Come Together escrita por lamericana


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Como é a primeira vez depois de alguns anos que eu faço uma fic de Crepúsculo, espero um pouquinho de paciência e muitas críticas construtivas.
A história se passa em 2005, considerando que a saga original rolou nessa época também.



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Eu estava pronta pra mudança, pela milionésima vez. Joguei a última caixa no caminhão de mudança e esperei que o meu pai fechasse com um dos rapazes da empresa. É incrível como passamos dois anos aqui em Riverside. É tipo um recorde.

Eu e meu pai sempre passamos um ano, mais ou menos, em cada lugar antes de ele se irritar com alguma coisa, pedir demissão e pedir a minha transferência na escola pra próxima cidade. Às vezes acho que meu pai tem sérios problemas em se comprometer com as coisas e com pessoas além de mim depois que a minha mãe morreu.

Não é como se eu tivesse a conhecido direito ou coisa assim. Minha mãe, Wilhelmina (sim, eu sei, parece ser um nome saído de um livro antigo de 1800-e-alguma-coisa), teve um câncer de útero que foi diagnosticado tarde demais porque tanto ela quanto meu pai achavam que ela estava grávida de novo e nem se preocuparam em procurar atendimento médico pra fazer pré-natal como fizeram na primeira gravidez. Quando perceberam que tinha alguma coisa estranha, era tarde demais.

Ela morreu perto do aniversário de 32 anos dela.

Eu tinha só 4 anos e não tinha entendido muita coisa na época. Lembro que, quando todo mundo jurava de pés juntos que era gravidez, eu tinha ficado muito animada em ser irmã mais velha. Mas não lembro muito bem da desculpa que meu pai deu pro fato de minha mãe morrer. Sei que ele não chegou pra mim com um “Prudie, mamãe morreu” ou alguma coisa do tipo, simplesmente porque isso não é o estilo dele.

Enfim. Depois disso, meu pai decidiu sair de Springfield e nunca mais parou de mudar de cidade. Agora, vou ter que ser a garota nova de novo. E vou ter que explicar pra todo mundo que meu nome não era uma tentativa dos meus pais em determinar alguma característica da minha personalidade.

Entrei no carro, onde meu pai parecia estar com a cabeça muito longe enquanto encarava o volante a sua frente.

— Pai! Vamos! O rapaz do caminhão não vai adivinhar o caminho. – chamei a sua atenção

Ele pareceu acordar do transe que estava e deu partida no carro. A viagem até Farnsworth foi tranquila. Não conversamos muito no caminho, como se tornou hábito nas últimas três mudanças. Desistimos de puxar assunto quanto às expectativas em relação à nova cidade. Porque a gente sabia que ele não iria aguentar muito tempo. Seria um milagre enorme se ficássemos mais de um ano, como foi o caso de Riverside.

Quando eu já enxergava a mudança de cenário de um ambiente ensolarado para um mais nublado e encoberto, estranhei. Esse não era o tipo de cidade que Edmund Shine, mais conhecido como meu pai, iria escolher naturalmente pra morar. Ele gostava muito de sol e calor pra ir prum lugar nublado e úmido.

— Eu espero que você tenha conseguido um emprego muito bom, viu, seu Edmund Shine. Porque você sabe o quanto meu humor vai parar no lixo com um clima desses. – reclamei

— Prudence, pelo amor de Deus. Menos, né? – ele retrucou

— Mas você sabe que é uma verdade. E me convença mais uma vez de que você vai se manter nesse emprego dessa vez, diferente das últimas 10 mudanças.

Ele respirou fundo.

— Aqui vamos ficar bem, filha. Não é a nossa cidade dos sonhos, mas recebi uma oferta muito boa de uma família que conheci quando sua mãe ainda estava viva. Os Stuart sempre foram muito gentis com a gente. E eles se mudaram há uns anos e querem que eu trabalhe com eles, montando o sistema da loja deles.

— Loja de que?

— Materiais de construção. – ele me olhou de canto de olho rapidamente – Ah, vamos lá. Existem grandes chances de ficarmos aqui. Ficarmos de vez.

— Pai, não sei se você lembra, mas só tenho mais esse ano e o próximo de escola. Depois vou pra faculdade.

— Obrigado por me lembrar que estou ficando velho.

— Não foi essa a minha intenção.

Ele começou a gargalhar.

— Eu sei. Agora olhe ali na esquina. Do lado direito. O que acha da casa?

Meu queixo caiu. Era uma das melhores casas que eu iria viver na minha vida. Posso apostar todo o dinheiro que ganhei trabalhando na McDonald’s – o que, ainda bem, não foi pouco dinheiro. E olhe que já moramos em muitas casas diferentes desde que a mamãe morreu. Dessa vez, a casa era de térreo, primeiro andar e sótão que fazia vezes de segundo andar.

— Por favor me diga que essa casa não é todo o nosso dinheiro da poupança. Ela é incrível demais pra ser barata. – pedi

— Calma. Os Stuart são donos da casa, mas vão cobrar um pequeno aluguel pra que a gente more aí. – papai explicou com calma

— Essa família tá boazinha demais pra ser verdade. Não vamos ter que doar a nossa alma pra eles em troca de todos esses favores?

Meu pai nem se esforçou em bolar uma resposta. Só me deu uma olhada de canto de olho e levantei meus braços em sinal de rendição.

— Ok, sem maldades desnecessárias. Mas com uma condição. Meu quarto vai ser o sótão.

— Como se já não estivesse destinado a ser seu desde que saímos de Riverside. – ele respondeu enquanto estacionava o carro na frente da nova casa

Não teríamos uma garagem, diferente de Riverside, mas, aparentemente, isso não era necessário, já que só meu pai tinha um carro. Na porta da casa, um garoto magro, muito branco e ruivo estava sentado nos degraus de entrada, como se estivesse esperando alguém. Ele estava com uma camisa de flanela, calça escura e tênis.

Antes de descer, cutuquei meu pai.

— Quem é aquele garoto? – questionei

— Deve ser Matthew, filho do casal que eu estava falando. O pai dele, Tobias, é quem está nos alugando a casa.

Usei a deixa e saí do carro. Peguei a minha mochila no banco de trás e fechei a porta. Quanto mais me aproximava do garoto, mais estranho ele ficava. Parecia que estava entediado, mas ao mesmo tempo não parecia estar disposto a fazer amigos.

— Senhor Shine, meu pai pediu pra entregar as chaves ao senhor. – o menino falou, ignorando completamente a minha presença e entregando dois chaveiros na mão do meu pai. Ele tinha um sotaque parecido com o da minha vó por parte de mãe – E ele também pediu pra avisar que qualquer coisa é só ligar pra ele.

— Obrigado, Matthew. E essa é minha filha, Prudence. Acho que você a conhece, não?

Olhei pra cara do meu pai. Ele só podia estar delirando. O menino não parecia ter mais do que 17 anos. No máximo, tinha 19. Isso sendo muito generosa.

Tá certo que, quando minha mãe morreu eu tinha uns quatro anos, ainda morava em Springfield, mas ainda hoje tenho algumas memórias de quando a gente morava lá. E eu, definitivamente, não lembro dos Stuart nem de eles terem um filho com mais ou menos a minha idade.

— Com todo respeito, senhor Shine, mas não, não lembro de sua filha. – só aí que o garoto se virou pra mim, me estendendo a mão – Prazer, Matthew Cooper.

— Prudence Shine. Prazer. – apertei a mão dele, que era estranhamente fria

— Espero que gostem da casa. – Matthew disse educadamente antes de ir em direção ao carro que estava parado na frente do nosso.

Peguei um dos chaveiros da mão do meu pai e saí correndo na frente.

Uma das vantagens que eu tenho morando com meu pai há tanto tempo, é que eu já sei como ele se comporta durante mudanças e ele sabe como eu prefiro fazer assim que chegamos numa casa nova. E é exatamente do jeito que fiz nas últimas 5 casas que eu entro nessa.

Destranquei a porta da frente e dei uma olhada rápida na sala de estar e fui em direção às escadas. Subi às pressas, procurando o sótão. Assim que entrei, puxei ar e vi que tinha sido limpo e as paredes pintadas de branco. Nas duas janelas pequenas, no canto, alguém mandou pendurar cortinas pretas. O piso de madeira parecia ter sido encerado há um bom tempo, apesar de estar claramente limpo. Quando colocar os móveis e minhas coisas, já vai parecer um quarto.

Sentei no chão observando meu novo quarto. Claramente eu precisaria ajeitar a cor das paredes com uns pôsteres e instalar algumas prateleiras, mas isso era o de menos. Eu conseguiria deixar tudo perfeito até, no máximo, depois de amanhã.

Levantei e andei em volta do sótão. Era espaçoso, mas o teto inclinado em direção às janelas me deu a impressão de ser um pouco menor do que realmente era. Fui até lá e abri as cortinas ao máximo. Quando ia me afastando da segunda janela, tropecei em uma ripa do piso que tinha se levantado e caí de bunda no chão. Vi que alguma coisa impedia de fechar aquele pedaço. Tirei a tira de madeira e vi um caderno, que parecia um diário. Tirei de lá e vi que estava um pouco empoeirado. Já vi que vou ter que usar a bombinha durante a noite e não vou dormir. Mas tirei o diário mesmo assim e fechei o buraco no chão.

— Prudence! Vem pegar suas caixas! – meu pai me chamou

Deixei o diário de lado, peguei minha bombinha na mochila e desci. Procurei as minhas caixas entre as várias que estavam na sala.

— Empoeirado lá em cima? – ele perguntou

— Hã? Ah, não, não. Tá tudo limpo. É que tinha uma ripa solta e tava sujo debaixo do chão.

— Quer que eu limpe?

— Pelo amor de Deus, pai. Não, não precisa. Tá tudo tranquilo. Foi só um pouco de poeira.

— Tem certeza? – dei uma olhada de lado pra ele que foi o necessário pra ele entender – Ok. Se quiser, pode falar, viu?

Acenei com a cabeça e empilhei as minhas caixas do lado da escada. Dei umas três viagens até colocar tudo no sótão. No final de cada viagem, tinha que aspirar a bombinha. Os rapazes da empresa de mudança levaram meu guarda-roupa, minha cama e minha escrivaninha até meu quarto. Arrumei o que eu consegui antes de me cansar completamente e fui dormir.

Acordei com meu pai derrubando as panelas na cozinha. Me arrumei e desci.

— Saiu de uma lata de lixo? – meu pai perguntou assim que me viu

— Muito engraçado, pai. – devolvi sem muito humor – O que temos de café-da-manhã?

— O de sempre.

Óbvio que ele ia fazer o de sempre. Ele vivia pra fazer ovos com bacon no primeiro dia na casa nova. Típico de Edmund Shine.

— Conseguiu dormir bem? – ele questionou assim que sentiu falta da bombinha

— Defina “dormir bem”. Porque, considerando que eu tinha grandes chances de ter um ataque horrível de asma durante a noite, até que dormi muito bem. Acordei algumas vezes com falta de ar, mas nada demais. Por falar na minha asma, você encaminhou pra escola o meu atestado médico?

Conhecendo o meu pai como conheço, é bem provável que ele tenha esquecido de mandar a minha dispensa de educação física. Já tinha acontecido antes e tinha grandes chances de acontecer de novo.

— Mandei sim. Você vai se livrar da educação física mais esse ano, mocinha.

Revirei os olhos. Como se em algum ano, desde que descobri que tinha asma, eu tenha feito uma aula sequer de educação física.

— E como você planeja ir pra aula quando começarem? Porque o carro vai ficar comigo.

— Ônibus, eu acho. Depois eu posso conseguir um emprego pra comprar um carro pra mim. – dei de ombros

Meu pai me olhou do mesmo jeito que todas as vezes que falo que vou fazer alguma coisa por mim, como se não precisasse de jeito nenhum. Parece que ele não entende que eu faço porque eu quero, não porque acho que preciso.

Quando terminei de comer e ajudei meu pai com a bagunça da cozinha, fui arrumar meu quarto. Instalei minhas luzes, coloquei o restante das roupas no armário e os livros na escrivaninha. O diário estava entre os livros. Não sei se vou ter coragem de ler algum dia.

Assim que terminei de guardar o último livro, escuto meu pai gritar do térreo me chamando. Achei estranho, porque ele não é do tipo de me chamar antes do almoço. Desci, achando que tinha dado algum problema nas caixas da mudança. Quando cheguei na sala, vi meu pai parado na porta.

— Estou indo trabalhar. Tem dinheiro na jarra. – como sempre, ele parou pra dar os avisos que dá todas as vezes antes de sair de casa pra trabalhar

— Já sei. Se eu quiser, posso pedir uma pizza em casa pro almoço, mas seria bom se eu saísse e fizesse amigos. – recitei todas as informações com voz de tédio – Conheço as recomendações. Agora pode ir trabalhar. Nunca te dei trabalho. Não vai ser hoje que vou fazer o contrário.


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