Leigh, oferecendo o braço para o amigo. Dominique Weasley mediu a garota de cima a baixo, girou os olhos e bufou.

— Obrigado, futura senhora Mylie. – retribuiu Teddy, citando o namorado da garota. – Vermelho também lhe cai bem.

— Podemos ir, Teddy? Quero ver minha família. – disse Domi, com uma indireta bem direta na fala.

— Claro.

— Eu acho que não precisamos ter pressa, gente, os Weasleys não vão fugir...

—Rob! – disseram Domi e Teddy, ao mesmo tempo, no que o rapaz levantou as mãos em rendição.

Assim que adentraram o Grande Salão, Teddy encontrou a sua família sentada em duas mesas gigantes perto do tablado dos professores. Vic estava lá, é claro. O jovem Lupin não conseguiu não sorrir. Sua amada usava um vestido creme com bordados que batia no joelho, e os cabelos estavam ondulados e soltos, exceto por duas mechas da frente, que se uniam atrás presas por pequenas flores claras.

— Cuidado para não babar, Lupin. – disse  a sua acompanhante. O garoto riu.

— Desculpa, Leigh. Não posso evitar.

— Eu sei, fazia a mesma coisa com Jon.

— Como ele está, por sinal?

— Bem! Na verdade, acho que vou me mudar para a Alemanha na primavera, estou tentando uma bolsa para estudar Avançado em Feitiços lá.

— Uau, parabéns, Leigh! Boa sorte.

— Obrigado. – a garota sorriu, divertida, para ele. – Agora, vamos sentar porque já vai começar.

Ela estava certa. A diretora McGonagall fez um discurso, chamou nossos nomes e entregou os diplomas. Na vez de Teddy, os Potter e Weasley encheram a sala de gritos e aplausos, e o garoto quase chorou. Aquilo era família. A que seus pais tinham lhe deixado, e ele os amava por isso.

A hora da valsa chegou, e Dominique Weasley, recém quartanista, roubou a cena dos formandos com sua presença e graça na pista. Robert Spinett estava radiante, embora ainda com um pouco de receio da família. A certo ponto da dança, enquanto Teddy olhava na direção da encantadora Victoire, Leigh decidiu que seria divertido se tornar o homem da dança e conduzir os passos, girando Teddy pelo salão e fazendo o par rir muito. Quando olhou na direção da mesa novamente, Vic não estava mais lá.

A dança acabou, e Teddy, Domi e Rob foram para a mesa da família. O Lupin recebeu tantos abraços e felicitações que tudo passou como um borrão. Tia Gina chorou, tia Hermione disse que ele sempre poderia contar com ela e que estava muito orgulhosa, Fleur deu três beijos nas bochechas e deixou escapar uma lágrima, vovó Molly falou algo sobre seus netinhos – tão pequenos! – e tio Harry o presenteou com um relógio que pertenceu aos Prewett, um objeto de família. Quando lembrou do drama de Rob e foi procurá-lo, encontrou o amigo às risadas com Gui e Jorge Weasley, claramente mais tranquilo e de mãos dadas com a sua ruivinha.

Vic não estava lá. Não estava em lugar nenhum.

Teddy percebeu isso imediatamente, e teve que se esforçar muito para não deixar aparecer a tristeza. Dançou e bebeu com a família, riu de James e Fred e até cantou com Lily, sua irmã mais nova e mais apegada. Mas ela não apareceu.

Talvez cedo demais, a animação de Teddy acabou, e o garoto se despediu da família, agradeceu a todos e pediu desculpas, mas estava acabado por conta dos exames. Ninguém precisa saber a verdade.

Chegou no dormitório, tirou a roupa, tomou um banho quente e colocou uma bermuda de dormir. Deitou na sua cama, virou para o lado e se cobriu, esperando dormir bem rápido.

Quando já estava chegando à conclusão de que, claramente, não iria dormir bem rápido, ouviu passos, provavelmente do Rob, vindo da porta. Depois, ouviu a porta fechando, e os passos se aproximavam da cama dele. Quando ele levantou a cabeça, a cabeleira loira que viu não era a de Rob.

— Vic?

— Oi, Teddie. – a garota se aproximou dele e parou do lado de sua cama. – Posso sentar aqui?

— Claro. – o garoto se afastou e sentou na cama, deixando um espaço logo ocupado pela Weasley.

—Você não pode ficar com ela, Teddy. Por favor. Eu sei o que eu disse, sobre nós, mas ela não, Teddy! Ela namora com o Jon, lembra dele? Você conheceu ele, e eles não terminaram! Por favor...

—Vic, de que raios você está falando?

— Da Leigh, Teddy. Por favor, não faz isso. Eu disse aquilo sobre nós, mas você não precisa...

— Victoire Weasley, para. Eu já deixei bem claro que não quero nenhuma garota além de você, por que eu iria ficar com a Leigh dias depois disso? E ela namora, como você bem lembrou.

— Mas você foi com ela no baile, e vocês pareciam se divertir bastante juntos... não que eu não quisesse que você se divertisse, é só que... ah, você me entendeu.

— Eu fui com ela porque somos amigos, e principalmente porque ela namora, então ela não entenderia isso como um convite romântico, que era a última coisa que eu precisava.

— Sou uma idiota, Teddy. – suspirou a loira, se aproximando e se aconchegando no amigo. – Me desculpa. Ah, como eu estava com saudade desse cheiro.

— Que cheiro?

—Cheiro de Teddy. – Vic sorriu, sem se afastar do garoto. Ele riu.

— Tá me chamando de fedido, Victoire Weasley? – a garota riu alto e olhou para ele.

— É sério, Teddy. Eu estava com muita saudade, de tudo isso. E você não é fedido, tem cheiro de... – Vic franziu o cenho.

— De que, Vic?

— De amorentia. – ela olhou-o dentro dos olhos. – Lembra o que eu te disse, Teddy? Sobre nós? Eu... acho que estava errada. Tenho um pouco de medo, mas absolutamente eu estava errada. Eu quero você, Teddy, só para mim. Não quero ver você com a Leigh, nem com a Mary da Lufa Lufa, nem com a Brianna Lee, nem com a Vivian Thomas, nem com ninguém. Eu preciso de você, Teddy. – a garota estava sussurrando, mas seus olhos tinham tanta intensidade e certeza que Teddy Lupin se apaixonou ainda mais, se isso fosse possível.

— Eu te amo, Vic. – o garoto respondeu, só um pouco mais alto. – Mas você precisa saber no que está se metendo. Eu sou mais velho, amanhã vou deixar esse castelo para sempre, e você vai voltar por bastante tempo. Vou começar o treinamento de aurores e não sei quando vou acabar, e nem o que vai acontecer com a minha vida agora. Não sei nem onde vou ficar. Minha família são os Potter, e vocês são tudo o que eu tenho. Eu só posso te oferecer o meu amor, Vic, o maior amor que um dia esse mundo já viu, e nunca vou te deixar. Vou fazer tudo o que eu puder por você, mas não vai ser fácil. A minha única certeza agora é o meu amor por você.

— É o suficiente para mim.

— Tem certeza?

— Tenho.

—Que bom, porque vou te beijar agora.

E beijou, mas não sem antes ver o sorriso nos lábios dela. Teddy a puxou para a cama até ela ter caído em cima dele, e Vic não pareceu nada incomodada, ou pelo menos não demonstrou, estando mais ocupada em passar as mãos pelo cabelo azul que tanto adorava. Parecia que o mundo tinha parado. Era bem melhor do que Teddy lembrava, conforme Vic havia prometido. O espaço entre eles era quase nulo, e Teddy estava tão perdido no beijo que mal raciocinava, só fazia o que tinha vontade. Era intenso e delicado, paradoxal e maravilhoso. Como ela.

Quando não conseguiam mais respirar, se separaram, mas mantiveram os rostos muito perto um do outro.

— Para de jogar esse charme de veela para cima de mim, garota. – Vic riu e deitou no ombro de Teddy, pulando para o seu lado na cama. A garota passou a mão pelos cabelos do rapaz.

— Seu cabelo.

— O que tem?

— É castanho.

— Como assim? – Teddy puxou uma mecha e viu o tom natural de seus fios, que já tinha se tornado estranho para o garoto.

— Eu gosto. É real, e maravilhoso. É você, simplesmente. Bom, também amo ele azul, mas te ver assim comigo me faz te amar mais.

— Me amar? – Teddy sorriu de lado, e a garota revirou os olhos.

— Eu preciso mesmo dizer com todas as letras, Teddie? – tentou o olhar pidona.

— Aham.

— Eu te amo, Teddy Lupin, meu melhor amigo e quase – família.

— Também te amo, Vic.

Os dois ficaram uns minutos deitados, abraçados, só aproveitando a paz da companhia um do outro.

— Teddy, quer ser meu namorado? – disse Vic, de repente, se apoiando no peito do garoto e levantando a cabeça.

— O que?

— Por favor, Teddy, não fala não!

— Claro que eu quero, loirinha. Quero dizer, namorada.

Vic abriu o maior sorriso do mundo e beijou seu namorado. Eles acordaram na manhã seguinte com uma foto bruxa dos dois dormindo juntos, Teddy só de bermuda com estampa de leãozinho e Vic com vestido de festa. A legenda era:

“Até que enfim! Primeira foto do casal como casal – esperamos.

Com amor, Rob e Domi.

P.S.: Somos cunhados!

P.S.2: Agora você é mesmo da família, Lupin! ”