Família por acaso escrita por Benihime


Capítulo 5
Por acaso... Biscoitos, velas e sombras.




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Naorima

Ela e Kyara soltaram um resmungo ao mesmo tempo quando o interruptor da tomada não funcionou.

— Droga! — Naorima exclamou — Não acredito que ainda não ligaram a eletricidade!

— E eu não acredito que você esqueceu de conferir! — A mais jovem rebateu — E agora, tia?

— Calma aí, nervosinha. Eu trouxe algumas velas. Vamos nos virar por hoje.

Kyara largou as malas no chão com um estrondo, bufando de raiva.

— Ah, que ótimo! — Resmungou.

— Deixe de ser chata, garota. Vai ser legal.

Aysha

Meia hora depois

— Isso, agora me dê aqui para bater a massa.

Aysha entregou a tigela com massa de biscoito para a tia, e Naorima começou a mexer com uma colher grande.

— Sorte a sua que o gás está em dia. — Kyara disse — O que mais falta acontecer, tia?

Naorima suspirou de frustração, obviamente irritada.

— Kyara, cale a boca e continue cortando o chocolate.

Aysha quase riu com essa. Detestava ver a falta de educação da irmã, e respeitava a tia por colocá-la em seu devido lugar.

Kyara

Uma hora depois

Ela tinha que admitir, os biscoitos estavam ótimos. Macios, do tipo que derrete na boca.

— Viu? — Naorima troçou baixinho — Isso é para você parar de reclamar.

A jovem não respondeu, mas silenciosamente lhe conferiu um pouco mais de crédito em seu conceito.

Kathleen encontrara uma lamparina em um canto, obviamente como decoração, e elas a acenderam. A luz era fraca, mas melhor do que passar a noite no escuro.

— Me ajudem, meninas. — A tia disse— Vamos fazer nossas camas enquanto os biscoitos esfriam.

 As camas já haviam sido entregues, mas não armadas. Naorima e Kyara pegaram os colchões, junto com peças de roupa de cama que já haviam sido despachadas. 

Aysha varreu o chão da sala e tudo foi levado para baixo, as camas sendo arrumadas em círculo na sala da frente, com a lamparina no meio.

Kyara tinha que admitir, parecia bem aconchegante.

Aysha

 Todas já de pijama, se acomodaram nos colchões para comer os biscoitos. Estavam bons, muito bons, mas o silêncio era ensurdecedor.

 — Aqui é tão quieto. — Comentou — Não ouço nada lá fora.

 — Porque estamos no meio do nada, baka.

 A resposta de Kyara recebeu como retaliação um olhar irritado da irmã mais nova.

 — Tem razão. — Naorima concordou. — Que tal jogarmos alguma coisa?

 — Boa ideia, one-chan!

 A mulher ficou de joelhos, aproximando-se da lamparina, e estendeu uma das mãos. Figuras começaram a se formar na parede oposta.

 — Isso é muito legal! — Aysha exclamou — Pode me ensinar?

 — Posso tentar. — Foi a resposta — Venha cá.

 Aysha se juntou à tia, que começou a lhe mostrar as posições básicas do jogo de sombras. Kyara caiu na gargalhada.

 — Não, baka. Não é assim que se faz.

 Aysha cruzou os braços e olhou de cara feia para a irmã mais velha.

— Então vem fazer melhor, nee-chan.

 Kyara revirou os olhos, mas se juntou a elas atrás da lamparina.

 — Que tal uma competição? — Naorima sugeriu — Quem fizer a melhor sequência come o último biscoito.

 — Há! Você já perdeu, tia.

 Naorima riu alto e assumiu seu lugar. Seus dedos se moviam muito rápido, formando figuras de animais e objetos, até finalmente se deterem em uma.

— O que é isso? — Kyara inquiriu.

 — É uma banana super-herói. — A mais velha respondeu, caindo na gargalhada — Faz melhor.

Kyara imediatamente reagiu ao desafio, suas mãos formando uma figura ainda mais estranha do que a da tia.

— Que?! 

— Adivinha só, tia.

Naorima olhou para a figura longa, com a extremidade redonda, e deu um tapa no ombro da sobrinha mais velha.

— Kyara! Sua pervertida!

Kyara

Fora engraçado ver a cara da tia quando reconhecera a figura na parede. Estranho o que uma parte do corpo pode fazer. Kyara sentia barriga doer, mas não conseguia parar de rir.

— Já chega. — Naorima tentava parecer séria, mas era óbvio que também ria — Hora de dormir.

— Ainda não, tia. Eu venci.

— Argh!

Naorima lhe atirou o biscoito, que a morena aparou sem dificuldade.

— Obrigada, titia querida.

— Vá dormir, trapaceirazinha.

Kyara apenas riu ainda mais com essa resposta. 

Naorima

As meninas já dormiam, mas ela não conseguia pegar no sono. Sentada na cama, observava os rostos adormecidos das sobrinhas.

Kathleen ainda estava agarrada ao panda de pelúcia que ganhara mais cedo. Aysha dormia de lado, comportada e correta mesmo no sono. Kyara estava espalhada pelo colchão, completamente relaxada, e havia um sorriso em seu rosto.

Naorima contemplou a sobrinha mais velha por longos minutos, perdida nos traços daquele rosto. Era um rosto familiar, que ela vira no espelho anos atrás. Kyara se parecia tanto com a própria Naorima aos dezoito anos que chegava a assustar.

 Olhou para a sobrinha mais uma vez. Ela ainda sorria. Foi aquele sorriso que enfim acalmou as preocupações de Naorima, e ela pegou no sono minutos depois com a esperança de que as coisas finalmente poderiam dar certo. Aquele seria seu novo começo.

Aysha

Acordou de madrugada, o rosto da mãe ainda vívido do sonho que acabara de ter. Sentou-se e tentou controlar a própria respiração, até finalmente estar mais calma.

Olhou em volta. As irmãs ainda dormiam. Kathleen tinha o rosto contraído de dor. Não era surpresa. Ela sentia falta da mãe. Aysha também sentia falta dela, mas estava feliz por estar com a tia.

Naorima era uma boa pessoa e, apesar de já lhe ter dito que não se parecia com a irmã gêmea, Aysha sabia que as duas eram mais parecidas do que imaginavam.

Olhou para a tia, que estava no colchão ao seu lado. A luz era tão fraca e, adormecida, ela se parecia ainda mais com Lilia.

Sorrindo consigo mesma, a menina inclinou- se, deu um beijo no rosto da tia e se deitou novamente. Pegou no sono em minutos.


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