Lembranças escrita por Juh11


Capítulo 1
Primeira Vez


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, tudo bem?
Esse é o primeiro capítulo de quatro do Desafio de Outubro do grupo Shikatema. O tema escolhido de cada semana será o título de cada capítulo e vou logo frustando vocês: Primeira vez não é um capitulo hentai, mas aviso que é muito amorzinho ♥

Queria agradecer a linda da KL por ter feito essa capa que mesmo simples é muito amor.

E também queria agradecer a InsaneBoo pois a ideia chave que me inspirou a escrever esse capítulo se baseia num fato citado na fic dela "O Segredo do Kazekage" (para quem shippa GaaTen, essa é uma fic excelente)

Aproveitem e deixem comentários lindos no final ♥



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Eram 8 da manhã e ele foi acordado pela esposa da maneira mais carinhosa possível:

—Acorda logo, Shikamaru. - a mulher disse puxando seus lençóis. -Se mexa! - ele ouviu os passos dela se afastando e sentiu a claridade da janela recém aberta.

Com toda a sua preguiça matinal, continuou na cama de olhos fechados e pode escutar com clareza o barulho estrondoso da porta do quarto batendo. Temari pela manhã conseguia ser tão delicada quanto um coice de mula.

Riu sozinho enquanto esfregava os olhos. Podia não ter uma mulher doce como Hinata e nem tão feminina quanto Ino, mas mesmo com o mau humor matinal de Temari, ele sabia que nunca poderia ter se casado com outra mulher.

—Eu espero não ter que subir e te chamar de novo. - ela gritou da cozinha no andar debaixo.

Levantou-se em um pulo, sabia que ela o esperava para tomar café-da-manhã juntos e sabia que postergar só pioraria seu humor, aprendeu com o tempo que a fome só tornava tudo pior. Apesar de ter de acordar cedo mesmo nos dias de folga, ele pouco se importava. O clã Nara sempre teve o hábito de fazer todas as refeições juntos, Shikamaru reclamava bastante disso quando era criança, mas entendeu o real significado daquilo depois da morte do pai e aprendeu a valorizar cada almoço e jantar junto da mãe.

Já Temari passou a aderir a esse hábito depois que eles começaram a namorar. Ela cresceu com o pai a separando dos irmãos, então nunca tiveram momentos familiares na rotina, mesmo depois da aproximação na adolescência.

Desceu as escadas e a encontrou bebericando uma xícara de café ao seu aguardo. Não pode deixar de reparar no pão intacto em cima do prato, pareceria tão natural ela o esperar para começar a comer que nem parecia que ela já teve tanta dificuldade com isso. No começo, Temari não esperava Shikamaru para começar a comer e depois ficava num dilema entre ficar na mesa o esperando ou se levantar e ir logo se arrumar.

—Bom dia. - ela murmurou um tanto grogue com o sono, ele sabia que ela só acordaria de verdade depois que já tivesse tomado todo o seu café da manhã.

—Bom dia. - ele respondeu se servindo de uma generosa dose de café e ela começou a comer seu pão devagar.

Mesmo com o hábito de sempre comerem juntos, o silêncio pela manhã era normal para os dois. Podia parecer estranho a princípio, mas eles já haviam se acostumado. Trocariam algumas poucas palavras quando terminada a refeição, contudo era reconfortante saber que até nisso eles estavam juntos, e dali a uma semana, essa rotina toda já faria um ano.

Shikamaru não sabia o que eles fariam no aniversário de casamento, a princípio, ele não faria nada, preferia fazer programas especiais em dias aleatórios do que ser obrigado a fazer algo por ser a data de casamento, porém se sentiu envergonhado quando Naruto o chamou de tapado e Ino gritou com ele, oferecendo até mesmo um buquê de flores de graça se ele pelo menos saísse com Temari para jantar em um lugar legal. Às vezes parecia que seus amigos eram mais dela do que dele.

Entretanto, Shikamaru não sabia a opinião de Temari sobre o assunto. Ela é direta o suficiente para falar para ele o que gostaria que fizessem, mas do jeito que seus amigos falaram, parecia que era tão óbvio eles irem comemorar que ele ficou com medo de perguntar a esposa e brigarem por conta disso. Ao mesmo tempo, ele quebrava a cabeça sobre o que poderiam fazer de diferente, eles já tinham ido a quase todos os restaurantes legais de Konoha e ambos andavam tão ocupados no trabalho que viajar não seria viável.

—Está chovendo. - comentou Temari pouco antes de levar a xícara de café aos lábios. Shikamaru se virou em direção a janela e viu diversas gotas de água no vidro. Olhou para a esposa que estava com uma expressão apreensiva nos olhos, era isso toda vez que chovia.

—Te levarei até o escritório e, se ainda estiver chovendo, eu te busco. Kakashi não vai se incomodar se eu atrasar um pouco. - ele disse e viu a expressão dela suavizar.

Apesar de ser uma kunoichi corajosa, Temari tinha medo de chuva por menor que fosse. Claro que depois de um tempo em Konoha, ela teve que aprender a lidar, mas sempre ficava apreensiva e esses eram um dos poucos momentos em que ela não se importava de ter Shikamaru a “protegendo”, esse medo dela eram além do racional. Shikamaru bebeu mais um gole de café e se lembrou da primeira vez em que ele e Temari passaram por um dia de chuva.

Ele tinha 14 anos e ela 17, Naruto ainda estava fora da vila treinando com o Jiraya e ela havia ido para Konoha para acertar os detalhes do próximo exame chunin e, como sempre, Shikamaru foi ordenado a ficar de acompanhante dela. Ele estava saudoso hoje e se lembrou de questionar Tsunade sobre o motivo.

—Você é o único chunin que a garota da Areia conhece, você sabe o quanto eles são exigentes e como os outros desconfiam deles. Agora, vá logo ao portão da Vila. - ela falou com autoridade e ele não pode questionar.

E era tão irritante ficar como acompanhante de Temari. Ela era mais velha e eles estavam na idade em que a mínima diferença já era sentida. Da última vez que ela havia voltado, já ostentava o título de jounin e é claro que ela não perderia a oportunidade de perturbá-lo por ainda ser um chunin.

E lá estavam eles mais uma vez saindo de noite do escritório da Hokage após uma longa reunião.

—O que você ainda faz aqui? - a garota perguntou com rispidez para ele. - Sua casa fica para o outro lado.

—Estou te levando até o hotel. - Shikamaru respondeu entediado enquanto andava com as mãos no bolso.

—Eu sei chegar lá sozinha. - ela retrucou.

—Não se deve deixar uma mulher andando sozinha à noite. - ele respondeu deixando a loira mais irritada.

—Eu sei me defender, não preciso de babá, e o sol ainda nem se pôs - Temari respondeu. - Além disso, você é apenas um chunin, se algo acontecesse, quem teria que te defender seria eu.

—Problemática. - Shikamaru reclamou olhando para o céu, por que sempre sobrava para ele ficar com aquela mulher? - Eu preferia estar em casa, mas infelizmente, para nós dois, essa é minha missão.

—Então me lembra de pedir para a Hokage não me deixar mais com um bebê chorão como escolta. - ela respondeu irritada e apertou o passo. Shikamaru seguiu na mesma velocidade que antes enquanto resmungava. Sua missão era apenas acompanhá-la e impedir que algo de errado acontecesse, certo? Não tinha nada sobre ser obrigado a andar ao lado dela.

Ele sentiu uma gota de água cair em seu nariz e olhou para cima confirmando que era chuva. Diversas nuvens negras eram visíveis no céu poente, e, logo em seguida, sentiu mais gotas cairem. Continuou caminhando quando reparou que Temari não caminhava mais.

—O que houve? - ele ousou perguntar quando parou ao lado dela. Aquela mulher era maluca e ele esperava que ela retirasse o leque o atacasse naquele momento. Entretanto, sua pergunta veio seguida de uma trovoada, o que a fez travar ainda mais e segurar em seu braço.

—Shi-shikamaru. - ela gaguejou. Como assim Temari gaguejava? - Me tira daqui.

Ele se assustou com o pedido repentino e o travamento dela, se não estivesse tão chocado, teria tirado uma com a cara dela por conta disso, porém ela parecia tão fora de si, que ele apenas acatou o pedido dela. Ainda faltavam dois quarteirões para chegarem ao hotel e pelo estado dela, ele sabia que ela não poderia continuar. Olhou ao redor e visualizou uma cafeteria próxima com decoração de corações, faltava apenas uma semana para o dia dos namorados. Olhou ao redor e não encontrou mais nada além de um bar aberto e acabou decidindo que a cafeteria era a opção mais adequada.

Shikamaru lhe ofereceu o braço e estranhou quando Temari segurou sua mão, mas entendeu que ela estava fora de si naquele momento. Seguiu em direção a cafeteria e foram recebidos com um sininho tocando na porta e uma onda quente de calor. O local estava cheio, provavelmente muitos pensaram o mesmo quando viram o sinal de chuva que ele havia ignorado por estar discutindo com Temari, e acabaram se sentando numa pequena mesinha perto da janela.

—Você gosta de café? - Shikamaru perguntou, as poucas vezes em que conversaram ou fora por conta de trabalho ou era troca de farpas, ele não conhecia quase nada sobre ela. Temari, ainda bastante assustada, apenas concordou com a cabeça e ele fez sinal para que a garçonete se aproximasse.

—Boa tarde, casal! - uma menina com aparência de uns 14 anos com cabelos vermelhos e usando um uniforme azul apareceu para atendê-los. Temari estava em um estado de choque tão grande que Shikamaru estranhou ela não ter nem ameaçado a garota. - No que posso ajudá-los?

—Dois expressos e… - ele parou por um instante e se virou para a loira. - Você gosta de chocolate? - ele recebeu outro sinal com a cabeça afirmativo, enquanto ela encarava as gotas de chuva pela janela. - E um pedaço daquela torta de chocolate, por favor.

—Quer que eu traga duas colheres? - a garçonete perguntou animada.

—Não precisa, obrigado. - Shikamaru respondeu e a ruiva saiu aos saltinhos para levar o pedido.

—Temari? - ele perguntou ao vê-la completamente dispersa encarando a janela. Seus dedos passavam pelo vidro acompanhando o caminho das gotas. -Está tudo bem?

—É a primeira vez que eu vejo. - ela respondeu ainda bem dispersa, dando um pulo na cadeira ao ver o clarão de um relâmpago. -É assustador…

—Primeira vez que você vê? - Shikamaru perguntou confuso. - Chuva? Você nunca tinha visto chuva?

Ela negou com a cabeça e ele achou inacreditável, porém passou a pensar por um minuto. Temari cresceu no meio do deserto e todas as vezes que ele lembrava dela ter vindo a Konoha, estava fazendo sol. Ele só não esperava que ela nunca tivesse pego chuva em uma missão, e como se lesse seus pensamentos, ela respondeu:

—Nunca fiz missões muito longe, Konoha é o único lugar fora o País do Vento em que realizei missões. O Quarto Kazekage nunca quis que eu e meus irmãos fossemos para longe com medo do que poderiam fazer com Gaara. Sabe, ele tinha medo de alguém de outra vila conseguir controlar o Shukaku e ele não.

—Mesmo nesse último ano…? - ele começou a perguntar mas tinha medo, nunca tinha visto Temari ser tão aberta e tinha medo do que aconteceria a ele quando passasse o momento de fraqueza.

—Foi o ano em que menos realizei missões. Gaara assumiu o lugar de nosso pai como Kazekage, mas algumas pessoas da vila não estão aceitando muito bem. Eu e Kankuro estamos tentando ajudá-lo.

A menina ruiva serviu os cafés e colocou o pedaço de bolo entre os dois, junto com duas colheres, ignorando completamente o pedido anterior de Shikamaru. Os dois começaram a beber em silêncio, não tinham muito o que conversar e Temari comeu o primeiro pedaço da torta.

—Está realmente uma delícia, tem certeza que você não quer provar um pedaço? - ela estendeu a colher extra para ele que acabou corando. Eles estavam numa cafeteria decorada para dia dos namorados, com uma garçonete achando que eles eram um casal e aquela doida ainda queria que ele dividisse a torta com ela? Ela realmente estava fora de si. - Ninguém precisa saber disso, Shikamaru, não precisa ficar todo vermelho. - isso só o deixou ainda mais corado. -Vamos, não pretendo sair daqui até que essa chuva passe… - ela comentou mais baixo vendo mais uma vez a claridade emitida da janela.

Ele pegou um pedaço da torta que realmente estava uma delícia. Sabendo que seria estranho ficarem ali sem falar nada depois de comerem, ele começou a conversar com ela sobre diversas coisas. Contou sobre suas ambições sobre uma vida confortável, o que o fez receber um olhar reprovador, contou como estava sendo sobrecarregado agora que era chunin e como seus amigos o achavam o máximo por isso, mas que ele só queria menos trabalho. Ela não comentou mais nada sobre sua vida, mas pareceu interessada quando ele comentou sobre o jogo de shougi.

—Se quiser, podemos jogar ainda essa semana, tenho um tabuleiro em casa. - ele comentou quando ela realmente pareceu interessada.

—Eu não vou ir para a sua casa.  -ela respondeu direta, oras, o que ele estava pensando?

—Posso levar para o seu hotel. - ele sugeriu.

—Eu não vou ficar sozinha com você em um quarto! - ela protestou e ele riu percebendo que ela já estava voltando ao normal.

—Claro que não, nem eu quero ficar sozinho com você em um quarto! - ele comentou ainda rindo o que a fez rir também. - Não sou um pervertido, minha sugestão é jogarmos em uma daquelas mesas da recepção.

—Assim está melhor, desde que você não chore como um bebê chorão quando perder. - ela abriu um sorriso travesso.

—Você está muito confiante para quem nunca jogou. - ele comentou.

Ele fez questão de pagar tudo e, depois de duas horas na cafeteria, a chuva finalmente havia passado e eles puderam caminhar normalmente pelas ruas molhadas até o hotel em que Temari estava hospedada.

—Obrigada por tudo, bebê chorão. - ela disse quando chegaram a porta e lhe deu um beijo na bochecha. - Mas a partir de amanhã, voltamos ao normal.

Entrando no hotel como se nada tivesse acontecido, ela o largou no meio da rua completamente vermelho e caminhando bobamente até chegar em casa.

 

O Shikamaru do presente abriu um singelo sorriso com essa lembrança e se lembrou da reação exagerada da sua mãe ao chegar mais tarde do que devia em casa e da expressão sugestiva que seu pai fez ao saber que ele estava com uma garota mais velha.

—Do que está rindo como um idiota? - a Temari do presente perguntou curiosa enquanto terminava a xícara de café.

—Você se lembra do nosso primeiro dia de chuva? - ele perguntou fazendo-a abrir um meigo sorriso.

E ali, vendo a chuva cair da janela e o sorriso de Temari enquanto segurava uma xícara de café, ele percebeu que Naruto estava certo, não devia comemorar o dia do casamento por ser uma data especial, mas sim por ser a data que uma pessoa especial entrou em sua vida.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gente, eu to babando pela cena que eu mesma escrevi.

Deixe seu comentario e faça uma autora feliz :)