8.

A Família Cullen

Edward Cullen

A primeira coisa que Esme fez quando eu disse para ela que eu sonhava em ter um dia meu próprio restaurante foi rir. Sim ela riu, riu de maneira debochada e disse: “filho, que ideia mais ridícula, você já tem empresas enormes para se preocupar, e não ficar cuidando de um restaurantezinho, isso é coisa de gentinha de classe média”.  

Embora isso tivesse acabado com minhas esperanças, eu nunca deixei de sonhar com um restaurante, eu queria ter um em frente ao mar, cozinhar os pratos que mais gostava: os frutos do mar, eu queria ter uma vida calma, acordar e olhar pela janela e ter uma linda visão da praia, conversar com pessoas, as ver elogiando os meus pratos, era um sonho, um sonho que eu não acreditava mais que pudesse realiza-lo.

Quem me fez amar a cozinha fora minha mãe de sangue, aquela que me gerou e me criou até os nove anos de idade, embora ela tivesse morrido cedo, eu consigo me lembrar do quanto ela amava cozinhar, acredito que devo ter herdado isso dela.

Tenho lembranças de nós dois na cozinha, a gente se divertia juntos e lembro que o que ela mais gostava de fazer comigo era bolos, como ela fazia bolos bons, ainda me lembro dos elogios do meu pai quando comia os doces dela, ela ficava toda satisfeita e nunca quis contratar uma cozinheira, mesmo tendo dinheiro suficiente para isso.

Sim, eu nasci em berço de ouro, tanto meu pai quanto minha mãe são empresários, ela era filha única e meu pai tinha apenas uma irmã e tanto ela como ele acabaram sendo herdeiros e não fundadores de empresas de sucesso.

A minha mãe herdou dos avôs uma empresa de telecomunicações, a Telmovil, a empresa fornece serviço móvel em diversos países, está na lista de uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo, tendo mais de duzentos e setenta milhões de clientes.

Já meu pai e tua irmã Eleonor é herdeiro da Noble Oil que é uma das cinco maiores empresas de petróleo do mundo, além do meu pai ter muito lucro com a empresa, ele gosta de ganhar dinheiro extra, investindo na bolsa de valores. O que posso concluir que temos dinheiro o suficiente para sustentar as próximas vinte gerações Cullen´s se quiséssemos, e por um lado isso era bom, afinal, dinheiro não era algo que precisávamos nos preocupar, mas posso afirmar que do mesmo jeito que ser rico tem suas vantagens, também tem as suas desvantagens.

Eu sempre me achei parecido com minha mãe, embora ela tivesse grandes responsabilidades, ela sempre teve um “ar livre”, não gostava de se sentir presa dentro de um escritório, era mais voltada á família, gostava de conversar com as pessoas, de viajar, é como ela mesmo dizia ela gostava “de viver”. Afinal, segundo as palavras dela: “para que serve tanto dinheiro, se não nos darmos o luxo de nos dar um tempo para curtimos um pouco ele” o que sempre concordei plenamente.

Mesmo sendo tão feliz e gostando tanto de viver, ela morreu cedo, lembro como se fosse ontem quando soube que ela havia sofrido um acidente de carro.

Ela havia saído de uma reunião e estava a caminho de casa quando bateu em um caminhão e morreu quinze dias depois de ficar internada no hospital. Tanto ela como o meu pai ficamos arrasados com a sua morte, afinal, ela era como nossa luz e mesmo tendo vivido tanto pouco tempo com ela, ainda sinto um buraco dentro de mim devido isso, ela faz muita falta.

Eu devo confessar, que os nove anos que vivi com a presença de minha mãe fora os melhores que tive até hoje, pois com ela eu sentia-me livre, como se eu pudesse ser, fazer, viver como eu quisesse, afinal, com ela os bilhões na conta bancária era apenas um detalhe, não era o centro de nossas vidas, o que faz uma diferença enorme.

E eu comecei a ter mais certeza disso quando meu pai casou-se novamente com Esme quando eu estava com onze anos de idade, ela já estava abrindo uma casa de modas, e ela era tão brilhante para os negócios que em pouco tempo conseguiu torna-la uma das maiores do país.

Esme era muito diferente de minha mãe, totalmente o oposto dela, porém mesmo com as diferenças, pouco a pouco eu comecei a aprender a gostar ela, mesmo não concordando com suas atitudes, com seu jeito de ser, com seu jeito de agir...

Eu conseguia compará-la com minha tia Eleonor, se fossem irmãs não pareceriam tanto, ambas são mulheres controladoras, firmes, totalmente ligadas ao trabalho, tanto que se pudessem ficariam vinte e quatro horas apenas trabalhando. Elas combinavam tanto que também acabaram se tornando grandes amigas, na realidade fora Eleonor que apresentou Esme ao meu pai, e mesmo os dois sendo tão diferentes, pareceu que ele se encantou por ela a primeira vista, agora não sei se isso aconteceu porque ele sentiu uma forte atração por ela, ou foi carência pela falta que minha mãe fazia a ele.

Embora Esme fosse fria, eu sabia que ela gostava de mim como filho, mas confesso que sua maneira de amar era um tanto sufocante, ela gostava de me controlar assim como minha tia fazia com seus filhos Emmett e Alice, e viver com uma pessoa controladora não é nada fácil, necessita-se de muita paciência, pois se não, acabamos perdendo o controle.

Isso acabou acontecendo com Alice quando ela se apaixonou por Jasper, ele é uma pessoa legal e tinha o mesmo sonho que eu: ter um restaurante. Porém, ele não tem dinheiro e os pais de Alice não achava que ele fosse a pessoa certa para ela devido a isso, depois de muitas brigas Alice foi embora de casa, eu confesso que fiquei surpreso com a coragem dela, assim como toda a família. E Esme como eu imaginava ficou extremamente frustrada, até agora ela vive me cercando, querendo saber como Alice está sobrevivendo, Esme sempre adorou muito a Alice e a via como uma “bonequinha” e o sonho dela é que ela desenhasse as roupas de sua casa de moda, que era a área que Alice está se formando, porém ela ficou completamente decepcionada quando Alice fora embora de casa.

Quando ela me pergunta sobre Alice eu minto para ela dizendo que Emmett está lhe bancando, mas na verdade Alice trabalha há pouco tempo como garçonete em uma casa noturna, se eu não digo a verdade para ela é porque eu sei que a minha família morre se descobrir isso.

Esme não tem filhos, mas criou desde pequena a sua sobrinha Jane, quando meu pai casou com Esme, Jane tinha sete anos de idade e praticamente fomos criados como irmãos, isso foi bom, já que eu sempre me sentia muito sozinho depois da morte de minha mãe, tanto que comecei a aprender mais a cozinhar, para me lembrar-me mais dela, mas não demorou muito para Esme se meter nisso, dizendo que uma pessoa como eu não deveria ficar perdendo tempo na cozinha, já que eu poderia ter quantos cozinheiros que eu quisesse, e meu pai, em pouco tempo de casado, começou a concordar com isso e com mais tudo que ela falasse, e então acabei deixando a cozinha de lado, para acabar cursando administração e atualmente trabalho na casa de modas.

Eu nunca gostei de me sentir preso em uma empresa, confesso que trabalho na casa de modas apenas para agradar Esme, e ainda tenho que admitir que é terrível ter ela como chefe, além de controladora é muito perfeccionista e exigente.

Ás vezes eu chego extremamente cansado em casa, e só quero dormir e no outro dia me sinto péssimo ao me lembrar de que terei novamente que voltar para casa de modas, isso faz com que eu fique quase vinte e quatro horas na presença de Esme, o que é muito estressante.

 Lá ela vive no meu pé, praticamente quer me ensinar tudo, quer me tornar um grande empresário, quer que eu vire a sua copia, justificando que no futuro eu preciso gerenciar a minha empresa de telecomunicações que atualmente está sendo gerenciada pelo meu pai, enquanto a minha tia cuida da empresa de petróleo.

Mas sinceramente eu não tinha vontade de cuidar de nenhuma empresa, mas como eu não conseguia dizer isso para ela apenas concordava para evitar uma discussão, e ás vezes quando eu deitava na cama e começava a pensar nisso, eu sentia um pouco de inveja de Alice, ela estava passando por sufocos, mas pelo menos ela estava livre.

***

Os últimos dias eu estava me sentindo ainda mais cansado, já que meu primo Emmett estava querendo ir quase toda noite à casa noturna onde Alice está trabalhando, isso na tentativa de convencê-la a sair de lá, eu dizia para ele que isso era uma tarefa inútil, Alice era teimosa, mas ele ainda tinha esperanças de que uma hora ela pudesse mudar de ideia.

Ir quase toda a noite naquela boate era complicado, isso fazia eu dormir pouco, eu ficava cansado e ainda para piorar eu era obrigado a ouvir os sermões de Esme todo dia devido o horário que eu chegava em casa, e também devido a isso eu acabava perdendo a hora e chegando tarde na casa de moda.

Além de nós dois, o Emmett também chamava de vez em quando nosso amigo Riley para nos acompanhar, Riley é futuro herdeiro de uma grande empresa de cosméticos, é amigo da nossa família há anos e embora eu não concordasse com sua personalidade um pouco arrogante e agressiva, era impossível afastar-se dele, praticamente fomos criados juntos.

Nós três éramos os únicos que sabíamos que Alice estava trabalhando em uma casa noturna, tínhamos receio de falar isso para nossa família, mas, eu sabia que se continuássemos sumindo toda noite, uma hora era capaz de minha madrasta querer investigar, ela já estava ficando muito desconfiada com os meus sumiços.

— Emmett você não acha melhor a gente dar uma diminuída? Alice já falou que não vai parar de trabalhar nessa boate! – eu falei, dando um suspiro cansado, isso assim que entrei no carro de Emmett, que era tão insistente para eu acompanha-lo até a boate que decidiu até mesmo me buscar na minha própria casa.

— Eu vou insistir mais uns dias, se ela não aceitar vou ter que contar aos meus pais a verdade... – ele falou, e então eu o olhei com as sobrancelhas franzidas.

— Sério mesmo que você vai contar? – eu falei.

— O que você quer que eu faça? Não podemos esconder isso da nossa família para sempre. – ele disse começando a dirigir, eu suspirei e olhei para janela, já imaginando a confusão que isso iria causar. Era capaz deles mandarem os seguranças da família arrastarem ela para fora da boate.

Foi então que olhando pela janela eu percebi que esse não era o caminho da boate, olhei para Emmett, com um olhar confuso.

— Cara, esse não é o caminho da casa noturna, na verdade esse é o caminho da... – eu me calei por alguns segundos. – ah cara, você vai á casa do Riley de novo! – bati levemente minha cabeça no banco do carro.

— Ele adora boates, ele falou que vai com a gente, você sabe que ele se embebeda na maioria das vezes, é mais seguro a gente busca-lo! – ele falou.

Eu soltei um suspiro e ficamos calados por alguns segundos, nesse tempo em silencio eu fiquei pensando até quando seguiríamos esse ciclo, pois cada vez que eu deixava de dormir para ir a casa noturna, eu sabia que no dia seguinte eu teria um dia extremamente dificil, que misturaria sono e ouvir as reclamações de Esme.

— Edward, você está com uma cara péssima sabia? – Emmett falou, acabando com o silencio, olhei para ele com um olhar fuzilador.

— Você faz uma grande parte disso sabia? – eu retruquei.

— Vai me dizer que você não tá nenhum pouco preocupado com Alice... – ele falou.

— Sim eu estou, mas á medida que o tempo tá passando eu fico me perguntando se ela não está com uma vida melhor do que a nossa, pensa pelo menos ela pode fazer o que ela quer... – respondi.

— Não vai me dizer que isso é uma nova crise sua? Eu quero ser chefe de cozinha, mas minha madrasta malvada não deixa... – ele falou num tom zombador, o que me deixou extremamente irritado.

— Vai se ferrar Emmett! – falei, apoiando minha cabeça no vidro do carro. – É sério, eu estou muito ferrado, a Esme tá me tirando do sério nesses últimos dias, além de ela quase estourar os meus ouvidos de tanto reclamar dos meus sumiços noturno, ela não para de me encher a cabeça por causa de que eu terminei com a Victoria, se eu não voltar com ela é capaz dela me empurrar para dentro da igreja e querer falar o sim no meu lugar! – eu disse, Emmett me olhou rapidamente.

— Você não está pretendendo voltar com aquela louca não é? Eu sempre digo que as crises de raiva e ciúmes dela não é nenhum pouco normal, acho que ela precisa de tratamento... – Emmett comentou.

— Parece que para Esme ela é uma santa, só sabe elogiá-la, fica falando dela todo momento e Victoria fica tanto tempo lá em casa, que daqui a pouco está levando até as malas... – eu reclamei.

— E eu achava minha mãe ruim! – Emmett discordou com a cabeça.

— Sorte sua que a Eleonor gosta da Rosalie e que você gosta da Rosalie, se não cara você estaria passando o mesmo que eu... – suspirei. – E ainda para piorar, Esme está enchendo minha cabeça com o trabalho, agora ela quer encontrar a modelo perfeita para a sua nova linha de roupas, mas ela rejeita todas as modelos, nem mesmo a Rosalie ela quer que seja a modelo dessa linha, e ainda ela me culpa, diz que eu que tenho que encontrar essa tal modelo, só que já cansei de apresentar novas modelos para ela e ela rejeitar todas...

— Nossa e Rosalie está achando que vai ser a modelo! – Emmett disse.

— Ah cara, pode falar para ela, Esme a adora, mas diz que dessa vez ela não é a modelo ideal! – eu falei, Emmett suspirou e sua expressão de preocupação ficou mais evidente, eu sabia o motivo para isso, quando ele contasse para Rosalie isso, era capaz dela surtar.

Emmett parou o carro na frente da mansão de Riley, pegou seu celular e começou a discar os números do telefone dele para avisar que estávamos na frente da mansão o esperando, eu não sabia o porque, mas eu estava me sentindo um pouco agitado, com uma sensação de que não era muito bom que Riley nos acompanhasse até a casa noturna naquela noite, só que mesmo assim eu me mantive quieto e ignorei essa sensação, o que eu não sabia era que pouco tempo depois, eu me arrependeria profundamente por ter a ignorado.

Continua...