Lembra de Mim? escrita por Stephany15


Capítulo 2
O Acidente


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores! Tudo bem? Espero que sim! Eu sei, fiquei meio (muito) sumida, e peço mil desculpas! Mas muita coisa aconteceu (meu aniversário, festas de final de ano, etc.) e eu não consegui postar. Sem contar que eu estava tentando pensar na melhor forma de escrever esse capítulo.
Mas de agora em diante pretendo atualizar a fanfic toda a semana, bonitinha, como o prometido, okay?
Agora, fiquem com o capítulo! Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/744625/chapter/2

Não fazia nem cinco minutos que eu estava dirigindo quando virei a esquina de uma rua e vi uma aglomeração que crescia aos poucos. Foi nessa hora que todo meu otimismo evaporou. Não adiantava mais tentar viver no mundo de Alice e não aceitar os fatos.

Estacionei meu carro de qualquer jeito – tinha coisas mais importantes do que uma multa com que me preocupar, e ninguém notaria um carro torto diante de um acidente – e corri até aquelas pessoas que se mantinham longe o suficiente para não atrapalhar, mas perto o suficiente para ver o que estava acontecendo.

Eu queria ultrapassar aquela linha que eles estavam formando, mas para que eu faria isso? Era um acidente sério, e tocar na vítima poderia ferrar com tudo e piorar a situação de vez. E provavelmente eu não teria psicológico pra ver Beck naquele estado. Uma coisa é ver cenas de sangue e morte em filmes de terror e peças de teatro – eu amava isso –, mas outra completamente diferente é ver uma pessoa que você ama nesse estado, na vida real.

Um soluço surgiu e as lágrimas caíram em maior quantidade quando reconheci o carro dele. Amassado e caótico, mas era o carro de Beck, o novo que ele acabara de ganhar do pai . E ele provavelmente ainda estava lá. Onde estava a droga daquela ambulância que não chegava? Eu cheguei antes e nem era tão importante assim a minha presença.

— Você conhecia algum deles, querida? – uma senhorinha o meu lado perguntou.

Por que diabos ela estava falando no passado? Beck estava vivo! Ele ficaria bem, assim que tivesse uma assistência médica.

— Meu namorado! – me limitei a responder, com a voz entrecortada com um soluço.

— Entendo. – disse calmamente. – Quando levarem eles, você deve ir ao hospital, para preencher a ficha.

Como se eu não soubesse! E como aquela mulher estava tão calma diante do acidente? Ela falava como se o assunto fosse o tempo ou qualquer porcaria desse tipo, e não como se estivesse frente a frente com carros destroçados e pessoas feridas! Quase a mandei para o inferno em um súbito de raiva, mas me lembrei de um pequeno detalhe: Eu ainda tinha dezessete anos. Menores de idade não podiam preencher fichas em hospitais, podiam?

Não. Não podiam. Eu teria que ligar para o pai de Beck, e isso era tudo o que eu menos queria no momento. Óbvio que ele tinha que saber do filho, mas o que eu falaria? “Olá Sr. Oliver, como vai? Que bom que o senhor está bem, porque seu filho não está. Ele sofreu um acidente”? Eu não faria isso! Mesmo que fosse a única coisa que me vinha à cabeça.

A sirene barulhenta da ambulância despertou a atenção de todos, que rapidamente se afastaram o bastante, para não atrapalhar o trabalho dos médicos. O falatório aumentou e pelo menos umas três pessoas esbarraram em mim antes de ir até o ponto exato do acidente, enquanto eu reforçava minha atenção.

O primeiro a ir para a maca foi um homem gordo e careca que provavelmente estava ensangüentado. Estava escuro demais para pegar muitos detalhes, e eu não me importava realmente. Foquei na outra equipe que se aproximava do carro branco, o coração descompassado, me fazendo ter um pouco de dificuldade para respirar. Dava para reconhecer o corpo dele de longe.

Dessa vez eu não consegui me segurar, e quando dei por mim, estava correndo em sua direção, não obtendo resposta alguma. Dois braços me envolveram apertando com força demais minhas costelas, me impedindo de continuar.

— Me solta! – gritei, tentando fazer minha voz sobressair em meio a toda aquela confusão.

— Você não pode passar daqui, garota. – disse o policial que ainda me segurava, mesmo que eu tentasse me desvencilhar dele. – Nós estamos fazendo o nosso trabalho.

— Aquele é o meu namorado, seu idiota! – gritei, com a voz embargada.

— Quer ser presa por desacato a autoridade, garota? – perguntou sério e, embora minha língua estivesse coçando para dar alguma resposta provocativa, me controlei.

— Tudo bem. – Não! Não estava tudo bem!— Me desculpe. disse contrariada.   Não vou atrapalhar.

Ele foi me soltando aos poucos e meus olhos pousaram na ambulância sendo fechada, com Beck lá dentro. Ignorei completamente o policial e corri até meu carro, para segui-la. O bichinho da consciência me lembrou do Sr. Oliver, mas eu não ligaria para ele dirigindo. Não depois de tudo que aconteceu.

Liguei o carro e fui atrás da ambulância, com a sirene irritante perfurando meus ouvidos e não me deixando esquecer o que eu estava fazendo ali.

 

Quando cheguei ao hospital, ninguém soube me responder nada. Na verdade, era compreensível: Tudo estava uma verdadeira confusão. Enfermeiros e médicos correndo de um lado pro outro, pacientes gemendo de dor e um enorme falatório. Mas, por mais que entendesse, não significa que eu gostasse da situação.

Eu queria respostas, informações, até um mísero “Estamos cuidando dele” seria bem vindo. No entanto, não sei se gostaria de ouvir algo como “A situação dele é grave”, ou “Sugiro que comece a rezar”. Não, isso definitivamente só pioraria a sensação amarga que eu sentia na boca do estômago enquanto andava de um lado para o outro.

Como já previa, tentei fazer a ficha de Beck, mas não consegui, e decidi que finalmente ligaria para o Sr. Oliver. Ia ser difícil, mas era o filho dele. Ele precisava saber e eu precisava contar.

Peguei o celular no bolso da calça com a mão trêmula e procurei o número da casa dele. Comecei a ficar nervosa quando não o encontrei de primeira e tentei lembrar se em algum momento o gravei na agenda telefônica, mas achei. Mesmo receosa, cliquei ali e coloquei o celular no ouvido, tentando planejar mentalmente o que diria.

— Alô? – atendeu.

— Sr. Oliver? – quase gaguejei, mas prossegui com a voz mais calma que consegui. – É a Jade.

— Jade? – perguntou surpreso. – Algum problema?

Se a situação não fosse completamente miserável, eu riria. Quer dizer, a última coisa que eu faria na vida, provavelmente, seria ligar para o meu sogro, sem algum tom irônico na voz, para bater um papinho.

— S-sim. – comecei, respirando fundo.

“Eu preciso que o senhor fique calmo” não era uma opção do que dizer. O efeito seria justamente o oposto e eu estaria enrolando a toa. Não tinha por que fazer curvas e mais curvas se o destino seria o mesmo.

— O Beck... Ele sofreu um acidente de carro. – disse de uma vez, diminuindo um pouco do volume a cada palavra.

O silêncio que veio em seguida me deixou ainda pior do que já estava, me fazendo fechar os olhos e imaginar sua reação. Eu praticamente o via em estado de choque, assimilando minhas palavras.

— O que? – murmurou. – Mas ele está bem... Não está?

Minha garganta se fechou e quase não fui capaz de respondê-lo. Eu realmente queria dizer que estava tudo bem, mas simplesmente não dava. E ainda me senti pior por não saber o que responder, já que ninguém me respondeu nada.

— Eu ainda não sei.

— Em que hospital ele está? – perguntou, com a voz trêmula, e passei o endereço. Cheguei a me oferecer para buscá-lo, mas apenas por educação, já que deixar aquele hospital antes de receber alguma notícia não era uma opção.

Mais impotente que nunca, sentei em um das cadeiras da sala de espera, apoiei os cotovelos nos joelhos e fiz a coisa mais inútil que podia fazer: Esperei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então foi isso, gente! Aí está um lado mais sentimental de Jade, ao qual não fomos muito bem apresentados. Espero muito que vocês tenham gostado! Comentem, pois isso incentiva muito o autor, e críticas construtivas são muito bem-vindas!
Até sábado que vem! Beijinhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lembra de Mim?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.